De volta ao Brasil para cinco shows, os incansáveis Red Hot Chilli Peppers são uma das bandas mais queridas do mundo. Para entrar no clima dos shows, a Strip Me traz 8 curiosidades, pra você ficar sabendo tudo sobre a banda.
Já se vão 40 anos desde quando os amigos Anthony Kiedis, Hillel Slovak, Flea e Jack Irons trocaram o nome de sua banda, de Tony Flow & The Miraculous Masters of Mayhem para Red Hot Chilli Peppers. De lá pra cá muita coisa mudou. A formação que teve idas e vindas, incluindo uma morte trágica, as mudanças de estilo, a discografia de 13 discos, as turnês intermináveis mundo afora e toda uma história de persistência, superação e, acima de tudo, talento! Se os Red Hot Chilli Peppers são hoje uma das maiores bandas em atividade da história da música pop, é porque a jornada desses caras foi intensa, e o que não faltam são histórias pra contar.
Neste mês de novembro, os Chilli Peppers estão de volta ao Brasil para cinco shows, que certamente serão memoráveis. Pra você entrar no clima e curtir esses shows, seja ao vivo, seja pela TV ou internet, a Strip Me te conta 8 curiosidades essenciais sobre a banda, pra você sacar o segredo dessa receita de sucesso apimentada.
1. Formações da banda.
Tudo começou com Anthony Kiedis, Flea, Hillel Slovak e Jack Irons. Slovak e Irons também eram parceiros em outra banda. Em 1984, às vésperas de gravar o primeiro disco dos Chilli Peppers, Slovak e Irons abandonam Kiedis e Flea, para se dedicarem a sua outra banda. O primeiro disco foi gravado por Kiedis no vocal, Flea no baixo, Jack Sherman na guitarra e Cliff Martinez na bateria. Em 1985, rolam umas tretas e Kiedis expulsa Sherman e convence Slovak a voltar. Kiedis, Flea, Slovak e Martinez gravam o Freaky Style em 1985. Em 1986 Martinez sai e Jack Irons volta. Nessa época um integrante nefasto entra na banda: a heroína. A formação original grava em 1987 The Uplift Mofo Party Plan. Em 1988 Hillel Slovak morre de overdose de heroína. Arrasado, Jack Irons sai da banda. Kiedis passa por um curto período numa rehab. Ainda no fim daquele ano, Kiedis e Flea retomam a banda em memória de Slovak e convocam D.H. Peligro para a bateria e DeWayne McKnight para a guitarra. Atritos pessoais fazem com que McKnight não dure dois meses. Em seu lugar entra um jovem talentoso e fã dos Chilli Peppers chamado John Frusciante. Peligro, que também tinha seus problemas com drogas, é demitido. Em seu lugar entra Chad Smith. Tida como a formação clássica da banda, Kiedis, Flea, Frusciante e Smith gravam os discos Mother’s Milk e Blood Sugar Sex Magik, em 1989 e 1991 respectivamente. Em 1992, arrasado pelos excessos da fama, Frusciante sai da banda. Arik Marshall é contratado às pressas para a banda dar sequência nos shows. Mas ele não agrada Kiedis, que o demite e coloca em seu lugar Jesse Tobias, que também não dura mais de um mês como guitarrista da banda. Em 1993 entra Dave Navarro, que grava o disco One Hot Minute em 1995, e sai da banda em 1998, por tretas pessoais e, mais uma vez, abuso de drogas. Recuperado do vício, é Frusciante quem reassume a guitarra na banda. Com ele, a banda grava Californication, 1999, By The Way, 2002, e Stadium Arcadium, 2006. Em 2007 Frusciante inclui Josh Klinghoffer na banda como para tocar guitarra base, teclado e backing vocal. Em 2008 Frusciante sai da banda deixando Klinghoffer em seu lugar. Com Klinghoffer a banda grava I’m With You, 2011, e The Getaway, 2016. Em 2019 foi anunciada pela banda a saída de Klinghoffer e o retorno de Frusciante. Mais uma vez reunida, a formação clássica lança dois discos em 2022, Unlimited Love e Return of The Dream Canteen, e é como a banda se apresenta no Brasil neste mês.
Ufa!
2. RHCP no Brasil.
Os shows de novembro de 2023 marcam a décima vinda dos Chilli Peppers ao Brasil. A primeira vez foi 10 anos atrás, em 1993. A banda vinha ao lado de Nirvana, Alice In Chains, L7 e outros, para o Hollywood Rock. Na época era Arik Marshall quem tocava guitarra na banda. Depois disso, vieram em 1999, 2001, 2002, 2011, 2013, 2017, 2018 e 2019. Na maior parte das vezes a banda veio para participar de grandes festivais, como Lollapalooza e Rock in Rio. Mas desta vez estão vindo por conta própria, para 5 shows, no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.
3. RHCP e o cinema.
Pouca gente sabe, mas Anthony Kiedis e Flea tem uma forte ligação com o cinema. Já atuaram em vários filmes, e Anthony Kiedis, particularmente, tem uma relação ainda mais próxima porque seu pai trabalhava em alguns estúdios de Hollywood e, desde cedo ele tinha contato com várias celebridades em sua casa. Para se ter ideia, uma das primeiras babás que ele teve, ainda bem pequeno, foi ninguém menos que a cantora e atriz Cher! Kiedis atuou em pelo menos 7 filmes, todos pouco conhecidos e sem grande expressão, com exceção de Caçadores de Emoção, de 1991, protagonizado por Keanu Reeves e Patrick Swayze. Já Flea atuou em quase 30 filmes, em alguns fazendo pequenas pontas e em outros com personagens mais marcantes. Sua primeira aparição foi no filme Vidas Sem Rumo (The Ousiders), de ninguém menos que Francis Ford Coppola. Ele também atuou em alguns outros filmes clássicos como De Volta para o Futuro, como um dos capangas de Biff, O Grande Lebowski e Medo e Delírio.
4. A música dos Chilli Peppers.
Não dá pra cravar que os Red Hot Chilli Peppers inventaram um novo estilo. O tal funk rock já vinha sendo feito pelo Funkadelic, basta ouvir o seminal disco Maggot Brain, de 1971, para se ligar nisso. Além do mais, bandas como Devo e Talking Heads, ali pelo fim dos anos 70, também se engraçavam com o soul e o funk, misturando-os com elementos do pós punk. Mas os Chilli Peppers conseguiram elevar o funk rock a um novo patamar, graças às diferentes influências de seus integrantes. Frusciante tem uma bagagem de hard rock, além de sua devoção pela obra de Jimi Hendrix. Anthony Kiedis, na adolescência, esteve envolvido com o pessoal do hip hop, que começava a frutificar em Los Angeles no começo dos anos 80. Flea era trompetista e amante do jazz quando garoto, na juventude se encantou com James Brown, e Chad Smith vem de uma formação eclética de rock n’ roll e música negra. E todos eles foram criados dentro da cena do punk californiano, indo aos shows do Black Flag, Germs, Dead Kennedys e Circle Jerks. Um caldeirão musical que só poderia render uma música de altíssima qualidade e com frescor de novidade, mesmo não tendo nada de tão novo assim.
5. O Elemento Frusciante.
Os Chilli Peppers já passaram por várias fases diferentes, onde sua música sofreu impacto considerável. Há quem considere Freaky Style e The Uplift Mofo Party Plan como as obras definidoras do som da banda, por conta da guitarra frenética de Hillel Slovak. Há quem prefira a pegada rock de Dave Navarro. O estilo mais contido de Klinghoffer até que gerou bons resultados. Mas indiscutivelmente, os momentos de maior inventividade e brilhantismo dos Chilli Peppers se deram quando John Frusciante empunhava a guitarra na banda. Os dois discos mais bem sucedidos da banda e considerados clássicos inquestionáveis do rock mundial tiveram participação ativa de Frusciante na concepção. A saber, os discos Blood Sugar Sex Magik e Californication. O talento e criatividade do guitarrista fica evidente em seus discos solo, mas quando ele une suas qualidades ao talento dos outros 3 chilli peppers, temos uma música de altíssimo nível e com muito potencial pop. Que nos perdoem os guitarristas que já passaram pela banda. Mas o Red Hot Chilli Peppers de verdade tem John Frusciante na guitarra.
6. Blood Sugar Sex Magik e revolução.
O disco Blood Sugar Sex Magik foi lançado no mítico ano de 1991, quando o rock passou por uma revolução avassaladora. O som hedonista e afetado de bandas como Guns n’ Roses e Skid Row foi atropelado pelos gritos inconformados de Kurt Cobain, mas também pelo ritmo alucinante e irresistível dos Chilli Peppers. O disco é irretocável, recheado de singles de sucesso, e tudo isso se deve á união simbiótica entre a banda e o produtor Rick Rubin. Enquanto a banda se ocupou de escrever melodias e letras, Rubin foi meticuloso ao explorar timbres e ambiências. A guitarra de Frusciante em músicas como The Power of Equality e Suck My Kiss são impressionantes. Tem peso, saturação, mas uma definição marcante. O baixo de Flea em Give it Away e Mellowship Slinky in B Major, por exemplo tem um som potente, a bateria de Chad Smith é brilhante, com sons de bumbo e caixa memoráveis! Rick Rubin seguiu produzindo discos dos Chilli Peppers por muitos anos. Mas foi neste disco que a engrenagem, realmente começou a funcionar. E o som de Blood Sugar Sex Magik instantaneamente se tornou referência e inspiração para incontáveis bandas que viriam a seguir.
7. Californication e redenção.
Não por acaso, os dois discos mais importantes de toda a carreira dos Chilli Peppers marcam pontos de virada na indústria musical, mas também na vida dos integrantes da banda. O caso de Californication é emblemático porque representa realmente a redenção da banda. O caso mais evidente é de Frusciante, que estava fora da banda e afundado no vício de heroína, a ponto de Flea encontra-lo quase à beira da morte. Do outro lado, Anthony Kiedis também lutava contra seus próprios demônios e, após a banda praticamente se separar por conta das brigas com Dave Navarro, ele viajou para a Índia, para uma intensa recuperação. Voltou limpo e preparado para ajudar Frusciante. Assim, os Chilli Peppers se reergueram com um disco confessional, honesto e, acima de tudo, irresistível! A fórmula infalível desenvolvida em Blood Sugar Sex Magik pela banda e Rick Rubin foi aprimorada em Californication! E praticamente metade do disco virou hit, colocando mais uma vez os Chilli Peppers como uma das bandas mais influentes e respeitadas para uma nova geração quer surgia ao alvorecer do século vinte e um. Além da força musical, Californication marca uma fase de estabilidade e amadurecimento dos integrantes da banda, em especial Frusciante e Kiedis, que, desde então, não tiveram mais episódios de envolvimento com drogas e mantém uma vida produtiva e saudável.
8. 2022 e o surto criativo.
O ano de 2019 terminou com a notícia de que Klinghoffer estava fora e Frusciante estava de volta aos Chilli Peppers. 2020 começou cheio de esperança e com os Chilli Peppers prometendo disco novo, compondo incansavelmente, até que em março… tudo parou. Um ano depois, com o mundo se vacinando e retomando a vida, os Chilli Peppers também voltaram a se reunir e compor. E compuseram muito, mas muito mesmo! No início de 2022 lançaram o disco Unlimited love, com 17 canções. No segundo semestre do mesmo ano, mais um disco é lançado, com mais 17 canções inéditas, o disco Return of the Dream Canteen. Numa entrevista Chad Smith admitiu que a banda sempre compunha material extra para seus discos, ou seja, sempre ficam umas canções de fora. Mas depois da pandemia e tudo, eles pensaram: ˜Qual o sentido de ficar guardando essas canções?” E eles realmente estavam compondo numa quantidade impressionante e canções com qualidade. Assim, decidiram lançar dois discos com quase vinte músicas cada, no mesmo ano. O que só nos permite concluir uma coisa: Dos Red Hot Chilli Peppers você pode esperar qualquer coisa!
Para conhecer em detalhes toda a trajetória do Red Hot Chilli Peppers, se liga no dossiê sobre a banda em duas parters, que publicamos aqui no blog ano passado.
Dossiê RHCP parte 1
Dossiê RHCP parte 2
De fato, os Chilli Peppers são encantadores! Não só uma banda com músicas arrebatadoras, divertidas e dançantes, como também um grupo de pessoas inspiradoras, verdadeiras e talentosas! Tal qual a Strip Me, os Chilli Peppers são barulho, diversão e arte! E o que mais a gente pode querer nessa vida? Por isso, nós temos camisetas inspiradas e referenciando a vida e obra dos Red Hot Chilli Peppers, que são lindas e ideais para você curtir em qualquer rolê e, é claro, nos shows da banda! É só dar uma olhada no nosso site, na coleção de camisetas de música. Aí você aproveita e já confere as camisetas de cinema, arte, cultura pop, bebidas, e muito mais! Além disso, na nossa loja você também fica por dentro dos lançamentos, que pintam por lá toda semana!
Vai fundo!
Para ouvir: Claro, uma playlist no capricho com o que de melhor os Chilli Peppers fizeram, mas aqui vamos priorizar a produção da banda tendo o Frusciante como guitarrista. RHCP Top 10 Tracks.
Para ler: O livro Acid for the Children é a autobiografia de Mike Balzary, mais conhecido como Flea! O livro é delicioso de se ler, com uma linguagem fluida e bem humorada, com capítulos curtos e histórias muito saborosas da infância e adolescente do baixista. O livro saiu no Brasil pela editora Belas Letras. Vale a pena demais a leitura!