I told you I was trouble

I told you I was trouble

por Gallo Show

Amy Winehouse foi breve, mas intensa. Nascida em Londres, colocou no R&B, no Jazz e no Soul a própria alma, e assim cantou sons de alma própria; de letras assustadoramente sinceras que beiram a autobiografia e narram suas desilusões amorosas. Misturava tudo no gelo com gim e bebia de uma vez, vomitando seus demônios traduzidos em melodia.

É bela, é breve, é intensa, é sincera. Por isso e muito mais, trago aqui um pouco sobre dez sons da garota de Canden Town, que colocou as rádios mais pops desse mundo que ela já não habita para tocarem seu jazz, seu soul, sua alma.

1- Rehab

“Eles tentam me fazer ir a rehab, mas eu digo não, não e não”. Foi o que o produtor Mark Ronson ouviu de Amy enquanto caminhavam e conversavam pelas ruas da capital inglesa, e assim ele teve a ideia da composição. Apresentada a ideia à cantora, foram 3 horas para que ela escrevesse a letra. De início, Amy pensou em um blues anos 50 para dar alma a recém-escrita canção, mas Mark sugeriu que fosse um R&B dos grupos femininos de 60 que desse o tom do som, e assim ficou!

Hit absoluto, a canção abre o segundo álbum de estúdio da cantora (Back to Black – 2006) e é seu segundo single mais vendido, ficando atrás apenas de Valerie. Para os empresários, quando sugeriram que se reabilitasse, ela disse não, não e não. Mas foi para o som que Amy fez sobre essa situação que o público disse sim pela primeira vez, e o talento da cantora ficou mundialmente conhecido de vez! Então, abrimos com Rehab!

 

2 –  You Know, I’m no Good

Para dar sequência, escolho apenas deixar o álbum Back to Black rolar. A batera jazzística entra sozinha e 4 compassos são suficientes para chamar um desses baixos que de tão simples são geniais. E eis que ela o encontra: lá embaixo, no bar com as mangas arregaçadas da camisa de caveira…. O som confessa a infidelidade de Amy para com seu fella, seu cara na época. E ainda justifica: Você sabia, boa coisa não sou.

Jazz e Soul são as influências predominantes nesse segundo som (e single) do segundo disco de Amy. É o que, para mim, melhor expressa seus demônio narcóticos e amorosos e foi o primeiro que ouvi na finada MTV. O suficiente para me tornar fã. Ao vivo, o destaque fica para os backing vocals, dançarinos e irmãos Zalon e Heshima Thompson, que tomam conta com maestria quando Amy decide dar o último gole no drink e deixar o palco. Embalavam o riff de metais e sempre penso nesses caras. Eles eram tão felizes ali no palco com ela… E agora? Não sei. But we know she was no good!

 

3 – Stronger Than Me

Mais uma vez, a batera é a desinibida que toma partido do início da canção. É a primeira do Frank (2003), o primeiro disco da cantora. Também primeiro single, ajudou o álbum a debutar na sexagésima posição e chegar até a décima terceira na parada inglesa UK Albums Chart.

A sonoridade é aquele jazz que a gente ouve junto a um drink quando chove, o que é meu caso agora. Tem também uma batida forte ritmando a bonita melodia: “soo maany lessons to learn…”. Adoro essa parte. A letra fala sobre o cara deixar de ser o “lady boy” da Amy e ser mais forte que ela, como o título já diz. Um tão melancólico quanto belo solo de sax aparece, e assim acaba a canção. Jazz na sua forma mais bela. Sente aí:

 

4 – In My Bed

Ainda no Frank temos esse terceiro single, de sonoridade mais urbana que de costume. A mistura entre jazz e um pouco de Hip Hop marca o som, e a ideia de incluí-lo nessa veio enquanto revisava algumas canções. Boa parte dos refrões de Amy vai pra cima. Esse desce, depois sobe e depois: “oh, it’s you again…”. Não podia ficar melhor. A sonoridade é foda. Algo de uma pegada meio suburbana mesmo; Hip Hop, como disse anteriormente.

No fim, gritos desesperados se somam a um solo de sax, encerrando assim a canção de destaque. É realmente impossível falar dessa música sem citar a sensualidade de Amy no clipe. Ela perambula de vestido por uma casa até chegar em uma cama, resumidamente falando. Assista! Palavras não descrevem tão bem. 😉

 

5 – Back to Black

Para voltar ao segundo álbum de Amy, vamos em grande estilo: terceiro single e canção homônima! De sonoridade e clipe fúnebres, a música foi composta pela própria cantora com o auxílio do produtor Mark Ronson, mais uma vez; e foi sucesso de público e de crítica, chegando a terceira posição da parada UK Albums Chart.

A letra fala da tristeza que Amy sentia em relação a infidelidade e perda do também “no good” Blake Fielder-Civil, na época cônjuge da cantora: “você volta para ela, eu volto para o luto.” Boa parte do álbum tem como tema lírico o relacionamento conturbado entre Amy e Blake, relacionamento esse que teve um ponto final quando Blake, depois de preso por agredir um dono de bar, soube na cadeia que Amy o traiu. Problemas conjugais a parte, o som é foda. Se vale o play? Vaaale, claro que vale. Por falar em vale….

 

6 – Valerie

Como já disse anteriormente, Valerie é o single mais vendido de Amy. E não é dela: é da banda britânica The Zuntons, presente no segundo disco do grupo (2006). A versão de Amy começa em versos swingados pela guitarra, que rumam em direção a um dos meus pré-refrões preferidos, desses que tencionam a música até a gente ficar desesperado pela morte dessa parte. E eis que a assassina comete o crime no refrão:  Vaaaalerie, Valerieee. 
Amy mostra muito de seu potencial enquanto cantora nesse som, indo para tons mais altos e explorando a versatilidade do seu timbre. Treta. Há também outra versão que Amy fez, acústica e mais calma, igualmente ótima.

 

7 – Monkey Man

Não poderia terminar esse post sem falar do flerte que rola entre Amy e o Ska/Reggae.
Esse som também não é dela, é de uma banda jamaicana de ska chamada Toots & the Maytals, mas a versão dela é foda. Geralmente fechando os shows, Monkey Man contrasta com a pegada das outras músicas, uma vez que ela é mais “pra cima” que as próprias da cantora. No palco, é notória a performance dos aqui já citados backing vocals da banda de Amy. Banda que, diga-se de passagem, só tem nego “ruim”.

 

8 – The Girl From “Ipanema”

É isso mesmo. A garota de canden town cantou nossa Garota de Ipanema. E foi correspondida: aquele corpo dourado tão triste na voz do (grande) Tom Jobim se animou todo com a garota de Canden Town, em uma versão mais alegre. Dedos do Sinatra podem ser sentidos, uma vez que a adaptação para o inglês usada por Amy foi a que ele também usou e cantou em sua versão para o sucesso do amigo Tom. A canção está presente no terceiro e póstumo album de Amy: Lioness: Hidden Treasures, cujo conteúdo é marcado mais por (ótimas) versões e raridades do que por novas músicas. Claro que recomendo. Não é todo dia que temos um hit tupiniquim na voz de uma Amy: claro que você vai ouvir.

 

9 – Love is a Losing Game

Com 2 minutos e 35 segundos de uma Amy mais conformada com a derrota no amor, “Love is a Losing Game” é clássica e, apesar da curta duração, é flor importante no buquê de hits que é o Back to Black. É o quinto single do album e diversos artistas fizeram suas versões, dentre eles Prince e Dionne Bromfield. 

Amy constatou que o amor é um jogo de azar. Apostou todas as fichas em relacionamentos que não deram certo e provou do amargor de pagar as apostas. Mas o conformismo pode dar lugar a superação, como na próxima música.

 

10 – Tears dry on their on

Por último, a que mais gosto. Também do Back to Black (é, esse álbum é foda), o feeling dela é triste, mas também é verão. Isso a deixa incrivelmente bela. No clipe, a pequena Amy caminha pela calçada com seu grande topete, enquanto os figurantes mais “freaks” possíveis fazem coisas igualmente “freaks” atrás dela, conforme ela passa. O refrão é matador.
 Um “dry” rasgado sai da boca de Amy no fim. Sentada na cama, a música se encerra. Tão seco quanto as lágrimas, é também visceral esse final.

Influências de R&B e Soul são predominantes e a música foi gravada em New York. Assim como Valerie, há uma versão mais calma do som. Digo, mais jazz de 50 do que calma, e é linda também.  O tema de superação fala do rompimento com Blake mais uma vez. As lágrimas secam sozinhas.

 

23 De julho de 2011.

Amy Winehouse, que havia morrido centenas de vezes em back to black, morre de uma vez por todas. Não me esqueço de ver na TV o sujeito de turbante vestindo a farda da polícia inglesa oficializar sua morte. Passei as semanas seguintes ouvindo discos e vendo documentários. A obra dela é realmente incrível, apesar de curta. Obrigado, Amy. Seu som fez bem a mim e a muita gente. Foi bom tê-la aqui na Terra.



Sobre a Strip Me

Dona de uma voz única Amy encarnou o estilo de vida e talento das grandes rainhas de Jazz e do Soul.A Camiseta Amy Winehouse é uma homenagem a essa artista incrível. Em nossa loja online você também encontra camisetas de filmes, camisetas de bandas e camisetas de cultura pop. Vem conferir aqui, ó: http://www.stripme.com.br 😉

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