Desde a Semana da Arte de 1922 até o Tropicalismo, é evidente que o brasileiro entende de se reinventar, misturar, desvirtuar e encantar. A arte brasileira, seja nas artes plásticas, música e outras manifestações, evoluiu muito e continua evoluindo. Assimilando as mudanças de mídia, tecnologia e comportamento, hoje não há como categorizar tudo que é produzido, cunhar um movimento artístico novo, querendo juntar determinados artistas com estética e ideologia semelhantes. A produção artística nunca foi tão plural e homogênea ao mesmo tempo. O rock flerta com o funk, o pop flerta com o rap, tudo já sendo veiculado com um vídeo que supera em muito o videoclipe. Enquanto isso, você tem exposições artísticas dentro do museu que misturam fotografia, escultura e pintura, são ambientes com vida própria que, vez por outra, saem das galerias e vão para as ruas em intervenções em praças, muros, viadutos, monumentos… não há limites! Tudo mudou.
As regras do mundo mudaram. Aliás, mudaram não, elas não mais se aplicam. E as regras não mais se aplicam porque são regras antigas. É como querer consertar um bug de um software usando uma chave de fenda. Não faz o menor sentido. A última corrente artística de que se tem notícia já cantava essa bola. A Arte Contemporânea, também conhecida como Pós Moderna, já falava que rótulos não importam, que na arte a atitude deve falar mais alto que a estética. A Arte Contemporânea engloba movimentos como a Pop Art e o Minimalismo, que nós já dissecamos aqui alguns posts atrás. É a corrente artística que surge pós Segunda Guerra Mundial e deixa para trás o Modernismo e Surrealismo dos anos 1930. Em pleno 2020 até mesmo o termo Arte Contemporânea soa atrasado. Fodam-se Foram-se os rótulos. Ficou a arte.
A artista baiana Ventura Profana é um exemplo muito claro dessa transformação. Compositora, artista visual e escritora, ela produz uma arte multimídia que retrata suas experiências de vida, suas crenças e princípios. Inclusive, vale dizer que esta é outra característica dos artistas da atualidade: Vincular sem pudores seus princípios e posicionamentos sociais e políticos a sua arte. A arte não pode ficar em cima do muro. É a atitude antes da estética. Se você disser para a Ventura Profana que a arte dela é radical e polêmica, tenho certeza que ela vai se orgulhar disso. Ainda assim, ela não deixa de ter um senso estético apurado, que passeia entre A Pop Art e o Surrealismo.
Outro exemplo interessantíssimo de inventividade e renovação na arte é o paulistano Yuli Yamagata. Artista visual, ele usa peças de tecido e roupas usadas encontradas em brechós e lojas do gênero para compor suas obras. Passeando entre o cubismo, modernismo e abstrato, sua arte é sempre ligada ao cotidiano, ao ordinário fazendo relações improváveis, como a obra chamada “Gordo Fumante”, por exemplo, que é composta por retalhos de tecidos de lycra, cortados de roupas de academia.
O que acontece na beira do mar de madrugada? – Laís Amaral (2020) Todo império quebra como um vaso – Paulo Nimer Pjota (2020)
Na música também dá pra sacar que o pessoal não anda ligando muito para rótulos e limites entre gêneros e vertentes. Na onda de artistas como Projota, que misturam a doçura e a temática leve e doce do pop com as batidas e grooves do rap, a carioca Miranda desponta como um grande nome da nova safra de artistas que apostam nessa onda.Com letras e melodias inspiradas, ela já chegou ás trilhas sonoras de novelas. Numa pegada mais “papo reto”, pero sem perder la ternura, Drik Barbosa também apresenta um trabalho excelente, com letras fortes e boas melodias. A nova MPB se apresenta com violão, batidas eletrônicas e letras inspiradas que mantém a força no flow.
E é claro que tem muito mais, isso aqui não é nem o começo. A arte brasileira está em ebulição, ligada em tudo que acontece. Arte e artista, criatura e criador, tudo se funde. A nova arte brasileira é transformada, mas sem esquecer suas raízes. De Tom Zé a Emicida, de Volpi a Eduardo Kobra. É tudo isso que inspira a Strip Me a estar sempre com um catálogo tão completo e incrível de camisetas! Arte, diversidade, bom humor, brasilidade, responsabilidade e diversão.
VAI FUNDO!
Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor na música brasileira em 2020. 10 tracks de novas brasilidades.
Para assistir: Se é pra falar coisas novas acontecendo no Brasil, vou indicar a série brasileira produzida pela Netflix que arrenatou fãs em toda parte. Bom Dia, Verônica é uma série policial empolgante que vale demais a pena ver!
Para ler: Vá lá que não é um livro tão novo, mas se tem menos de dez anos tá valendo. Lançado em 2013, o Livro Fim, da atriz e escritora Fernanda Torres é um romance delicioso sobre vida, morte e amizade. Desses livros pra se ler numa tacada só, de tão envolvente.