Provavelmente você vai ouvir muito por aí durante os próximos dias algumas variações da frase “Todo mundo se lembra onde estava e o que estava fazendo na manhã do dia 11 de setembro de 2001.”. E o pior é que é verdade. Neste sábado comemoramos os 20 anos do acontecimento mais impactante do século XXI até agora e o mais trágico ataque sofrido pelos Estados Unidos na história. Ah sim, comemorar os 20 anos do atentado de 11 de setembro, não significa celebrar ou exaltar a data. Vamos nos lembrar que a palavra comemorar deriva da união das palavras rememorar em comunidade, ou seja, quando toda uma sociedade se junta para relembrar um grande acontecimento e prestar as devidas homenagens, às vítimas neste caso específico.
Realmente esta data deve ser relembrada e é necessário que hajam reflexões a respeito do que levaram aquelas pessoas a cometer atos tão terríveis e as consequências, que vivemos ainda hoje, vale dizer. Bom, brevemente contextualizando. Na manhã do dia 11 de setembro de 2001 4 aviões Boing 767 comerciais foram sequestrados por terroristas sauditas ligados ao grupo terrorista Al Qaeda. 2 deles saíram de Boston com destino a Los Angeles, mas foram desviados de sua rota e foram para New York, onde cada um colidiu com um das duas torres gêmeas do complexo de prédios World Trade Center. O terceiro avião saiu do aeroporto de Washington também rumo a Los Angeles e, antes que pudesse sair dos arredores da cidade, foi desviado pelos sequestradores e colidiu com o prédio do Pentágono, centro militar dos Estados Unidos. O quarto avião partiu do aeroporto de Newark, nos arredores de New York, com destino a San Francisco. O alvo dos sequestradores deste avião ainda hoje é desconhecido, pois os passageiros do avião se mobilizaram e conseguiram deter os sequestradores. O avião fez um pouso forçado próximo a pequena cidade de Shanksville, no estado da Pensilvania. O resultado disso tudo foram 2.996 mortes, mais de 6000 feridos e bilhões de dólares em danos materiais.
Uma tragédia que já entrou pra história. Uma parada muito louca de se pensar. Quando a gente fala de história, pensa em eventos antigos, que aconteceram muito antes de termos nascido. Mas não, a história é escrita diariamente e todo mundo faz parte dela indireta ou diretamente. Por isso o clichê “todo mundo lembra onde estava e o que estava fazendo naquela manhã de 11 de setembro de 2001” é tão presente. Se parar pra pensar, faz só 20 anos. É pouco tempo. E mesmo assim, foi um acontecimento que gerou muitas consequências. Claro que não vamos entrar aqui nos desdobramentos políticos, bélicos e econômicos. Mas podemos falar sobre o que mudou no comportamento das pessoas, na vida em sociedade e também tudo o que apareceu culturalmente baseado nos atentados de 2001.
Pra começar, a gente teve mais contato com um mundo até então tão distante para nós, o Oriente Médio. Antes de 2001 aquela região se resumia no confronto eterno entre palestinos e judeus e na produção de petróleo. Hoje a gente sabe o que é a jihad, sabemos que existem grupos paramilitares como a Al Qaeda e o Talibã, sabemos que o Afeganistão é um país chave para entender tantos conflitos naquela região e entendemos que ser muçulmano não significa ser terrorista, mas que a fé islâmica é usada para influenciar pessoas a cometer os mais terríveis atos.
Muitos protocolos de segurança foram implementados em aeroportos depois dos atentados, o mundo aprendeu a viver com um pouquinho a mais de medo, sabendo que, se uma coisa dessas aconteceu nos Estados Unidos, pode acontecer em qualquer lugar. Entretanto, as conversas nas mesas de bar ficaram muito mais interessantes com o incontável número de teorias da conspiração que pipocaram pela internet sobre os atentados.
Os atentados e suas consequências também inspiraram muitas obras, em especial no cinema. Tem As Torres Gêmeas, de 2006, dirigido por Oliver Stone, também lançado em 2006 tem o Voo United 93, de Paul Greengrass, que fala sobre o avião em que os passageiros dominaram os sequestradores. Outro filmaço é A Hora Mais Escura, dirigido pela Kathryn Bigelow e lançado em 2013. Ele conta a história da caça a Osama Bin Laden. Tem muitos outros filmes, e tem também os documentários. Os dois mais relevantes certamente são Fahrenheit 9/11 do polêmico cineasta Michael Moore, lançado em 2014, e o recente 11/9 – A Vida Sob Ataque, uma produção da BBC com direção de Nigel Levy lançado em 2020. Em seu documentário, Michael Moore esmiúça os contatos pessoais da família Bush e do governo norte americano com sauditas e organizações como o Talibã, além de mostrar as invasões desastrosas do exército norte americano no Afeganistão e no Iraque. Já a produção da BBC traz imagens inéditas e muito impressionantes captadas por pessoas que moram na cidade e presenciaram tudo de perto. O longa mostra o caos em que a cidade mergulhou naquela manhã de maneira muito contundente. Ah, teve também o ótimo quadro do Casseta & Planeta “No Cafofo do Osama”, que satirizava o sumiço do terrorista mais procurado do mundo.
Não dava pra gente deixar de falar desse assunto nesta semana. Barulho, diversão e arte são fundamentais, mas nosso papel como parte da sociedade é tão importante quanto. Nós somos agentes da história e comemorar, ou melhor, rememorar em comunidade, um acontecimento tão importante como este é nosso dever. Ainda bem que com a Strip Me podemos fazer isso de maneira bem mais leve e interessante.
Vai fundo!
Para ouvir: Em homenagem às vítimas dos atentados ao World Trade Center, fizemos um top 10 tracks canções sobre New York City!