Menu de Bar: As 10 delícias que são marca registrada de um bom boteco.

Menu de Bar: As 10 delícias que são marca registrada de um bom boteco.

Bar, boteco, botequim… o nome varia, mas define um lugar simples, aconchegante e repleto de sabores! A Strip Me entrega hoje a real sobre o que há de melhor no cardápio do boteco.

Vovó já dizia que saco vazio não pára em pé. Lógico que, na maioria das vezes, a gente vai no boteco pra jogar conversa pra fora e cerveja pra dentro da goela. Mas se alimentar durante esse processo é fundamental, tanto para equilibrar o nível alcoólico no organismo, como para realmente apreciar uma gastronomia que compensa uma possível falta de requinte com muito sabor e fartura. Sim, comer bem também faz parte da aura do boteco.

Mas antes de realmente adentrarmos nos pormenores do cardápio, é importante definirmos aqui a que tipo de boteco nos referimos. Repare bem, existem vários tipos de bares. Tem aquele mais raiz, que se resume a um balcão, três ou quatro mesas com cadeiras estampadas com marca de cerveja, engradados empilhados num canto e um senhor de meia idade, normalmente mal-humorado atrás do balcão. Fica aberto o dia todo e em raríssimos casos tem mais de 3 opções de alimento disponíveis. Outro é o barzinho do happy hour, ele abre só depois das cinco da tarde, tem ali um espetinho sendo feito na hora e outras opções de tira gosto, mas não permanece aberto noite adentro. Tem também o bar da noite, um boteco mais bem preparado, com um cardápio legal de porções, atendimento bom, uma tv passando futebol sem áudio, enquanto toca um sambinha no som ambiente. É o bar que fica até de madrugada e onde uma ou outra mesa acumula um número considerável de saideiras.

Mas o bar ao qual nos referimos hoje é aquele que fica aberto desde de manhã até o começo da noite e funciona como padaria, lanchonete, restaurante e bar do happy hour. Geralmente está localizado em centros urbanos de grande movimento, tem um balcão extenso com banquetas, além das mesas e cadeiras de madeira, normalmente as paredes são revestidas de azulejos, atrás do balcão tem uma grande chapa, na parede, uma prateleira metálica com frutas para o preparo de sucos, no caixa uma plataforma de acrílico com uma grande variedade de marcas de cigarro e rola uma movimentação frenética entre o pessoal que trabalha ali, mas tudo parece funcionar bem, como uma colmeia de abelhas. É um lugar mágico e delicioso, onde todos os seus sentidos são provocados. E é em lugares assim que encontramos o menu mais democrático e delicioso do mundo.

Pão na chapa

Como dissemos, este tipo de boteco funciona como padaria. Não que as pessoas vão lá para comprar pão, mas sim para tomar um café da manhã rápido antes de ir trabalhar. E qual melhor opção para um desjejum do que um pingado quentinho e um pão na chapa com bastante manteiga? Não existe registro da origem do pão na chapa, mas especula-se que surgiu nas padarias de São Paulo nos anos 40, e logo se popularizou Brasil afora. Tanto que o carioca Noel Rosa, um dos maiores nomes do samba, imortalizou a receita no clássico samba Conversa de Botequim, ao pedir ao garçom que lhe trouxesse depressa uma boa média que não fosse requentada, um pão bem quente com manteiga à beça, um guardanapo e um copo d’água bem gelado.

PF

Muita gente vai no boteco pra almoçar. Afinal, o boteco é a casa do PF, o prato feito! O PF é uma instituição brasileira. E, no boteco reina o calendário semanal do PF, que consiste em: Segunda feira virado à paulista, terça feira picadinho, quarta feira e sábado feijoada, quinta feira frango à milanesa e sexta feira peixe frito. As guarnições são sempre um arroz e feijão bem temperados e uma salada de folhas ou maionese de legumes. Este calendário pode variar de lugar pra lugar, mas tradicionalmente, é isso aí. Além de tudo, o boteco proporciona essa refeição com um preço acessível, quantidade generosa de comida e sempre tem aquele molhinho de pimenta da casa que dá o toque final! PF de boteco é simplesmente uma refeição inigualável, cujo sabor é impossível de ser reproduzido em outra cozinha, senão a do próprio boteco.

Conservas

A partir do meio da tarde, o boteco já começa a ser frequentado por pessoas que buscam relaxar, tomar uma cervejinha e conversar. Uma das opções clássicas de um bom boteco são as conservas. Existem 4 que são as mais comuns e populares: o ovo de codorna, a mini salsicha, a cebolinha e o tremoço.São conhecidos como conservas porque são conservados imersos numa mistura de água, vinagre e temperos variados. O ovo de codorna ganha uma textura mais rígida, mas também um sabor mais intenso. A mini salsicha, já naturalmente condimentada, também agrega complexidade ao seu sabor. A cebolinha, de sabor forte, funciona como adstringente, tornando cada gole de cerveja mais refrescante e o tremoço, o rei dos milhos, é uma iguaria única, imortalizada pelos botecos do Brasil e adorada por qualquer botequeiro que se preze. Os potes de conserva acabam sendo parte da identidade e decoração do boteco.

Porção fria

Aqui já entramos de vez no cardápio do boteco relacionado aos petiscos que vão acompanhar e engrandecer o bate papo e a cervejinha. No caso da porção fria, cada boteco tem a sua particularidade, mas em geral, se resume a uma porção com salaminho fatiado, azeitonas verdes com caroço e queijo cortado em cubinhos, normalmente muçarela, tudo regado com limão e azeite de oliva e já com alguns palitinhos espetados para facilitar a vida do cliente. É sempre uma porçãozinha simples, mas muito saborosa. Lembrando que não é de bom tom questionar a procedência dos produtos. Isso pode enfurecer o dono do estabelecimento, e a resposta pode ser um tanto desanimadora para você.

Pastel

Uma iguaria trazida pelos orientais, mas que o brasileiro já abraçou como sua há muito tempo. Pode aparecer no boteco de duas maneiras. Uma em seu tamanho normal, aproximadamente 15x15cm e de consumo individual, outra em porção de mini pastel, para ser compartilhada. Ambas são deliciosas e imperdíveis. Tamanha é a criatividade do brasileiro, que já existem pastéis com os mais inusitados sabores, de strogonoff a brigadeiro. Mas o boteco tem uma aura retrô por natureza e costuma evitar tais extravagâncias. Portanto, no caso do pastel normal, os sabores podem variar entre carne, queijo e pizza (presunto, muçarela, tomate e orégano), já na porção de mini pastel, os sabores se restringem a carne e queijo, sendo que uma porção pode conter ambos os sabores. Ao pedir pastel, é primordial solicitar junto o molho de pimenta da casa.

Mandioca frita

A mandioca é o símbolo máximo da gastronomia brasileira. Nativa dessas terras desde tempos imemoriais, a mandioca já era a base da alimentação dos povos originários, que não só a consumiam como farinha, como também extraíam dela um caldo que, após fermentado, era bebido e dava um barato, o famoso cauim, uma espécie de cachaça de mandioca, altamente alcoólica e muito usada em rituais pelos indígenas. Hoje em dia, a mandioca segue presente na nossa culinária, tanto na farofinha, quanto cortada, cozida com sal e depois bem fritinha. Uma porção clássica de boteco que permanece super popular. Realmente, o brasileiro tem mais é que saudar a mandioca mesmo!

Peixe frito

Aqui temos uma porção muito comum na maioria dos botecos. Uma das explicações para isso, apesar de não ter nenhuma comprovação científica ou empírica, é que, em geral, o dono de bar é aquele senhor de meia idade que não perde a oportunidade de fazer uma pescaria num domingo de tarde qualquer. Claro, essa é uma teoria, uma suposição, mas é tão sugestiva, que a gente aceita como verdade. Neste caso, temos também duas possibilidades. Uma, a mais comum, é que a porção seja preparada com iscas de filé de tilápia, ou algum outro peixe de água doce criado em cativeiro. Já a outra opção, mas difícil de encontrar, mas extremamente saborosa, é a porção de lambari frito. O lambari é um peixe pequeno, que depois de limpo, é preparado inteiro. É uma porção simplesmente maravilhosa, além de atestar com mais categoria a expertise de pescador do dono do bar, já que o lambari não é tão fácil assim de pegar.

Torresmo

O torresmo é o rei absoluto do boteco, isso é inquestionável. Seu sabor intenso, a textura que mistura a crocância da gordura bem frita com a carne tenra da barriga do porco, sua coloração convidativa de um dourado queimado, e o valor acessível também, é claro, fazem do torresmo a porção mais tradicional e mais consumida do boteco. Cabe aqui incluir a pururuca como iguaria igualmente ímpar e popular no boteco, mas vale uma ressalva para não haver confusão. Afinal, são petiscos parecidos, mas de preparo diferente. O torresmo consiste em pedaços da pele e gordura, eventualmente com carne, da barriga do porco, que é frita, ficando crocante por fora e macio por dentro. Já a pururuca consiste apenas na pele da barriga do porco, que é frita em óleo até ficar completamente desidratada e crocante. Ambas as porções são irresistíveis e reinam impávidas no topo dos menus, sendo as porções mais pedidas.

Caldos

Dando um tempo nas frituras, temos sempre nos bons botecos a opção de saborosos caldos quentes. Normalmente são poucas opções de sabores, sendo os mais populares os caldos de feijão e de mocotó. No inverno, alguns botecos investem e oferecem alguns sabores a mais, como o caldo de mandioca com costela ou o caldo de peixe. Nos estabelecimentos mais rústicos o caldinho é servido num copo americano, mas também pode ser servido em cumbucas, para se consumir com uma colher. Para ficar nos dois mais populares, o caldo de feijão é sempre delicioso, o feijão é cozido com bastante toucinho e bacon, a maior parte desse feijão vai ser servido nos PFs, mas uma parte do caldo e um punhado de feijões cozidos são batidos no liquidificador, formando um caldo cremoso, que será servido com salsinha e cubinhos de bacon. Já o mocotó nada mais é do que o tutano extraído das patas do boi. Tem um sabor intenso e riquíssimo em colágeno. Deve ser bem cozido, com bastante tempero com molho de tomate e cheiro verde. Apesar de ter gente que torce o nariz com um pouco de nojo, é uma iguaria deliciosa e barata.

Cafezinho

Antes de passar a régua e fechar a conta, não pode faltar o cafezinho pra equilibrar o paladar. O cafezinho do boteco tem sempre um sabor especial, mas também varia um pouco de lugar para lugar. Alguns botecos possuem aquelas grandes cafeteiras de aço que comportam mais de 30 litros e mantém o café bem quente. Já outros lugares optam por coar café várias vezes ao longo do dia, mantendo numa garrafa térmica comum. Nestes casos, é muito comum que o café já seja adoçado, normalmente beeem adoçado, inclusive. Mas seja depois de almoçar aquele exuberante PF, ou tomar algumas cervejinhas e comer um petisco, o cafezinho pra fechar a tampa cai como uma luva! Assim como o boteco, é uma das nossas mais importantes instituições nacionais.

O ambiente plural, democrático e tão instigante para os sentidos que é o tradicional boteco é um dos mais preciosos pilares da cultura popular brasileira. Berço e inspiração para tantos sambas e modas de viola, o menu do boteco também conta uma história e tem um valor que supera o simplesmente monetário. Tudo isso faz parte da nossa cultura e nos inspira de tal forma, que a Strip Me tem toda uma coleção de camisetas dedicadas à brasilidade e ao nosso estimado boteco! Basta conferir as coleções de Bebidas, Carnaval, Verão e Tropics, além, é claro das camisetas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. na nossa loja você fica por dentro disso tudo e também dos nossos lançamentos, que pintam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist caprichada só com canções sobre boteco. Menu de Bar top 10 tracks.


Para assistir: Para entender esse ambiente único e acolhedor ao qual nos referimos neste texto, vale assistir ao maravilhoso Tarantino’s Mind, um curta genial da dupla Bernanrdo Dutra e Manitou Felipe lançado em 2006, onde Selton Mello e Seu Jorge nos papéis de suas vidas, interpretam dois amigos num boteco conjecturando sobre a obra de Quentin Tarantino.

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