
A riqueza musical brasileira vai além do sertanejo e do samba. A nossa música pulsa com ritmos regionais cheios de identidade e tradição, que nem sempre alcançam todos os cantos do país. Por isso, a Strip Me apresenta 5 ritmos típicos que revelam as raízes culturais do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Parece óbvio dizer isso. Mas, nem só de Caetano Veloso, Anitta, Gilberto Gil, Belo e Chitãozinho & Xororó vive a música brasileira. Existe um Brasil musical que não sobe ao palco do Rock in Rio, que raramente aparece nas playlists das mais tocadas do Spotify, mas que faz parte da alma sonora do país. Estamos falando do lado B da música brasileira, gêneros musicais e ritmos regionais que são muito populares em determinadas regiões, mas que não alcançam visibilidade nacional. Gêneros musicais que contam recortes únicos da história do Brasil, com autenticidade e identidade própria.

Do Norte ao Sul, passando pelo Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, cada canto do país vibra ao som de gêneros que merecem ser descobertos. Se liga nessa trip sonora pelos ritmos mais incríveis, apesar de pouco conhecidos nacionalmente, da nossa música, que a Strip Me preparou para você.
Milonga. O som e a poesia dos pampas gaúchos.

Com origens nas tradições gauchescas e forte influência da cultura platina, a milonga é um gênero musical que expressa a vida no campo, o amor pela terra e o espírito do gaúcho. É marcada por compasso lento, melodia melancólica e letras profundas. A milonga é o lado mais introspectivo e poético do Sul. Se originou entre os povos pampeanos ainda entre o fim do século dezenove e início do século vinte. Uma região onde as culturas uruguaia, argentina e brasileira se misturaram de maneira muito intensa. Inclusive, considera-se que a milonga deu origem ao tango argentino, mas no Brasil não sofreu tantas mudanças rítmicas e segue sendo uma das mais tradicionais formas de expressão do povo gaúcho, tendo sido incorporada até mesmo no rock, com bandas como Graforréia Xilarmônica e Engenheiros do Hawaii.
Moda de Viola. O lirismo do interior do sudeste.

Nascida nas roças e estradas de Minas e São Paulo, a moda de viola é uma forma musical que narra a vida rural com lirismo e profundidade. A viola caipira de 10 cordas dá o tom às histórias cantadas por duplas, que cantam fazendo harmonia em intervalo de terças. A moda de viola deu origem ao que conhecemos hoje nacionalmente por sertanejo. Na real, a música sertaneja vem passando por muitas modificações ao longo das décadas. Começou com a moda de viola, depois foi mudando sua estrutura rítmica e melódica incorporando elementos de guarânias paraguaias, enveredou pelo pop romântico, ganhou solos de guitarra, e hoje se divide entre a sofrência e o sertanejo universitário, muito mais urbano. Mas a moda de viola segue viva e representa o Sudeste longe da urbanização, com cheiro de terra molhada e café coado na hora.
Rasqueado. O som envolvente do Pantanal.

Mistura de polca paraguaia, ritmos indígenas, música sertaneja e até mariachis mexicanos, o rasqueado mato-grossense é um gênero alegre e contagiante. Presente em festas de peão e festivais regionais, ele é tocado com viola, acordeão e muito improviso. É o coração sonoro de Cuiabá e adjacências. Seu nome se refere à forma como os dedos “rasgam” as cordas de instrumentos como a viola de cocho, criando um ritmo característico. O rasqueado influenciou muito a música sertaneja atual (também chamada de sertanejo universitário). Em algumas canções de artistas matogrossenses como Zé Lucas & Benício e Luan Santana, dá pra notar o ritmo contagiante do rasqueado.
Brega. Os nordestinos também amam.

Talvez o gênero musical mais conhecido nacionalmente dessa lista, o brega se popularizou Brasil afora ali pelo fim dos anos noventa, comecinho dos dois mil, com Frank Aguiar e seu Morango do Nordeste. Mas, muito antes do brega ser cool, ele já era trilha sonora dos corações partidos no Nordeste brasileiro. Com letras diretas e dramáticas, o brega mistura romantismo exagerado e arranjos eletrônicos. De Reginaldo Rossi ao atual brega funk de Recife, o gênero se reinventa sem perder a essência popular. O brega, na verdade, já tem derivações distintas que fogem do padrão do estilo até os anos oitenta, alguns dos quais distantes da linha romântica popular, como são os casos do brega pop e do tecnobrega, categorizados pela modernização dos instrumentos musicais e por uma batida mais dançante. Por muito tempo chamado de cafona, o brega é, na verdade, uma das maiores expressões do sentimento popular nordestino. Suas letras falam de dor de cotovelo, paixão, traição e redenção com uma intensidade dramática única. É música pra cantar junto com lágrimas nos olhos e cerveja na mão.
Guitarrada. A surf music da Amazônia.

A banda Calypso, com seu inconfundível guitarrista Chimbinha, é apenas a ponta do iceberg de um gênero musical irresistível chamado guitarrada. Sabe aquele som estalado de uma stratocaster sem distorção, carregada no reverb? Então, essa é a base da guitarrada. Uma mistura de carimbó, cúmbia, merengue e rock instrumental, que resulta num som dançante e hipnótico. Criada por Mestre Vieira nos anos 1970, seguido por nomes como Aldo Sena e Manoel Cordeiro, a guitarrada é popularíssima no norte do Brasil, mas conquista também o povo nordestino. O maior expoente recente do gênero, aliás, é uma banda alagoana chamada Figueroas, com clássicos como Melô do Jonas e Bangladesh. Para saber como Dick Dale soaria se tivesse nascido em Belém do Pará, basta pegar qualquer disco do Aldo Sena.



Esses ritmos são mais que estilos musicais, são manifestações culturais vivas, ligadas ao cotidiano, à história oral e à ancestralidade do povo brasileiro. Ao dar play nesses sons, a gente se conecta com o Brasil profundo, plural e diverso que nem sempre aparece nos holofotes da mídia. E você bem sabe que a Strip Me veste a camiseta da brasilidade e da música brasileira em toda a sua diversidade. Se você curtiu essa viagem musical pelos ritmos regionais do país, aproveita o embalo e cola lá no nosso site. Conheça nossas coleções de camisetas de música, brasilidades, Carnaval, cultura pop e muito mais. Além disso, você fica por dentro de todos os nossos lançamentos, que pintam toda semana.
Vai fundo!
Para ouvir: Claro, uma playlist caprichada com o lado B da música popular brasileira. Lado B da MPB top 10 tracks.


