Do axé ao pop: 10 shows históricos que transformaram Copacabana no maior palco do mundo.

Do axé ao pop: 10 shows históricos que transformaram Copacabana no maior palco do mundo.

De Ivete a Lady Gaga, passando por Stones, Madonna e Jorge Ben Jor. A Strip Me relembra os megashows que arrastaram milhões para Copacabana, a praia mais famosa do Brasil.

Copacabana não é só calçadão, cerveja gelada, pé na areia e vista deslumbrante. É também palco de alguns dos maiores shows ao ar livre da história da música mundial. Desde os anos 90, o bairro mais famoso do Brasil virou passarela para ícones da música brasileira e internacional desfilarem seu talento. Tudo de graça e à beira-mar para milhões de pessoas curtirem numa boa muito barulho, diversão e arte.

Sendo assim, ainda impactada pelo espetáculo que Lady Gaga protagonizou no primeiro fim de semana de maio de 2025, a Strip Me relembra 10 apresentações históricas em Copacabana, que geraram repercussão global e momentos inesquecíveis. No fim, ainda falamos da nova iniciativa da prefeitura do Rio, “Todo Mundo no Rio”, e especulamos quem será a próxima estrela a pisar nesse palco lendário, ou melhor, nessas areias cheias de história.


Jorge Ben Jor e Tim Maia – Reveillón 1993

Na virada de 1993 para 1994, dois pilares da música brasileira transformaram Copacabana numa pista de dança de soul e funk com muita brasilidade. Estima-se que 3 milhões de pessoas dançaram ao som de Tim Maia e Jorge Ben Jor, que mandaram um show gratuito inesquecível! Um Réveillon épico que ficou marcado como um dos maiores já realizados no país. Energia, suingue e carisma transbordaram na praia.

Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso – Reveillón 1994

Um ano depois, o palco de Copacabana recebeu uma constelação da MPB em tributo a Tom Jobim, falecido um ano antes. Chico, Gil e Caetano, acompanhados de Gal Costa, Milton Nascimento e outros gigantes, celebraram a bossa nova e a poesia brasileira. O show emocionou milhares e eternizou a conexão entre música e paisagem carioca.

Rod Stewart – Reveillón 1994

Na mesma virada, logo após os mestres da MPB, o britânico Rod Stewart subiu ao palco e quebrou tudo, incluindo alguns recordes. Cerca de 3,5 milhões de pessoas se aglomeraram em Copacabana para assistir ao show, que entrou para o Guinness como o maior público de um artista solo na história da música. Um Réveillon que ninguém esquece.

Lenny Kravitz – 21/03/2005

Mesmo com uma chuvinha chata que não deu trégua o dia todo na cidade maravilhosa, Lenny Kravitz levou seu groove à praia, num show gratuito que reuniu cerca de 500 mil pessoas. A apresentação fez parte das comemorações do aniversário da cidade do Rio de Janeiro, que completava então 440 anos. O show foi tumultuado, atrasou para começar, mas depois que a primeira canção tocou, o clima mudou e ganhou ares de festival, com muita paz, amor e guitarras.

The Rolling Stones – 18/02/2006

Um dos momentos mais lendários da história do rock em solo brasileiro. Os Rolling Stones tocaram para 1,5 milhão de pessoas. O show fez era parte da turnê A Bigger Bang, com direito a palco flutuante e transmissão internacional. Um verdadeiro tsunami sonoro na orla carioca, com direito a Mick Jagger mandando em bom português a tradicionalíssima saudação: “Oi, tudo bem?” Foi um show épico.

Ivete Sangalo – Reveillón 2006

Virada de 2006 para 2007, e quem deixou rolar a festa foi Ivete Sangalo, no auge de sua popularidade. Cerca de 2 milhões de pessoas celebraram o ano novo ao som de Abalou e outros sucessos da musa do axé. O show teve estrutura digna de artista gringo, com luzes e telões moderníssimos, além daquela energia que só Ivete sabe entregar.

Stevie Wonder – 25/12/2012

Pois é, nem só de festa de Reveillón vive Copacabana. O Natal de 2012 trouxe de presente para os cariocas o mestre do soul Stevie Wonder. O multiinstrumentista se apresentou para mais de 500 mil pessoas no dia 25 de dezembro, encerrando o ano com emoção e elegância. Apesar de algumas críticas pela escolha da data, o show foi um presentão para quem esteve lá.

Alok – 26/08/2023

O DJ brasileiro mais bombado do planeta levou seu set futurista para Copacabana em 2023, com direito a drones, laser, telões e remix de hits nacionais. Mesmo com chuva e confusão, o show atraiu cerca de 1 milhão de pessoas e consolidou Alok como um dos nomes mais populares da música eletrônica no mundo.

Madonna – 04/05/2024

Comemorando 40 anos de carreira, Madonna aterrissou em Copacabana para um show gratuito histórico. Foram 1,6 milhão de pessoas na areia, em um espetáculo de duas horas com coreografias, hits e muita nostalgia pop. A imprensa internacional definiu como “uma apresentação monumental”. Rolaram umas críticas na imprensa especializada, é verdade, principalmente por conta da ausência de músicos no palco e etc. Mas Madonna não é a maior diva do pop por acaso, e para o público, foi um show memorável.

Lady Gaga – 03/03/2025

E quando achamos que não dava pra superar a Madonna, Lady Gaga vem e entrega uma ópera pop gótica para 2,1 milhões de Little Monsters em Copacabana. Teve Shallow, Bad Romance, uma baita banda afiada tocando, dança com esqueletos e até momento dramático ao piano. O Rio inteiro virou palco da Haus of Gaga.


Todo Mundo no Rio: o futuro gigante dos shows em Copacabana

Em 2024, a Prefeitura do Rio lançou o projeto “Todo Mundo no Rio”, com a proposta de realizar um megashow gratuito por ano em Copacabana até 2028. A ideia é simples e infalível: trazer grandes nomes da música global para apresentações abertas ao público. Assim, movimenta a economia local, aquece o turismo e reforça o Rio de Janeiro como capital cultural do planeta.

O evento de 2025 com Lady Gaga superou todas as expectativas — tanto em público quanto em repercussão mundial — e já criou uma nova tradição carioca.


E para 2026… quem vem aí?

Com Madonna e Gaga já carimbadas, os rumores são fortes: Coldplay, Beyoncé, Adele ou até uma volta triunfal de Taylor Swift? Ou será a vez de um brasileiro como Anitta ou Caetano Veloso encabeçar o palco novamente? Seja quem for, uma coisa é certa: em maio de 2026, Copacabana vai ferver, e a Strip Me já está pronta para te ajudar a arrasar no look. Afinal, na nossa loja você encontra a camiseta perfeita para qualquer rolê, do festival ao churrasquinho com a galera. Cola lá para conferir nossas coleções de camisetas de música, cinema, cultura pop, bebidas, brasilidades e muito mais. Além disso, no nosso site você também fica por dentro de todos os lançamentos, que pintam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist animadíssima, com os clássicos de cada um dos shows citados neste texto. Copacabana Concerts top 10 tracks.

Disco na agulha: Os 10 discos mais raros em vinil da música brasileira.

Disco na agulha: Os 10 discos mais raros em vinil da música brasileira.

O revival dos discos de vinil rolou já tem alguns anos. Hoje, deixou de ser tendência e é uma demanda real do mercado fonográfico. Para colecionadores veteranos e iniciantes, a Strip Me levanta os 10 discos da música brasileira mais procurados em vinil.

Se alguém te dissesse, lá pelos anos 2000, que os LPs voltariam a ser desejados, disputados e até mesmo fabricados em larga escala novamente, provavelmente você iria rir e chamar esse alguém de maluco, enquanto colocava de volta o fone de ouvido e seguiria ouvindo no discman o CD que você acabara de “queimar” com as músicas que baixou do Napster. Mas eis que, desafiando o inevitável avanço tecnológico, os discos de vinil ressuscitaram das cinzas, como uma fênix em formato de bolacha preta. E não, isso não é só nostalgia barata. O retorno triunfal do vinil pode ser explicado por vários fatores, mas o principal deles é o próprio ritual que envolve colocar um disco para tocar. Em um mundo onde tudo é instantâneo, essa cerimônia sonora oferece um charme irresistível.

E não pense você que quem faz esse mercado girar é somente o colecionador mais velho, aquele cara saudosista, que viveu a época em que a fita cassete era a única alternativa além do vinil e a digitalização da música era coisa de ficção científica. Esses aficionados, muitas vezes, ainda guardam seus toca-discos originais e podem ser encontrados discutindo calorosamente sobre prensagens, selos raros e a mítica superioridade do som analógico. Por outro lado, uma nova geração de colecionadores tem surgido. Jovens que cresceram na era do streaming, onde a música é etérea, invisível, sem um suporte físico. Para eles, o vinil é um objeto de desejo, uma peça de arte que combina a experiência auditiva com o prazer tátil, de segurar algo real. Esses novos fãs do LP são movidos tanto pela qualidade sonora quanto pela estética. Capas icônicas, encartes caprichados e aquele ar cult que transforma qualquer prateleira em uma galeria de arte.

A grande diferença entre esses dois perfis de colecionadores é que os mais velhos nutrem uma obsessão maior por ter discos em suas prensagens originais, da época de seu lançamento. Já os mais jovens não se importam tanto com isso, até preferindo adquirir prensagens recentes, em que discos clássicos ganham edições de luxo, com vinil de 180 gramas, muitas vezes colorido, encartes e etc. Hoje a Strip Me, que também se liga no chiadinho inebriante da agulha em contato com o disco, elenca os álbuns de música brasileira mais procurados em suas prensagens originais. A maior parte deles já ganharam reedições recentemente, e são fáceis de serem encontrados. Mas suas prensagens originais seguem raríssimas. Confere aí.

Chega de Saudade – João Gilberto (1959)

Considerado o marco zero da bossa nova, este disco certamente é um dos mais influentes da música brasileira moderna. Ainda que Tom Jobim seja fundamental para a existência da bossa nova, foi o jeito de cantar sussurrando e a batida de violão característica de João Gilberto que forjaram a sonoridade e estética do gênero. Por sua tamanha importância histórica, este disco é valiosíssimo para qualquer colecionador que se preze. Mas, claro, desde que seja a prensagem original de 1959, com o selo da Odeon no disco, já que a obra recebeu vários reedições ao longo dos anos.

Raulzito e Os Panteras – Raulzito e Os Panteras – (1968)

Primeiro registro oficial de Raul Seixas em disco, este álbum está longe de trazer aquela genialidade que o Raul entrega em Krig-Ha-Bandolo, por exemplo. Mas ainda assim, já deixa pistas do que estaria por vir no futuro. A começar pela ousada versão de Lucy in the Sky With Diamonds, intitulada aqui como Você Também Pode Sonhar. As autorais Me Deixa em Paz, Trem 103 e O Dorminhoco também já davam uma pista do que seria a carreira de Raul Seixas posteriormente. A banda, incialmente conhecida simplesmente como The Panthers, se tornou Raulzito e Os Panteras quando se mudou de Salvador para o Rio de Janeiro e começou a ser banda de apoio de músicos como Jerry Adriani e Roberto Carlos, no auge da Jovem Guarda. A prensagem original, de janeiro de 1968, é rara, já que o disco vendeu pouco e logo saiu de catálogo. Depois da morte de Raul o disco foi reeditado em 1989, mas passou despercebido e não é visto como item valioso pelos colecionadores, ao contrário da prensagem de 1968, que vale um bom dinheiro.

Ronnie Von – Ronnie Von (1968)

É difícil de acreditar que esse tiozinho que a gente vê na TV todo engomadinho, comendo risoto e tomando vinho, foi um dos responsáveis pelo surgimento do rock psicodélico brasileiro. Ronnie Von fez muito mais do que colocar Os Mutantes pra tocar na TV, ajudando a tornar a banda mais popular. Ele gravou, em 1968, o primeiro de 3 discos que misturam psicodelia e rock progressivo com muita qualidade. Entretanto, esses discos não venderam bem na época e caíram no esquecimento. Desapontado, Ronnie Von trilhou outros rumos em sua carreira artística, até acabar abandonando a música e se tornando apresentador de televisão. Em 2001, a banda gaúcha Vídeo Hits regravou a música Sílvia 20 Horas Domingo, gravada originalmente neste disco do Ronnie Von de 1968. Isso fez com que surgisse no underground um revival dessa fase psicodélica do Ronnie Von e uma caça a esse disco, que teve uma prensagem limitada na época de seu lançamento. Ele foi relançado em 2005 e depois em 2013. mas a prensagem de 1968 segue um artigo raro, que vale uma nota preta.

Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta: Sessão das 10 – Sociedade da Grã-Ordem Kavernista (1971)

Literalmente, um dos discos mais lendários da história da música brasileira. Isso porque a gravação desse álbum envolve várias lendas. A primeira, e mais famosa delas, é que tudo não passou de uma traquinagem, em que Raul Seixas, então produtor na CBS, aproveitou um fim de semana prolongado em que os diretores da gravadora estavam viajando para juntar seus amigos no estúdio e gravar umas maluquices. A turma em questão contava com Sérgio Sampaio, Edy Star e Mirian Batucada, além do próprio Raul. Diz a lenda ainda que foi prensada uma tiragem reduzida daquela gravação e distribuída sem o aval da gravadora, que quando soube do conteúdo do disco, mandou recolher das lojas. Uma história muito boa pra ser verdade. E realmente, não aconteceu nada disso. Raul Seixas, que encabeçou o projeto, tinha autorização da gravadora e liberdade para fazer o que bem quisesse. Mas o disco encalhou nas lojas na época, justamente por ser muito esquisitinho. Depois da morte de Raul Seixas, esse disco se tornou uma relíquia. E é, de fato, um disco muito bom! Foi relançado em 2018, em vinil de 180 gramas e tudo. Mas a prensagem de 1971 não é nada fácil de se achar, e, se encontrada, não sai por menos de 500 reais.

Jorge Ben On Stage – Jorge Ben (1972)

Um dos discos mais raros desta lista, justamente por não ter sido relançado posteriormente. E trata-se de uma obra fantástica. É o registro de um show feito em março de 1972 no Japão, onde Jorge Ben, acompanhado do legendário Trio Mocotó, enfileira suas músicas mais brilhantes até então em interpretações arrebatadoras. O disco só foi lançado no Japão e é objeto de culto por colecionadores de vinil e fãs do Jorge Ben. Sem nenhuma explicação convincente, além daquelas desculpas de sempre, de diretos de registro dos fonogramas por parte das gravadoras e blá blá blá, o disco nunca ganhou uma edição brasileira, sequer em CD. Claro, com a popularização do compartilhamento de mp3, o disco foi digitalizado e se espalhou. Se você ainda baixa mp3 em plataformas tipo Soulseek, provavelmente vai achar, mas também dá pra ouvir esse registro irretocável no Youtube. E vale muito a pena ouvir!

Ogum Xangô – Gilberto Gil e Jorge Ben (1975)

A gravação deste disco foi a conclusão de uma das histórias mais famosas e saborosas da música brasileira. No início de 1975, Eric Clapton veio para o Brasil passar férias. Ele não faria nenhum show por aqui, então a Phonogram, sua gravadora, acabou organizando uma festa para recebê-lo, com os principais nomes de seu catálogo brasileiro. Estavam lá Rita Lee, Caetano Veloso e muitos outros. Incluindo Gilberto Gil e Jorge Ben. A certa altura, surgem uns violões e começa uma animada jam session, com Gil, Jorge, Clapton e mais dois ou três músicos. Mas, Gil e Jorge estavam com a pá virada e começaram a bombardear riffs grooveados, calcados em batidas e ritmos africanos, fazendo improvisos inacreditáveis. Um a um, os músicos foram saindo da jam, sem conseguir acompanhar os dois, incluindo o deus da guitarra Eric Clapton. O anfitrião da festa era André Midani, então presidente da gravadora. Enquanto Gil e Jorge debulhavam seus violões, Midani puxou de lado o produtor Armando Pittigliani e disse: “Eu quero esses dois em estúdio gravando isso amanhã!”. Claro que não foi no dia seguinte, já que a festinha acabou de manhã. Mas menos de uma semana depois, já estavam em estúdio. O resultado foi um dos discos mais experimentais e empolgantes da MPB. É outro que não teve reedição até hoje, e é considerado mosca branca pelos colecionadores.

Paêbiru – Lula Côrtes e Zé Ramalho (1975)

Paêbiru segue sendo o disco brasileiro mais caro no mercado do vinil. Isso porque só foram prensadas 1.500 cópias no ano de seu lançamento, e aproximadamente mil delas foram perdidas numa enchente em Recife dias antes da distribuição do disco nas lojas. Uma cópia em bom estado, da prensagem original de 1975, vale aproximadamente 4 mil reais. E o disco em si é realmente muito bom. Se Ronnie Von marca o início da psicodelia no Brasil, Lula Côrtes e Zé Ramalho marcam a fusão impecável do rock psicodélico e progressivo com ritmos nordestinos. É um disco experimental e muito envolvente, instigante. Uma curiosidade sobre ele é que o título do disco foi grafado errado e não foi corrigido. Pois trata-se de um disco conceitual que aborda através dos 4 elementos da natureza, terra, fogo, água e ar, a mística trilha indígena Peabiru, Os Caminhos do Peabiru formam uma rede de trilhas ancestrais que datam de mais de 3 mil anos. Elas conectam o Oceano Atlântico ao Pacífico, passando pelo Brasil, Paraguai e Bolívia, chegando até o Peru. No território nacional percorre o litoral de Santa Catarina e São Paulo e corta o Paraná de leste a oeste. Cultuado no mundo todo, o disco já recebeu reprensagens alemã e britânica em vinil, além da reedição de luxo brasileira lançada em 2019.

Racional Vol.1 e Vol.2 – Tim Maia (1975)

Os discos mais emblemáticos da carreira de Tim Maia, ironicamente foram absolutamente rejeitados por ele. A história é conhecida. Tim embarcou nessa seita maluca chamada Cultura Racional, parou de beber, fumar e cheirar, emagreceu e passou a escrever canções que exaltavam a tal Cultura Racional, o livro O Universo em Desencanto e o autor do livro e profeta auto proclamado da seita, Manuel Jacinto Coelho. O disco, dividido em dois volumes, foi lançado de forma independente pelo selo do próprio Tim, a Seroma Discos, já que gravadora nenhuma ousou investir numa sandice daquelas. Tal qual aconteceu com John Lennon na India, com o guru Maharishi Mahesh Yogi, Maia descobriu, pouco depois do lançamento dos discos, que Manuel Jacinto aprontava das suas, indo contra muita coisa que sua seita pregava. Full pistola, Tim Maia mandou recolher e destruir todos os discos em circulação. E até sua morte, evitava falar sobre, negava pedidos de artistas querendo regravar uma ou outra faixa e proibia relançamento dos dois volumes (além de voltar a beber, fumar e cheirar como nunca). Mas depois de sua morte, com o crescente interesse do público pela música negra brasileira dos anos setenta, e posteriormente com o filme Cidade de Deus, não tinha mais quem segurasse. Os dois volumes receberam reedições luxuosas em CD e vinil. Mas uma cópia bem conservada original de 1975 pode valer mais de mil reais.

Zebra / Masquerade – Vímana (1977)

O Vímana teve uma trajetória breve e conturbada. A banda surgiu na leva do rock progressivo que assolou o Brasil em meados dos anos setenta, destacando bandas como O Terço, Moto Perpétuo, Casa das Máquinas e outras. O que torna a história do Vímana curiosa, apesar de a banda ter lançado apenas um compacto, é sua formação. Faziam parte da banda Lulu Santos, Ritchie e Lobão, ainda jovenzinhos, mas já virtuosos em seus respectivos instrumentos (na época Lobão era baterista, vale lembrar). Além disso, a dissolução da banda, que tinha sim um baita potencial para trilhar um caminho de sucesso, se deu de maneira pitoresca. A banda fora contratada para integrar o novo conjunto de Patrick Moraz, ex tecladista da cultuada banda Yes. Acontece que Patrick começou a ficar enciumado com o carisma de Lulu Santos no palco, que roubava as atenções para si. Para piorar, Lobão foi descoberto tendo um caso com a esposa de Patrick. Aí, foi aquele brigueiro e a banda acabou. O compacto, lançado antes de Patrick Moraz aparecer, até que vendeu razoavelmente bem, mas depois sumiu do mercado. Com o revival do vinil, muita gente começou a procurar o compacto, que se tornou ítem de colecionador valioso. O compacto de 7 polegadas foi reeditado pela Polysom em 2016.

Robson Jorge & Lincoln Olivetti – Robson Jorge & Lincoln Olivetti (1982)

Exemplo clássico de como o tempo é capaz de transformações drásticas. Robson Jorge e Lincoln Olivetti, acima de tudo, eram produtores musicais e arranjadores geniais. Responsáveis por grandes discos de artistas variados, de Tim Maia a Reginaldo Rossi e de Gal Costa a Sidney Magal. A dupla, amplamente antenada com o que rolava na gringa, tinha pleno conhecimento do que era hype em termos de arranjos, e dominavam os equipamentos mais modernos, como sintetizadores e mesas de som. A dupla foi responsável por repaginar e trazer uma qualidade até então inalcançável para a indústria fonográfica tupiniquim. Mas acabou sendo amplamente criticada por isso. Críticos diziam que Jorge e Olivetti pasteurizavam o som e o destituía de sua brasilidade. Uma bobagem pretensiosa. A partir dos anos 2000, com o regaste da música brasileira negra dos anos setenta, que redescobriu Cassiano, e Gerson King Combo, trouxe junto o único disco em que Jorge e Olivetti saíram da ficha técnica na contra capa, para figurar como protagonistas. A dupla foi reconhecida por essa nova geração como grande inovadora e transformadora da música pop brasileira. O disco é um amontoado de grooves dançantes irresistíveis, grandes timbres e ótimas melodias. O disco saiu em vinil em 1982 e até que vendeu bem, mas logo saiu de catálogo. Até 2016, era um dos discos mais raros e caros da música brasileira, tendo sido redescoberto por inúmeros DJs, que o utilizavam como base para seus beats. Por fim, ele ganhou uma reedição no Brasil em 2016 e também foi prensado na Inglaterra em 2018.

No fim das contas, o revival do vinil veio pra ficar e é um lembrete de que nem tudo que é antigo perde o valor. Em uma época em que tudo pode ser baixado, ouvido sob demanda e até ignorado com um simples clique, o vinil exige tempo, paciência e dedicação, e talvez seja justamente isso que o torne tão especial. E a Strip Me, sempre de olho nas tendências, e movida pela boa música, não pode deixar de exaltar essa mídia tão charmosa e icônica que é o disco de vinil. Levamos isso tão a sério que disco e vitrola é o que não falta na nossa coleção de camisetas de música. Mas, claro, tem também as camisetas de arte, cinema, cultura pop e muito mais. Na nossa loja você confere o nosso catálogo todinho e ainda fica por dentro dos nossos lançamentos, que pintam por lá toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Lógico, uma playlist deliciosa com o que há de melhor nos 10 discos citados nessa lista. Disco Raro BR top 10 tracks.

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