Dia do Rock: As 10 guitarras que mudaram a música.

Dia do Rock: As 10 guitarras que mudaram a música.

Para celebrar o Dia do Rock, nada mais adequado do que falar sobre o símbolo máximo do gênero, a guitarra. A Strip Me elenca os 10 modelos de guitarra mais marcantes da história do rock ‘n roll e da música pop.

O que veio primeiro? A guitarra ou o rock ‘n roll? Este não é um caso do ovo ou a galinha. Claramente a guitarra veio primeiro, desenvolvida na década de 1940. Não existe um consenso sobre um marco zero, ou o registro da primeira guitarra fabricada e quem a criou. Técnicos e músicos foram desenvolvendo ao longo do tempo, primeiro tentando amplificar o som do violão e depois, com a invenção do captador, começou a evolução da guitarra. O captador foi criado em 1923 pelo músico e engenheiro acústico americano Lloyd Loar. Trata-se de um dispositivo que transforma a vibração das cordas de aço em sinais elétricos, que são transformados em ondas sonoras num amplificador. Em 1932 um músico suíço radicado nos Estados Unidos ficou amigo de Loar, conheceu sua invenção e desenvolveu um protótipo de um instrumento de braço longo e corpo com curvas arredondadas, equipado com uma placa eletrificada com o captador de Loar. Este protótipo foi patenteado por seu criador, Adolf Rickenbacker, e é considerado por alguns historiadores como a primeira guitarra propriamente dita.

Mas desde que Bill Haley gravou a seminal faixa Rock Around the Clock empunhando uma Gibson ES 300 o mundo nunca mais foi o mesmo. Em seguida, Chuck Berry imortaliza a Gibson ES 335 com seu duck walk e Elvis Presley leva o rock ‘n roll para todos os cantos do mundo, sempre acompanhado de seu fiel escudeiro, o guitarrista Scotty Moore, que tocava uma linda Gibson ES 295 dourada, guitarra esta que ficou conhecida como a guitarra que mudou o mundo. Apesar de inicialmente ser um instrumento pensado mais para o jazz e blues, logo a guitarra se tornou a locomotiva do rock. E muitos foram os diferentes modelos desenvolvidos nesses 70 anos de excessivo uso da escala pentatônica. A Strip Me traz os 10 modelos de guitarra que entraram para a história do rock.

Cigar Box Guitar

Se a gente pensar no rock ‘n roll como atitude e life style, dá pra considerar que tudo começou mesmo no fim do século XIX. Os Estados Unidos viviam uma depressão econômica grave. Para quem curtia fazer um som, a situação era delicada, já que os instrumentos musicais eram caríssimos. Assim, no melhor estilo Do It Yourself, músicos de bluegrass e blues aproveitavam caixas de charutos, que eram de madeira e davam boa acústica, para criar instrumentos que simulavam banjos e rabecas. Eram instrumentos que iam de 1 a 4 cordas. No começo do século XX, depois da invenção do captador, músicos de blues eletrificaram esses instrumentos, buscando novas sonoridades. Quem primeiro se notabilizou ao utilizar uma cigar box fazendo as vezes da guitarra foi Blind Willie Johnson, um dos pioneiros do blues. Mas não podemos chamar o instrumento de guitarra, já que a cigar box ali tinha menos cordas e um braço mais curto. Foi outro bluesman quem fez da cigar box uma guitarra de fato. Bo Diddley adorava a sonoridade da cigar box e levou a ideia para um luthier. A ideia era fazer uma guitarra convencional, com 6 cordas e braço de 21 escalas, além de um captador, mas o corpo sendo uma caixa quadrada de madeira. Outros guitarristas curtiram a ideia e as cigar box guitars se popularizaram. Além de Diddley, Billy Gibbons do ZZ Top, os mestres do blues Albert King e Buddy Guy e até mesmo Paul McCartney já se aventuraram tocando uma cigar box guitar.

Gretsch Country Gentleman

A Gretsch começou como uma pequena fábrica e loja de instrumentos de percussão. Com bom olho para os negócios, o jovem Fred Gretsch se ligou na crescente popularidade das guitarras Gibson entre músicos de jazz e big bands e começou a fabricar guitarras similares, mas mais baratas. Com ótimo senso estético, as guitarras de Gretsch tinham um design mais elegante e cheio de detalhes. Nos anos 50, sua sonoridade encorpada encantou guitarristas que começavam a se aventurar no r’n’b e rock ‘n roll e foi parar nas mãos de gente como Chet Atkins, Carl Perkins e Eddie Cochran. Se tornou assim o maior símbolo do rockabilly, estilo que, além dos músicos citados, teve no início representantes como Elvis Presley e Jerry Lee Lewis. Nos anos 80 a banda Stray Cats reacendeu a chama do rockabilly, tendo a frente o talentoso guitarrista Brian Setzer, que sempre usou guitarras Gretsch. Para além do rockabilly, a guitarra Gretsch Country Gentleman já foi um dos instrumentos favoritos de George Harrison e é o sonho de consumo de muito guitarrista por aí.

Fender Telecaster

Fender e Gibson rivalizam desde os anos 50, disputando o posto de marca favorita dos músicos. Até 1950 a Gibson dominava o mercado e, até então só existiam guitarras semi acústicas ou acústicas. Foi Leo Fender que desenvolveu a primeira guitarra de corpo maciço a se tornar popular. O fato de o corpo do instrumento não ser oco diminuía microfonia e permitia um som com mais sustentação. A Tele foi logo adotada por vários guitarristas, em especial músicos de country, que apreciavam seu som mais seco e grave. Já no final dos anos sessenta, a Tele se popularizou entre os guitarristas de rock. No lendário show dos Beatles em cima do prédio da Apple, George Harrison usa uma linda Telecaster rosewood, e essa mesma guitarra foi utilizada na gravação de boa parte do disco Let It Be. Mas a tele se tornou icônica mesmo nas mãos de dois gênios. Um é Keith Richards, que imortalizou a tele com a afinação aberta em sol, sem a corda mi mais grave. O outro é The Boss Bruce Springsteen, com riffs simples, mas brilhantes.

Rickenbacker 360/12

A Rickenbacker sempre produziu bons instrumentos, mas até o começo dos anos 60 era uma marca modesta e sem grande expressão. Quem catapultou a marca foram os Beatles. John Lennon e George Harrison se encantaram com o timbre mais estridente e vigoroso das guitarras da marca e passaram a utilizá-las. Mas foi o modelo 360/12 que realmente mudou tudo. Foi a primeira guitarra de 12 cordas que a Rickenbacker fabricou, e acertou logo de cara. George Harrison logo a adotou e é possível ouví-la em várias gravações dos Beatles entre 1964 e 1966, incluindo clássicos como A Hard Day’s Night e Ticket to Ride. A sonoridade límpida e única dessa guitarra encantou também outros músicos (por causa dos Beatles, diga-se). Assim, a Rickenbacker 360/12 tornou-se uma das marcas registradas da sonoridade da banda The Byrds e toda a cena folk rock que se formava na California. Este modelo também brilhou nas mãos de caras como Tom Petty, Johnny Marr, Pete Townshend e Jeff Buckley.

Gibson ES 335

Certamente uma das guitarras mais marcantes da história da música. Uma guitarra semi acústica robusta e versátil. Um de seus diferenciais é a combinação dos dois captadores hambucker com as reentrâncias do corpo do instrumento, criando um som mais denso, que num volume mais alto, mesmo sem nenhum efeito, pode soar levemente distorcido. Foi um dos primeiros modelos desenvolvidos pela Gibson e logo se tornou o mais popular, sendo desbancado apenas pelo modelo Les Paul anos depois. Mas até hoje é o segundo modelo da marca mais vendido. A ES 335 é simplesmente a guitarra de Chuck Berry. A lendária guitarra Lucille do mestre B.B. King é uma Gibson ES 335 preta. Também é a guitarra favorita de Andy Summers, John McLaughin, Johnny Rivers, Noel Gallagher e muitos outros. Ah, sim. Também é a guitarra que Marty McFly usa para tocar Johnny B. Goode em 1955.

Mosrite Ventures II

Samie Moseley era guitarrista e aprendiz de luthier. Trabalhou na fábrica da Rickenbacker, onde aprendeu muito. Na metade da década de 50 decidiu abrir sua própria fábrica de guitarras. Nascia a Mosrite. Moseley se ligou no sucesso que a Telecaster e a recém criada Stratocaster, da Fender, estavam fazendo e investiu na criação de guitarras de corpo sólido, com design mais moderno. No começo dos anos 60 fez uma parceria que mudou o rumo da empresa. Junto com o guitarrista Don Wilson, Moseley criou uma guitarra especial para a banda de Don, The Ventures. Era um instrumento cuja sonoridade era mais aguda e parecia ter um vibrato natural. Além disso, tinha um design diferente, mais alongado. E foi o modelo Mosrite Ventures II que mudou o mundo, ao se tornar a guitarra preferida de um moleque em New York no começo dos anos 70. Claro que estamos falando de John Cummings, que ficaria mais conhecido como Johnny Ramone. Por causa dos Ramones, a Mosrite se tornou símbolo do punk rock. Até porque, antes do Johnny Ramone, Dave Alexander dos Stooges e Fred Smith do MC5 já usavam guitarras Mosrite. E décadas depois, uma Mosrite também foi a primeira guitarra de Kurt Cobain.

Fender Jaguar

Falando em Kurt Cobain, a Fender Jaguar não pode ficar de fora dessa lista. Criada pela Fender em 1962 justamente para competir com a Mosrite, era a guitarra ideal para a crescente onda de surf music de bandas como The Shadows e The Ventures. A Jaguar é uma evolução da Jazzmaster, instrumento que a Fender criou para agradar os guitarristas de jazz, com um timbre mais encorpado e versátil. A Jaguar vinha com mais possibilidades de sons através do controle independente dos captadores. Foi um modelo que dominou o mercado nos anos 60, mas depois perdeu espaço para a Les Paul e novos modelos da Gretsch. Mas nos anos 80 foi redescoberta na Inglaterra pela turminha pós punk, sendo a guitarra número 1 do Johnny Marr, guitarrista dos Smiths, e nos Estados Unidos pelos alternativos como Thurston Moore e Lee Ranaldo do Sonic Youth. Mas quem fez a Jaguar voltar com tudo mesmo, foi Kurt Cobain (que começou a usá-la justamente por influência do Sonic Youth). Nessa época, a Jaguar já havia passado por algumas reformulações e, agora vinha com captadores hambucker, mais robustos que os single coil utilizados nas primeiras levas do modelo nos anos 60. A Jaguar ficou marcada como a guitarra de Cobain, mas também teve muitos outros guitarristas célebres a empunhando, como Elvis Costello, Tom Verlaine, Mark Arm, Black Francis e muitos outros.

Gibson SG

A Gibson começou a fabricar a Les Paul em 1952, para entrar no mercado das guitarras de corpo sólido. Ganhou adeptos e tudo ia bem. Mas, no começo dos anos 60 as vendas da Les Paul começaram a cair. Além do valor, os guitarristas tinham duas reclamações recorrentes sobre o modelo: era muito pesada e o acesso às últimas escalas do braço era desconfortável. Assim, a Gibson se empenhou em desenvolver uma nova guitarra sólida, com a mesma qualidade da Les Paul, mas mais leve e com novo design. Nascia a Gibson SG (abreviação de Solid Guitar). E funcionou. A SG se popularizou rapidamente. Além do timbre potente, braço mais confortável e corpo mais fino e mais leve, seu design moderno agradou a turma do rock ‘n roll. Se tornou a guitarra de pesos pesados como Tony Iommi, Carlos Santana, Robby Krieger, Mark Farner e Max Cavalera. Também foi a guitarra que conquistou uma das mulheres mais importantes do rock ‘n roll. Sister Rosetta Tharpe já tocava guitarra com distorção no blues, muito antes do rock, e por isso, ela é considerada uma das pioneiras do rock. Quando a SG pintou no mercado, Sister Rosetta a adotou, e em suas apresentações mais notáveis no começo dos anos 60, ela toca uma bela SG branca. E, é claro, a SG, se tornou a marca registrada de Angus Young e é o modelo que remete imediatamente ao AC DC.

Gibson Les Paul

Apesar das críticas lá nos anos 60, a Les Paul nunca deixou de ser fabricada, e nem de vender muito. Sim, ela é uma guitarra pesada. Mas justamente pelo seu corpo sólido mais largo, ela tem um timbre tão marcante e profundo. Esse timbre também se deve aos dois captadores hambucker que produzem um som cristalino, sem ruídos e muito encorpado. Na real, é impossível conseguir um timbre igual ao de uma Les Paul com outro modelo de guitarra. A combinação desse timbre intenso da Les Paul com um amplificador valvulado como um Marshall produzem um som poderoso e irresistível. É por isso que a Les Paul é um dos modelos mais vendidos no mundo até hoje e é um dos maiores ícones do rock. Basta pensar em caras como Jimmy Page, Slash, Pete Townshend, Frank Zappa, Ace Frehley, Zakk Wylde, Marc Bolan e Neil Young, que automaticamente você verá uma guitarra Les Paul.

Fender Stratocaster

Não tem pra ninguém. A boa e velha Strato é a guitarra número 1 do mundo. Além de ser absoluta no rock, é uma guitarra versátil que serve muito bem a músicos de todos os estilos. Ao contrário da Les Paul, a Stratocaster é muito versátil, tem 3 captadores single coil, que permitem várias combinações de sonoridade. Apesar de serem captadores mais suscetíveis a ruídos e microfonias, tem um som com mais brilho e presença. A Strato é uma guitarra confortabilíssima de se tocar, com um braço fino e corpo leve. E seu design é marcante e imponente, o símbolo máximo do rock ‘n roll. Uma Strato plugada num amplificador Fender Twin Reverb é incomparável! Não é à toa que é a guitarra escolhida por Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jeff Beck, Ritchie Blackmore, Rory Gallagher, Steve Ray Vaughan, John Mayer, David Gilmour e tantos outros. Aliás, David Gilmour é sabidamente o proprietário da Fender Stratocaster com o número de série 0001, fabricada em 1954. Se uma Fender fabricada hoje em dia já custa uma grana alta, imagine essa aí.

Menção honrosa: Frankenstrat

Se estamos falando de guitarras que ajudaram a revolucionar a música, não dá pra não falar de Eddie Van Halen e sua inigualável guitarra. Eddie Van Halen revolucionou o jeito de tocar guitarra no heavy metal. Além de sua habilidade assombrosa e inventividade, ele buscou inovar também em seu equipamento. Assim, não só desenvolveu efeitos e distorções próprias, como foi até a fábrica da Fender propor algumas alterações em sua Stratocaster. A guitarra batizada como Frankenstrat é uma Stratocaster com um captador hambucker na ponte e dois single coil no meio e no braço, além de uma ponte floyd rose, microafinação e uma pintura vermelha com traços brancos e pretos. A sonoridade de Eddie Van Halen com sua Frankenstrat influenciou diretamente guitarristas não só do metal, mas de vários gêneros, ajudando a popularizar guitarras com ponte floyd rose e microafinação.

Alguns anos atrás circulou uma notícia, verdadeira diga-se, de que a venda de guitarras elétricas tinha caído vertiginosamente ao redor do mundo. Isso aconteceu por vários motivos, incluindo o imediatismo inerente às novas gerações, acostumadas a ter tudo pronto no celular e também pela popularização de ferramentas digitais de produção musical. Mas assim como a guitarra nunca vai deixar de existir e empolgar jovens sedentos por música e boas doses de rebeldia, o rock ‘n roll também segue firme e forte. Pode não ser o gênero mais popular do mundo, como já foi outrora, mas certamente é o que mais tem consumidores fiéis e apaixonados. A Strip Me, que exala rock ‘n roll por todos os poros, concorda que todo dia é dia de rock, por isso nossa coleção de camisetas de música está recheada de estampas lindas com as mais variadas referências ao rock. Uma pegada, aliás, que se encontra em todo o nosso catálogo, incluindo as camisetas de arte, cinema, cultura pop, bebidas, games e muito mais. Cola lá no nosso site pra conferir e ficar por dentro de todos os nossos lançamentos, que pintam por lá toda semana.

Vai fundo.

Para ouvir: Uma playlist com grandes canções de alguns dos guitarristas citados neste texto. Guitarra top 10 tracks.

Para assistir: Para quem se liga em guitarras e guitarristas, vale a pena conferir o documentário A Todo Volume, que reúne Jimmy Page, Jack White e The Edge para conversar sobre música, guitarras e para tocar também, é claro.

8 fatos que você precisa saber sobre o Blink-182.

8 fatos que você precisa saber sobre o Blink-182.

O Lollapalooza está chegando! E com ele o aguardadíssimo show da banda Blink-182. Para preparar o espírito para esse momento memorável, a Strip Me te conta 8 fatos interessantes sobre o trio mais engraçadinho do punk rock.

Blink-182, a banda que tornou “What’s my age again?” o hino dos eternos adolescentes em todo o mundo. Formada por Mark Hoppus, Tom DeLonge e Travis Barker, a banda passou com competência e muito bom humor pela porta do mainstream, aberta pelo Green Day e Offspring. Assim, conquistou uma legião de fãs com seu punk rock entusiasmado e letras irreverentes. E justamente envelhecer parece que não foi fácil para o trio, que ficou famoso, além da música, por aprontar mil travessuras fora dos palcos e não levar a vida nada a sério. Mas, por fim, parece que tudo foi se ajeitando. A banda foi ícone teen, foi desprezada e tida como vendida pelos punks, mas foi amadurecendo e ganhando o respeito da crítica musical e da cena punk. Hoje é uma das bandas com os shows mais disputados do mundo.

E, finalmente chegou a vez do Brasil conferir esse show, depois de três tentativas frustradas da banda vir para a terra tupiniquim. Isso graças ao festival Lollapalooza, que desde 2012 nos brinda com shows incríveis e toda a estrutura de um grande festival. Era para a banda ter tocado ano passado no festival, mas acabou cancelando sua vinda, mas para este ano o show está garantidíssimo! Para te ajudar a ir esquentando os motores para este show tão esperado, a Strip Me conta 8 fatos para você ficar conhecendo melhor Mark Hoppus e sua turma.

Blink antes do 182.

A banda foi formada por um trio de amigos adolescentes, ainda no colégio, em 1992. Quando começou a realmente ser levada a sério por seus integrantes, Mark Hoppus, baixo e voz, Tom DeLonge, guitarra e voz, e Scott Raynor, bateria, a banda foi batizada Blink. Em 1994 lançam seu primeiro disco, Cheshire Cat. Mesmo lançado de forma independente, o disco chama atenção. Tanto que a banda é processada por uma banda da Irlanda com o mesmo nome. Para evitar uma treta judicial, eles decidem colocar um número da na frente do nome. Surge Blink-182. De onde veio esse número, ninguém sabe. Provavelmente os caras acharam que soava bem. Mas ao longo do tempo, deram várias explicações malucas. Por exemplo, dizem que 182 é o peso de um dos integrantes da banda em libras, ou que 182 é o número de vezes em que Al Pacino diz “fuck” no filme Scarface.

A escolha.

No início de 1993 a banda Blink começava a crescer para além dos arredores de San Diego, California, onde se originou. A banda tomava cada vez mais tempo dos três jovens. Mark Hoppus tinha uma namorada ciumenta nessa época, que lhe deu um ultimato: “A banda ou eu!” E por algumas semanas, quase dois meses, ele escolheu a namorada. Mas, um tempo depois, sentiu saudade da sua turminha do barulho, mandou o namoro às favas e retomou seu lugar na banda bem a tempo de gravar a demo que daria origem ao seu primeiro disco.

Dança das baquetas.

Scott Rayner manteve o posto de baterista do Blink-182 até 1998. Em 1996 a banda dava o que falar e as gravadoras estavam desesperadas procurando um novo Green Day. O trio de San Diego acabou assinando com uma major ainda naquele ano, e em 1997 lançaram seu segundo disco, Dude Ranch, que fez um baita sucesso nos Estados Unidos. A fama fez com que Rayner perdesse as estribeiras e afundasse feio na bebida. Depois de algumas mancadas e sumiços em dias de show, Hoppus e DeLonge o expulsaram da banda. Por sorte, eles excursionavam com uma banda chamada The Aquabats, cujo baterista era um prodígio. Para não deixar Hoppus e DeLonge na mão em um show, o baterista Travis Barker, aprendeu a tocar o repertório do Blink-182 em uma tarde. E não saiu de trás dos tambores da banda desde então.

Enema of the State.

E foi em 1999 que o Blink-182 ganhou o mundo, com um disco inspirado e aquele empurrãozinho maroto da MTV. Os clipes de What’s My Age Again?, All the Small Things e Adam`s Song bombaram no mundo inteiro e o punk adolescente voltou para as cabeças. O disco Enema of the State teve duas capas diferentes. A primeira tiragem do disco saiu com o nome da banda com “B” maiúsculo e uma cruz vermelha no chapéu da enfermeira na capa. O trio preferia a grafia do nome com todas as letras minúsculas. Na mesma época a Cruz Vermelha, entidade internacional de saúde, ameaçou processar a gravadora pelo uso de seu símbolo de forma pejorativa, quase obscena, segundo a entidade. Para evitar confusão, foi retirada a cruz do chapéu da enfermeira, e uma nova tiragem do disco saiu com a capa com o nome da banda escrita em letras minúsculas e o chapéu sem a cruz. Aliás, a enfermeira em questão era ninguém menos que Janine Lindemulder, uma estrela em ascensão do cinema pornô na época, o que explica o desconforto do pessoal da Cruz Vermelha. Pra completar, o título do disco é um trocadilho malicioso com a expressão “enemy of the state”(inimigo do estado, ou do governo). A palavra “enema”, que substitui “enemy”, significa em português esperma. Trocadilho típico de quinta série. De fato, what’s my age again?

O preço da fama.

Enquanto a fama e popularidade da banda escalavam em alta velocidade, sua credibilidade dentro da comunidade punk despencava. Enquanto todas as bandas punks no começo do século vinte e um produziam músicas de protesto, incluindo os outrora adolescentes meio bobocas do Green Day, o Blink-182 saía na capa da revista CosmoGirl (a versão norte americana da Capricho) e ganhava o prêmio Nickelodeon’s Kids’ Choice Award. Realmente ficava difícil levar os caras a sério. E isso acabou sendo um ponto de virada, pois o trio ficou realmente incomodado com isso e resolveu mudar.

Amadurecimento.

Em 2003 a banda lançou seu quinto álbum. Intitulado simplesmente Blink-182, o disco mostrava que a banda realmente amadureceu, trazendo novos elementos à sua música, para além dos power acordes rápidos, soando ora como uma banda indie noventista, ora como uma banda new wave dos anos oitenta. O disco chegou a ser comparado com The Police e U2, mas os integrantes da banda afirmam que na época estavam ouvindo muito The Cure, o que ajudou a inspirá-los a escrever letras mais confessionais e questionadoras. Nessa mesma época, para mostrar que estava realmente querendo fazer as pazes com o mundo, durante uma turnê no Reino Unido, o trio foi até a Irlanda e fez questão de conhecer a tal banda Blink, que quase os processou na época do lançamento do Cheshire Cat. Mas essa fase paz e amor durou pouco. Em 2005 a banda anuncia que estava se separando.

Travis Barker nas asas do destino.

Em 2008 Travis estava num avião particular com mais cinco pessoas. Sobrevoando o estado da Carolina do Sul, o avião teve uma pane, pegou fogo e caiu. Apenas Travis e mais um rapaz amigo dele sobreviveram. O baterista teve 68% do seu corpo com queimaduras severas. O acidente fez com Barker adquirisse uma verdadeira fobia a aviões. Mas também fez com que ele e Hoppus voltassem a se falar depois de três anos sem se verem. Começava ali o retorno da banda. E, graças ao esforço e apoio de sua esposa, a socialite Kourtney Kardashian, Travis superou seu medo e voltou a viajar de avião em 2001, facilitando muito a vida da banda, que até então voltara a tocar e se esforçava para fazer turnês sem depender de aviões.

Vindas frustradas ao Brasil.

Já superado o trauma, ao contrário do que dizia Belchior, não foi por medo de avião que Travis Barker não pôde vir tocar no Lollapalooza Brasil em 2023, mas sim porque ele teve um problema nas articulações dos dedos das mãos e teve que passar por uma cirurgia. O show da banda acabou sendo cancelado meio em cima da hora. Mas não foi a única vez que o trio californiano ameaçou vir, mas não veio. Em 2004 DeLonge disse numa entrevista que a banda faria uma turnê mundial e passaria pela América do Sul no segundo semestre de 2005. Criou-se uma grande expectativa, que acabou frustrada com a declaração da separação da banda no começo de 2005. Já em 2001, a banda estava cotada para tocar no Rock In Rio e chegou até a ser anunciada como uma das atrações, mas acabou não rolando. Em uma entrevista ao ex-Malhação André Marques, no extinto programa Video Show, DeLonge disse que estava tudo certo para a banda participar do festival, mas Axl Rose não aceitou que o Blink-182 tocasse na mesma noite que ele, certamente com medo de o Guns n’ Roses fosse eclipsado pela performance magnífica do trio de San Diego. DeLonge disse isso sério e, depois de uma breve pausa, riu e disse que estava de sacanagem e que não sabia por quê a banda tinha sido retirada do line up do festival. E mesmo sem o Blink-182, naquele ano Axl Rose foi às lágrimas no palco.

Enfim, o Blink-182 é uma banda realmente cativante. Seja pelo seu bom humor, ou pelas suas ótimas canções, ou pelas duas coisas juntas. Blink-182 é puro barulho, diversão e arte. Uma banda dessa não ia ficar de fora da trilha sonora da Strip Me, que tem não só o Blink-182, mas também outras bandas punk representadas na excelente coleção de camisetas de música, onde tais bandas são apresentadas em estampas originais e super descoladas. E tem também as coleções de camisetas de cinema, arte, cultura pop, bebidas, games e muito mais. No nosso site você confere isso tudo e ainda fica por dentro de todos os nossos lançamentos, que pintam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist deliciosa com o que há de melhor na discografia do Blink-182. Blink-182 Top 10 tracks.

Para ler: Altamente recomendável o livro Travis Barker. Vivendo a Mil, Enganando a Morte e Batera, Batera, Batera, a autobiografia de Travis Barker, livro lançado em 2016 pela editora Ideal. Numa narrativa envolvente o baterista conta sua vida, as idas e vindas da banda e seu traumático acidente de avião.

CBGB & OMFUG e o nascimento de todo mundo

CBGB & OMFUG e o nascimento de todo mundo

por Guilherme Bonilha – 

Em 1973, o nova-iorquino Hilly Kristal abriu no sul de Manhattan o CBGB & OMFUG. O nome do bar era uma abreviação de Country, Bluegrass, Blues & Other Music for Uplifting Gormandizers (algo como Contry, Bluegrass, Blues e outras músicas para gulosos musicais) e já mostrava a visão de Kristal, montar um bar para apreciadores de estilos tipicamente norte-americanos. Para agradar esse público, Kristal só pedia que as bandas apresentassem sets com sons próprios e dava preferência para artistas de Nova Iorque.

cbgb-historia-strip-me-camisetas-blog-foto-1

Atraídos por uma leitura de poemas que acontecia no CBGB, os músicos da crescente cena punk e new wave de Nova Iorque começaram a frequentar o bar e após algum tempo o Televison tornou-se a primeira banda desse movimento a se apresentar por lá, em 1974, fazendo shows todos os domingos até gravarem o álbum “Marquee Moon”. O local ajudou o punk rock a conquistar o mundo e ficou marcado na história de bandas como Television, Ramones, Patti Smith, Johnny Thunders & The Heartbreakers, Blondie, Talking Heads e The Misfits, para citar alguns. Mas não só as bandas americanas que fizeram sucesso por lá, os britânicos do The Jam e The Police tocaram no palco do CBGB, além do bar receber visitas esporádicas dos membros do Sex Pistols, que, invariavelmente, passavam lá para provocar o caos.

cbgb-ramones-strip-me-camisetas-post-blog

Na década de 80, a cena que movimentou o espírito do CBGB foi o hardcore, com bandas como Bad Brains, Cro-Mags, Dead Boys, Sick of it All, Gorilla Biscuits e Agnostic Front, destaques das cenas de Nova Iorque e Washington. O The Dead Boys tocou tanto no CBGB que Hilly Kristal chegou a ser o empresário da banda por um tempo. O espaço reservado para o hardcore no CBGB ficou conhecido como Trash Day e acontecia nas tardes de domingo. No fim da década de 1980, Hilly Kristal se cansou das frequentes brigas que rolavam em frente ao CBGB e colocou um fim no Trash Day em 1990.

A década de 1990 trouxe transformações para o CBGB. Entre o fim da década 1980 e início da década de 1990, bandas como Guns and Roses, Social Distortion, Hole e Sonic Youth ainda faziam apresentações por lá que representavam o que havia de novo no rock and roll, porém, com o passar dos anos, o palco começou a ser procurado por bandas que já estavam consagradas de alguma maneira, e o lugar acabou se tornando um grande ponto turístico.

cbgb-guns-n-roses-strip-me-camisetas

Após uma briga judicial com os donos do famoso prédio, Hilly Kristal decidiu fechar o CBGB em Nova Iorque devido ao aluguel abusivo que os proprietários pediam, e originalmente tinha planos de levar o bar (e seus famosos urinóis) para Las Vegas, porém, a ideia não foi pra frente. Para a despedida do CB, uma semana com a apresentação de vários ícones da história do bar foi planejada. Bad Brains, The Dictators e Blondie, com um set acústico, foram os destaques. Finalmente, no dia 15 de outubro de 2006, um domingo, Patti Smith fez o último show no sujo e lendário palco do CBGB.


Sobre a Strip Me.

Na Strip Me rock and roll e estilo andam juntos, e são obrigatórios em todas as nossas t-shirts. Em nossa loja online você encontra camisetas de bandacinema, e cultura pop exclusivas!

Cadastre-se na Newsletter
X

Receba nossos conteúdos por e-mail.
Clique aqui para se cadastrar.