Dia do Rock: As 10 guitarras que mudaram a música.

Dia do Rock: As 10 guitarras que mudaram a música.

Para celebrar o Dia do Rock, nada mais adequado do que falar sobre o símbolo máximo do gênero, a guitarra. A Strip Me elenca os 10 modelos de guitarra mais marcantes da história do rock ‘n roll e da música pop.

O que veio primeiro? A guitarra ou o rock ‘n roll? Este não é um caso do ovo ou a galinha. Claramente a guitarra veio primeiro, desenvolvida na década de 1940. Não existe um consenso sobre um marco zero, ou o registro da primeira guitarra fabricada e quem a criou. Técnicos e músicos foram desenvolvendo ao longo do tempo, primeiro tentando amplificar o som do violão e depois, com a invenção do captador, começou a evolução da guitarra. O captador foi criado em 1923 pelo músico e engenheiro acústico americano Lloyd Loar. Trata-se de um dispositivo que transforma a vibração das cordas de aço em sinais elétricos, que são transformados em ondas sonoras num amplificador. Em 1932 um músico suíço radicado nos Estados Unidos ficou amigo de Loar, conheceu sua invenção e desenvolveu um protótipo de um instrumento de braço longo e corpo com curvas arredondadas, equipado com uma placa eletrificada com o captador de Loar. Este protótipo foi patenteado por seu criador, Adolf Rickenbacker, e é considerado por alguns historiadores como a primeira guitarra propriamente dita.

Mas desde que Bill Haley gravou a seminal faixa Rock Around the Clock empunhando uma Gibson ES 300 o mundo nunca mais foi o mesmo. Em seguida, Chuck Berry imortaliza a Gibson ES 335 com seu duck walk e Elvis Presley leva o rock ‘n roll para todos os cantos do mundo, sempre acompanhado de seu fiel escudeiro, o guitarrista Scotty Moore, que tocava uma linda Gibson ES 295 dourada, guitarra esta que ficou conhecida como a guitarra que mudou o mundo. Apesar de inicialmente ser um instrumento pensado mais para o jazz e blues, logo a guitarra se tornou a locomotiva do rock. E muitos foram os diferentes modelos desenvolvidos nesses 70 anos de excessivo uso da escala pentatônica. A Strip Me traz os 10 modelos de guitarra que entraram para a história do rock.

Cigar Box Guitar

Se a gente pensar no rock ‘n roll como atitude e life style, dá pra considerar que tudo começou mesmo no fim do século XIX. Os Estados Unidos viviam uma depressão econômica grave. Para quem curtia fazer um som, a situação era delicada, já que os instrumentos musicais eram caríssimos. Assim, no melhor estilo Do It Yourself, músicos de bluegrass e blues aproveitavam caixas de charutos, que eram de madeira e davam boa acústica, para criar instrumentos que simulavam banjos e rabecas. Eram instrumentos que iam de 1 a 4 cordas. No começo do século XX, depois da invenção do captador, músicos de blues eletrificaram esses instrumentos, buscando novas sonoridades. Quem primeiro se notabilizou ao utilizar uma cigar box fazendo as vezes da guitarra foi Blind Willie Johnson, um dos pioneiros do blues. Mas não podemos chamar o instrumento de guitarra, já que a cigar box ali tinha menos cordas e um braço mais curto. Foi outro bluesman quem fez da cigar box uma guitarra de fato. Bo Diddley adorava a sonoridade da cigar box e levou a ideia para um luthier. A ideia era fazer uma guitarra convencional, com 6 cordas e braço de 21 escalas, além de um captador, mas o corpo sendo uma caixa quadrada de madeira. Outros guitarristas curtiram a ideia e as cigar box guitars se popularizaram. Além de Diddley, Billy Gibbons do ZZ Top, os mestres do blues Albert King e Buddy Guy e até mesmo Paul McCartney já se aventuraram tocando uma cigar box guitar.

Gretsch Country Gentleman

A Gretsch começou como uma pequena fábrica e loja de instrumentos de percussão. Com bom olho para os negócios, o jovem Fred Gretsch se ligou na crescente popularidade das guitarras Gibson entre músicos de jazz e big bands e começou a fabricar guitarras similares, mas mais baratas. Com ótimo senso estético, as guitarras de Gretsch tinham um design mais elegante e cheio de detalhes. Nos anos 50, sua sonoridade encorpada encantou guitarristas que começavam a se aventurar no r’n’b e rock ‘n roll e foi parar nas mãos de gente como Chet Atkins, Carl Perkins e Eddie Cochran. Se tornou assim o maior símbolo do rockabilly, estilo que, além dos músicos citados, teve no início representantes como Elvis Presley e Jerry Lee Lewis. Nos anos 80 a banda Stray Cats reacendeu a chama do rockabilly, tendo a frente o talentoso guitarrista Brian Setzer, que sempre usou guitarras Gretsch. Para além do rockabilly, a guitarra Gretsch Country Gentleman já foi um dos instrumentos favoritos de George Harrison e é o sonho de consumo de muito guitarrista por aí.

Fender Telecaster

Fender e Gibson rivalizam desde os anos 50, disputando o posto de marca favorita dos músicos. Até 1950 a Gibson dominava o mercado e, até então só existiam guitarras semi acústicas ou acústicas. Foi Leo Fender que desenvolveu a primeira guitarra de corpo maciço a se tornar popular. O fato de o corpo do instrumento não ser oco diminuía microfonia e permitia um som com mais sustentação. A Tele foi logo adotada por vários guitarristas, em especial músicos de country, que apreciavam seu som mais seco e grave. Já no final dos anos sessenta, a Tele se popularizou entre os guitarristas de rock. No lendário show dos Beatles em cima do prédio da Apple, George Harrison usa uma linda Telecaster rosewood, e essa mesma guitarra foi utilizada na gravação de boa parte do disco Let It Be. Mas a tele se tornou icônica mesmo nas mãos de dois gênios. Um é Keith Richards, que imortalizou a tele com a afinação aberta em sol, sem a corda mi mais grave. O outro é The Boss Bruce Springsteen, com riffs simples, mas brilhantes.

Rickenbacker 360/12

A Rickenbacker sempre produziu bons instrumentos, mas até o começo dos anos 60 era uma marca modesta e sem grande expressão. Quem catapultou a marca foram os Beatles. John Lennon e George Harrison se encantaram com o timbre mais estridente e vigoroso das guitarras da marca e passaram a utilizá-las. Mas foi o modelo 360/12 que realmente mudou tudo. Foi a primeira guitarra de 12 cordas que a Rickenbacker fabricou, e acertou logo de cara. George Harrison logo a adotou e é possível ouví-la em várias gravações dos Beatles entre 1964 e 1966, incluindo clássicos como A Hard Day’s Night e Ticket to Ride. A sonoridade límpida e única dessa guitarra encantou também outros músicos (por causa dos Beatles, diga-se). Assim, a Rickenbacker 360/12 tornou-se uma das marcas registradas da sonoridade da banda The Byrds e toda a cena folk rock que se formava na California. Este modelo também brilhou nas mãos de caras como Tom Petty, Johnny Marr, Pete Townshend e Jeff Buckley.

Gibson ES 335

Certamente uma das guitarras mais marcantes da história da música. Uma guitarra semi acústica robusta e versátil. Um de seus diferenciais é a combinação dos dois captadores hambucker com as reentrâncias do corpo do instrumento, criando um som mais denso, que num volume mais alto, mesmo sem nenhum efeito, pode soar levemente distorcido. Foi um dos primeiros modelos desenvolvidos pela Gibson e logo se tornou o mais popular, sendo desbancado apenas pelo modelo Les Paul anos depois. Mas até hoje é o segundo modelo da marca mais vendido. A ES 335 é simplesmente a guitarra de Chuck Berry. A lendária guitarra Lucille do mestre B.B. King é uma Gibson ES 335 preta. Também é a guitarra favorita de Andy Summers, John McLaughin, Johnny Rivers, Noel Gallagher e muitos outros. Ah, sim. Também é a guitarra que Marty McFly usa para tocar Johnny B. Goode em 1955.

Mosrite Ventures II

Samie Moseley era guitarrista e aprendiz de luthier. Trabalhou na fábrica da Rickenbacker, onde aprendeu muito. Na metade da década de 50 decidiu abrir sua própria fábrica de guitarras. Nascia a Mosrite. Moseley se ligou no sucesso que a Telecaster e a recém criada Stratocaster, da Fender, estavam fazendo e investiu na criação de guitarras de corpo sólido, com design mais moderno. No começo dos anos 60 fez uma parceria que mudou o rumo da empresa. Junto com o guitarrista Don Wilson, Moseley criou uma guitarra especial para a banda de Don, The Ventures. Era um instrumento cuja sonoridade era mais aguda e parecia ter um vibrato natural. Além disso, tinha um design diferente, mais alongado. E foi o modelo Mosrite Ventures II que mudou o mundo, ao se tornar a guitarra preferida de um moleque em New York no começo dos anos 70. Claro que estamos falando de John Cummings, que ficaria mais conhecido como Johnny Ramone. Por causa dos Ramones, a Mosrite se tornou símbolo do punk rock. Até porque, antes do Johnny Ramone, Dave Alexander dos Stooges e Fred Smith do MC5 já usavam guitarras Mosrite. E décadas depois, uma Mosrite também foi a primeira guitarra de Kurt Cobain.

Fender Jaguar

Falando em Kurt Cobain, a Fender Jaguar não pode ficar de fora dessa lista. Criada pela Fender em 1962 justamente para competir com a Mosrite, era a guitarra ideal para a crescente onda de surf music de bandas como The Shadows e The Ventures. A Jaguar é uma evolução da Jazzmaster, instrumento que a Fender criou para agradar os guitarristas de jazz, com um timbre mais encorpado e versátil. A Jaguar vinha com mais possibilidades de sons através do controle independente dos captadores. Foi um modelo que dominou o mercado nos anos 60, mas depois perdeu espaço para a Les Paul e novos modelos da Gretsch. Mas nos anos 80 foi redescoberta na Inglaterra pela turminha pós punk, sendo a guitarra número 1 do Johnny Marr, guitarrista dos Smiths, e nos Estados Unidos pelos alternativos como Thurston Moore e Lee Ranaldo do Sonic Youth. Mas quem fez a Jaguar voltar com tudo mesmo, foi Kurt Cobain (que começou a usá-la justamente por influência do Sonic Youth). Nessa época, a Jaguar já havia passado por algumas reformulações e, agora vinha com captadores hambucker, mais robustos que os single coil utilizados nas primeiras levas do modelo nos anos 60. A Jaguar ficou marcada como a guitarra de Cobain, mas também teve muitos outros guitarristas célebres a empunhando, como Elvis Costello, Tom Verlaine, Mark Arm, Black Francis e muitos outros.

Gibson SG

A Gibson começou a fabricar a Les Paul em 1952, para entrar no mercado das guitarras de corpo sólido. Ganhou adeptos e tudo ia bem. Mas, no começo dos anos 60 as vendas da Les Paul começaram a cair. Além do valor, os guitarristas tinham duas reclamações recorrentes sobre o modelo: era muito pesada e o acesso às últimas escalas do braço era desconfortável. Assim, a Gibson se empenhou em desenvolver uma nova guitarra sólida, com a mesma qualidade da Les Paul, mas mais leve e com novo design. Nascia a Gibson SG (abreviação de Solid Guitar). E funcionou. A SG se popularizou rapidamente. Além do timbre potente, braço mais confortável e corpo mais fino e mais leve, seu design moderno agradou a turma do rock ‘n roll. Se tornou a guitarra de pesos pesados como Tony Iommi, Carlos Santana, Robby Krieger, Mark Farner e Max Cavalera. Também foi a guitarra que conquistou uma das mulheres mais importantes do rock ‘n roll. Sister Rosetta Tharpe já tocava guitarra com distorção no blues, muito antes do rock, e por isso, ela é considerada uma das pioneiras do rock. Quando a SG pintou no mercado, Sister Rosetta a adotou, e em suas apresentações mais notáveis no começo dos anos 60, ela toca uma bela SG branca. E, é claro, a SG, se tornou a marca registrada de Angus Young e é o modelo que remete imediatamente ao AC DC.

Gibson Les Paul

Apesar das críticas lá nos anos 60, a Les Paul nunca deixou de ser fabricada, e nem de vender muito. Sim, ela é uma guitarra pesada. Mas justamente pelo seu corpo sólido mais largo, ela tem um timbre tão marcante e profundo. Esse timbre também se deve aos dois captadores hambucker que produzem um som cristalino, sem ruídos e muito encorpado. Na real, é impossível conseguir um timbre igual ao de uma Les Paul com outro modelo de guitarra. A combinação desse timbre intenso da Les Paul com um amplificador valvulado como um Marshall produzem um som poderoso e irresistível. É por isso que a Les Paul é um dos modelos mais vendidos no mundo até hoje e é um dos maiores ícones do rock. Basta pensar em caras como Jimmy Page, Slash, Pete Townshend, Frank Zappa, Ace Frehley, Zakk Wylde, Marc Bolan e Neil Young, que automaticamente você verá uma guitarra Les Paul.

Fender Stratocaster

Não tem pra ninguém. A boa e velha Strato é a guitarra número 1 do mundo. Além de ser absoluta no rock, é uma guitarra versátil que serve muito bem a músicos de todos os estilos. Ao contrário da Les Paul, a Stratocaster é muito versátil, tem 3 captadores single coil, que permitem várias combinações de sonoridade. Apesar de serem captadores mais suscetíveis a ruídos e microfonias, tem um som com mais brilho e presença. A Strato é uma guitarra confortabilíssima de se tocar, com um braço fino e corpo leve. E seu design é marcante e imponente, o símbolo máximo do rock ‘n roll. Uma Strato plugada num amplificador Fender Twin Reverb é incomparável! Não é à toa que é a guitarra escolhida por Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jeff Beck, Ritchie Blackmore, Rory Gallagher, Steve Ray Vaughan, John Mayer, David Gilmour e tantos outros. Aliás, David Gilmour é sabidamente o proprietário da Fender Stratocaster com o número de série 0001, fabricada em 1954. Se uma Fender fabricada hoje em dia já custa uma grana alta, imagine essa aí.

Menção honrosa: Frankenstrat

Se estamos falando de guitarras que ajudaram a revolucionar a música, não dá pra não falar de Eddie Van Halen e sua inigualável guitarra. Eddie Van Halen revolucionou o jeito de tocar guitarra no heavy metal. Além de sua habilidade assombrosa e inventividade, ele buscou inovar também em seu equipamento. Assim, não só desenvolveu efeitos e distorções próprias, como foi até a fábrica da Fender propor algumas alterações em sua Stratocaster. A guitarra batizada como Frankenstrat é uma Stratocaster com um captador hambucker na ponte e dois single coil no meio e no braço, além de uma ponte floyd rose, microafinação e uma pintura vermelha com traços brancos e pretos. A sonoridade de Eddie Van Halen com sua Frankenstrat influenciou diretamente guitarristas não só do metal, mas de vários gêneros, ajudando a popularizar guitarras com ponte floyd rose e microafinação.

Alguns anos atrás circulou uma notícia, verdadeira diga-se, de que a venda de guitarras elétricas tinha caído vertiginosamente ao redor do mundo. Isso aconteceu por vários motivos, incluindo o imediatismo inerente às novas gerações, acostumadas a ter tudo pronto no celular e também pela popularização de ferramentas digitais de produção musical. Mas assim como a guitarra nunca vai deixar de existir e empolgar jovens sedentos por música e boas doses de rebeldia, o rock ‘n roll também segue firme e forte. Pode não ser o gênero mais popular do mundo, como já foi outrora, mas certamente é o que mais tem consumidores fiéis e apaixonados. A Strip Me, que exala rock ‘n roll por todos os poros, concorda que todo dia é dia de rock, por isso nossa coleção de camisetas de música está recheada de estampas lindas com as mais variadas referências ao rock. Uma pegada, aliás, que se encontra em todo o nosso catálogo, incluindo as camisetas de arte, cinema, cultura pop, bebidas, games e muito mais. Cola lá no nosso site pra conferir e ficar por dentro de todos os nossos lançamentos, que pintam por lá toda semana.

Vai fundo.

Para ouvir: Uma playlist com grandes canções de alguns dos guitarristas citados neste texto. Guitarra top 10 tracks.

Para assistir: Para quem se liga em guitarras e guitarristas, vale a pena conferir o documentário A Todo Volume, que reúne Jimmy Page, Jack White e The Edge para conversar sobre música, guitarras e para tocar também, é claro.

12 Filmes que contam a história do Rock! Parte 2

12 Filmes que contam a história do Rock! Parte 2

No mês do rock, a Strip Me apresenta 12 histórias de cinema, sobre alguns dos mais importantes artistas da música pop!

O Dia Mundial do Rock é mais brasileiro do que mundial. Basta você procurar mundo afora para ver quem realmente comemora essa data fora do Brasil. A história toda por trás disso é interessante. O dia 13 de julho de 1985 entrou para a história por conta do Live Aid, o grande festival que rolou simultaneamente nos Estados Unidos e Inglaterra e foi televisionado para o mundo todo. O evento reuniu gente como Paul McCartney, The Who, Queen e muitos outros. Aqui no Brasil o festival teve uma audiência enorme, já que o país ainda respirava a euforia do Rock In Rio, que aconteceu em janeiro daquele ano. Numa entrevista, falando sobre o Live Aid, Phil Collins, emocionado após ter participado do festival, declarou: “O dia 13 de julho deveria ser lembrado como o dia mundial do rock.” Pouca gente deu atenção a isso, exceto os jornalistas brasileiros. Desde então, rádios e publicações brasileiras dedicadas ao rock passaram a celebrar a data, e a moda pegou. E cá estamos. Celebrando o nosso brasileiríssimo Dia Mundial do Rock!

Para celebrar esse dia, selecionamos 12 filmes que ajudam a contar a história do rock n’ roll mundial e brasileiro. A lista foi dividida em duas partes. A primeira, publicada semana passada, você pode ler clicando aqui. E hoje apresentamos a parte 2, celebrando não só o dia 13, mas o mês de julho, que pode ser realmente considerado o mês do rock! Então já vai treinando o air guitar aí e confira a parte 2 da nossa lista de filmes sobre o rock n’ roll.

Last Days (2005)

Keyart for Last Days.

Incluir esse filme na lista é foi uma decisão difícil. Primeiro porque não é uma obra literalmente sobre um artista real, segundo porque é um filme muito mais introspectivo, pesado, sem praticamente nenhum apelo comercial. É o que a turma costuma chamar de filme cabeça, que pode ser um sinônimo de filme chato. O longa é escrito e dirigido por Gus Van Sant e foi inspirado nos últimos dias de vida de Kurt Cobain. Na verdade trata-se sim de um relato bem fiel do que foram os últimos dias de Cobain em sua casa, antes de se matar. Os nomes dos personagens foram alterados simplesmente porque não se chegou a um acordo entre o cineasta e a família de Cobain, com relação a diretos e tal. Apesar de não ser uma produção empolgante, cheia de música e personagens carismáticos, como estamos acostumados a ver na maioria das cinebiografias, Last Days é um filme muito bom, com uma fotografia cuidadosa, ótima atuação do protagonista Michael Pitt e que transmite com eficiência desoladora a angústia de alguém que não vê mais sentido na vida.

Simonal (2018)

Wilson Simonal foi um artista como poucos no Brasil. Misturou ritmos, praticamente criou um estilo novo, que viria a influenciar toda a música pop brasileira, do samba ao rock. Chegou a ser o artista mais bem pago do país, vendeu mais discos que Roberto Carlos e, quando estava no auge de sua carreira, levou um tombo do qual nunca mais se recuperaria. Foi acusado de colaborar com os militares e dedurar artistas considerados subversivos, durante a ditadura de 1964. Até hoje essa história é questionada. Leonardo Domingues escreveu e dirigiu Simonal, filme que retrata com muita beleza e fluidez a trajetória de Simonal ao estrelato, seu posicionamento contra o racismo e a controversa relação do cantor com a política. É um filme muito bem feito mesmo, com um roteiro muito bem elaborado, uma história interessantíssima e muita música boa.

The Doors (1991)

“Is everybody in? The ceremony is about to begin.”Sim, este é um dos filmes mais icônicos dos anos 90! Tudo convergiu para que este filme se tornasse um clássico imediato. A música dos Doors, a persona de Jim Morrison, que o ator Val Kilmer incorporou de maneira quase xamânica e a estética de videoclipe do diretor Oliver Stone. Se parar pra pensar, o roteiro em si não tem nada de novo. É a história de uma banda que começa por baixo, tem talento, consegue gravar um disco, faz sucesso, se perde em excessos… Mas Jim Morrison foi um artista único no rock. Mais poeta que músico, mais blues que rock, mais inconformismo que depravação, mais alucinógenos que insanidade. Oliver Stone arrebenta na direção deste filme, a edição e montagem são alucinantes, os diálogos são ótimos, a trilha sonora excelente… tudo funciona! Um filme para ver e rever!

Legalize Já – Amizade Nunca Morre (2017)

Skunk idealizou e ajudou a compor o material da banda Planet Hemp, mas não viveu para ver o seu sucesso e a polêmica que iria causar em todo o país. Entretanto, seu legado está presente e é reverenciado até hoje. Mas ele não fez isso sozinho. Ao seu lado estava seu grande amigo Marcelo D2. O filme Legalize Já retrata com propriedade o início da amizade entre Skunk e D2, a formação da banda Planet Hemp e o início do seu sucesso com o disco Usuário, lançado em 1995. Dirigido por Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, e escrito por Felipe Braga, o longa tem uma cara de filme independente, uma fotografia ousada e muito bonita, além de ótimas atuações e uma ótima trilha sonora. Um filme para o qual se mantenha o respeito.

Bohemian Rhapsody (2018)

O diretor Bryan Singer ficou conhecido por conceber os melhores filmes da franquia X Men, além de ter dirigido o excelente Os Suspeitos, um filmaço de 1995 subestimado pela crítica. Mas foi em Bohemian Rhapsody que ele mostrou o grande diretor que é, ao retratar com tanta exuberância e cuidado a vida de Freddie Mercury e a obra do Queen. É verdade que o longa tem algumas falhas.  O roteiro de Anthony McCarten e Peter Morgantem tem alguns furos, além de alguns fatos sobre a banda serem omitidos e outros inventados, mas tudo em nome da boa e velha licença poética, que libera certos dribles na realidade para tornar a obra mais suculenta e apetitosa. O filme é vigoroso e vale a pena ser visto! Ah, sim! Há de se exaltar a brilhante atuação de Remi Malek como Freddie Mercury. O cara mandou bem demais! E a reprodução no filme da apresentação do Queen no Live Aid (olha o dia do rock aí!) é impecável!

Tim Maia (2014)

A história de Tim Maia chega a ser inacreditável! Dessas que quem ouve falar diz “Nossa, a vida desse cara dava um filme”. Pois é. Não bastou ser um dos maiores cantores do país, Tim Maia ainda teve uma vida intensa e cheia de momentos dignos de nota. A infância pobre no Rio de Janeiro. A banda promissora que foi desfeita depois de uma traição, a viagem aos Estados Unidos, a juventude transviada das drogas, a deportação e finalmente a ascensão na música. Mas não pára por aí, porque depois ainda vem a fase Racional, a criação de seu próprio selo, os shows que ele foi e os que ele não foi e a morte que quase aconteceu em cima do palco. Com uma história dessas, seria muito difícil sair um filme ruim. Ainda bem que Mauro Lima, que escreveu e dirigiu o filme, que foi inspirado no livro Vale Tudo, de Nelson Motta, soube aproveitar essa história e realizar um filmaço! Com uma direção fluída, ótima fotografia e atuações espetaculares. A trilha sonora, não precisamos nem dizer, é do c#r@l§! E se você está se perguntando o que o Tim Maia tem a ver com o rock, basta você saber que, além de ter feito uma música influente em todas as vertentes, estamos falando do cara que assumia bem humorado que, antes dos shows, praticava o triátlon, ou seja, mandava pra dentro whisky, maconha e cocaína. Se isso não é rock n’ roll, meu amigo…

Menção Honrosa

Ainda que o dia 13 de julho seja considerado o Dia Mundial do Rock mais aqui no Brasil mesmo, certamente, o mês de julho deve ser celebrado como o mês do rock n’ roll, independente disso. Em especial o dia 5 de julho é deveras significativo para a história do rock. Afinal, foi nesse dia que Elvis Presley, acompanhado de Scotty Moore e Bill Black gravou no estúdio da Sun Record a música That’s Alright Mama, a primeira gravação de Elvis, que se tornou popular e influenciou gerações a seguir. Por isso mesmo, não podemos deixar de citar o ótimo filme Elvis, escrito e dirigido por Baz Luhrmann, lançado em 2022. É um filme vigoroso e muito bem produzido, que conta toda a trajetória de Elvis. O longa conta com Tom Hanks, brilhante no papel de Coronel Tom Parker, e Austin Butler numa impressionante interpretação de Elvis. Não é só que o filme é bom, mas também a história de Elvis e sua música são inigualáveis. Não é à toa que ele ficou conhecido como o Rei do Rock, tendo influenciado todo mundo que veio depois dele. Inclusive os Beatles, cuja primeira apresentação nos Estados Unidos aconteceu no dia 5 de julho de 1964. É… talvez seja boa ideia a gente rever esse dia do rock no mês de julho.

Seja dia 5 ou dia 13, não importa! Porque todo dia é dia de rock! Pelo menos pra nós aqui da Strip Me! Por isso estamos sempre produzindo camisetas instigantes e provocadoras, além de super descoladas, claro! Entra na nossa loja pra conferir! Toda semana pintam novos lançamentos, e lá você encontra camisetas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist caprichada com músicas dos artistas biografados nos filmes citados neste texto! Rock no Cinema (Parte 2) top 10 tracks.

12 filmes que contam a história do rock! Parte 1

12 filmes que contam a história do rock! Parte 1

No mês do rock, a Strip Me apresenta 12 histórias de cinema, sobre alguns dos mais importantes artistas da música pop!

Que o rock n’ roll é mais que um gênero musical, mas um estilo de vida, todo mundo sabe. Porém, algumas vidas são mais interessantes que outras, e elevaram alguns artistas a um status de quase divindade. E, na grande maioria dos casos, esse status é, ao mesmo tempo, a glória e a ruína. Afinal, convenhamos, a maioria das histórias são bem parecidas. Um artista de origem humilde, com muito talento, ascende ao estrelato, se perde em excessos de todo tipo e alguns ficam pelo caminho e outros dão a volta por cima. Mas todos acabam virando lendas.

O cinema é prodígio em contar essas histórias com muita eficiência. São muitos os filmes que se prestam a retratar a vida de artistas famosos. O Dia do Rock é 13 de Julho. Portanto, aproveitamos para declarar o nosso amor ao rock n’ roll elencando alguns dos melhores filmes sobre artistas que ajudaram a moldar essa música e esse estilo de vida que a gente tanto adora! Selecionamos 12 filmes e dividimos este post em 2 partes. Hoje você confere 6 filmes e semana que vem, um dia antes do Dia do Rock, publicamos a segunda parte deste texto. Então prepara a pipoca e se liga na nossa lista!

Minha Fama de Mau (2019)

Assim como a maior parte das cinebiografias já feitas, este filme foi escrito baseado no livro de mesmo nome, que conta a história de Erasmo Carlos. No caso, o livro é uma autobiografia muito bem escrita e recheada de boas histórias. O filme consegue transmitir a mesma leveza e ingenuidade dos primeiros anos da Jovem Guarda e a evolução de Erasmo como músico e pessoa. Claro, sem a complexidade do livro, por falta de tempo e espaço. Mas Lui Farias dirige o filme com competência, o roteiro, escrito a seis mão por L.G. Bayão, Lui Farias e Letícia Mey, é superficial, mas se sustenta bem, principalmente por conta de seus personagens serem nossos velhos conhecidos, Erasmo Carlos é interpretado por Chay Suede com elegância. Minha Fama de Mau é um filme bem divertido, uma sincera ode aos primórdios do rock n’ roll brasileiro e a um de seus principais nomes.

What’s Love Got to Do with It (1993)

Este filme saiu no Brasil em 1994 sob o título Tina – A Verdadeira História de Tina Turner. O título original, além de aludir a uma das músicas mais famosas de Tina Turner, tem tudo a ver com o enredo do filme, que conta a história de Turner desde a infância até o auge de sua carreira, passando pelo seu conturbado casamento com Ike Turner. O filme é dirigido pelo britânico Brian Gibson, responsável pela cinebiografia de Frida Kahlo como produtor, além de dirigir o divertidíssimo Still Crazy, filme sobre uma banda fictícia dos anos 70. O roteiro é assinado por Kurt Loder e Kate Lanier, além da própria Tina Turner. É um filme muito bem executado, com uma excelente trilha sonora e cenas bem dramáticas. Tina Turner teve uma vida sofrida, mas repleta de êxitos e momentos inesquecíveis. O filme é muito bom, teve algumas indicações ao Oscar, inclusive, mas foi soterrado por uma avalanche de ótimos filmes naquele ano, como A Lista de Schindler, Philadelphia, Jurassic Park, O Fugitivo, Em Nome do Pai e Sintonia de Amor.

Elis (2016)


Não é exagero dizer que Elis Regina é a maior cantora brasileira de todos os tempos. Da mesma forma, não é forçar a barra incluí-la numa lista dedicada a artistas do rock n’ roll. Sempre foi uma artista controversa e disposta a romper com qualquer limite imposto. Por isso mesmo, ela fez parte da passeata contra a guitarra elétrica nos anos 60, e nos anos 70 não economizou nas distorções e frases bluesy para cantar canções do Belchior. Elis teve uma vida tão intensa, que as quase duas horas de filme não são suficientes, e muita coisa ficou de fora. Mas Hugo Prata, que dirigiu e escreveu o filme, com o apoio dos roteiristas Luiz Bolognesi  e Vera Egito, entrega um filme bem acabado, com uma fotografia vigorosa, boas atuações, mas um roteiro superficial e um pouco atropelado. Mas só pela trilha sonora e pela fotografia, já vale a pena assistir.

Walk the Line (2005)

Também conhecido por Johnny e June, este filme é baseado em um dos melhores livros de rock n’ roll já escritos: a autobiografia de Johnny Cash! O livro tem uma riqueza de detalhes e um tom confessional tão impactantes, que chega a ser surpreendente que o filme não deixe muito a desejar em relação ao livro. Isso quer dizer que se trata de um baita filme bom! A química entre Joaquim Phoenix e Reese Whiterspoon interpretando Johnny Cash e June Carter Cash é avassaladora! Além disso, o roteiro é muito bem amarrado e rico em grandes cenas e bons diálogos. James Mangold escreveu e dirigiu o filme com brilhantismo. Aliás, um ótimo diretor. Vamos lembrar que ele é o homem responsável por Garota Interrompida, além de ter concebido o mais profundo filme sobre um personagem de histórias em quadrinho, o excelente filme Logan, de 2017. Walk the Line é um filmaço, responsável por apresentar o contestador e cascudo Johnny Cash às novas gerações. Só por isso, já merece nosso respeito.

Cazuza: O Tempo não Pára (2004)

A verdade é que este filme acabou gerando quase tanta polêmica quanto a própria vida de seu personagem principal. Não que o filme seja ruim. É um bom entretenimento, mas deixou de fora muita coisa importante da vida pessoal e profissional de Cazuza. Um dos maiores motivos de discussão foi que o filme sequer cita os nomes de duas pessoas muito próximas de Cazuza: Lobão e Ney Matogrosso. Lobão era o melhor amigo de Cazuza, e os dois viviam juntos pra cima e pra baixo, e compuseram várias músicas juntos, a mais famosa é Vida, Louca Vida. Já Ney Matogrosso foi um dos primeiros namorados de Cazuza, o caso de amor dos dois durou pouco tempo, mas foi o suficiente para ficar na história, mas não no filme. Cazuza: O Tempo não Pára foi dirigido por Walter Carvalho e Sandra Werneck, e escrito por Lucinha Araújo, Fernando Bonassi e Victor Navas. O filme é um bom entretenimento, mas não passa disso. Quem melhor definiu o longa foi justamente Lobão, que, ao ser perguntado sobre o filme, disparou: “Parece um episódio de Malhação.”

Rocketman (2019)

Elton John é um dos artistas mais intrigantes do rock n’ roll. É originalíssimo e mega talentoso, mas também carrega uma tonelada de referências externas. Tem virtudes comparáveis aos maiores gênios. O lirismo de Freddie Mercury, as melodias de Paul McCartney e a estética de David Bowie. Essa personalidade multifacetada e exuberante é lindamente retratada no excelente filme Rocketman. Um filme de fotografia e edição impressionantes, roteiro incrivelmente bem amarrado e quebrando paredes, e uma direção fantástica. É uma das melhore cinebiografias já feitas, sem sombra de dúvidas. Há quem torça o nariz para o filme, por ele ser muito próximo de um musical. Mas as pessoas esperavam o que? Afinal é a vida do Elton John! Só poderia ser contada através da música (e de figurinos excêntricos, claro). O filme tem a direção de Dexter Fletcher e roteiro de Lee Hall. E é um filme imperdível!

Essa foi a primeira parte da celebração da Strip Me pelo ia do Rock! Na semana que vem você confere a segunda parte dessa lista, com mais 6 filmes sobre grandes nomes do rock ‘n roll. Enquanto não chega essa parte 2, você pode dar aquela conferida no nosso site e escolher suas camisetas favoritas da nossa coleção de camisetas de música. Aproveita e dá uma olhada nos lançamentos, que pintam na nossa loja toda semana, além de camisetas de cinema, arte, cultura pop e muito mais. Barulho, diversão e arte é com a gente mesmo!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist caprichada com músicas dos artistas biografados nos filmes citados neste texto! Rock no Cinema (Parte 1) top 10 tracks.

Para ler: Sem dúvida, entre todos os livros que inspiraram filmes, um dos melhores e mais impactantes é Cash, a autobiografia de Johnny Cash. Direto ao ponto, com uma escrita fluída e simples, Johnny Cash coloca nas páginas toda a sua vida, suas virtudes, seus pecados, seus altos e baixos, sua relação com a família, com a música, com o amor, com a religião e consigo mesmo. É um relato fortíssimo e inspirador. Livro praticamente obrigatório, de tão bom.

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