As 6 obras mais marcantes de Frida Kahlo.

As 6 obras mais marcantes de Frida Kahlo.

Expoente do surrealismo na América e ícone do feminismo, a mexicana Frida Kahlo é uma das mulheres mais importantes do século XX. E a Strip Me está aqui para render homenagens a ela, elencando suas 6 obras mais impactantes.

É muito comum gostar muito da obra de um artista, mas pouco conhecer sua vida pessoal. E, ainda que a vida pessoal desse artista seja controversa, meio torta, também é comum que se separe a obra do artista, ou seja, uma coisa é a pessoa jurídica e outra é a pessoa física. Por exemplo, todo mundo sabe que o Bob Dylan é um ser humano intragável. Arrogante, mau humorado, cheio de manias. Mas ninguém nega a genialidade de sua obra. E tem muitos assim, de Axl Rose a Jack Kerouac. Em situações mais extremas e delicadas, temos casos como o cineasta Woody Allen, cuja obra é maravilhosa, mas as acusações que pesam sobre ele são inaceitáveis. Entretanto, existem casos opostos, em que a vida pessoal e a obra do artista são indissociáveis. Não dá para absorver a obra sem saber da vida do artista. E o maior exemplo desse caso é a genial pintora mexicana Frida Kahlo.

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón nasceu no dia 6 de julho de 1907 em Coyoacán, região central da Cidade do México. Quando criança, Frida teve poliomielite, o que a fez ficar anos dentro de casa. Quando adolescente, finalmente começou a sair e fazer amizades, enquanto estudava buscando fazer faculdade de medicina. Porém, aos 18 anos, ela estava dentro de um ônibus que se chocou com um bonde. O acidente foi terrível. Frida fraturou a coluna em três lugares diferentes, além da clavícula e do pé, que foi praticamente triturado. Ela também teve o abdome e o útero perfurados. Ficou meses no hospital e depois em casa, se recuperando. Três anos depois do acidente, Frida se filiou ao Partido Comunista Mexicano, onde conheceu Diego Rivera, o grande amor de sua vida. Os dois se casaram, estabelecendo uma relação intensa, recheada de traições e rompantes de romantismo. Por ter seu útero perfurado no acidente, ela não conseguiu ter filhos, apesar de muito querer. Sofreu 3 abortos espontâneos que a traumatizaram muito. Entusiasta da Revolução Mexicana de 1910, Frida Kahlo se inspirava muito no folclore mexicano e suas cores. Mas, vivendo a maior parte de sua vida numa cama de hospital ou de sua casa, sempre próxima a algum espelho, e convivendo diariamente com a dor e sofrimento, ela pintava muitos autorretratos e também sua família, além de ser comum encontrar em suas obras corpos dilacerados. Frida retratava sua própria existência. E essas são 6 de suas obras mais reveladoras.

As Duas Fridas (1939)

São tantos símbolos, que quase não dá pra contar. Uma representação clara da personalidade confusa da artista. De uma lado, uma usando um vestido pomposo à moda europeia, do outra uma vestida com uma roupa tradicional de uma camponesa mexicana. O quadro foi pintado logo após uma das separações de Frida e Diego, por isso, ambas estão com os corações à mostra e a artéria que une as duas está cortada, representando o rompimento. Ao fundo nuvens carregadas, deixando claro que o clima estava pesado e não dava sinais de melhorar.

A Coluna Partida (1944)

O retrato do sofrimento físico e emocional que a artista viveu por toda sua vida. Após passar por mais de uma cirurgia na coluna, após o fatídico acidente de ônibus, Frida vivenciou muita dor, tendo que usar desconfortáveis coletes e talas para corrigir sua postura. A paisagem seca ao fundo mostra como ela própria se sentia. Em seu corpo, pregos de diferentes tamanhos representam a dor constante que ela sentia, note que o maior de todos os pregos está cravado próximo ao coração. A coluna rachada é auto explicativa, mas o que chama a atenção na obra é o rosto de Frida. Cheio de lágrimas, mas transparecendo uma certa serenidade, como se ela tivesse aceitado que sua vida se resumia àquilo: a dor.

O Veado Ferido (1946)

Mais uma obra em que Frida se apresenta, mas desta vez numa interpretação mais subjetiva e fantasiosa. Ela funde sua cabeça ao corpo de um veado, animal que representa elegância, mas também fragilidade e ingenuidade. O animal segue em movimento, quase flutuando, mesmo ferido por 9 flechas, não por acaso, a maioria delas ao longo da coluna. Em seu rosto, não há sinal de dor, mas sim de apatia e desdém. O tronco em destaque a frente, com o galho quebrado ao chão, pode representar obstáculos  que foram literalmente quebrados, da maneira que puderam.

Autorretrato com Vestido de Veludo (1926)

Frida disse certa vez: “Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que melhor conheço.” Ainda no leito de hospital, quando se recuperava do acidente de ônibus, seus pais adaptaram um cavalete à sua cama e lhe incentivaram a pintar. Também colocaram no quarta vários espelhos, para que ela visse a si mesma por vários ângulos. Assim começou sua prática de pintar autorretratos. Este em questão, foi o primeiro a ser considerado uma obra de qualidade. A escolha das cores fortes, o semblante sério, mas com certa leveza e o fundo com um mar revolto e escuro representa muito da vida da artista.

Frida e Diego Rivera (1931)

O retrato do casal foi feito por Frida em 1931, durante uma viagem que fizeram aos Estados Unidos. Diego Rivera era um pintor de renome, especializado em murais e afrescos. Frida e Diego, na época, estavam casados há pouco mais de um ano, o relacionamento ainda ia bem e ela ainda não era reconhecida como grande artista. Assim, fica evidente na obra que Rivera tem protagonismo, sendo retratado bem maior que a esposa. A pomba acima da cabeça de Frida carrega uma faixa com os dizeres: “Aqui você vê a mim, Frida Kahlo, com meu amado marido Diego Rivera. Pintei este retrato na linda cidade de São Francisco, California, para nosso amigo, o Sr. Albert Bender, no mês de abril do ano de 1931.”.  Albert Bender era amigo do casal, além de mecenas e comerciante de obras de arte.

Autorretrato com um Colar de Espinhos e Beija Flor (1940)

Ainda que Frida seja sempre lembrada como uma artista surrealista, sua obra sempre foi muito realista, baseada em fatos, mas usando de uma estética livre e repleta de cores para expressar tais verdades. Esta é provavelmente a obra mais conhecida de Frida Kahlo. Não à toa uma das mais reveladoras. A começar pelo seu rosto, como sempre com um ar resignado e sério, mas sem demonstrar sentimento. Ela tem um gato de um lado e um macaco do outro de seus ombros. Frida era sabidamente uma admiradora dos animais e tinha gatos e macacos como bichos de estimação. Seu colar de espinhos traz pendurado um beija flor morto. No México o beija flor simboliza sorte no amor. A obra foi pintada logo depois de Frida e Diego se divorciarem, o que explica o beija flor estar morto. Já o colar de espinhos, coloca Frida como uma mulher sofredora como Jesus. Mas ela emula Jesus não como divindade, mas como homem simples do povo, também representando o impacto do cristianismo nas culturas ancestrais mexicanas.

Frida Kahlo é um exemplo a ser seguido por vários motivos. Entre eles, pelo fato de conseguir transformar sentimentos e princípios em arte. Mas não só isso. Também por ser uma mulher de personalidade forte, que conseguiu se impor num mundo majoritariamente masculino como ainda é o mundo das artes. Isso sem falar na sua resiliência e coragem frente a tantos sofrimentos físicos. Por isso, a Strip Me quer mais é celebrar sua vida e obra de todas as maneiras possíveis, tanto em texto como em camisetas lindas e super sofisticadas, que você encontra na coleção de camisetas de arte no nosso site. Lá você também confere as coleções de camisetas de cinema, música, cultura pop, bebidas e muito mais, sem falar nos lançamentos, que pintam na nossa loja toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Segue uma playlist inspirada na Frida Kahlo, que era uma mexicana ativista e revolucionária, só com sons de bandas mexicanas que fazem música de protesto. Viva México y Frida top 10 Tracks.

Para assistir: Altamente recomendado o filme Frida, de 2002, dirigido pela Julie Taymor e protagonizado pela Salma Hayek. Um filme esteticamente lindo que retrata com intensidade a vida tempestuosa de Frida Kahlo.

10 curiosidades sobre a vida de Van Gogh.

10 curiosidades sobre a vida de Van Gogh.

Você conhece o mito, as lendas e, é claro, as obras, mas talvez saiba pouco sobre a vida de Vincent Van Gogh. A Strip Me está aqui pra te contar um pouco mais.

É uma triste verdade. Se tornou um clichê do mundo das artes, um artista ser reconhecido como gênio somente depois de morto. E um dos maiores representantes deste clichê é o pintor holandês Vincent Van Gogh. Na real, Van Gogh é quase uma caricatura, um amontoado de clichês, da persona de um artista. Absurdamente talentoso, visceral, mas inseguro, recluso, perturbado e desesperado por ter a aprovação de qualquer pessoa. Apesar de demonstrar aptidão para as artes desde criança, começou a pintar pra valer já durante a vida adulta, depois de ter passado por diferentes e mundanos empregos comuns. Se apaixonava e era rejeitado com frequência, o que contribuía para uma acentuada depressão. E, é claro, não pode faltar aquele ingrediente essencial aos grandes gênios: o abuso de álcool. Por consequência, uma morte prematura e trágica. Pronto, eis a receita de um típico artista genial.

Mas calma! É lógico que não é pra ninguém levar isso ao pé da letra. Você pode muito bem ser um gênio e ser abstêmio e com uma vida amorosa bem resolvida. E você sair por aí enchendo a cara e se sentindo injustiçado por ter sido o último a ser escolhido no futebol do fim de semana não faz de você um expoente de qualquer coisa. Isso estabelecido, podemos nos debruçar na vida e obra de Van Gogh e tirar dessa história toda algum aprendizado e inspiração. Afinal, nem tudo era talento, houve ali muito estudo e dedicação. A obra de Van Gogh é vasta e muito conhecida. Além disso, super acessível. Em São Paulo, por exemplo, vai estrear no dia 15 de setembro uma exposição imersiva incrível chamada Van Gogh Live 8K, no Shopping Lar Center, na Vila Guilherme. A exposição já passou pelo Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife com muito sucesso. São mais de 250 obras expostas em ambientes com projetores de alta definição e com trilhas sonoras que vão de Bach a Pink Floyd. Bom, as obras você já conhece, agora a Strip Me te mostra um pouco mais sobre a vida deste grande artista.

Autorretrato com Orelha Cortada (1889)

1 Essa família é muito unida…

Van Gogh nasceu em 1853. Foi batizado como Vincent, nome de seu avô. E também o nome de seu irmão mais velho (que morreu logo após o parto) e de seu tio-avô. Ou seja, era um nome comum na família. Uma família de classe média alta e muito ligada ao mundo das artes. O pai de Van Gogh, Theodorus, era pastor protestante, assim como o vovô Vincent também era, e tinha cinco irmãos. Dos cinco, três eram marchands, ou seja, mercadores de obras de arte. Além disso, o tio-avô Vincent era escultor. Portanto se tratava de uma família muito religiosa e também intimamente ligada às artes.Após a morte prematura de seu irmão mais velho, Vincent Van Gogh se tornou o primogênito. Com o tempo, ele ganhou um casal de irmãos: Wil e Theo Van Gogh. Vincent e Theo logo se tornaram amigos inseparáveis. Durante a vida adulta, trocavam cartas com frequência. Muito do que sabemos sobre a vida do artista vem do conteúdo dessa intensa correspondência.

2 Não é fácil ser criança.

Van Gogh era uma criança séria e tímida. O fato de ele ter sido alfabetizado e tido aulas em casa até os dez anos de idade ajudou a moldar essa personalidade. Aos onze anos ele finalmente foi mandado para um colégio. Porém, era um internato. Lá ele se sentia mais do que deslocado, por não saber como socializar com outras crianças, se sentia também abandonado pela sua família. Mas foi na escola que ele começou a desenhar. Lá lecionava um professor excêntrico, que via como secundária a técnica e priorizava a captura das impressões das coisas, em especial a natureza e os objetos comuns, antevendo o que viria a ser o Expressionismo no século XX. Esse professor influenciou muito a maneira como Van Gogh viria a pensar e produzir sua arte. Entretanto, de maneira geral, foi uma infância e adolescência muito dura. Em uma de suas cartas a seu irmão anos depois, ele descreveu sua juventude como “austera, fria e estéril”.

Os Comedores de Batata (1885)

3 Tava ruim, tava bom, agora parece que piorou.

Quando tinha 17 para 18 anos de idade, um de seus tios conseguiu um emprego para Van Gogh numa empresa que comerciava obras de arte e realizava exposições em várias cidades da Europa. De início, ele foi trabalhar na cidade de Haia, mas logo em seguida foi transferido para a filial de Londres. Tudo ia bem e Van Gogh estava feliz da vida. Ele já tinha um salário superior ao de seu pai e morava na principal cidade da Europa economicamente. Mas a alegria não durou muito. Depois de um ano em Londres, ele se apaixonou pela filha do homem que era o senhorio de onde ele morava. A menina não quis nada com ele. Rejeitado, ele entrou numa bad. Na mesma época começou a questionar os critérios da empresa onde trabalha e a maneira como comercializavam obras de arte. Em 1875 ele foi transferido para Paris, numa tentativa de fazer com que ele melhorasse seu humor. Não adiantou e ele acabou sendo demitido um ano depois.

4 Os testes da fé.

Ainda desiludido pela rejeição da filha do senhorio de Londres, Van Gogh se voltou para a religião. Após ser demitido, voltou para a Holanda, na casa de seus pais. Por lá só fazia ler a bíblia e tentava evangelizar pessoas que passavam pela rua. Em 1877, numa tentativa de dar um rumo na vida do filho e incentivar sua fé, os pais de Van Gogh o mandaram para passar uns tempos com o seu tio,  Johannes Stricker, um respeitado teólogo que vivia em Amsterdam. Seu tio o ajudava a estudar para que Van Gogh ingressasse na Universidade de Amsterdam, no curso de teologia. Mas ele não passou nos exames. Desiludido, abandonou a casa de seu tio e se mudou para Laeken, na Bélgica, para entrar numa escola missionária protestante. Porém, também era necessário passar por um exame para entrar naquela escola. E mais uma vez ele foi reprovado.

Os Girassóis (1889)

5 Colocar a mão no fogo por alguém.

Van Gogh volta para a casa de seus pais em 1881, na cidade de Etten, interior da Holanda. É nessa época que ele começa a se dedicar com algum afinco ao desenho e a pintura. Nesse meio tempo, se muda para Etten a jovem Kee Vos-Stricker. Ela era prima de Van Gogh, filha do tio teólogo Johannes. Kee acabara de ficar viúva e se mudou de Amsterdam em busca de novos ares. Van Gogh se encantou pela garota. Eles se tornaram amigos, faziam longas caminhadas conversando sobre a vida. E, é claro, ele se apaixonou por ela. Ao pedi-la em casamento, Van Gogh recebeu um sonoro “Não, nunca e jamais!” como resposta. Ela voltou para Amsterdam. Com a desculpa de tentar vender suas obras recentes, ele foi para Amsterdam atrás dela. Mas Kee não queria mais vê-lo de jeito nenhum. Ele insistia toda noite, batendo na casa da família, e o pai dela o mandava embora. Certa noite, Van Gogh colocou sua mão esquerda sobre uma lamparina e disse ao seu tio: “Ao menos deixem me vê-la pelo tempo que eu puder manter minha mão na chama.” Johannes correu e apagou o fogo. E disse que a vontade de Kee deveria ser respeitada. Além do mais, ele, Johannes, não aprovava tal união pelo simples fato de Van Gogh não ter nenhuma condição de se sustentar financeiramente.

6 Óleo sobre tela.

Nessa mesma época, entre 1881 e 1882, Van Gogh procurou seu primo mais velho, Anton Mauve, um pintor conceituado na Holanda na época. Foi com Mauve que Van Gogh tomou conhecimento das técnicas de pintura sobre tela, usando aquarela e tinta a óleo. Porém, a parceria durou pouco. Os dois se desentenderam por conta da teimosia de Van Gogh, que questionava algumas técnicas de Mauve. Entretanto, apesar da experiência e talento do primo mais velho, Van Gogh estava certo, pelo menos em um aspecto. Quando começou a trabalhar com a tinta a óleo, Van Gogh ficou encantado com a textura do produto e desenvolveu uma técnica que consistia em colocar bastante tinta sobre a tela e ir raspando com uma espátula, formando camadas e dando volume aos traços. Mauve não gostava muito do resultado. Achava grosseiro e um desperdício de tinta. E estava claramente equivocado.

Terraço do Café À Noite (1888)

7 Café com pão.

Depois dos desentendimentos com Mauve, Van Gogh estava decidido a investir na carreira de artista. Mudou-se para Nuenem, no sul do Holanda, uma região rural, muito tranquila, onde começou a trabalhar retratando compos de plantação e trabalhadores da lavoura. Eram obras sombrias, quase sem vida, sempre feita numa paleta de cores terrosas e escuras. Seu irmão, Theo, passou a bancar Van Gogh e tentava vender suas obras pela região, indo de Haia até Paris. Entretanto, estava na moda o impressionismo de Monet e Renoir, com muitas cores. Em novembro de 1885 Van Gogh se muda para a Antuérpia, vivendo uma vida miserável. O dinheiro que recebia de seu irmão, Van Gogh gastava essencialmente em materiais de pintura e vivia sob uma dieta diária de pão, café e tabaco. Por outro lado, na Antuérpia, uma cidade grande, com muitos museus, ele passou a se aprofundar nos estudos da teoria das cores, estudando as obras de Peter Paul Rubens, ampliando sua paleta para incluir carmim, azul-cobalto e verde-esmeralda. Van Gogh também se encantou nessa época pelas xilogravuras ukiyo-e japonesas, como a famosa Onda de Kanagawa, passando a acrescentar em suas pinturas elementos dessa estética.

8 A patota de Paris.

Agregando novas cores e técnicas, Van Gogh evoluiu muito e suas obras começaram a ser reconhecidas. Após uma bem sucedida exposição de algumas de suas obras em Haia, ele resolve se mudar para Paris com seu irmão Theo em 1886. Na capital francesa, Van Gogh conseguiu um espaço para trabalhar no ateliê de Fernand Cormon. Logo se enturmou com outros artistas, que se reuniam na loja de produtos para pintura de Julien Tanguy. Ali se reuniam Van Gogh,  Émile Bernard, Louis Anquetin, Henri de Toulouse-Lautrec, além, é claro, de Paul Gauguin, que se tornaria amigo muito próximo de Van Gogh. Paris consumiu muito de Van Gogh. O ambiente boêmio, os amigos artistas e sua intensidade natural fazia ele beber compulsivamente. Mesmo assim, foi uma fase muito produtiva. Ele morou em Paris de 1886 a 1888. Nesse período, produziu mais de 200 telas.

A Noite Estrelada (1889)

9 Tá tudo muito bom. Mas e a história da orelha?

A gente sabe que o principal motivo pelo qual você se dedicou a ler este texto é para saber um pouco mais sobre a famosa história de Van Gogh ter decepado sua orelha esquerda. Portanto, é chegada a hora. Van Gogh foi embora de Paris e se estabeleceu em Arles, cidade no litoral sul da França, banhada pelo Mediterrâneo. O clima litorâneo fez muito bem ao artista. Foi lá que ele concebeu algumas de suas obras mais famosas, como a A Cadeira de Van Gogh, Noite Estrelada Sobre o Ródano, Quarto em Arles e Natureza Morta: Vaso com Doze Girassóis. Foi então que o amigo Gauguin aceitou ir visitar-lo e passar uma temporada morando com Van Gogh. Nos primeiros dias, tudo bem. Mas a situação foi pesando à medida que os dois se tornavam mais íntimos. Van Gogh inseguro, querendo aprovação a todo momento e teimoso, enquanto Gauguin era arrogante e dominador. Pra piorar, seguem-se alguns dias de chuva ininterruptos, que os impedem de sair de casa. Até que, após uma discussão acalorada, Gauguin vai embora. Os dois discutem mais na rua, enquanto Gauguin ruma para um hotel. Segundo seu próprio relato ao irmão, Van Gogh volta para casa desesperado e ouvindo vozes. Impulsivamente corta a orelha esquerda e logo desmaia por conta do forte sangramento. Mas antes de perder os sentidos, enrolou a orelha num papel e enviou o pacote para Gabrielle Berlatier, criada de um bordel que ele frequentou com o amigo por aqueles dias. Ela foi até a polícia, que encontrou Van Gogh desmaiado em casa e o levou para o hospital. O caso foi considerado pelos médicos como um surto psicótico. Depois disso, Gauguin nunca mais falou com Van Gogh. Episódios como a mão na lamparina e esse da orelha, além dos excessos de álcool deixavam claro que Van Gogh precisava de cuidados psiquiátricos.

10 O disparo da morte.

Em 1889 Van Gogh foi internado num hospício em Santo Rémy. Foi lá que ele pintou o clássico A Noite Estrelada, uma visão noturna da janela de seu quarto no hospício. Em maio de 1890 recebeu alta. Mas estava muito debilitado, ainda sofrendo de uma depressão aguda. Se mudou para a bucólica cidade de Auvers-sur-Oise, próxima a Paris. Lá viveu solitário seus últimos dias. No dia 25 de junho de 1890 ele estava num campo de trigo próximo de onde morava, fazendo esboços para pintar a paisagem. Eis que ele tira do bolso do casaco um revólver e atira contra o próprio peito. O tiro não o matou de imediato, ele se levantou e caminhou até o hospital. Morreu aproximadamente 30 horas depois do disparo, no dia 27 de junho, por conta de uma hemorragia interna e falência dos órgãos. Van Gogh demorou para morrer. Mais ainda demorou para ele ser reconhecido. Somente dez anos depois, ele seria reverenciado como grande gênio e considerado o pai do movimento expressionista de Munch e Kandinsky.

Tá aí. Vida de artista não é nada fácil. É sofrida e cheia de perrengues, pra no fim ainda morrer sem ter seu valor reconhecido. Mas, como diz o ditado, antes tarde do que nunca. Então estamos aqui para celebrar a vida e obra de Vincent van Gogh, o colocando no lugar que merece: no panteão dos grandes gênios da pintura de todos os tempos. E a Strip Me tem várias camisetas incríveis homenageando este grande mestre nas coleções de camisetas de arte e cultura pop. Dá uma olhada na nossa loja para conferir estas e outras estampas, como as coleções de camisetas de cinema, música, games, vida digital, bebidas e muitas outras. No nosso site você também fica por dentro dos lançamentos, que pintam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist derretendo de tanta psicodelia e músicas viajandonas, ideais para se ouvir enquanto aprecia algumas obras do Van Gogh. Para ver Van Gogh top 10 tracks.

Para assistir: Vale conferir o filme de 2018 At Eternity’s Gate, dirigido por Julian Schnabel e com Willen Dafoe no papel de Van Gogh mandando muito bem. Um filme muitíssimo bem dirigido, com uma plasticidade linda e excelentes atuações, além de um roteiro muito bem amarrado. Retrata o florescer do talento de Van Gogh, sua amizade com Gauguin e sua internação.

Para ler: Claro que a gente podia recomendar aqui alguma biografia e tal… Mas não resistimos a recomendar a leitura saborosíssima de um dos melhores escritores que o Brasil já teve! O gaúcho Moacyr Scliar foi um brilhante contista e um de seus livros mais célebres é a coletânea de contos A Orelha de Van Gogh, que é também o título de um dos contos do livro. No conto em questão um comerciante esperto afirma ter num pote a orelha cortada de Van Gogh. Olha, é leitura obrigatória e diversão garantida. Ah, sim, o livro foi lançado em 1989 e está em catálogo até hoje pela editora Companhia das Letras.

6 obras reveladoras de Roy Lichtenstein.

6 obras reveladoras de Roy Lichtenstein.

Em outubro deste ano Roy Lichtenstein completaria 100 anos de idade. Para celebrar, a Strip Me dá uma geral nas obras mais impactantes do artista.

Não tem nada que represente melhor o século XX do que a Pop Art. Um movimento artístico que personificou todas as grandes mudanças da sociedade desde a Revolução industrial até o pós Segunda Guerra e a cristalização do American Way of Life. Neste cenário, Roy Lichtenstein teve um protagonismo indiscutível, moldando uma estética absolutamente antropofágica, se fazendo valer de elementos da publicidade e das histórias em quadrinhos para compor obras de arte questionadoras e satíricas. Lichtenstein era o tipo de artista low profile. Não era um cara excêntrico, chegado a excessos ou com uma vida pessoal conturbada. Mas isso não o impediu de fazer parte do movimento Pop Art e conviver com artistas como Andy Warhol, que além de ser igualmente genial, era quase uma caricatura de um artista excêntrico e visceral.

Roy Lichtenstein. 1963

Roy Lichtenstein nasceu no dia 27 de outubro de 1923. Neste ano ele completaria 100 anos, se vivo. Para além de sua vida artística, Lichtenstein nasceu em New York, teve uma boa educação, serviu o exército e lutou na Segunda Guerra Mundial, se casou, teve filhos, foi professor de arte em universidade e faleceu no dia 29 de setembro de 1997, aos 73 anos, vítima de complicações de uma pneumonia. Para celebrar os 100 anos deste grande gênio, a Strip Me dá uma geral na obras mais importantes de sua carreira, que por si só, contam a história da Pop Art.

1 Nota de Dez Dólares. 1956.

Foi a primeira obre de Lichtenstein a ganhar notoriedade. Muito influenciado pelo cubismo de Picasso, o artista fez uma bem humorada e desconstruída caricatura de uma nota de dez dólares. Feita com a técnica de litografia, esta é considerada uma das primeiras obras de Pop Art. Apesar de sua estética cubista, a obra usa um ícone da sociedade (uma cédula de dinheiro) sendo reinterpretada.

2 Whaam! 1963

Foi nos anos 60 que Lichtenstein encontrou sua forma mais expressiva e original, ao utilizar a linguagem e estética das histórias em quadrinhos para expressar suas ideias. Trata-se de um desenho retirado de uma história em quadrinhos de guerra. A obra é um díptico, ou seja o desenho está dividido em dois painéis que funcionam separados, mas também se completam, tipo aquelas dobradinhas da Mad (referência de velho). Whaam! é uma obra emblemática por ter tantos significados intrínsecos, ainda que o próprio Lichtenstein nunca tenha se pronunciado explicitamente explicando o significado da obra. Mas, na época, os Estados Unidos começavam a mandar soldados para o Vietnã. Lichtenstein fazia retratos realistas de um mundo irreal. Neste caso, o mundo da fantasia ecoa na vida real.

3 Oh, Jeff…I Love You Too…But… 1964

Refinando cada vez mais sua técnica e linguagem, Lichtenstein Passou a reproduzir deliberadamente desenhos retirados de histórias em quadrinhos, mas imprimindo mais dramaticidade e sentimento ao desenho original, tido como ordinário. Nesta obra, especificamente, isso fica evidente. As cores são realçadas, há o uso do pontilhismo e o desenho é propositalmente recortado. Um close no rosto da mulher, mesmo eliminando parte da cabeça, e a bolha da fala comprimida e cortada na lateral direita. Essa concentração aumenta o sentimento de tensão e denuncia o melodrama presente na situação.

4 Natureza Morta com Peixe Dourado. 1974

Durante a década de 1970, Lichtenstein diversificou seu estilo, indo além das cores primárias e histórias em quadrinhos. Passou a criar composições sobrepondo, fragmentando e recompondo imagens. Misturou suas técnicas imortalizadas na Pop Art com movimentos que ele admirava como o cubismo e o surrealismo. Assim, suas obras passaram a ter uma estética mais surrealista, mas sem perder a verve Pop Art. Esta é um das obras que melhor retrata esta fase.

5 O Chefe de Barcelona, 1992

El Cap de Barcelona foi a primeira empreitada do artista usando cerâmica para moldar uma escultura ao ar livre. A obra foi uma encomenda do governo catalão para decorar a cidade, que naquele ano, 1992, era sede das Olimpíadas. A obra está no centro de Barcelona, mede aproximadamente 20 metros de altura e é um retrato surrealista de um rosto de mulher. Uma obra imponente e linda, como é a cidade de Barcelona.

6 Two Nudes, 1994

No fim da vida, Lichtenstein decidiu abordar uma dos mais antigos gêneros da pintura, abordado profusamente em todos os movimentos artísticos ao longo da história: o nu. Para isso, ele acabou por voltar às suas origens da Pop Art usando a linguagem e estética dos quadrinhos, enfatizando suas técnicas como o pontilhismo, contornos fortes e cores vibrantes. Esta é a primeira de uma série de nove serigrafias feitas pelo artista, onde personagens dos quadrinhos são propositalmente retratadas de maneira provocante, como objetos genéricos de prazer.

Pois é. A Pop Art é sedutora, contemporânea, estimulante e libertária. E a obra de Roy Lichtenstein escancara todos esses elementos, além de trazer consigo um imenso repertório de cultura pop que não dispensa ruídos e exageros com suas cores vibrantes e contrastes. Mais que uma influência, a obra de Lichtenstein é inspiradora e fundamental para a Strip Me. Isso fica evidente não só na nossa coleção de camisetas de arte, mas em todas as outras coleções, como a de música, cinema, cultura pop, games, bebidas, vida digital… a Pop Art está em toda parte na Strip Me. Confere lá no nosso site e aproveita pra ficar por dentro de todos os nossos lançamentos, que pintam por lá toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Já que muito da obra de Lichtenstein é inspirada em histórias em quadrinhos, apresentamos hoje uma playlist com 10 canções que fazem referência direta a personagens e HQs em geral. Comic Book Top 10 Tracks.

Para assistir: Tem disponível no Youtube, de graça, um documentário feito em 1991, chamado simplesmente Roy Lichtenstein. Dirigido por Chris Hunt, o doc conta com várias entrevistas interessantes, com artistas e críticos de arte, incluindo o próprio Lichtenstein. O filme está completo no Youtube, mas não tem legendas em português. Mas vale a pena dar uma treinada no inglês para assisti-lo.

O mistério irresistível! – 8 Curiosidades sobre a Mona Lisa

O mistério irresistível! – 8 Curiosidades sobre a Mona Lisa

Ícone da cultura pop contemporânea, a Mona Lisa já tem 520 anos e segue despertando o nosso interesse. A Strip Me apresenta, portanto, 8 curiosidades sobre essa obra prima!

Poucos temas são tão polêmicos e fascinantes quanto a exaltação do belo. Isso no universo das artes plásticas, é claro. Afinal, todo mundo sabe que o Belo nunca fez parte do Exalta, então, não há o que se polemizar a respeito. Piadocas à parte, a beleza dentro das artes sempre foi uma espécie de paradoxo. Afinal, nem toda obra prima é necessariamente bela, e nem toda obra que apresenta muita beleza é necessariamente genial. Um dos exemplos mais completos deste paradoxo é a mundialmente famosa Mona Lisa, a obra mais conhecida do gênio Leonardo Da Vinci.

A Mona Lisa, também conhecida como “La Gioconda”, é uma das obras de arte mais enigmáticas e icônicas da história. Um dos maiores símbolos do Renascimento, a pintura é um exemplo magistral da habilidade de Da Vinci em capturar expressões humanas e sua maestria no uso da técnica sfumato.  A mulher retratada na tela não é lindíssima, mas tem um charme inexplicável. Ou seja, não é uma obra bela no sentido mais óbvio da palavra, mas é genial e inigualável por ser tão cativante e sedutora. Além disso, é considerada um tesouro nacional francês, apesar de sua origem italiana. A Mona Lisa tem seu lar no Louvre, em Paris, onde recebe milhares de visitantes curiosos todos os anos.

São tantas as histórias, lendas e teorias que rondam a Mona Lisa, que hoje a Strip Me apresenta 8 curiosidades muito interessantes sobre este que talvez seja o maior ícone da arte mundial de todos os tempos. Confere aí!

1- Nos tempos de Mona Lisa.
Francesco de Giocondo, um dos mais ricos mercadores de Florença, encomendou a Da Vinci um retrato de sua esposa, Lisa, em 1503. Logo o artista começou a trabalhar no retrato, mas seu perfeccionismo e a timidez e relutância da jovem para posar fez com que a obra ficasse pronta somente em 1506. A roupa retratada na Mona Lisa é uma das marcas da má vontade de Lisa para posar. Na época, era comum que os retratados vestissem suas melhores e mais pomposas roupas para posar para um quadro, mas a vestimenta da Mona Lisa, apesar de super atual para a moda da época, era muito sóbria. Outra marca disso é justamente o sorriso.

2 – O sorriso de Mona Lisa.
O famoso sorriso da Mona Lisa é motivo de especulação há séculos. Especula-se até que a expressão enigmática poderia ser devido a uma condição dental, como abscesso ou desgaste dentário. Um teoria fraca, tendo em vista que numa época tão insalubre, pouca gente devia ter uma dentição admirável. Mais fácil crer que a jovem Lisa não queria estar ali posando para Da Vinci e, como uma boa jovem, não conseguia esconder seu descontentamento ao fazer algo que não queria. Vale lembrar que, como era padrão na época, Lisa tinha 15 anos de idade quando se casou com Francesco. Quando posou para Da Vinci tinha por volta de 20 anos de idade. Ainda bem que Da Vinci acabou usando essa birra a seu favor, pintando um sorriso digno de Esfinge.

03 – De mão em mão.
A obra ficou pronta em 1506, mas não foi entregue à família Giocondo, porque Da Vinci já estava há meses trabalhado na obra sem ser pago. Assim, guardou o quadro para si. Em 1517 Da Vinci é contratado pelo rei da França, Francisco I, para ser artista da corte. Ele se muda então para Paris e leva consigo a Mona Lisa. Lá, o rei fica fascinado pela pintura e decide compra-la. Desde então, ela passou a fazer parte do acervo real francês. Depois de passar por vários palácios, como o de Versalhes e de Fontainebleau, Mona Lisa finalmente encontrou seu lugar no Museu do Louvre em 1797. Durante seu reinado, Napoleão Bonaparte ficou tão encantado com a Mona Lisa que decidiu tê-la em seu quarto particular. Mas não conseguiu permissão da diretoria do Louvre para tal e teve que se contentar com uma fidelíssima réplica.

Vicenzo Peruggia, o ladrão da Mona Lisa.

04 – O roubo de Mona Lisa.
Essa é uma história maravilhosa! No começo do século XX, trabalhava no Louvre um camarada chamado Vincenzo Peruggia, um italiano, que morava em Paris já há muitos anos. Ele era um pintor que trabalhava em restaurações no museu. No dia 21 de agosto de 1911, ele aproveitou que o museu estava fechado e conhecia bem as falhas da segurança, e simplesmente tirou a Mona Lisa da parede, jogou seu casaco por cima e foi pra casa. Por 28 meses, a obra permaneceu embaixo da cama de Peruggia, até que ele conseguiu um contato na Itália com o florentino Alfredo Geri, dono de uma galeria de arte. Peruggia afirmava que roubara a Mona Lisa porque ela deveria estar exposta na Itália, já que Da Vinci, e a própria Lisa Giocondo, eram italianos. (Nós, brasileiros, vendo o Abaporu num museu em Buenos Aires, te entendemos bem, Vicenzo…) Mas quando Alfredo Geri se ligou que estava diante da autêntica Mona Lisa, e não uma cópia, chamou a polícia no ato. Peruggia foi preso e, como retribuição, antes de voltar ao Louvre, foi permitido que a Mona Lisa fosse exposta algumas semanas na Galeria Uffizi, da qual Geri era o proprietário. Detalhe: antes de Peruggia ser capturado, durante a investigação, a polícia francesa tinha como um dos suspeitos pelo roubo ninguém menos que Pablo Picasso! Isso porque ele e seu amigo Guillaume Apollinaire viviam dizendo pelos cafés de Paris que todas as obras primas dos museus deviam ser destruídas, para dar lugar à arte moderna.

05 – Mona Lisa sob ataque.
1956 não foi um ano fácil para Mona Lisa. Primeiro, no começo do ano, um homem conseguiu jogar uma quantidade de ácido, que danificou a parte inferior da pintura, resultando em uma pequena marca perto do cotovelo direito da Mona Lisa. Mas a restauração foi rápida e bem sucedida. Porém, poucos meses depois, outro homem conseguiu atirar uma pedra na obra, que danificou o canto inferior direito. Justamente para não estimular novos ataques, estes casos foram muito pouco divulgados. Então, não se sabe quais foram as motivações dos ataques. Mas isso não impediu que novos atentados acontecessem. A pobre Mona Lisa já sofreu ataques de xícaras de café, bolo e tinta spray. Mas ela segue firme e forte, com seu sorrisinho sarcástico, e cada vez mais bem protegida, no Louvre.

06 – Será que ela é?
Uma das teorias mais antigas e persistentes relacionadas à obra é sobre a identidade da figura retratada na pintura. Enquanto a maioria dos especialistas concorda que é Lisa Gherardini, esposa de Francesco de Giocondo, há teorias alternativas que sugerem que a pessoa retratada pode ser uma amante secreta de Leonardo da Vinci, o que explicaria o ar de mistério que paira sobre a obra. Outra teoria, essa até mais ventilada por aí, diz que a Mona Lisa se trata de uma versão feminina do próprio artista. Sabidamente, Da Vinci era bissexual e curtia ter relações com homens. Décadas atrás, numa época em que a homossexualidade era vista com muito mais ódio e incompreensão, muita gente vinculou a aura de mistério da obra ao fato de Da Vinci estar representando ali, secretamente, seus desejos homossexuais e femininos que seriam supostamente reprimidos. Balela! Até porque, Da Vinci era um cara pra frente e bem resolvido, e não negava e nem escondia de ninguém seus desejos carnais. Tá certo ele!

07 – Códigos secretos.
Teoria da conspiração é o que não falta em torno da Mona Lisa. Desde a sua identidade, até supostos códigos secretos que Da Vinci teria escondido na obra, inclusive símbolos ligados à maçonaria. Mas nada disso é verdade. A real é que Da Vinci era um observador silencioso que escrevia para si mesmo, e não gostava de explicar suas obras para os outros. Isso consequentemente gerava, e ainda gera, especulações e interpretações das mais inusitadas. A principal razão pela qual Da Vinci não se daria ao trabalho de entupir a Mona Lisa de mensagem cifradas e subliminares é que a pintura não passava de um job para um cliente, um quadro que ia ficar na sala da família. No fim das contas, ele não foi pago, o quadro ficou com ele e deu no que deu.

08 – Fibonacci Style.
A história dos números da sequência Fibonacci, sua materialização gráfica e do homem por trás dessa teoria toda você já conhece, nós já te contamos aqui no blog. Para relembrar, clica aqui. Bom, o fato é que Mona Lisa é um dos principais exemplos da aplicação da sequência Fibonacci para estabelecer o que é sublime dentro da arte. A sequência pode ser aplicada em pelo menos quatro maneiras na obra, e em todas o resultado é o mesmo, encaixe perfeito. Enfim, só mais uma confirmação da genializade e maestria de Leonardo Da Vinci.

A Mona Lisa é pop, e não é à toa! Ela está presente na cultura pop, sendo referenciada em filmes, músicas e livros. Além disso, inspirou inúmeras paródias ao longo dos anos, com artistas recriando a pintura em estilos diversos, fazendo girar a boa e velha roda da antropofagia da arte! Coisa que aqui na Strip Me a gente considera ouro! Por isso, ela também está entre as maiores referências nas nossas camisetas de arte! Dá uma conferida lá no nosso site. Por lá você também encontra camisetas de cinema, música, cultura pop e muito mais, além dos lançamentos que pipocam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist com músicas que são como o sorriso de Mona Lisa: são intrigantes, até esquisitas, mas irresistíveis! Mona Lisa Smile Top 10 tracks.

Para assistir e para ler: É clichê, e muita gente considera uma bobagem. Mas tanto o livro quanto o filme O Código Da Vinci são muito legais e vale a pena serem consumidos! Claro, o livro é bem melhor que o filme. Mas o filme é um baita entretenimento também. Realmente é uma bobagem, sem nenhum embasamento histórico factual. Mas é divertido!

A Musa Renascentista

A Musa Renascentista

A Strip Me apresenta a história de Simonetta Vespucci, a musa inspiradora de Sandro Botticelli e de outros artistas da Renascença.

Qualquer um que diga “No meu tempo é que era bom.” está errado. A não ser que tenha vivido durante o momento mais empolgante e inovador na história da humanidade, a segunda metade do século XV. A era do Renascimento! Quando a humanidade deu um verdadeiro salto evolutivo em ideias, tecnologia e comunicação. Pensa bem. Em 1452 nasce Leonardo Da Vinci. Em 1453 Constantinopla é invadida, encerrando a era medieval. Em 1454 Gutemberg cria a imprensa. Daí em diante, a história do mundo mudou radicalmente. A arte foi elevada a níveis inimagináveis, as navegações se desenvolveram, descobrindo novas terras e novas culturas, e novos conceitos políticos e sociais foram elaborados, por pensadores como Maquiavel, Erasmo de Roterdã e Nicolau Copérnico.  Sem dúvida foi o maior turning point da humanidade.

Nessa época não havia lugar melhor para se estar do que a cidade de Florença. Em toda a Europa ocidental, nenhum lugar era tão movimentado e plural. Isso porque a cidade era governada por uma família riquíssima e muito ligada à cultura e às artes. Enquanto os pequenos reinos ao redor, como Milão e Gênova ainda viviam sob uma política feudal, Florença tinha uma sociedade mais diversa, com uma burguesia ativa, formada por profissionais liberais e artistas. Tudo graças à família Médici, que governava a cidade. Assim, Florença, por determinado período, tinha como moradores os mais importantes e reconhecidos artistas do Renascimento: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Donatello… e um jovem pintor muito talentoso chamado Sandro Botticelli.

Este é o contexto geral que ajuda a contar a história de uma das mulheres mais admiradas do mundo durante séculos. Um rosto conhecidíssimo, porém uma vida e personalidade desconhecida. Ela nasceu justamente no ano da queda de Constantinopla, 1453, mas não se sabe exatamente o dia. Sabe-se que nasceu e passou a infância em Portovenere, uma pequena cidade litorânea entre Gênova e Florença. Gaspare Cattaneo della Volta era um nobre genovês casado com Cattocchia Spinola. Do casal nasceu Simonetta Cattaneo. Uma menina lindíssima, de cabelos claros acobreados e olhos intensamente azuis, uma raridade na região para aquela época. Simonetta recebeu uma educação comum a qualquer menina burguesa, tinha aulas de etiqueta, piano e afazeres domésticos, além de aprender a ler. Com uma beleza realmente exuberante, não demorou a ter muitos homens  a seus pés. Por sorte, ela se apaixonou justamente por um jovem de uma família muito rica, que possuía bancos e outros empreendimentos, a família Vespucci. O pai de Simonetta, de imediato aprovou o casamento, que aconteceu em 1469, quando ela tinha 16 anos de idade.

Retrato de Simonetta Vespucci – Sandro Botticelli

O casamento aconteceu em Florença, onde o casal escolheu morar. Isso porque Marco Vespucci, o noivo de Simonetta, gerenciava o Banco de San Giorgio e tinha muitos negócios com a família Médici. Na festa de casamento, entre muitos convidados ilustres, como o próprio Lorenzo de Médici, também conhecido como Lorenzo, o Magnífico, estava um jovem pintor de 24 anos chamado Sandro Botticelli. Ele era um dos protegidos da família Médici, que, com frequência lhe encomendava obras de arte, além de financiar seu atelier e matérias de pintura. Botticelli ficou encantado com a beleza de Simonetta e fez questão de conhece-la. Também estava na festa um rapaz de 17 anos chamado Amerigo Vespucci. Ele vinha de Gênova para conhecer os negócios da família em Florença. Era um rapaz muito inteligente, comunicativo e ambicioso. Algumas décadas depois, ele se mudou para Sevilha, na Espanha, entrou no negócio de navegações e se tornou uma personalidade histórica das mais controversas e fascinantes, que nós conhecemos pelo seu nome traduzido para o português: Américo Vespúcio, o homem que deu nome ao continente americano. Amerigo Vespucci era primo de Marco Vespucci, noivo de Simonetta.

Vênus e Marte – Sandro Botticelli
(Vênus retratada com o rosto de Simonetta Vespucci)

Não foi só Botticelli que se encantou com a beleza de Simonetta. O irmão mais novo de Lorenzo, o Magnífico, Giuliano de Médici, apaixonou-se perdidamente por Simonetta. Até hoje especula-se que havia reciprocidade nesse amor, mas que não passou de um sentimento platônico, nunca encarnado. Isso porque Simonetta era casada com Marco Vespucci, e as famílias Médici e Vespucci tinham negócios  milionários, e que poderiam ir por água abaixo se um escândalo de adultério entre as famílias viesse a público. De qualquer forma, assim que passou a morar em Florença, Simonetta passou a ser requisitada por vários artistas da cidade, para posar como modelo. Assim, rapidamente, Simonetta tornou-se muito conhecida na cidade, e era considerada a mulher mais linda de Florença.

Retrato de Simonetta Vespucci – Sandro Botticelli

Em 1475 foi organizado um torneio de cavaleiros, desses de lança e armadura, que a gente vê nos filmes. O evento aconteceu na Piazza Santa Croce, no centro de Florença. O prêmio era um estandarte com um retrato de Simonetta, pintado por Sandro Botticelli. No estandarte, Simonetta foi pintada representando a deusa Atena. Apaixonado, Giuliano de Médici se increveu no torneio com o objetivo único de ter para si aquele estandarte. E assim o fez. Venceu o torneio e, desde então, andava pra cima e pra baixo sempre ostentando  o estandarte da deusa Atena, com o rosto de Simonetta.

Porém, a vida não era fácil naqueles tempos. No ano seguinte, 1476, Simonetta adoeceu. Sentia muita fraqueza, falta de ar, febres altíssimas e muita tosse. A família Médici ofereceu seu médico particular para cuidar da jovem. Até hoje não se sabe exatamente qual era a doença. Podia ser uma tuberculose, uma infecção pulmonar ou uma pneumonia aguda. O fato é que ela adoeceu em meados de março, piorou muito em abril e acabou morrendo no dia 26 de abril de 1476. Toda a cidade ficou de luto. O cortejo foi muito incomum. O caixão foi carregado pelas ruas da cidade aberto, para que todos pudessem contemplar pela última vez a beleza incomparável de Simonetta Vespucci.

Porém, a beleza de Simonetta acabou tornando-a imortal. Artistas como Botticelli e Piero de Cosimo ainda pintariam muitas obras tendo a jovem como musa inspiradora. A mais marcante dessas obras é Nascimento de Vênus, a obra mais famosa e brilhante de Botticelli, pintada em 1483, 7 anos após a morte de Simonetta. Na obra, Simonetta representa a deusa Vênus, nua numa concha, que flutua sendo soprada do mar para a terra, para trazer vida e beleza ao mundo. O próprio Botticelli ainda faria várias outras obras pintando o rosto de Simonetta. Tamanha era sua adoração, ele deixou registrado que, ao morrer, queria ser enterrado aos pés de sua musa. Simonetta Vespucci foi sepultada na igreja de Ognissanti, assim como Botticelli, conforme sua vontade, quando ele faleceu em 17 de maio de 1510. Simonetta também foi retratada pelo pintor Piero de Cosimo em 1480, representando Cleópatra, com um colar e uma serpente ao redor do pescoço.

Nascimento de Vênus – Sandro Botticelli

Simoneta Cattaneo Vespucci foi uma mulher literalmente icônica! Verdadeira musa da arte renascentista e dona de uma história breve, já que morreu com apenas 23 anos de idade, mas intensa. Viveu num momento mágico de transformação e transcendência da humanidade e conviveu com algumas figuras históricas grandiosas, como Lorenzo de Médici e Américo Vespúcio, além de artistas imortais como Botticelli e Piero de Cosimo. A beleza e a história de Simonetta encantam e inspiram a todos nós da Strip Me, que somos loucos por arte em geral! Tanto é que não faltam referências aos artistas renascentistas na nossa coleção de camisetas de arte. E ainda tem camisetas de música, cinema, cultura pop e muito ais. Na nossa loja você pode conferir todas elas e ainda ficar por dentro dos nossos lançamentos, que aparecem por lá toda semana.

Cleópatra – Piero de Cosimo
(Cleópatra retratada com o rosto de Simonetta Vespucci)

Vai fundo!

Para ouvir: E se Simonetta Vespucci foi ícone da beleza renascentista, nada mais justo do que a gente fazer uma playlist de canções que falam sobre beleza. Beleza! Top 10 tracks.

Para assistir: É impressionante, perturbador até, assistir ao documentário Botticelli Inferno. Pois é, nem só de belas mulheres vivia Sandro Botticelli. Ele era fascinado pela obra de Dante Alighieri. Botticelli passou mais de uma década trabalhando num desenho enorme do Inferno, como descrito no livro A Divina Comédia, de Dante. O filme de Ralph Loop, lançado em 2016, traz detalhes da obra desses dois artistas e suas conexões, bem como alguns segredos escondidos, no melhor estilo Código Da Vinci. Não é um filme tão fácil de achar, mas vale a pena conferir.

Para ler: Pode parecer uma recomendação meio deslocada, mas, acredite, não é. Vale demais conferir o livro Secreções, Excreções e Desatinos, uma compilação de contos do genial escritos Rubem Fonseca. São 14 contos maravilhosamente bem escritos, recheados de sarcasmo, onde a fisiologia e a mente passam por distúrbios diversos. O principal conto deste livro se chama justamente O Corcunda e a Vênus de Botticelli, e é excelente, tanto que uma parte da obra Nascimento de Vênus ilustra a capa da primeira edição do livro, lançado em 2001 pela Companhia das Letras. Um livro imperdível!

O Nascimento de Vênus: a coisa mais maluca que você vai ler hoje.

O Nascimento de Vênus: a coisa mais maluca que você vai ler hoje.
O Nascimento de Vênus, pintura de Sandro Botticelli.

Vênus, ou Afrodite, ou deusa do amor, da beleza, ou deusa do riso… A mitologia é uma coisa realmente muito louca. Essa gata aí da pintura é Vênus, uma das deusas mais importantes da Antiguidade, e seu nascimento é um acontecimento trágico (cômico), ao mesmo tempo que muito maluco.

Reza a lenda que o céu (chamado de Urano) e a terra (chamada de Gaia) se uniram para produzir os primeiros humanos, os Titãs. Só que um de seus filhos: o tempo (um revoltadinho chamado Cronos), castrou seu pai com uma foice. Oi? Sim, C A S T R O U seu pai com uma F O I C E.

Pois é. E depois do impensável ato de violência, não satisfeito ainda jogou as genitais do pai no mar, que com a espuma resultou no nascimento de Vênus. Uou. Intenso, né?

Ainda segundo a mitologia, a rosa é a flor sagrada de Vênus, e foi criada ao mesmo tempo que que a deusa do amor. A flor se tornou então o símbolo do amor por sua beleza e aroma. E seus espinhos nos lembram que o amor é lindo, mas pode machucar… (love hurts, nunca se esqueça).

Não sabemos dizer se o italiano Sandro Botticelli estava apaixonado quando pintou O Nascimento de Venus. O que sabemos é que provavelmente o quadro foi produzido sob encomenda, para um rico membro da família Medici: Lorenzo di Pierfrancesco de’ Medici.

Provável autorretrato de Botticelli

O quadro seria colocado em sua vila em Castello, próximo a Florença. Na Itália renascentista era comum que obras com cenas mitológicas fossem encomendadas para decorar móveis de madeira. Gente chique, né? Maaas, Botticelli não seguiu a tradição pintando O Nascimento de Vênus. Produziu a primeira pintura mitológica em tela e em grande escala, tamanho que antes era usado apenas para obras religiosas.

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