A Viagem da Psicodelia

A Viagem da Psicodelia

Liberdade, expansão mental, aglutinações sensoriais, as portas de Willian Blake e Aldous Huxley totalmente escancaradas para o livre acesso. Essa é a definição mais completa de psicodelia. Mas se você procura uma parada mais racional, podemos dizer que o termo foi usado pela primeira vez em 1957, numa reunião da Academia de Ciência de New York pelo psiquiatra britânico Humphry Osmond. A origem etimológica é a junção de duas palavras gregas, psique (ψυχή – alma) e delein (δηλειν – manifestação). Ou seja, psicodelia é a manifestação da mente, um estado de estímulo sensorial e psíquico exacerbado. Além de um estado mental, a psicodelia também é o nome dado a todo um movimento artístico multimídia que coloriu o mundo à partir de 1967.

Aquele miolinho da década de 60 chega a ser difícil de explicar, porque foi uma sucessão absurda de fatos que acabariam por formatar o movimento hippie e a psicodelia. A geração de jovens daquela década eram os filhos do pós Segunda Guerra Mundial. Com o fim da Guerra, os Estados Unidos tomaram a dianteira da economia mundial e estabeleceram o american way of life e o consumismo em sua sociedade. A Guerra Fria decolava e o combate aos comunistas gerou, entre outras coisas ruins, a Guerra do Vietnã. Em 1967 o conflito no Vietnã já se mostrava totalmente descabido, jovem nenhum queria largar tudo para morrer entupido de napalm em selvas asiáticas. Estes mesmos jovens estavam crescendo sob a sombra da geração anterior que começou a questionar tudo isso. Era a Geração Beat, que falava de auto conhecimento, desprezo ao consumismo e a entrega à vida de excessos. Em paralelo a música avançava, o rock n’ roll deixava de ser uma música inocente para se tornar uma voz empolgante de protesto. Para completar, as artes plásticas viviam um momento de total transformação com a Pop Art, que se apresentava como uma evolução do surrealismo. O doce, quer dizer, a cereja no bolo, era o LSD, que teve no camarada Timothy Leary seu maior entusiasta.

A psicodelia enquanto movimento artístico estético teve uma plenitude relativamente curta e poucos representantes. Artistas como Rick Griffin e Wes Wilson já transitavam pela Pop Art, o Surrealismo e a Art Nouveu. Acabaram ficando conhecidos por conceber cartazes de shows e festivais, bem como capas de discos, que é onde a psicodelia é graficamente reconhecida em sua totalidade. Em telas, murais e obras mais imponentes, dessas que vão para as paredes dos museus, ela acaba sendo um sub-gênero, que aparece como um elemento. Por exemplo, a famosa Marilyn Monroe, do Andy Warhol, é uma obra Pop Art que carrega influências psicodélicas óbvias através de suas cores fortes. Esteticamente a psicodelia reinou soberana nos cartazes e capas de discos de 1967 até o comecinho da década de 1970. Depois disso, foi se diluindo entre os novos conceitos de estética que pintaram mundo afora.

A real é que a psicodelia é uma parada etérea, é uma mistura de sentidos mesmo. Não dá pra limitá-la a um conceito estético, musical ou filosófico, porque é isso tudo junto, cada elemento se alimentando um do outro. A filosofia alimenta a música, que alimenta a estética, as cores… é um todo. É o rock n’ roll, é a alegoria do paz e amor, é a liberdade sexual, é a expansão da mente através de alucinógenos que aguçam as percepções e sentidos, é uma metamorfose ambulante que nos deu Jimi Hendrix e Robert Crumb, só pra ficar em dois exemplos distintos e fundamentais.

A mistura de cores, música, arte, positividade e consciência de união e liberdade atravessou as décadas e hoje inspira toda uma coleção linda e super alto astral de camisetas Strip Me. Afinal, não dá pra parar no tempo, né? Ontem era The Byrds, hoje é Tame Impala, a psicodelia se renova e traz toda essa aura viajandona paz e amor em estampas alucinadas! Vem ver!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist com o ontem e o hoje da música psicodélica pra ouvir até chapar! Top 10 tracks psicodélicas!

Para assistir: Neste texto, não falamos sobre o Brasil, que também viveu intensamente a psicodelia com um jeitinho só nosso, o Tropicalismo. Para conferir esse astral brazuca da psicodelia, vale assistir o documentário O Barato de Iacanga, dirigido pelo Thiago Mattar, lançado em 2019 e disponível na Netflix.

Para ler: Existem vários bons livros sobre a vida e obra de Jimi Hendrix. O jornalista francês Franck Medioni escreveu um desses livros, uma biografia bem completa e que contextualiza muito bem a época em que Jimi Hendrix viveu seu auge como artista. O livro chamado simplesmente Jimi Hendrix – Biografia saiu pela editora L&PM e é super fácil de achar, além de ser baratinho. Leitura recomendada.

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