Top 5 Filmes Cult: A arte de envelhecer bem.

Top 5 Filmes Cult: A arte de envelhecer bem.

Envelhecer é inevitável. Mas envelhecer bem é uma arte. Poderíamos fazer aqui aquelas analogias batidas entre envelhecer com vigor e saúde e um bom vinho envelhecido por décadas e blá blá blá. Mas o nosso negócio aqui é justamente deixar o óbvio de lado e dar valor a outros pontos de vista. Enfim, hoje vamos falar sobre envelhecer bem, com viço e saúde, com propriedade e relevância.

Em especial nas artes, envelhecer bem não é nada fácil. Afinal, a arte, seja ela pintura, música, cinema, teatro, escultura ou fotografia, acaba absorvendo muito do momento em que é concebida. Ainda que seja simplesmente pela estética, o Davi de Michelangelo é expressão clara de seu tempo, o renascimento, com suas formas que carregam uma aura de ultrarrealismo e divindade ao mesmo tempo.

Um Cão Andaluz de Buñuel está encharcado de referências ao seu próprio tempo, de uma Europa pós Primeira Guerra, festiva e questionadora de si mesma. Velvet Underground and Nico, o disco de estreia da Velvet Underground, expressa com nitidez a aura de contra cultura, rebeldia e, até mesmo, certa alienação da juventude dos anos 60.

O que essas três obras tem em comum é que envelheceram bem. Ainda hoje são impactantes, admiráveis e relevantes. Seguem sendo referência para quem quer produzir algo novo hoje em dia.

Por isso, para demonstrar de uma vez por todas, o que significa uma obra de arte envelhecer bem, listamos 5 filmes cults que passaram dos 20 anos e continuam incríveis, que, se vistos ou revistos, hoje em dia ainda vão empolgar, emocionar, divertir e fazer pensar. Vamos á lista!

Cães de Aluguel – 1992

Começamos com o mais velhinho da lista. O primeiro filme escrito e dirigido por Quentin Tarantino completa 30 anos, mas com carinha de bebê. Um bebê bem safadinho e violento, é verdade. O simples fato de o filme se passar, na maior parte do tempo, dentro de um galpão fechado e seus personagens usarem ternos pretos  já ajuda muito para que ele seja atemporal, poderia se passar nos anos 70 ou no ano 2000. Mas é a riqueza e brilhantismo do roteiro e dos diálogos, a edição fantástica, as atuações irresistíveis e a trilha sonora impecável que fazem deste filme, ainda hoje, uma baita obra de arte!

Trainspotting – 1996

Se Cães de Aluguel é esteticamente atemporal por se passar num galpão e os personagens, em sua maioria vestirem ternos, em Trainspotting é tudo escancaradamente anos 90. O diretor Danny Boyle fez questão de retratar o tempo e espaço, uma Escócia agitada e colorida numa época de excessos e mudança de comportamento, principalmente para a juventude. O que faz Trainspottig se manter um filme empolgante até hoje é sua postura contestadora, o questionamento filosófico eterno de Sartre, de que o homem está condenado a ser livre, que envolve o roteiro e, mais uma vez, atuações excelentes e uma trilha sonora arrebatadora.

O Grande Lebowski – 1998

A premissa deste filme chega a ser desanimadora. Personagens homônimos ou fisicamente parecidos que trocam de lugar ou são confundidos um com o outro e se metem em mil confusões é uma parada muito antiga no cinema. O que faz de O Grande Lebowski ser tão diferente e tão marcante até hoje é… o grande Lebowski! Claro que tudo funciona lindamente no filme, os personagens coadjuvantes super bem construídos, a trama insólita em constante evolução, a estética desleixada e charmosa dos anos 90, o ar de contracultura… mas o carisma do personagem principal, o inigualável The Dude, que Jeff Bridges entrega com perfeição, é arrebatador. É o tipo de filme que você pode já ter visto várias vezes, mas se estiver zapeando a TV à cabo e passar por ele, é irresistível parar e assistir até o fim.

Quero Ser John Malkovich – 1999

Podemos dizer que se trata de um filme de novatos. Mas que novatos! Este foi o primeiro filme de destaque do Spike Jonze como diretor e o do Charlie Kaufman como roteirista. Ambos rapidamente ganharam o status de gênios do cinema cult. E não é para menos. Em Quero ser John Malkovich o realismo fantástico de Charlie Kaufman se mostra ilimitado, mas sempre ancorado em questões existenciais e muita ironia, a direção bucólica de Spike Jonze é magistral e as atuações impactantes de John Cusack, Cameron Diaz, Catherine Keener e o próprio John Malkovich completam a receita. É um filme atemporal e envelheceu muito bem, porque é realmente fascinante e inusitado de tal forma, que segue sendo instigante e desafiador.

Clube da Luta – 1999

Completamos esta lista com o maior filme cult dos últimos tempos. Todo mundo conhece o Tyler Durden e sabe muito bem qual a primeira regra do clube a luta. Regra esta que quebramos aqui mais uma vez para falar da força descomunal deste filme. Um filme lançado 23 anos atrás e que, de toda essa lista, é o que se mantém mais atual. Afinal o roteiro, excelente diga-se, levanta questões que transcendem qualquer evolução tecnológica, pois diz respeito ao consumismo, a relação com o trabalho, a solidão, empatia, conformismo, a mídia doutrinadora, depressão e etc. Fora isso, tudo é bem feito e funciona no filme. As atuações impecáveis de Brad Pitt e Edward Norton, a direção caótica de David Fincher, a trilha sonora pesada, a fotografia contemporânea e visceral. É um filme que, não só envelheceu bem, mas continua influente e profundo. E assim seguirá pelos próximo 30, 40 anos a frente.

Pronto. Se você quer ter um fim de semana mais tranquilo e caseiro, já tem aí uma listinha respeitável de filmes para ver ou rever. Uma lista que tem tudo a ver com a Strip Me! Para nós a arte contestadora, de vanguarda e questionadora, como são estes cinco filmes, tem um cantinho especial no coração. Por isso fazemos questão de estar sempre entregando camisetas de cinema, música, arte, cultura pop e comportamento com um olhar mais aguçado, mas sem perder a elegância e bom gosto. Pra conferir, é só acessar a nossa loja, onde sempre tem novos lançamentos pipocando.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma Playlist com o melhor da trilha sonora de cada um dos filmes listados: Cine Cult top 10 tracks.

Para assistir: Além desse top 5 retumbante, vamos quebrar o seu galho e falar de mais um filme cult clássico e irretocável, mas que não tem mais de 20 anos, por isso não entrou na lista acima. Estamos falando de 500 Days of Summer, um filme cult por excelência, com direito a estética vintage, um caminhão de referências pop e The Smiths na trilha sonora. Mais cult que isso, impossível. E é um filme divertidíssimo mesmo! Pra ver e rever naquele domingo de chuva comendo pipoca no sofá. Ah, sim, o filme é de 2009, dirigido pelo Marc Webb e estrelado pela Zooey Deschanel e Joseph Gordon Levitt.

The Queen is Pop!

The Queen is Pop!

The queen is dead, boys. And it’s so lonely on a limb. Life is very long when you´re lonely.” De certa forma, esses versos de Morrissey neste clássico dos anos oitenta dizem muito sobre a Rainha Elizabeth II. Morta aos 96 anos de idade num castelo na Escócia no dia 8 deste mês, a rainha da Inglaterra teve uma vida longa e, ao que tudo indica, solitária realmente. Apesar de estar sempre cercada por súditos, assessores e sua própria família, desavenças familiares, um casamento conturbado e paixões cerceadas certamente tornaram a vida da monarca um pouco mais amarga e solitária. Mas, independente disso, foram quase cem anos muito bem vividos, dos 96, 70 anos foram como rainha. Ela viu o mundo mudar e conheceu as pessoas mais importantes do mundo ao longo do século XX  e XXI. E a gente sabe disso tudo porque, além de tudo, a rainha Elizabeth II acabou se tornando ícone pop. Mesmo sem querer.

Claro, o ambiente conta muito. A Inglaterra praticamente criou o jornalismo da fofoca. Os tabloides londrinos se especializaram em esmiuçar a vida íntima da família real, que por sua vez, sempre forneceu vasto material para polêmicas. Desde que o tio de Elizabeth, Edward VIII, renunciou ao trono da Inglaterra para se casar com uma mulher norte americana, que era divorciada, a imprensa britânica se acostumou a chafurdar nas intrigas familiares da coroa. Foi essa renúncia ao trono, inclusive, que fez com que Elizabeth se tornasse rainha. Com a morte do rei George V, avô da Elizabeth, Edward VIII, era o sucessor direto ao trono, pois era o filho mais velho do rei. Na real, nem era pra Elizabeth ter sido rainha. Mas com a renúncia, a sucessão voltou-se para o filho mais novo do rei, que era o pai da Elizabeth. Ele foi coroado rei George VI, mas acabou morrendo cedo, por conta de um enfisema pulmonar. Foi assim que a coroa praticamente caiu no colo da Elizabeth, a filha mais velha do rei morto. Ela foi coroada aos 26 anos de idade, em 1952.

A Rainha Elizabeth II reinou justamente na época da explosão da indústria cultural pós Segunda Guerra Mundial. Os veículos de comunicação se tornavam mais acessíveis, a televisão se tornava cada vez mais presente e a música e o cinema se tornavam cada vez mais influentes. Ela fez seu primeiro discurso televisionado no fim do ano de 1957. Desde então, todo ano, ela fazia um discurso de fim de ano transmitido para todo o Reino Unido nas festas de fim de ano. À medida que o mundo, os países ocidentais em especial, vão se tornando mais liberais, com governos modernos, baseados em ideais republicanos e democráticos, a monarquia inglesa vai se mantendo firme, e acaba se tornando pitoresca para o mundo, ainda mais quando fica cada vez mais claro que quem manda mesmo no reino é o primeiro ministro. Numa singela canção, os Beatles até chegaram a cantar que “sua majestade é uma garota muito bacana, mas ela não tem muita coisa pra dizer.”.

Não só os Beatles, mas muitos outros artistas ingleses não perderam a oportunidade de escrever uma ou outra canção sobre a rainha. Na maioria das vezes fazendo críticas, é verdade. Ok, sejamos francos, a esmagadora maioria das músicas sobre a rainha são de protesto e críticas. Mas “falem mal, mas falem de mim”, certo? Uma das exceções, e anda assim, nem tanto uma exceção, data de 2012, quando a rainha celebrou o jubileu de diamante, que comemorou seus 60 anos de reinado. O compositor britânico Leon Rosselson, pouco conhecido por aqui, mas respeitadíssimo na Inglaterra, escreveu a canção On Her Silver Jubilee. Uma bela canção folk que fala sobre o reinado de Elizabeth II desde o início e sobre sua imagem ser tão utilizada pelos punks em 1977. Com a boa e velha ironia britânica, a letra da música faz uma boa análise da rainha como pessoa pública, para o bem e para o mal. De fato, 1977 não foi um ano fácil para ela. Independente da forte censura que se abateu sobre o compacto, God Save the Queen, dos Sex Pistols, se tornou um verdadeiro hino contra o conservadorismo da monarquia, e um dos maiores clássicos do rock n’ roll. Lançada em compacto e incluída no essencial Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols, God Save the Queen é uma música irresistível, um riff simples e melódico, guitarras saturadas, ritmo instigante e, pra coroar, com o perdão do trocadilho, a capa do single, criada pelo artista Jamie Reid, é perfeita, até hoje uma das imagens mais icônicas do punk rock.

Outras canções bem legais escritas com a rainha como tema central, são Elizabeth My Dear, dos Stone Roses, uma verdadeira pérola, a citada no início do texto The Queen is Dead, dos Smiths, uma das músicas mais emblemáticas da banda, Rule for no Reason, do Billy Bragg, uma balada muito bonita, que retrata esse aparente vazio, a melancolia que envolve a rainha Elizabeth II, e tem também a curiosa Dreaming of the Queen, dos Pet Shop Boys. Nesta última, o duo pop britânico relata um sonho dos dois músicos tomando um chá com a rainha Elizabeth e a Lady Diana. A letra é muito legal. Vale a pena conferir. Voltando ás canções de protesto, vale citar a belíssima Flag Day, da banda The Housemartins, banda indie britânica dos anos 80, que não fez tanto sucesso no Brasil, mas tem uma obra riquíssima, com grandes canções. Pra fechar a parte musical, vale também citar o rapper britânico Slowthai, que escreveu a pesada Nothing Great About Britain, uma música de batida forte e letra extremamente crítica. Ah, sim, também é importante lembrar que God Save The Queen é o hino da Inglaterra. Escrita em 1774, e oficializado como hino nacional em 1780, a música varia o gênero usado na letra de acordo com o monarca vigente. Até semana passada cantava-se God Save the Queen, agora, já se canta God Save the King. Você pode ouvir numa roupagem mais moderna esta bela peça musical no disco A Night at the Opera, da banda Queen. É a faixa que encerra o disco.

Se na música a rainha foi amplamente retratada, no cinema e na televisão então, nem se fala! No começo do reinado, Elizabeth II procurava se manter distante da mídia, mas isso foi mudando com o tempo. No início só o que se via da rainha na televisão eram imitações. Uma das mais famosas foi a de Carol Burnett. Ela se notabilizou por ser a primeira mulher a protagonizar um programa de comédia nos Estados Unidos, o Carol Burnett Show, em 1967. Porém, se tem alguém que entende de imitar a rainha Elizabeth II é a atriz Jeannette Charles. Pra começo de conversa ela atua interpretando a rainha no excelente mockumentário All You Need is Cash, a história da banda The Rutles, em 1978. Depois ela não parou mais. Interpretou a rainha em alguns episódios do Saturday Night Live e em filmes como Férias Frustradas II, Corra que a Polícia Vem Aí e Austin Powers: O Homem do Membro de Ouro. Mas claro, até aqui estamos falando de comédia, imitações…nada sério. Por outro lado, existem também alguns filmes em que a rainha é retratada com seriedade, respeito… e até um pouco de realidade demais. A então criança Freya Wilson interpreta Elizabeth II no excelente filme O Discurso do Rei, de 2010, onde a rainha aparece ainda como uma criança. Já no impactante A Rainha, Helen Mirren interpretou a Elizabeth II com tamanha entrega, que acabou levando o Oscar de Melhor Atriz em 2007, além de o filme ter concorrido em outras 5 categorias. O filme A Rainha mostra os maus bocados pelo que passou a família real após a morte da Lady Diana, já que era notório que a rainha e a Lady Di não se davam muito bem. Retratando um momento antes, o belíssimo filme Spencer, mostra justamente a ascensão da Lady Diana de súdita comum a uma das mais populares figuras da realeza. Kristen Stewart está impressionante interpretando a Lady Di, e a veterana Stella Gonet entrega uma rainha Elizabeth II sóbria, quase soturna.

Cada série, cada filme, comédia ou drama, mostra uma face e uma fase diferente da rainha. A série The Crown merece destaque porque mostra todas as fases e faces da rainha Elizabeth II com uma produção impecável. A produção é da Netflix e até agora conta com 4 temporadas. A quinta temporada já está toda gravada e deve estrear em novembro deste ano. Mesmo antes da morte da rainha e o príncipe Philip, marido dela, em 2021, já se falava que a série terminaria na sexta temporada, e dificilmente atingiria os dias atuais. A previsão era de que esta última temporada fosse exibida em 2023, mas com os últimos acontecimentos, é possível que aconteçam alterações drásticas no roteiro, para que a série se encerre com a morte da rainha. Neste caso, a chance é de que a sexta temporada chegue só em 2024. The Crown já é conhecida como umas produções mais caras da TV. Mas não é para menos. A produção é realmente incrível, cenografia, figurino, ambientação de diferentes épocas e as atuações são excelentes. O roteiro equilibra muito bem a parte política com a vida pessoal da rainha, o que traz certa leveza, e cativa o espectador. Certamente uma série que faz jus a grandeza da rainha.

Porém, um episódio muito marcante, e muito divertido, vivido pela rainha, infelizmente não foi retratado na série The Crown: A condecoração dos Beatles com a medalha e a concessão do título MBE (Member of the Order of the British Empire). O MBE é uma honraria concedida aos súditos da Inglaterra que, através da arte, cultura e ciência, elevam o nome do Reino Unido. Em 1965 o primeiro ministro Harold Wilson, aproveitou o sucesso mundial dos Beatles para fazer uma média com seu eleitorado jovem do norte da Inglaterra e indicou os rapazes de Liverpool para receber a honraria, por conta de seus valiosos serviços prestados á coroa, levando o nome da Inglaterra por todo o mundo através da boa música. Assim, no dia 26 e outubro de 1965 os Beatles chegaram, logo de manhãzinha no palácio de Buckingham. Foram orientados a como se portar (se curve, nunca dê as costas para a rainha e etc). Estavam tão ansiosos que foram juntos para o banheiro para fumar um… cigarro! Sim, por anos a lenda de que os Beatles haviam fumado maconha antes de conhecer a rainha prevaleceu. E foi o próprio John Lennon quem contou a mentira. Só quase trinta anos depois, George Harrison, numa entrevista, esclareceu o fato. Estavam realmente nervosos, mas sabiam que não podiam estragar a situação, então foram para o banheiro para ficarem um pouco sozinhos e fumar seus cigarros em paz. De qualquer forma, o espírito anárquico da banda prevaleceu. Ao ficar frente a frente com Elizabeth II, John se apresentou como sendo Paul, Paul se apresentou como sendo John, deixando a rainha confusa. Após dar lhes a medalha, ela perguntou se fazia tempo que eles estavam juntos. Ringo respondeu “Há uns 40 anos”. Todos riram. Em 1969 John Lennon devolveu a medalha como protesto pelo envolvimento da Inglaterra na guerra do Vietnã e nos conflitos na Nigéria.

É tanta história e tanta referência na cultura pop, que seria impossível a Strip Me não prestar sua homenagem a Rainha Elizabeth II. Uma mulher incrível, corajosa e cheia de talentos. Em especial adorava animais. Depois de 96 anos de vida e mais de 70 como rainha, hoje em dia com certeza Elizabeth II tinha muita coisa a dizer. Por isso deixa um legado tão grande. Para encontrar ícones da cultura pop, da música e do cinema, é só colar com a gente. Na loja da Strip Me você encontra camisetas de arte, cinema, música, cultura pop, estilo de vida e muito mais. Fica de olho por lá, que sempre estão pintando novos lançamentos.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist com todas essas canções onde a rainha foi fonte de inspiração. The Queen is Dead Top 10 tracks.

Para assistir: Certamente a recomendação maior é assistir a série The Crown. Uma obra impressionante, com ótimo roteiro e uma produção deslumbrante. E tá facinho de ver, lá na Netflix.

Tim Maia – 10 curiosidades sobre o nosso eterno síndico.

Tim Maia – 10 curiosidades sobre o nosso eterno síndico.

Neste mês de setembro, se vivo, Tim Maia completaria 80 anos de idade. Quem o conheceu pessoalmente fica admirado por ele ter vivido até os 56. Quem apenas conhece as histórias de loucura e abusos, se espanta por ele não ter morrido aos 40. Mas quem conhece a obra de Tim Maia, quem se liga em música e sabe da importância dele para a música brasileira, sabe que o ideal é que ele continuasse vivo, e fazendo música, por pelo menos mais 80 anos para frente.

Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia, foi um fenômeno na música brasileira. Uma mistura poderosa e nunca antes vista de fúria do rock n’ roll com a sensualidade da soul music, o ritmo irresistível do funk e a malandragem do samba. Com toda sua versatilidade, Tim Maia era um nervo exposto. Talento e sensibilidade incontroláveis que refletiam na compulsão insaciável por dinheiro, por comida e por toda e qualquer tipo de droga alucinógena. A única vez que ele achou ter encontrado algum equilíbrio e sentido na vida, acabou tão desiludido, que renunciou essa fase até seu último dia de vida, ainda que tenha sido muito prolífica musicalmente. Portanto, para conhecer um pouco melhor quem era esse maluco que acabou conhecido como o síndico do Brasil, e para entender sua importância, separamos 10 momentos marcantes da vida de Tim Maia. Confere aí!

The Sputniks

Tim Maia nasceu e cresceu no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. Ainda garoto, ficou amigo de Erasmo Esteves. Tim ensinou Erasmo a tocar violão e os dois, com outros 3 amigos, montaram uma banda, inspirada nos filmes de Bill Halley and his Comets e de Elvis Presley. Era o fim dos anos 50 e o Brasil vivia uma efervescência na música jovem, graças a gente como Carlos Imperial e a turma da bossa-nova. A turma de garotos ligados á musica na Tijuca era grande, incluindo um rapaz de apelido Babulina, pois tocava sempre a canção de Ronnie Self, Bop-a-Lena, com um inglês sofrível, para dizer o mínimo. Mas com um ritmo impressionante na mão direita ao tocar violão. Mas na banda The Sputniks, um dos rapazes, não era da Tijuca, mas sim de Cachoeiro do Itapemirim, cidadezinha no estado de Espírito Santo. Ao se apresentar para um teste, para participar o programa de TV de Carlos Imperial, o tal garoto de Cachoeiro do Itapemirim, deu uma de traíra, deixou a banda de lado e foi se apresentar sozinho para Imperial. Tim Maia, na época conhecido como Tião Maia, ficou puto, rolou uma baita briga e a banda acabou. Foi cada um pra um lado. O garoto traíra era Roberto Carlos, que iniciou ali uma sólida carreira solo. Na onda de Roberto, Erasmo Esteves trocou seu nome para Erasmo Carlos, em homenagem ao seu amigo Roberto e ao produtor e apresentador Carlos Imperial, e também decolou como cantor. O tal Babulina, não era da banda, mas também acabaria fazendo muito sucesso, mas com seu próprio nome: Jorge Ben. Já o Tião Maia, ficou decepcionado e resolveu viajar pros Estados Unidos e mudar de vida.

Estados Unidos

A decisão de Tim Maia de ir para os Estados Unidos surgiu quando ele estava muito desapontado com a música e soube que a arquidiocese do Rio de Janeiro estava levando alguns seminaristas para estudar nos Estados Unidos. Tim Maia, que não era nada católico, deu um jeito de entrar nessa turma, arranjou dinheiro e um contato de uma amiga da tia da vizinha da mãe dele que poderia recebê-lo lá. Assim, ele foi para New York. Ao chegar, sem falar uma palavra em inglês, acabou sendo recebido pela família que havia sido indicada a ele, ainda que essa família nunca tivesse sido avisada de sua chegada. Ele ficou com essa família por 2 meses, depois se mudou para um apartamento com alguns amigos e não parou mais. Morou em vários lugares, quando não tinha onde morar, dormia nos metrôs, vivia de bicos, aprendeu a falar inglês, mas, acima de tudo, teve contato e assimilou a música negra que explodia na época através da Motown e da Stax. Tim Maia ficou nos Estados Unidos por 4 anos, até que foi preso por roubar gasolina e por porte de drogas. Foi deportado e voltou para o Brasil.

Guia turístico preso

Quando voltou, em 1963, a Jovem Guarda já estava acontecendo. Roberto e Erasmo mandavam ver na TV e faziam muito sucesso. Tim Maia desembarcou no Rio de Janeiro sem eira nem beira. Sem trabalho, acabou praticando alguns furtos com um amigo da Tijuca. Até que surgiu uma oportunidade de trabalho: Guia turístico. Graças aos 4 anos nos Estados Unidos, Tim voltou para o Brasil falando inglês fluente, sem sotaque e ainda falando gírias. Os turistas adoravam. Só que quando ele começou a engrenar no trampo de guia turístico, foi ajudar um amigo a roubar umas cadeiras do jardim de uma casa e acabou preso. Na cadeia, como se não bastasse estar encarcerado, ele lê num jornal que Roberto Carlos acabara de comprar seu oitavo carro, um carro de luxo, zero quilômetro. Foi um alivio quando, dois meses depois de ser preso Tim soube que seria solto antes do final de sua sentença. Acontece que um grupo de 40 professores da Universidade de Wiscosin, estava a passeio no Rio de Janeiro, e faziam questão de ter como guia turístico e famoso Tim Maia, que lhes fora muito bem recomendado. Como a sentença já estava para acabar mesmo, a polícia o liberou para o trabalho. Mas assim que foi solto, a primeira coisa que Tim Maia fez foi ir atrás de Roberto Carlos.

Não Vou Ficar

Foi através da esposa de Roberto Carlos, Nice, que Tim Maia finalmente conseguiu falar com a grande estrela da Jovem Guarda. Tim Maia estava atrás de um trabalho, talvez como músico. Mas, durante a conversa, Roberto disse que precisava renovar seu repertório e estava muito interessado na onda de música negra que começava a dar as caras por aqui através de Wilson Simonal e Toni Tornado. Tim Maia então sacou da manga uma música cheia de suingue para Roberto gravar. Não Vou Ficar foi lançada no disco Roberto Carlos de 1969 e foi sucesso absoluto. Tim Maia ganhou algum dinheiro com os direitos da música e teve as portas abertas no mundo das gravadoras. Ele não perdeu tempo e, já em 1970, lançou seu primeiro disco. Um petardo cheio de suingue com clássicos com Coronel Antonio Bento, Cristina, Azul da Cor do Mar e Primavera. O disco foi lançado pela gravadora Polydor, por indicação da banda Os Mutantes, amigos de Tim.

Baurete e Garrastazu

Tim Maia era famoso por criar apelidos e inventar gírias. Ao fazer um show em 1970 na cidade de Bauru, interior de São Paulo, o cantor falou, entre uma música e outra: “Será que alguém aí na plateia não tem um… um… um baurete?” Enquanto falava, ele fazia o indefectível gesto de “soltar pipa”. Um hippie que assistia ao show jogou um baseado no palco para a alegria de Tim, que passou a usar a gíria para maconha. Além da música, um dos pontos em comum entre Tim Maia e os Mutantes, era o apreço por fumar bauretes, tanto que a gíria acabou no título de um dos discos dos Mutantes. Outra gíria que Tim criou foi garrastazu. Se fazendo valer do nome do meio do então presidente do Brasil, o general Emílio Garrastazu Médici, o mais truculento dos presidentes durante a ditadura de 1964, Tim Maia chamava de garrastazu um esconderijo propício para fumar um baurete sem ser incomodado. Certa feita, Tim Maia e os Mutantes estavam no prédio da gravadora Polydor e resolveram fumar um pra relaxar. Tim Maia então diz que descobriu um garrastazu perfeito para queimar um baurete dentro da gravadora, uma salinha fechada, onde fica uma máquina grande e que ninguém fica lá dentro. Pois lá foram eles e mandaram ver nas baforadas. O que eles não sabiam é que o garrastazu em questão era a central do ar condicionado do prédio. De repente, as salas de todos os diretores e funcionários da gravadora foram tomadas por um forte e inexplicável cheiro de maconha.

Universo em Desencanto

Em 1974 Tim Maia já era considerado um dos artistas mais brilhantes da música brasileira. E já corria a notícia que ele estava com sua banda afiadíssima, com material instrumental pronto para um novo disco arrasador. Certo dia, Tim vai na casa de um amigo, fica sozinho na sala por alguns minutos e pega um livro pra folhear, que estava ali jogado. Ele lê frases como “Nós somos originários de um planeta distante e perfeito e estamos na Terra exilados… A única salvação é a imunização racional, que se conquista lendo o livro e seguindo seus ensinamentos. Só assim podemos nos purificar e ser resgatados pelos discos voadores de volta a nosso planeta de origem superior: o Racional Superior”. Tim Maia pirou na ideia, pediu o livro emprestado, o leu de cabo a rabo numa tacada só e logo já estava se enturmando com o pessoal da seita da Cultura Racional. Parou de beber, fumar e usar qualquer tipo de droga, só vestia roupa branca e obrigou todos os músicos da sua banda a, não só se vestir de branco e pintar seus instrumentos de branco, como também os proibiu de beber, fumar e se drogar durante ensaios, gravações e shows. Curiosamente, foi quando Tim Maia produziu seu material mais sofisticado e criativo musicalmente. Mas só musicalmente, porque nas letras… a ladainha o Universo em Desencanto domina a temática dos dois discos lançados nessa época.

Independente na cadeia

Quando Tim Maia fechou as 9 canções do que seria o disco Tim Maia Racional Vol. 1 e as apresentou na gravadora, de cara foi esculachado. Não sem um pouco de razão, os diretores diziam que era suicídio comercial lançar um disco que, musicalmente até que era bom, mas com letras tão estranhas sobre uma seita bizarra. Tim Maia então resolveu se virar. E virou um os primeiros artistas independentes do Brasil. Comprou da gravadora as masters das músicas e criou um selo para lançar o disco pro conta própria. Assim surgiu a Seroma Discos, as primeiras sílabas de seu nome, Sebastião Rodrigues Maia. A Seroma Discos acabou lançando dois discos desta fase, Tim Maia Raciona Vol. 1, de 1974 e Tim Maia Racional Vol. 2, de 1975. Com essa temática toda, os discos não venderam bem, e menos ainda era fácil conseguir vender o show com aquelas músicas, e se negando a tocar sucessos antigos. Eis que surge um convite inusitado. Entro da seita, havia um diretor de um presídio no interior do Rio de Janeiro. Ele convidou Tim Maia a tocar lá para os presos, tal Johnny Cash fizera em 1968. Por incrível que pareça, o show no presídio foi um sucesso, os presos piraram nas músicas e aplaudiram de pé, fazendo com que Tim Maia se acabasse em lágrimas em cima do palco.

Imunização Racional

Talvez não seja à toa que o livro da cultura racional se chame O Universo em Desencanto. Porque quando a pessoa se dá conta da patacoada e enganação que é aquilo tudo, o sentimento deve ser esse mesmo, de desencanto. Numa noite, no fim de 1975, ele flagrou o grão-mestre e líder da cultura racional flertando com algumas garotas, e ele pregava dentre tantas outras privações, o jejum sexual. Tim Maia, que já estava sem dinheiro, fazendo poucos shows e, claro, morrendo de vontade de tomar uns tragos e comer um bife mal passado, se sentiu enganado e mandou tudo às favas. Saiu pela rua gritando que o mestre da cultura racional era um pilantra e mandou um dos músicos da sua banda ir comprar carne, carvão, cerveja, maconha e cocaína. Os músicos respiraram aliviados. Tim Maia estava de volta.

O Síndico

Com o passar dos anos, Tim Maia ficou muito conhecido por seu comportamento errático, ausência em shows já marcados e o abuso de drogas, coisa que ele nunca estimulou, mas também nunca negou que fazia. Apesar disso, entre o fim dos anos 70 e começo dos 90, Tim Maia produziu muito, e com muita qualidade. Entre 1976 e 1990 Tim Maia gravou mais de 14 discos. Mas claro, sua fama de doidão acabou sendo proporcional a sua obra musical.  E essa fama acabou inspirando seu velho amigo da Tijuca a compor uma das músicas mais famosas e emblemáticas dos anos 90 no Brasil. Numa festa de fim de ano da agência de publicidade W/Brasil, Jorge Ben Jor e Washington Olivetto batiam um papo animado sobre a vida entre muitas doses de uísque. Eis que Jorge Ben fala pra Olivetto que sua vida andava tão destrambelhada, que se ela fosse um prédio, o síndico seria Tim Maia. Olivetto gostou tanto da frase que disse que ela tinha que virar música. E virou mesmo. Jorge Ben juntou várias falas e acontecimentos daquela noite com Washington Olivetto e escreveu o clássico W/Brasil (Chama o Síndico), imortalizando Tim Maia como síndico do Brasil. O que é, convenhamos, nada mais justo, afinal num país tão maluco quanto este, não poderíamos ter um síndico mais adequado.

Cantar até morrer

Tim Maia dizia em tom de piada que, antes de seus shows fazia o “triathlon”, que consistia em tomar uísque, cheirar cocaína e fumar um baseado na sequência. Além do consumo em doses cavalares de álcool e drogas, Tim Maia comia muito. Em 1996, por conta da diabetes e obesidade, teve um princípio de gangrena de Fournier, uma infecção aguda na região genital, e precisou ser operado. Ainda assim, não mudou seus hábitos. No dia 8 de março de 1998 ele faria um show grandioso no Teatro Municipal de Niterói, que seria transmitido pelo canal de tv a cabo Multishow e seria registrado em vídeo para ser lançado posteriormente. Tim Maia já não vinha se sentindo bem. Naquela noite, entrou no palco vagaroso, com a respiração forte e suando muito. Começou a cantar a primeira música, Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar). Mas não passou do primeiro verso. Fez um gesto para a plateia, como quem diz, “espera aí, que eu volto.” E saiu do palco. No camarim teve um colapso e foi direto para o hospital de Niterói. Ficou internado até o dia 15 de março, quando faleceu por falência múltipla dos órgãos e infecção generalizada. A morte de Tim Maia acabou ficando marcada. O cantor que se notabilizou por não aparecer para fazer seus shows, acabou morrendo por insistir em comparecer e cantar naquela noite.

Tim Maia foi um artista indescritível. Músico virtuoso, com um ouvido apurado, sabia reconhecer uma canção de sucesso e conseguia interpretá-la com perfeição. Além de todo esse poder artístico, ainda traz consigo uma história de vida riquíssima, cheia de episódios curiosíssimos, engraçados, emocionantes e intensos. Um artista com tanta vida também encanta todo mundo aqui na Strip Me. Dentre nossas camisetas de música, você encontra algumas com referências incríveis ao Tim Maia. Além disso, você ainda pode conferir nossas camisetas de arte, cinema, cultura pop, comportamento e muito mais. É só ficar ligado na nossa loja e ficar por dentro dos últimos lançamentos!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist com o  crème de la crème da obra do Tim Maia. Som pra ninguém botar defeito. Tim Maia Top 10 tracks.

Pra assistir: O filme Tim Maia, escrito e dirigido pelo Mauro Lima é muito bom. Inspirado no livro Vale Tudo, do Nelson Motta, o filme retrata vários desses momentos inacreditáveis, que só o Tim Maia poderia protagonizar. O filme foi lançado em 2014. Ao procurar para assistir, fuja da minissérie da Globo, que recortou em episódios curtos, e acabou cortando algumas cenas importantes.

Para ler: Claro que o livro é sempre muito melhor que o filme. Vale Tudo, a biografia de Tim Maia escrita pelo Nelson Motta e lançada em 2007 pela editora Objetiva é um livro delicioso! Riquíssimo em detalhes, o livro conta toda a trajetória pessoal e profissional de Tim Maia. O livro virou best seller, e não foi à toa. É excelente!

Com Sequências de 2022: Séries e filmes mais aguardados do ano!

Com Sequências de 2022: Séries e filmes mais aguardados do ano!

Existe uma grande diferença entre saudosismo e nostalgia. O saudosismo é uma saudade tão grande de um momento vivenciado, que a pessoa sente necessidade de reviver aquele momento. Sabe quando aquele seu tio de cinquenta e tantos anos fica bêbado no churrasco e resolve tentar andar no seu skate “em nome dos velhos tempos”? Então, isso é saudosismo. Já a nostalgia é um sentimento mais sereno e doce, é a lembrança do momento vivido, que quando rememorado, traz alegria, mas não a vontade de voltar no tempo para revivê-lo.  Porém, existe um mundo onde saudosismo e nostalgia se misturam, onde podemos reviver emoções, rever pessoas às quais nos apegamos e, claro, às vezes nos decepcionarmos também. É claro que estamos falando do mágico e maravilhoso mundo do entretenimento, com suas sequências e spin-offs!

2022 é, sem dúvida, um ano de retomada. A pandemia não acabou, é verdade, mas está controlada. O mundo vem, cada vez mais, voltando á sua normalidade. Produções de séries que tinham sido adiadas em 2020 e 2021 por conta do distanciamento social, voltaram com força total. O mesmo acontece na produção de filmes, já que as pessoas estão voltando a frequentar as salas de cinema. E essa turma toda sabe o quanto nós somos apegados às nossas séries e filmes favoritos. Portanto, o que melhor para instigar ainda mais o público do que proporcionar o reencontro com antigos e queridos personagens, fazer referência a histórias que já conhecemos e amamos e, dentro de todo esse contexto, nos apresentar novas aventuras. Por isso, este ano já chegou recheado de novidades sobre alguns de nossos velhos conhecidos. Selecionamos aqui 5 séries e 5 filmes que são sequências ou spin-offs lançados em 2022 pra você conferir. Então já separa aí sua camiseta de série ou de cinema favorita e vamos à lista!

House of the Dragon

Esta série, que acabou de estrear na HBO, é um presente a todos os fãs que, desde 2019, estão órfãos de uma das séries mais emblemáticas e populares da última década no mundo todo: Game of Thrones. House of the Dragon é ambientada em Westeros e os acontecimentos narrados se passam 172 anos antes do início da saga de Ned Stark, em Game of Thrones. A série já havia sido anunciada em 2019, com o envolvimento do autor, George R. R. Martin, tudo certinho. Mas a pandemia acabou atrasando a produção. Agora, House of the Dragon já está disponível. Não importa se você está no hemisfério norte ou sul do planeta, se prepare. Porque neste ano, em agosto… “Winter is coming!”

Better Call Saul

Para muita gente, Breaking Bad é a melhor série de todos os tempos. Parece exagero, mas a afirmação tem fundamento. Claro, já houveram séries mais impactantes, mais cultuadas e que viraram clássicos eternos. Mas pouquíssimas conseguiram o feito de Breaking Bad: Manter a história nos trilhos, uma tensão crescente, personagens carismáticos e uma trama com começo, meio e fim, impecável. Não teve aquele negócio de colocar uma temporada a mais pra faturar. Em compensação, um ano depois do fim da série, já foi laçada uma nova série, um spin-off de BB, protagonizada por um dos personagens mais divertidos de Breaking Bad, o advogado Saul Goodman. Better Call Saul é uma serie divertidíssima, recheada de referências a BB e com uma trama igualmente instigante. A série chega ao seu final neste ano. A última temporada já está disponível na Netflix, para os fãs se despedirem com todas as honras deste personagem tão maravilhoso.

Stranger Things

Se é nostalgia e saudosismo que você quer, então Stranger Things é a pedida ideal. A série que estreou em 2016 com um sucesso estrondoso na Netflix mistura Steven Spielberg e Stephen King num caldeirão de referências à cultura pop os anos 80. A quarta temporada da série, lançada recentemente na Netflix, já fez um baita estrago! Além de ser sucesso de público e crítica, graças a Stranger Things, Metallica e Kate Bush bombaram no Spotify, e tem muita gente por aí que não só comprou a camiseta do Hell Fire Club, como andou tirando a poeira dos livros e tabuleiros de RPG. A quarta temporada, lançada neste ano, era super aguardada e supriu todas as expectativas. Agora é esperar pela quinta temporada, que já está prometida. Será que finalmente veremos Mike, Dustin, Will, Lucas, Max e Eleven adolescentes nos anos 90 ouvindo pela primeira vez o Nevermind, tornando assim profética a camiseta da Strip Me Smells Like Teen Spirit? To be continued…

O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

Por si só, os livros de Tolkien já são clássicos absolutos e ícones incontestes da cultura pop. Quando o diretor Peter Jackson, antes de se meter com aquela turma de Liverpool, concebeu a trilogia O Senhor dos Anéis no cinema, a saga de Frodo tomou proporções inimagináveis! E quando a gente achava que tudo já tinha sido feito, a Amazon anuncia a produção de uma série exclusiva baseada na obra de Tolkien. Com estreia anunciada para 2 de setembro de 2022, a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder é um prequel. A série se baseia na Segunda Era das histórias de Tolkien, que se passam na Terra Média milhares de anos antes das histórias contadas nos filmes O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Além de ser muito aguardada, a série já esta se tornando célebre por ser uma das produções mas caras da história. Ainda bem que tem muita gente mesmo disposta a pagar pra ver!

1899

Esta série está um pouquinho deslocada do tema geral desta post, mas se encaixa por ser tão aguardada e ter ligação com uma das séries mais hypadas dos últimos anos: a série alemã Dark. 1899 é escrita e produzida pela dupla Baran Bo Odar e Jantje Firese, criadores de Dark. Nesta nova série, tudo se passa num navio que zarpou da Europa ruma aos Estados Unidos, cheio de imigrantes de diversas nacionalidades, que vão buscar uma nova vida na América. Malandramente, a Netflix ainda está fazendo suspense quanto a data de lançamento da série, mas estima-se que vai acontecer entre outubro e novembro. O trailer que já está rolando é realmente instigante, e se tiver a mesma pegada de mistério e suspense de Dark, tem tudo pra ser uma série maravilhosa. Como não há muito mais informações, só nos resta aguardar. Estamos todos no mesmo barco.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

Entrando no território do cinema, começamos com o terceiro filme da franquia “Animais Fantásticos”, um spin-off do universo de bruxarias de Harry Potter & Cia, criação da escritora J. K. Rowling. O filme estreou em abril e fez estardalhaço entre os fãs da Franquia Harry Potter/Animais Fantásticos. A história que começou a ser contada no filme Animais Fantásticos e Onde Habitam, de 2016 acontece algumas décadas antes de Harry Potter ser iniciado no mundo da bruxaria, mas já conta com alguns personagens familiares à turma que conhece Hogwarts. É diversão garantida.

Jurassic World: Dominion

Em 1993 Steven Spielberg revolucionou o cinema com o grandioso Jurassic Park. Com tecnologia de última geração na época e um roteiro cativante, o filme arrebatou uma verdadeira fortuna de bilheteria e instaurou uma dinomania mundo afora. O filme rendeu ainda mais dois filmes, de 1997 e 2001, não tão bem sucedidos e inovadores, mas acabam sendo bem divertidos. Já se distanciando da trama dos 3 Jurassic Parks iniciais, surge em 2015 Jurassic World, com uma outra pegada e novos personagens. O filme é bem legal e traz o carismático Chris Pratt como protagonista. Em 2018 sai Jurassic World: Reino Ameaçado. E finalmente agora, em junho de 2022, foi lançado Jurassic World: Dominion. Este filme foi tão aguardado porque prometia unir as histórias, trazer referências do primeiro Jurassic Park, incluindo a participação dos atores Sam Neill como Dr. Alan Grant, Laura Dern como a Dra. Ellie Sattler e Jeff Goldblum como o Dr. Ian Malcolm. Não é um filme memorável como o primeiro da franquia, mas pelas referências, os efeitos especiais e as cenas de ação, é um filme muito empolgante.

Pânico

Wes Craven e Kevin Williamson reinventaram o gênero terror em 1996, com o clássico Pânico, título original: Scream. Com pitadas de humor e uma toneladas e referências a filmes clássicos do gênero, Pânico se tornou sucesso absoluto e ganhou 3 sequências: Pânico 2, em 1997, Pânico 3, em 2000 e Pânico 4, em 2011. Quando foi anunciado mais um filme para a franquia, ano passado, o público se dividiu entre fãs empolgados com altas expectativas e fãs críticos ressabiados pelo fato de um filme não ter no roteiro e direção a dupla de criadores, Craven e Williamson. Sem ter o número 5 no título, o novo filme aparece somente como Pânico, e acaba funcionando como um reboot da franquia. Por fim das contas, o filme estreou em janeiro deste ano e fez muito sucesso! Repleto de auto referências e easter eggs, Pânico, aparentemente, eixou todo mundo de queixo caído.

Avatar 2

Avatar encantou o mundo e, não à toa, ganhou 3 Oscars, nas categorias Direção de Arte, Fotografia e  Efeitos Visuais. Lançado em 2009, o filme de James Cameron segue até hoje sendo a maior bilheteria da história do cinema, com mais de 2,8 bilhões de dólares! Então, você calcula aí como deve estar a expectativa, não só do público que quer ver um novo Avatar, mas dos produtores que investiram uma grana nesse projeto. Pois bem, tudo indica que Avatar 2 será uma sequência direta do primeiro filme, que conta com o mesmo elenco, James Cameron na direção… tudo certinho. A continuação da história de Pandora agora vai pegar o caminho dos oceanos e promete mais uma explosão de efeitos visuais. O filme está prevista para estrear no dia 15 de dezembro deste ano. Fábio Porchat pintado de azul ainda não confirmou presença.

Top Gun: Maverick

Se é nostalgia que você quer, ela vem á jato! Bom, mais ou menos, né… afinal, essa sequência demorou 34 anos pra chegar. Mas chegou com os dois pés no peito! Lançado em maio deste nos cinemas, Top Gun: Maverick é empolgante e divertido. Apresenta uma trama simples, mas bem desenvolvida em torno de Maverick, personagem de Tom Cruise, e joga na tela o que o povo gosta de ver no cinema: cenas de ação e muitas explosões! Além disso, o longa tem um sabor muito especial para quem viveu na época e assistiu o clássico Top Gun nos anos 80. É uma sequência que vem repleta de referências e funciona como homenagem ao já falecido diretor do primeiro filme, Tony Scott, e ao ator Val Kilmer, cujo personagem Iceman é fundamental no primeiro filme. Kilmer teve que ter sua voz recriada para este novo filme, já que ele vem lutando contra um câncer na garganta. Enfim, um filme divertidíssimo, daqueles que você termina de ver com a energia aqui ó, lá em cima!

E se o mundo do entretenimento, séries de TV  e filmes, se reinventam e ressurgem sempre trazendo novidades, assim também é a Strip Me, que pega todas essas referências, tantas séries, filmes, discos e recodifica, te entregando camisetas de séries surpreendentes, camisetas de filmes super descoladas, camisetas de música inspiradoras, camisetas de obras de arte provocantes, além de muitos outros temas incríveis envolvendo cultura pop e comportamento. Sem falar que, assim como o mundo do entretenimento, a Strip Me está constantemente lançando novidades, numa produção incansável! Então entra na nossa loja pra conferir e conhecer todos esses lançamentos!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist esperta com referências a todas as séries e filmes citados neste post! Com Sequências de 2022 – Top 10 tracks.

Para ler: Pouca gente sabe, mas o clássico filme Jurassic Park, de 1993, foi feito baseado num livro. Pois é.  Jurassic Park, o livro, foi escrito em 1990 por Michael Crichton e traz uma narrativa um pouco mais densa e sombria do que a retratada no filme. É um livro excelente, que vale muito a pena ser lido. Ele saiu aqui no Brasil pela editora Aleph em 2015 com um tratamento gráfico bem caprichado.

Nossa Senhora Rainha do Mar

Nossa Senhora Rainha do Mar

O ano era 1962. O poeta Vinícius de Moraes e o violonista Baden Powell começavam uma parceria, que se mostraria muito prolífica no futuro. Era noite, os dois na casa de Vinícius conversavam e tomavam uísque enquanto ouviam música e buscavam inspiração para começar a compor. O Poetinha então coloca pra tocar uma fita que ganhara de um amigo baiano, com gravações feitas ao vivo de sambas de roda cantados em alguns terreiros de candomblé de Salvador. Aquelas músicas pegaram a dupla de jeito! Enquanto Vinícius de Moraes se encantava com a sonoridade das palavras de origem africana, as melodias simples e cativantes, Baden Powell ficou fascinado com os ritmos e em especial, com o som do berimbau. A dupla mergulhou na cultura afro-brasileira, de onde emergiu, em 1966, um dos discos mais importantes da música popular brasileira: Os Afro Sambas, de Vinícius de Moraes e Baden Powell.

Se hoje em dia uma figura como Iemanjá é tão presente na cultura brasileira, com certeza deve-se muito à obra de Vinícius e Baden. Foram eles que tiraram a cultura afro-brasileira dos guetos e apresentou para toda uma sociedade branca e judaico-cristã as belezas do candomblé e da umbanda, tornando Iemanjá, em especial, sua figura mais carismática e acolhedora. E não é para menos. A história de Iemanjá é riquíssima e cheia de mistérios!

Para entender a origem de Iemanjá, precisamos ter mente que ela resulta de diferentes lendas, cada uma vinda de um lugar diferente da África. Por si próprio, o candomblé é uma religião genuinamente brasileira, com matrizes africanas. Como bem sabemos, o Brasil recebeu milhões de negros escravizados, vindos da África. E eles vinham de povos e tribos muito distintas entre si. Congo, Moçambique, Guiné Bissau, Angola, Nigéria, Senegal… cada um desses países contavam com povos de culturas e crenças diferentes, mas com uma ou outra similaridade. O candomblé é o resultado do sincretismo entre essas culturas, onde predomina o Iorubá. A palavra Iorubá destina-se tanto a um grupo étnico, como também a uma religião, que é regida pelos orixás. Entre esses orixás, está Iemanjá.

Olocum é um dos mais antigos e poderosos orixás. Ele é o senhor soberano dos mais profundos oceanos. Reza a lenda que Iemanjá é sua filha. Já adulta, Iemanjá se casou e teve dez filhos, todos se tornariam orixás, ou seja, divindades. Para amamentar todos os filhos, ela acabou desenvolvendo seios muito grandes. Isso fez com que ela tivesse vergonha de si mesma, e também sofresse com chacota de outros orixás, incluindo seu marido. Cheia de raiva e vergonha, ela decide abandonar o marido e partir para outras terras. Nessa jornada, ela se apaixona por um rei muito possessivo. Porém esse rei a trai e ela, mais uma vez resolve partir. Mas o rei era muito poderoso e a perseguia por toda parte. Iemanjá então usou uma poção mágica dada por seu pai para escapar do rei. Tal poção a transformou num rio que desaguava no mar. Assim, Iemanjá se tornou a rainha dos mares e dos navegantes.

Existe ainda uma outra lenda interessante relacionada a origem de Iemanjá. A lenda conta que o primeiro filho de Iemanjá, Orungã, teria nutrido uma paixão incontrolável pela mãe. Certa feita, Orungã se aproveitou da ausência do pai para tentar violentar sua mãe. Iemanjá conseguiu escapar, mas, ao correr, acabou tropeçando e caindo e batendo a cabeça. Tal queda acabou por matá-la. Seu corpo então começou a inchar, e de seus seios e ventre, começaram a jorrar água, seu corpo se tornando um rico manancial de vida, que deu origem a um rio que desaguava no mar. Desse jorro de vida se originaram todos os outros orixás, como Xangô, o deus do trovão, Ogum, deus do ferro e das guerras, Oiá, deusa do rio Níger, Oxóssi, o deus dos caçadores e Omolu, o deus das doenças.  Essa versão da origem de Iemanjá, além de coloca-la como geradora de todos os orixás, alçando-a a importância e poder comparado somente a Oxalá, o orixá supremo, traz uma semelhança curiosa com a lenda do rei grego Édipo, que também se apaixonou por sua mãe, que também acaba morta.

Ainda há de ser dito que os sincretismos religiosos no Brasil uniram as religiões de matriz africana com o cristianismo. Surge assim a Umbanda. Neste caso os orixás também são reconhecidos como santos. No caso, Oxalá, o orixá supremo, é representado pela santíssima trindade: Pai, Filho e Espirito Santo e Iemanjá é reconhecida como Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade e a própria Virgem Maria.

Seja qual for a origem de Iemanjá, o fato é que ela é um dos orixás mais poderosos e amados do candomblé. Festas e ritos em sua homenagem são realizados em várias cidades do Brasil em datas diferentes. Os mais famosos são as oferendas de Ano-Novo no Rio de Janeiro, onde, no dia 31 de dezembro, os devotos, ou filhos e filhas, de Iemanjá lançam ao mar suas homenagens. O mesmo acontece em Salvador todo dia 2 de fevereiro. A festa de Iemanjá de Salvador é a maior e mais famosa das celebrações à orixá. Neste dia, peixes, arroz, mel, rosas e palmas-brancas são colocados em pequenas canoas de madeira e soltas no mar. É comum que algumas dessas canoinhas sejam levadas pela correnteza de volta para a praia. Nestes casos, julga-se que Iemanjá não aceitou a oferenda.

Iemanjá é a personificação perfeita da cultura e espiritualidade brasileira. A imagem de uma mulher negra linda, purificada pelas águas dos rios e mares. A riqueza de sua personalidade, a multiplicidade de lendas envolvendo sua origem, sua representatividade na arte, música e religião do Brasil também encantam a todos nós da Strip Me. Por isso, entre tantas estampas incríveis e cheias de brasilidades, claro que Iemanjá ganhou seu espaço de destaque. Além disso, você ainda encontra camisetas de arte, de cinema, de música, de cultua pop e muito mais. Confere lá na nossa loja, onde, além de tudo, tem sempre lançamentos novos pipocando.

Vai fundo!

Para ouvir: o invés de uma playlist com um top 10, a recomendação é ouvir o clássico disco de Vinícius de Moraes e Baden Powell Os Afro Sambas, lançado em 1966. Um disco lindíssimo e muito inspirado. Além de sua beleza, é um disco fundamental por ter incorporado de forma intensa instrumentos de percussão  tipicamente africanos como o atabaque, congas e berimbau, que até então não eram utilizados na música popular brasileira. Além disso, foi o disco que apresentou o candomblé como fonte essencial da cultura numa época em que o Brasil vivia uma ditadura militar e imperava o pensamento conservador e exclusivamente cristão. É um disco fundamental. Ouça aqui.

BAUHAUS

BAUHAUS

Existem alguns termos que nos soam muito contemporâneos. Funcionalidade, menos é mais, acessibilidade, dentre outras, são expressões muito atuais. Acontece que 100 anos atrás elas já eram largamente usadas. Não só usadas, mas aplicadas de fato. Por 14 anos essas palavrinhas, cheias de conceitos nortearam uma escola como nunca existiu antes. Uma escola agregadora, moderna e, claramente, muito a frente do seu tempo. Portanto, em prol da funcionalidade deste texto e tendo sempre em mente que menos é mais, vamos direto ao ponto.

Em alemão, haus significa casa e bauen significa construir. A união das duas palavras numa só, Bauhaus, significa obviamente casa da construção. Parece um slogan ruim para uma loja de materiais de construção, é verdade. Mas Bauhaus foi o nome dado a uma escola concebida por um arquiteto de muito talento chamado Walter Gropius. A ideia de Gropius era implementar uma escola que transformaria uma só pessoa em artista, construtor e artesão, ensinando desenho, design, arquitetura, tecelagem, metalurgia e marcenaria. Sob esta concepção, se democratiza o conhecimento e incentiva a criação de novas e acessíveis soluções para a vida urbana. O problema é que, não só Gropius concebia uma escola com conceitos de vanguarda, muito avançados para a realidade de seu tempo, como também o fazia numa época complicada da história ocidental, em especial onde ele vivia: a Alemanha.

Em junho de 1914 o arquiduque Francisco Ferdinando (ou Franz Ferdinand para os mais chegados), que era herdeiro do trono do reino da Áustria, foi assassinado. Tal crime acabou sendo oficialmente o pontapé inicial da Primeira Guerra Mundial. A guerra durou até 1918. Um dos oficiais alemães que participou do conflito foi justamente Walter Gropius. A guerra causou nele forte impacto. Ele começou a sonhar com o momento em que a humanidade domesticaria as máquinas em benefício do homem, e não para a sua morte. Com o fim da guerra, Gropius tinha claro em sua mente que precisava fazer parte de algo totalmente novo, que pudesse mudar as condições em que ele vivera antes e durante a guerra. Justamente nesta época, em 1919, ele foi convidado a assumir a direção da Escola de Artes Aplicadas de Weimar. Era a chance que ele precisava.

Weimar é uma cidade pequena no centro da Alemanha. No início do século XX, era muito provinciana, porém já era conhecida por conta de um de seus ilustres moradores: Goethe, o famoso poeta do século XVIII. Logo que Gropius assumiu a Escola de Artes Aplicadas, uma espécie de universidade pública especializada em engenharia, arquitetura e artes, logo tratou de rebatizá-la de Bauhaus, a casa da construção, incluir novos cursos e construir grandes oficinas com maquinário pesado. Seu projeto era ambicioso, mas teve apoio do governo, porque uma das promessas é que a escola criaria projetos e construiria casas planejadas, com custo muito baixo. Era o tipo de coisa que a Alemanha precisava com urgência depois de ser arrasada pelo Tratado de Versalhes no fim da guerra.

E assim foi. Bauhaus começou a todo vapor. Os alunos que se matriculavam, logo de início já tinham aulas básicas de desenho e, em seguida, de materiais e formas. Tudo era racional e muito objetivo. Os alunos não aprendiam logo no início do curso história da arte, por exemplo. Gropuis julgava que tudo deveria ser criado por princípios racionais e intuitivos e não por padrões herdados. Os alunos só iriam estudar diferentes movimentos artísticos no quarto ano de estudo, quando suas criações já estariam em desenvolvimento com personalidade própria. Depois das aulas de desenho básico, os alunos partiam para as oficinas, para colocar em prática as noções de proporções, dimensão e formas. Começavam desenvolvendo pequenos utensílios como canecas e luminárias. Tudo que poderia ser imediatamente produzido em larga escala. Assim, já ganhavam as noções de design. Pois tudo era feito sob a supervisão de um artista plástico e um artesão. A combinação da estética do artista com o conhecimento do artesão fazia com que os produtos criados fossem diferentes, bonitos, modernos, mas sempre funcionais. Já num nível mais avançado a promessa de se produzir casas foi cumprido. Várias casas em Weimar foram construídas com uma arquitetura moderna, limpa e harmônica. As casas eram erguidas com placas pré-fabricadas, armações de ferro e vidro. Tudo otimizando o tempo de construção e barateando os custos. As casas, bem mais baratas que as de alvenaria tradicional, vendiam muito bem, apesar da altíssima inflação e crise econômica que invadia a Alemanha, fazendo com que grupos políticos extremistas ganhassem as ruas. O ano era 1924 e o partido nazista, fundado em 1920, crescia a olhos vistos.

Nessa época Bauhaus já contava com um corpo docente invejável e produzia o que havia de mais moderno em móveis e utensílios domésticos e sua arquitetura se desenvolvia e forma brilhante. Além de Gropius, lecionavam, e davam workshops e mentorias na Bauhaus o pintor alemão Lyonel Feininger, o escultor Gerhard Marcks, o pintor, escultor e designer alemão Oskar Schlemmer, que dirigiu a oficina de teatro, os pintores suíços Johannes Itten e Paul Klee, e o pintor russo Wassily Kandinsky, além do holandês Theo van Doesburg, arquiteto, artista plástico e um dos fundadores do movimento De Stijl, que exaltava o movimento modernista, criava novos paradigmas para a arte abstrata e posteriormente daria nome ao melhor disco da banda White Stripes. Apesar de exercer influência direta na arquitetura e no design, Bauhaus também foi muito importante para a arte na Alemanha, pois reunia artistas, ministrava simpósios e debates, rolavam exposições e a criação sem limites era incentivada. Era um momento de efervescência na Alemanha culturalmente. Em paralelo com a vanguarda de Bauhaus, se desenvolvia o expressionismo no cinema alemão, que praticamente inventou os filmes de terror através de clássicos como O Gabinete do Dr. Caligari, de 1920 e Nosferatu, de 1922. Toda essa aura de arte e vanguarda da Bauhaus começou a incomodar os provincianos e conservadores moradores da pequena Weimar. Em 1924 o partido nazista, que começou no sul da Alemanha, em Munique, já espalhava seus ideais conservadores por toda a Alemanha. Em 1925 tornou-se inevitável que a Bauhaus fosse transferida para uma cidade maior. Gropius então projetou um belíssimo prédio para abrigar todas as oficinas, laboratórios, salas de aula, além de contar com um auditório, refeitório e etc, na cidade de Dessau, ao norte da Alemanha.

A Bauhaus se muda então para Dessau em 1925. Mas começa a sofrer cada vez mais perseguições. O fato de Kandinsky ser russo e da grande maioria dos artistas vinculados a escola serem entusiastas do comunismo não ajudava em nada. O contexto geral também era preocupante. Em 1929 a Alemanha tinha 40% de sua população sem emprego e a inflação atingia a estratosfera. O partido nazista, já muito popular, começou a apontar o dedo para supostos culpados, os dois principais alvos eram comunistas e judeus. A maioria dos nomes mais importantes da escola, pouco a pouco, foi abandonando seus postos e fugindo do país. Em 1932, numa tentativa de se realinhar e continuar em atividade, a Bauhaus mais uma vez mudou de cidade, se instalando na capital Berlim. Mas já era tarde demais. Em 1933 Hitler assume o poder na Alemanha. Bauhaus é fechada e Walter Gropius se muda para os Estados Unidos antes que acabasse preso.

A Bauhaus como espaço físico acabou em 1933. Mas continua vivíssima como escola e movimento artístico. Bauhaus é um dos pilares mais consistentes do design no mundo, uma corrente ativa na arquitetura e uma referência inequívoca para as artes. Para ter uma dimensão, basta olhar para Brasília. Os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer foram diretamente influenciados pela arquitetura desenvolvida na Bauhaus e conceberam a capital do Brasil com prédios super modernos, esteticamente lindos e totalmente funcionais em suas linhas retas e espaços amplos. Enquanto isso, Walter Gropius deu sequência ao seu legado pessoal como arquiteto lecionando em Harvard e erguendo edifícios monumentais, principalmente em Chicago, New York, Pittsburg e Boston, onde morreu.

É tanta informação e tamanha a importância da escola, que acabamos nem mencionando que, além de tudo, Bauhaus também acabou se tornando o nome de uma banda de pós punk da Inglaterra. Claro que a banda foi batizada cm este nome em homenagem à escola alemã. Nada mais justo. A Strip Me, que sempre teve em alta conta camisetas de design, camisetas de arte e camisetas minimalistas, também não poderia deixar de homenagear a escola de Bauhaus, seja publicando este texto, como também lançando estampas super especiais inspiradas neste revolucionário movimento artístico alemão. E assim como a Bauhaus, a Strip Me sempre continua indo além, então você também encontra camisetas de música, cinema, cultura pop, comportamento e muito mais! Confere lá na nossa loja e fica esperto pra estar sempre por dentro dos novos lançamentos!

Vai fundo!

Para ouvir: Claro! Uma playlist selecionando as melhores canções desta que é uma banda excelente e tem uma personalidade e sonoridade tão marcantes quanto o movimento artístico que lhes dá o nome. Top 10 tracks Bauhaus!

Para assistir: Vale a pena assistir o documentário feito para a TV britânica Bauhaus: A Face do Século XX, dirigido por Julia Cave e escrito por Frank Whitford, veiculado na TV em 1994. É um documentário curto, mas muito bem montado, com depoimentos e muitas imagens. Vale a pena conferir. Tem completo e legendado no Youtube. Link aqui.

O boteco é nosso!

O boteco é nosso!

Olha, se Deus é brasileiro a gente não sabe. Mas que Lavoisier nasceu no lugar errado, isso não há dúvida. Porque se tem uma coisa que brasileiro manja muito é transformar as coisas. A frase mais famosa dele devia ser assim: “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, principalmente no Brasil.”. Aqui nós fritamos o sushi, fizemos o cheque pré-datado, desenvolvemos o futevôlei, levamos pipoca do supermercado pra comer no cinema, temos pelo menos 14 feriados por ano… é muita coisa! Mas tem uma coisa genuinamente brasileira, que foi desenvolvida e sendo transformada ao longo do tempo, que é certamente um dos maiores patrimônios do país. Um espaço absolutamente livre e democrático, onde a percepção de tempo e espaço é distorcida, onde cheiros e sabores, de procedência muitas vezes desconhecida, são inebriantes, onde todo mundo tem lugar de fala, falando alto na maioria das vezes e onde aquele líquido amarelo-ouro reluzente, servido gelado num copo americano ou numa tulipa é o agregador mais eficiente do mundo. Se você ainda não entendeu, pode passar a régua, pagar a parcial e sair da mesa! Afinal, estamos falando do boteco! 

A história da cerveja você certamente já conhece, pelo menos superficialmente. Vem lá dos sumérios seis mil anos atrás, que fermentavam cereais e bebiam, dava um barato gostoso, depois vieram os monges, a lei de pureza alemã… e cá estamos. Agora, o boteco, este templo dionisíaco simplificado, este capeta em forma de guri, veio sendo moldado ao longo do tempo. Lá na Grécia Antiga, tempo dos filósofos como Aristóteles e Platão, ainda não existia nada parecido com o conceito de bar. Os homens se reuniam em casa mesmo, convidavam a turma para tomar vinho e falar sobre filosofia, esportes (lembre-se que os jogos olímpicos nasceram lá) e outros assuntos. Eles chamavam essas reuniões de “symposium”, e devia ter uma aura bem parecida com o boteco. Depois a palavra acabou sendo designada para encontros acadêmicos para estudos. Sempre tem uns nerds pra desvirtuar o rolê… enfim. Já na idade média, as hospedarias e estalagens onde pernoitavam mascates, caixeiros viajantes, marinheiros e etc sempre tinham um salão onde eram servidas refeições e bebidas. Com o tempo, esses lugares passaram a se tornar populares entre cidadãos que queriam se embriagar, descolar um rabo de saia e até mesmo conspirar contra o reino sem chamar a atenção. Algumas dessas hospedarias passaram a abandonar esse negócio de hospedagem e passaram a só servir bebida e comida. Surgem as tavernas, que evoluíram para os bares. 

Mas, convenhamos, bar ou pub nenhum no mundo se compara ao nosso bom e velho boteco. Que, é claro, tem uma origem peculiar. Até a chegada da família real em 1806, o brasileiro não tinha o hábito de beber. Eram poucos os estabelecimentos como hospedarias ou tavernas. Até porque a vida era essencialmente rural e não existia uma classe média urbana. Foi só com a chegada da corte portuguesa que o país começou a ter mais influência de costumes culturais e sociais europeus. Entre o fim do século dezenove, começo do século vinte, não existiam supermercados, existiam pequenas mercearias, mercadinhos, que eram conhecidos como bodegas. Em algumas dessas bodegas, em fins de tarde, alguns homens saíam do trabalho e passavam ali para comprar um pão pra levar pra casa e aproveitavam para comprar uma garrafa de cachaça e dividiam entre eles, batendo papo. Alguns donos dessas bodegas sacaram isso e começaram a vender outras bebidas e colocar umas mesinhas e cadeiras por ali. A coisa se popularizou, e na linguagem popular, a bodega evoluiu pra boteco. 

Já nos anos 30, os botecos, carinhosamente apelidados de botequins, ganharam o formato que conhecemos hoje. Lugares pequenos, com um balcão simples, prateleiras repletas de garrafas, algumas mesas e cadeiras, que se tornavam ponto de encontro de pequenos grupos de homens que moravam e/ou trabalhavam na redondeza. Foi graças a botecos como estes que Tom Jobim e Vinícius de Moraes se conheceram, que Adoniran Barbosa conseguiu ingressar no rádio e tantos outros acontecimentos se realizaram. Foi por causa de um boteco, hoje tradicionalíssimo, que alguma coisa aconteceu no coração de Caetano Veloso, no cruzamento da Ipiranga com a avenida São João. De Noel Rosa a Reginaldo Rossi, todo mundo já cantou sobre o boteco, ele já faz parte da nossa cultura. Como nem todo boteco é igual, separamos três categorias distintas de botecos. 

Tem o boteco raiz mesmo, aquele de bairro. É aquele em que das três ou quatro mesas existentes, cada uma é de uma cor, com uma marca de cerveja diferente, sempre tem uma televisão pendurada passando um jogo de futebol, tem dois ou três tiozinhos eternamente escorados no balcão intercalando doses de cachaça e cerveja, no balcão tem um suporte com aqueles salgadinhos de marca desconhecida, um pote engordurado cheio de um líquido turvo onde repousam ovos cozidos, ao fundo uma prateleira cheia de garrafas das mais variadas bebidas, em volta das mesas grupos de jovens adultos tomando cerveja e conversando animadamente e ao fundo, vindo de uma caixinha de som estourada, ouve-se modas de viola e música sertaneja em geral. Botecos raiz com uma infraestrutura um pouco melhor, contam também com uma mesa de sinuca e oferecem uma variedade um pouco maior de marcas de cerveja. 

Tem também o bar moderno, uma evolução do boteco. É um lugar mais amplo, com muitas mesas, todas iguais, normalmente de madeira, as mesas estão dispostas na parte externa, que pode ser uma varanda ou a calçada, e na parte interna, bem decorada, com luminárias e fotos antigas emolduradas e penduradas na parede. Tem um vasto cardápio de porções e petiscos, bem como várias marcas de cerveja, sem contar os drinques que podem ser feitos à base de gin, saquê, vodca ou cachaça. Ah, sim, e sempre tem pelo menos uma opção de chopp. Costuma ter música ao vivo depois das oito da noite, e mesmo quando é música ambiente, invariavelmente prevalece a MPB, e Djavan reina absoluto. 

E tem o boteco padrão, que não é nem lá e nem cá. É um lugar despojado. Não tem decoração, a maior parte das mesas fica na calçada, o cardápio é uma folha de papel plastificada com meia dúzia de opções, que variam entre torresmo, frango à passarinho, pastel e espetinhos variados. A cerveja é sempre muito gelada e tem várias marcas. Não tem música ao vivo, o que toca na caixa de som varia entre pagode e sertanejo. Os clientes se tornam tão frequentes que os dois únicos garçons do estabelecimento já conhecem quase todo mundo pelo nome. Para muita gente, tais estabelecimentos são conhecidos como “o melhor lugar do mundo”. 

  Como foi dito no começo do texto, os botecos são lugares totalmente democráticos, porque é onde é possível se falar sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo. Problemas econômicos e políticos do país são resolvidos entre piadas de gosto duvidoso. Discussões infinitas sobre futebol são travadas, mas também é possível se falar sobre cinema europeu, relacionamentos amorosos, viagens, curiosidades, combinar churrascos… tudo com a mesma leveza. Também são lugares onde o tempo e espaço são distorcidos. Afinal como é possível você chegar lá seis da tarde, sentar, começar a conversar, tomar umas três ou quatro cerveja (aparentemente) e de repente já ser dez da noite? E mais. Como é possível que uma mesa que começou com três pessoas às sete da noite, às nove já tenham em volta da mesma mesa 14 pessoas? Não dá pra entender! Mas é a mágica do boteco. 

É o lugar onde tudo é permitido. A pessoa que está de dieta, ao entrar no boteco, fica automaticamente liberada para comer um torresmo bem fritinho e tomar uma caipirinha, vá lá, com adoçante. É onde a pessoa que leva a cerveja até você ganha os mais variados títulos e adjetivos: “Ô mestre, vê mais uma aqui!” “Campeão, traz mais uma e dois copos!” ”Professor, fecha aqui pra nós!” “Amigão, me vê um cu de burro!” “Meu consagrado, traz aquela cachacinha!”. O boteco é sim um templo. Não religioso, mas espiritual, onde após toda uma semana de stress, cansaço, irritação, esforço e preocupações, você vai para descarregar isso tudo das costas e celebrar as coisas simples e deliciosas da vida, ao lado de pessoas que você genuinamente gosta, admira, se identifica e te faz bem ter do lado. A mesa do bar é tudo que a dinâmica de grupo, do RH da firma, queria ser, mas não consegue. 

O boteco é coisa nossa! Faz parte da nossa identidade e da nossa cultura. Cultura pop tupiniquim, alegria, diversidade e amizade! Tudo que a Strip Me faz questão de celebrar e espalhar mundo afora, através de camisetas com estampas deliciosas e malemolentes fazendo referência aos botecos e à cervejinha nossa de cada sextou. E não é só isso, tem camiseta de música, arte, cinema, cultura pop em geral e muito mais. Dá uma olhada lá na nossa loja, aproveita pra salvar o endereço e voltar sempre pra ir conferindo os lançamentos que vão pipocando. 

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist no capricho pra você sentar e relaxar tomando uma gelada, com o que há de melhor sobre boteco! Música de Boteco top 10 tracks

Para assistir: A encarnação do clima de boteco está impressa no irretocável curta metragem Tarantino’s Mind. Aqui Selton Mello e Seu Jorge conversam sobre teorias e códigos envolvendo os filmes de Quentin Tarantino. E fazem isso onde? No único lugar possível, claro! Na mesa de um boteco! O filme é escrito e dirigido por Bernardo Dutra e Manitou Felipe e foi lançado em 2006. E está completinho no Youtube. É só clicar aqui

Stranger Things & Amazing Tracks

Stranger Things & Amazing Tracks

 

O ano de 2016 foi uma loucura! Sem mais nem menos fomos arrastados para um mundo invertido, onde não existe internet, nem telefone celular, onde as crianças se divertem em grupos nas ruas andando de bicicleta e onde polainas, mullets e blazers com ombreiras são vistos com muita naturalidade. Em resumo, este mundo invertido se chama 1983. E quem nos arrastou para este mundo não foi nenhum monstro sobrenatural, mas sim a toda-poderosa Netflix, ao colocar no ar a série Stranger Things

A série produzida pela Netflix foi sucesso absoluto logo de cara. Também, pudera. Tudo ali foi pensado para agradar os mais jovens e os não tão jovens. Pra começar, é claro, um roteiro brilhante. O texto é envolvente, os personagens são carismáticos e o elenco escolhido para dar vida aos personagens foi certeiro. Ao invés de apostar em nomes famosos, o elenco é todo muito jovem e pouco conhecido, e entregam uma atuação excelente. Mas o pulo do gato mesmo foi unir uma trama instigante com a ambientação da história no início dos anos 80, o que permitiu que a série viesse abarrotada de referências à cultura pop, que pegou em cheio a maior parte do público que consome material da Netflix: adultos de trinta e poucos, quarenta anos de idade, e que viveram aquela época. Nessa pegada, a série tem toda uma estética que remete aos filmes do Steven Spielberg como E.T. – O Extraterrestre e Contatos Imediatos de Terceiro Grau e um texto com a linguagem jovem da J. K. Rowling e o suspense de Stephen King. 

Desde a primeira temporada de Stranger Things, um fenômeno interessante aconteceu. Algumas músicas incluídas na trilha sonora da série bombaram de maneira extraordinária nas plataformas de áudio. Claro, são músicas consideradas clássicas, que fizeram muito sucesso em sua época. Mas que ao serem apresentadas às novas gerações, caíram no gosto da turma mais nova. Ao longo de todas essas temporadas isso aconteceu. Mas nesta quarta temporada, lançada neste ano, a surpresa acabou sendo maior por conta de duas músicas. Uma que estava realmente esquecida e outra que pertence a um gênero que nunca teve muita penetração no mundo pop. Pra relembrar a série, desde a primeira temporada até hoje, e já criar aquela expectativa para o que virá na quinta temporada, que já está confirmada, nós selecionamos 10 dessas músicas para falar um pouquinho sobre elas e montar aquela playlist matadora. 

Peraí! Fazer um Top Ten tracks de Stranger Things é sacanagem, né… o mais certo é faz um Top Eleven tracks. Agora sim. Segue o baile.  

Should I Stay or Should I Go – The Clash 

É a música mais famosa do Clash, um verdadeiro hino do punk rock e, com certeza, não é uma música que estava esquecida. Mas claro que já faz tempo que nem a música e nem a banda ganhavam tantos holofotes. Mas ao ser incluída e ganhar relevância na trama, a música foi pras cabeças nos players mundo afora. A música está no disco Combate Rock, de 1982, e, na série, é um dos elos entre os irmãos Jonathan e Will Byers. 

Africa – Toto 

Africa é a música mais famosa da banda Toto. Na época em que foi lançada, fez um sucesso estrondoso! Tocava em tudo quanto é lugar. Mas como boa parte do pop açucarado do início dos anos 80, a música perdeu força com o passar dos anos. Ficou praticamente esquecida, sendo tocada apenas naquelas festas temáticas dos anos 80, que ficaram populares na primeira metade da década de 2000. A canção faz parte do disco Toto IV, lançado em 1982, e embalou uma cena romântica entre Nancy e Steve. Por conta dessa cena, a música teve um repentino aumento vertiginoso de acessos no Youtube e nas plataformas de streaming. 

Hazy Shade of Winter – The Bangles 

Além de ser uma baita música boa, esta canção entrou nesta lista simplesmente para mostrar o impacto que a série causou. Hazy Shade of Winter foi escrita pela famosa dupla Simon & Garfunkel em 1966, uma canção tipicamente folk, com violão marcante e dobras de vocal. Em 1987 a banda The Bangles, famosa na época pelo hit Walk Like an Egyptian, e posteriormente pela bela balada Eternal Flame, fez uma versão da música de Simon & Garfunkel para ser incluída na trilha sonora do filme Abaixo de Zero, longa nada memorável estrelado por Andrew McCarthy, Robert Downey Jr. e James Spader. A versão empolgante, cheia de guitarras e sintetizadores da banda fez enorme sucesso na época. Mas ficou por isso mesmo. Provavelmente ninguém lembrava dessa música em 2016. Até que ela foi incluída nos créditos do segundo episódio da primeira temporada de Stranger Things. Ela não fez parte de nenhuma cena importante, só tocou nos créditos, no fim do episódio. E mesmo assim, bombou internet afora! 

Rock You Like a Hurricane – Scorpions 

A segunda temporada de Stranger Things veio encharcada de hard rock. Primeiro porque a história se passa em 1984, época em que o gênero estava no auge, com bandas como Mötley Crue, Van Halen e etc. Segundo porque tinha tudo a ver com o personagem Billy, irmão da Max. Rock You Like a Hurricane tocou na primeira cena em que os dois irmãos aparecem na série, logo no início da segunda temporada. O mesmo impacto que Billy causou nas garotas da cidade de Hawkins, a música causou nos fãs da série em 2017, 33 anos depois de ela ser lançada, no disco Love at First Sting, da banda alemã Scorpions, em 1984. 

Time After Time – Cindy Lauper 

Mas nem só de rocks afetados viveu a segunda temporada da série. Justamente no final da temporada, embalando aquele famoso baile de formatura de colégio, que tem em tudo quanto é filme teen dos anos 80, lá estava a clássica música Time After Time, da Cindy Lauper, para servir de trilha sonora para emocionante cena da dança entre Dustin e Nancy. Lógico que a cena foi sucesso absoluto e elevou a música a hit novamente. A música faz parte do disco de estreia de Cindy Lauper, She’s So Unusual, lançado em 1983. Um disco absolutamente clássico, diga-se, que traz ainda o hit maior da cantora, Girls Just Want To Have Fun. 

Every Breath You Take – The Police 

Na sequência de Time After Time, no mesmo baile, ainda toca este clássico monumental do Police para servir de trilha sonora para o inesquecível primeiro beijo, no caso, entre os casais Max e Lucas e Eleven e Mike. A música também tocou como nunca internet afora em 2017, assim como em 1983, quando foi lançada no disco Synchronicity. Every Breath You Take toca na última cena da segunda temporada, encerrando com classe e deixando um baita suspense no ar.  

Material Girl – Madonna 

É verdade que toda a série é suco de anos 80 pra ninguém botar defeito. Mas na terceira temporada a coisa meio que sai do controle. O ano agora é 1985, o hard rock dá lugar ao pop e até mesmo uma ameaça russa é incorporada na trama. Material Girl obviamente é uma das mais icônicas músicas de toda a carreira da Madonna, e uma música que exprime muito bem a aura ególatra e capitalista dos Estados Unidos nos anos 80. A música toca numa cena divertidíssima em que Max e Eleven vão fazer compras. A cena é o puro creme dos anos 80. A canção, que foi sucesso absoluto, está no emblemático segundo disco da Madonna, Like a Virgin, de 1984. Em 2019, depois de rolar na série, a música virou hit no Tik Tok. 

American Pie – Don McLean 

Esta música pode ser considerada um daqueles standards da música norte americana. Foi a primeira música a chegar ao número 1 da Billboard tendo mais de 8 minutos de duração. Lançada em 1971 no disco também chamado American Pie, a canção, supostamente, fala sobre o fatídico dia 3 de fevereiro de 1959, o dia em que a música morreu. Não dá pra dizer que em 2019, quando a terceira temporada foi lançada, American Pie era uma música esquecida, até porque vira e mexe ela aparece em trilhas sonoras de filmes e séries por aí. Mas também foi constatado um aumento nas buscas e plays da música depois que ela tocou ao fundo da cena em que Billy e Heather sequestram os pais dela. 

The Never Ending Story – Limahl 

A canção foi escrita por encomenda para o filme de mesmo título, lançado em 1984. O compositor da canção é ninguém menos que Giorgio Moroder. Limahl, o intérprete, é britânico, foi vocalista de uma pequena banda de new wave e teve uma carreira solo de relativo sucesso na Europa. Esta sim é uma música que estava esquecida. Os criadores da série foram muito felizes ao resgatar essa pérola e colocar para Dustin e Suzie fazerem um emocionante dueto via rádio amador. A cena em si é linda e viralizou! A música disparou e teve regravações e diferentes interpretações, inclusive nesses reality shows de cantores amadores. Foi um tiro mega certeiro! 

Running Up That Hill – Kate Bush 

Assim como Should I Stay or Should I Go foi o fio condutor de Will na primeira temporada, Running Up That Hill faz essa função para Max. A música é apresentada como a favorita da personagem logo de cara e depois volta a ser fundamental para que ela saia de uma espécie de transe. A questão é que Kate Bush andava meio reclusa, longe dos holofotes. Apesar de sempre ter sido uma prolífica compositora, de muito talento, fez sucesso ente os anos 80 e 90, mas nunca foi um grande nome pop. Running Up That Hill, além de ser uma música linda, entrou como uma luva nas cenas da personagem e com a estética retrô. O estouro da música depois de aparecer na série foi inacreditável. Chegou ao número 1 de execuções no Reino Unido, os perfis da cantora nas diferentes redes sociais aumentaram vertiginosamente, entrou em trending topics e o escambau. 

Master of Puppets – Metallica 

Não dá pra dizer que Master of Puppets é uma música famosíssima. Mas, sem dúvida, dentro do nicho do metal, ela é um clássico absoluto. Para boa parte dos fãs, Master Of Puppets, o disco, é melhor da banda e o último que conta com Cliff Burton no baixo. Mas nem o mais otimista dos metaleiros acreditaria que 36 anos depois de lançada, a música cairia no gosto popular e seria ouvida por jovens acostumados a ouvir Drake e Justin Bieber! Mas foi o que aconteceu. Depois de a música ser tocada na épica cena em que o personagem Eddie a interpreta em sua guitarra, a música passou a ser incessantemente buscada nas redes e pela internet afora. Uma das mais agressivas músicas do Metallica, cuja letra fala sobre o abuso de drogas, viralizou em pleno 2022. Parabéns a todos os envolvidos. 

Uma série bem escrita, super bem produzida, com uma enxurrada de referências à cultura pop e uma trilha sonora arrebatadora merece menção honrosa e estampas exclusivas aqui na Strip Me. E assim como a própria série, a Strip Me apresenta camisetas com estampas de música, arte, cinema, cultura pop e muito mais, tudo com muita personalidade, criatividade e bom gosto. Se liga na nossa loja e fica de olho nos lançamentos que sempre pintam por lá. 

Vai fundo! 

Para ouvir: A playlist prontinha com as músicas citadas neste post! Stranger Things Eleven Top Tracks

Para assistir: Steven Spielberg produziu e J. J. Abrams escreveu e dirigiu este filme que tem tudo a ver com a estética e linguagem de Stranger Things, provavelmente até deve ter servido de inspiração. Super 8 é um filme bem divertido e empolgante, lançado em 2011, de um grupo de amigos que presenciam um acidente de trem e passam a investigar acontecimentos misteriosos. Amizade, mistério e pitadas de bom humor. Está tudo lá. Vale a pena assistir. 

Para ler: Uma obra que certamente inspirou os criadores de Stranger Things é o livro (que virou filme, claro) Carrie, A Estranha. O primeiro livro de sucesso do gênio do suspense e terror Stephen King, lançado em 1974, conta a história de uma garota tímida, com problemas na escola, sem muitos amigos e que tem poderes tele cinéticos. É uma obra prima! Você acha facilmente a edição muito bem feita graficamente da editora Companhia das Letras. 

10 Curiosidades sobre Adoniran Barbosa

10 Curiosidades sobre Adoniran Barbosa

Mitologia é a ciência que procura a explicação dos mitos, que têm um caráter social desde sua origem e só são compreensíveis dentro do contexto geral da cultura em que foram criados. Quando falamos de mitologia, o primeiro impulso do nosso cérebro é nos remeter à Grécia Antiga, Hércules, Ícaro, Minotauro… Mas a criação de mitos acompanha a humanidade até hoje. Na cultura contemporânea temos vários exemplos. E os principais deles são mitos autoconcebidos. Ou seja, são pessoas que conseguiram criar uma mitologia em torno de si, que fizeram com que a sua existência seja surreal, onde verdade e mentira não só se confundem, mas se tornam irrelevantes. Bob Dylan, Andy Warhol, Lou Reed, Bukowski, Jim Morrison, Andy Kauffman, Kurt Cobain… todos tem em comum a contradição em suas histórias de vida. Todos eles, mais de uma vez, mentiram ou exageraram alguns “fatos” de sua vida para alimentar o mito em torno de si, mesmo que isso tenha sido feito involuntariamente. Ter isso em mente é fundamental para entender quem foi João Rubinato. E quem ainda é, e sempre será, Adoniran Barbosa

A cidade de São Paulo é uma das maiores do mundo. Seria inaceitável que uma cidade dessa magnitude não tivesse sua própria mitologia. Desde seu surgimento, com o os jesuítas no pátio do colégio até a concepção da antropofagia às voltas do teatro municipal. Deuses da chuva, Demônios da Garoa, os crimes do Notícias Populares e os punks Inocentes. Mas com certeza, o mais representativo mito paulistano é Adoniran Barbosa. O chapéu de abas curtas, o olhar cansado, o fino bigode por cima de um sorriso tímido e a gravata borboleta completando com graça e um ar de nostalgia a imagem do homem que viu São Paulo crescer, e contou como ninguém as histórias de seus habitantes. 

Mais do que isso, Adoniran Barbosa é um dos mais importantes sambistas do Brasil. Com personalidade e bom humor, criou um estilo único, de fazer samba. Dono de uma biografia longa e cativante, permeada de percalços e conquistas, Adoniran Barbosa deve ser reconhecido como um grande artista. Por isso, trouxemos aqui 10 curiosidades essenciais e interessantes para você conhecer melhor o inigualável Adoniran Barbosa. 

Adoniran Barbosa no centro de São Paulo – Foto: Luiz Novaes (sem data)

O Nome 

Ele nasceu em Valinhos (SP) e foi batizado João Rubinato. Já adulto, morando em São Paulo, tinha o sonho de ser um grande cantor, como Orlando Silva. Após participar de alguns concursos de calouros sem ganhar nada, atribuiu seu fracasso ao seu nome, sem carisma ou charme de sambista. Achava bonito e sonoro o nome de um de seus amigos: Adoniran. E admirava muito um sambista de muito sucesso nos anos 30, Luiz Barbosa. Juntou os dois e pronto. João Rubinato passou a se apresentar como Adoniran Barbosa. E não é que funcionou? Em 1935 ganhou o primeiro lugar interpretando um samba de Noel Rosa e, de quebra, passou a ter passe livre nas rádios paulistanas. 

Adoniran Barbosa, o ator 

Não foi por causa do nome sem carisma e nem por conta do mero acaso que Adoniran Barbosa não vencia os concursos de calouros. Ele simplesmente não cantava bem. Tinha uma voz fraca, mas tentava cantar como Francisco Alves ou Orlando Silva. Mas quando, graças a um samba de Noel Rosa, Adoniran conseguiu emplacara uma interpretação convincente, ganhou acesso às rádios de São Paulo. Procurando insistentemente trabalho como cantor, nunca conseguia nada. Até que, por conta de seu bom humor, acabou sendo convidado para atuar numa esquete, como radio ator. Todo mundo adorou sua performance e a carreira de ator acabou vingando. Antes de ser conhecido como sambista, Adoniran Barbosa foi muito conhecido como ator. 

Osvaldo Moles e Adoniran Barbosa – Foto: acervo Folhapress (sem data)

A criação de Adoniran Barbosa 

É verdade que foi o próprio João Rubinato quem escolheu o nome Adoniran Barbosa. Mas a persona pela qual o nome ficaria eternamente conhecido foi concebido por outra pessoa. Em 1941 Adoniran Barbosa conhece o roteirista, escritor e jornalista Osvaldo Moles, na Rádio Record. Os dois se tornam amigos e passam a trabalhar juntos. Moles era prodígio em criar histórias engraçadas, tendo como pano de fundo a realidade e o dia a dia, e, principalmente, conseguia criar personagens fantásticos, caricaturas brilhantes dos tipos mais comuns, em especial das classes mais pobres. E Adoniran Barbosa soube como ninguém dar vida a estes personagens. Assim nasceram o taxista italiano Giuseppe Perna Fina e o emblemático Charutinho, um mulato malandro e preguiçoso do Morro do Piolho, favela fictícia da cidade de São Paulo criada por Moles. A mistura do português com carregado sotaque italiano do taxista com o português coloquial e cheio de erros de Charutinho, não só tornaram Adoniran Barbosa famosíssimo na época, mas também fez com que o mesmo se apropriasse do jeito de falar e das filosofias de vida de tais personagens para si mesmo. Surgindo assim o Adoniran Barbosa que dizia “peguemo tudo as nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição”. 

O fracasso de Saudade da Maloca 

Pois é. Saudosa Maloca está entre as músicas mais conhecidas e representativas de Adoniran Barbosa. Quando a música foi composta, Adoniran ainda era reconhecido somente como ator do rádio, mas já compunha alguns sambas para outros artistas interpretarem. E nisso também era bem sucedido. Já tinha emplacado pelo menos dois sambas de sucesso: Dona Boa e Malvina. Em 1951 o próprio Adoniran resolve gravar um samba que acabara de compor, sobre um trio de desabrigados que viram sua maloca, uma casa abandonada onde viviam, ser demolida. A música foi lançada com o título Saudade da Maloca e passou totalmente despercebida pela crítica e público. 4 anos depois, o grupo Demônios da Garoa, de quem Adoniran já era amigo e parceiro musical, foi convidado para tocar no programa de rádio do Manoel da Nóbrega, o pai do Carlos Alberto, aquele da Praça… No ensaio, antes do programa, o conjunto tocou de brincadeira a tal música da maloca, mas com certa leveza, fazendo os famosos cascasculás, destoando do tom triste da letra. Manoel da Nóbrega recomendou que o grupo gravasse a música, que seria sucesso. Dito e feito! Rebatizado de Saudosa Maloca, os Demônios da Garoa fizeram daquele samba triste de Adoniran Barbosa um dos maiores sucessos da música brasileira. 

Capa do compacto Saudosa Maloca, lançado em 1955 pelos Demônios da Garoa

Os Demônios da Garoa 

O grupo começou a se apresentar como conjunto de apoio de cantores nas rádios de São Paulo em 1943. Pouco depois já passou a ganhar destaque por conta própria. Mas ainda sem extrapolar as fronteiras de São Paulo. Em 1949 conheceram Adoniran Barbosa nos bastidores da Rádio Record, surgindo de imediato uma grande amizade entre os músicos e o então ator. Adoniran sempre mostrava para os Demônios da Garoa suas composições. Em 1951 nasce a primeira parceria do grupo com Adoniran Barbosa: Os Demônios da Garoa gravam Malvina. Sucesso absoluto. Em 1952 eles gravam Joga a Chave, samba de Adoniran em parceria com Osvaldo Moles. Sucesso absoluto também. Desde então, a grande maioria dos sambas de Adoniran Barbosa foram gravados pelos Demônios da Garoa, sempre com grande êxito comercial. Porém, a parceria não deu certo nos palcos. Isso porque Adoniran Barbosa queria dividir os cachês meio a meio: 50% para ele e 50% para ser dividido entre os 5 integrantes do conjunto. Depois de muita briga e discussão, a parceria nos palcos teve vida curta e fim irremediável, mas a amizade permaneceu, bem como a parceria de Adoniran como compositor e os Demônios da Garoa como intérpretes. 

Demônios da Garoa e Adoniran Barbosa – Foto Acervo Universal Music (sem data)

4 versões de Arnesto 

Samba do Arnesto é um dos maiores sucessos de Adoniran Barbosa. A divertida música que narra um desencontro, um compromisso desmarcado sem aviso prévio, é uma das muitas histórias de Adoniran Barbosa com diferentes versões, já que ele sempre dizia que suas músicas eram todas sobre histórias verdadeiras, que ele viveu ou viu acontecer. Acontece que ao longo dos anos, em entrevistas Adoniran contou versões bem diferentes da tal história do Arnesto. Em uma delas, ele diz que havia sido convidado para um almoço e uma roda de samba na casa do tal Arnesto, mas chegando lá não tinha mais comida e ele, Adoniran, e seus amigos de samba acabaram ficando na fome, assim nasceu o samba. Já em outra entrevista Adoniran conta que o tal Arnesto contratou Adoniran e seu grupo para tocar num baile no Brás, e que quando chegaram, não tinha baile nenhum, e essa situação o inspirou a escrever o samba. Em uma outra entrevista, provavelmente cansado de responder à mesma pergunta, respondeu que não existia Arnesto nenhum, e que ele inventou a história toda. E, por fim, a verdadeira história: Adoniran Barbosa conheceu Ernesto Paulelli no início dos anos 40. Ao se conhecerem, Ernesto entregou seu cartão de visitas para Adoniran, que de cara leu em voz alta: “Arnesto Pauleli”. Ernesto respondeu: “Não não. É Ernesto, com E.”. E Adoniran: “Ah, não. Arnesto é melhor. Ainda vou fazer um samba com o seu nome.”. E acabou fazendo mesmo. Só que o Ernesto nunca convidou o Adoniran para ir na sua casa. Casa esta, aliás, que fica na Mooca, e não no Brás, como diz a música. 

Ernesto Paulelli, o ‘Arnesto’ do samba de Adoniran Barbosa, com a partitura da música autografada pelo autor. Foto de Thiago Bernardes/Folhapress

O Trem das Onze vai ao Rio 

Contradizendo drasticamente sua afirmação de que todas as suas músicas são histórias verdadeiras, Adoniran Barbosa não era filho único, e foi ao bairro do Jaçanã uma ou duas vezes na vida, e de carro. Ainda assim, Trem das Onze é seu maior e mais consagrado sucesso. Um samba simples, de melodia arrebatadora e letra lamurienta. Certa feita, o gênio da nossa literatura, Vinícius de Moraes, que também era sambista, além de carioca, fez uma inconsequente afirmação: “São Paulo é cemitério do samba.”. Era sua maneira de exaltar o ensolarado samba carioca, considerando-o maior que os sambas feitos em São Paulo. Pois não é que em 1964, ano em que o Rio de Janeiro celebrava seus 400 anos de fundação, o samba mais tocado no carnaval carioca foi justamente Trem das Onze? É verdade! Trem das Onze ganhou todos os prêmios naquele ano, incluindo o Prêmio de Músicas Carnavalescas do IV Centenário do Rio de Janeiro. A música fez tanto sucesso que extrapolou o Brasil e ganhou uma versão em italiano na voz de Riccardo del Turco, famoso cantor na época. Na versão italiana, a canção ganhou o título Figlio Unico e vendeu muitos discos. Claro que Adoniran Barbosa sempre afirmou que não ganhou nenhum centavo, o que pode ser tão verdade quanto o fato de ele ser filho único e ter morado no Jaçanã. 

Capa do compacto de Trem das 11, lançado em 1964 pelos Demônios da Garoa

Ressurgimento com Elis Regina 

Apesar de suas músicas fazerem muito sucesso, Adoniran era apenas o compositor. Quem aparecia e ganhava dinheiro fazendo shows e vendendo discos eram os intérpretes, na maior parte das músicas, os Demônios da Garoa. Até metade dos anos 60 o sustento e a fama de Adoniran vinham de seu trabalho como ator, principalmente na Rádio Record, e também, esporadicamente em novelas na TV e em um ou outro filme. Em 1967 seu grande amigo e roteirista, Osvaldo Moles, comete suicídio. A morte de Moles abala muito Adoniran. Pra piorar, sem os textos de Moles, Adoniran acaba demitido da rádio. Com quase 70 anos de idade, com problemas financeiros e saúde comprometida Adoniran Barbosa passa pela década de 70 esquecido. Mas em 1978 Elis Regina, sem dúvida a maior cantora do Brasil na época, no auge do sucesso, se interessa em gravar os sambas de Adoniran. É promovido então um encontro entre os dois, num botequim no bairro do Bixiga, tudo filmado. É um vídeo antológico! Dois anos depois, em 1980, Adoniran e Elis gravam juntos o samba Tiro ao Álvaro, música composta por Adoniran no início da década de 60, em parceria com o falecido Osvaldo Moles. A música foi sucesso retumbante e elevou o nome de Adoniran Barbosa novamente em toda a mídia. Numa triste coincidência, os dois morreriam 2 anos depois do lançamento de Tiro ao Álvaro. Elis morreu em janeiro de 1982, com apenas 36 anos de idade, e Adoniran morreu em novembro do mesmo ano, com 70 (ou 72) anos de idade. 

Um torresmo à milanesa 

Um dos últimos parceiros na música de Adoniran Barbosa foi o, então jovem, músico Carlinhos Vergueiro. Eles se conheceram em meados dos anos 70, Vergueiro já era fã de Adoniran. A música mais famosa que a dupla compôs é um samba chamado Torresmo à Milanesa. Quando o samba foi escrito, no balcão de um boteco no centro de São Paulo, a dupla escreveu o refrão da música que era uma conversa entre trabalhadores na hora do almoço: “O que é que você trouxe na marmita, Dito? Trouxe ovo frito. Trouxe ovo frito. E você, Beleza, o que é que você trouxe? Arroz com feijão e bife á milanesa, da minha Teresa.”. Quando foram gravar a música, Vergueiro conta que Adoniran chamou ele de lado e disse: “Quando for cantar, não canta bife não. Canta torresmo à milanesa.”. “Mas por que isso, Adoniran?” Sorrindo, Adoniran Barbosa disse “Porque não existe torresmo à milanesa!”. Quando a música já estava sendo gravada, Adoniran Barbosa mais uma vez interrompeu e chamou Carlinhos Vergueiro. Adoniran disse: “Vorta a fitinha, Carlinhos, grava de novo. Quando você cantar, canta “UM torresmo à milanesa.” “Um torresmo? Mas por que, Adoniran?” E Adoniran respondeu profundo; “Porque é muito mais triste, porra.”. 

Capa do primeiro disco solo de Adoniran Barbosa, lançado em 1974.

O mini mundo de João Rubinato 

Adoniran Barbosa inventou o que seus amigos chamavam de boemia matutina. Adoniran acordava e andava pelo velho centro de São Paulo parando em um e outro botequim pra tomar um uisquinho, depois ia bater papo com os amigos na Rádio Eldorado, onde aproveitava para tirar um cochilo de uma hora, mais ou menos, no sofá da recepção da rádio. No fim da tarde, ele já estava de volta em casa. No fundo de sua casa, ele mantinha uma oficina, onde criava de tudo em miniatura. Ele fazia trens elétricos, parques de diversões inteiros, com carrossel, tobogã e tudo o mais. Ele fazia tudo à mão, com pedaços de lata, madeira e tinta, com pouquíssimas ferramentas. Ele não mostrava isso pra ninguém, era seu hobby secreto e uma de suas paixões. Além de ator e sambista, Adoniran Barbosa era um hábil e talentoso artesão. 

Adoniran Barbosa é um dos artistas mais representativos da música brasileira. Sua música e sua história de vida, que se misturam com o crescimento desenfreado da cidade de São Paulo e com a modernização das comunicações, a passagem do rádio para a TV, a evolução da música popular, tudo isso faz com que seja indispensável que Adoniran Barbosa não tenha garantido seu espeço dentro do diverso e encantador mundo da Strip Me. Onde, assim como um grafite num viaduto paulistano, a música de Adoniran se mistura com a arte renascentista e se renova numa linguagem totalmente nova. Essa e muitas outras camisetas com estampas de música, arte, cinema, cultura pop e muito mais, você encontra na loja da Strip Me, onde, aliás, vale a pena estar sempre de olho pra ficar por dentro dos frequentes lançamentos

Adoniran Barbosa. Foto de Luiz Novaes (sem data)

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor na obra genial de Adoniran Barbosa. Adoniran Barbosa Top 10 tracks

Para assistir: Foi lançado em 2018 um ótimo documentário sobre a vida e obra de Adoniran Barbosa chamado Adoniran: Meu Nome é João Rubinato, escrito e dirigido por Pedro Soffer Serrano. Ainda que não cubra toda a carreira de Adoniran, é um filme emocionante, com vários depoimentos marcantes de gente que conviveu com o sambista. Vale demais a pena ver, e tem completinho no Youtube. 

Para ler: A biografia de Adoniran Barbosa escrita pelo jornalista Celso Campos Jr. é um livro irretocável. Não só para fãs do Adoniran, mas para quem se interessa por música e comunicação, este livro é fundamental. O autor conta a história do biografado trazendo todo o contexto político, econômico e social que o envolve, com um texto delicioso de se ler. O livro se chama Adoniran: Uma Biografia e foi lançado pela editora Globo em 2009. Leitura mais que recomendada. 

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1999 – 2022

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1999 – 2022

O pequeno Johnny nasceu no dia 5 de março de 1970 no Queens, em New York. Aos seis anos de idade, por influência do pai que tocava piano e da mãe que cantava no coral da igreja, ele começou a fazer aulas de guitarra. Aos nove anos já sabia tocar praticamente todas as músicas do Jimi Hendrix e e tinha como referência guitarristas como Jimmy Page e Frank Zappa. E, de fato, ele cresceu notadamente um guitarrista muito talentoso. Aos doze anos de idade, seus pais se separam e ele se muda com a mãe para a California. É quando monta uma banda aqui, outra ali e se envolve com a cena de Los Angeles, em especial os punks. Ainda adolescente, com 14 ou 15 anos, viu os Red Hot Chilli Peppers ao vivo e ficou encantado com a mistura de sons e ritmos. Passou a acompanhar a banda em tudo quanto é show e aprendeu a tocar todas as músicas dos seus primeiros 3 discos. Hillel Slovak se tornou um herói da guitarra pra ele. Por fim, uma das bandas que ele fez parte contava com D. H. Peligro na bateria. O lendário baterista da banda Dead Kennedys, numa tarde de 1988, poucos meses depois da morte de Slovak apresentou John ao baixista Flea. E o resto é história. 

Uma história caótica, diga-se, que já contamos na primeira parte deste post especial sobre os Red Hot Chilli Peppers. Partimos do início da banda e chegamos até as turnês conturbadas e incompletas de divulgação do disco One Hot Minute, que rendeu a Chad Smith uma fratura no punho e a Dave Navarro sua demissão por consumo excessivo de drogas. Com a tour cancelada e Navarro fora, Anthony Kiedis recaído no vício de heroína, decide se mudar para a Índia para se tratar e se livrar do vício. Enquanto isso, Flea permanece em Los Aneles e começa a pensar se a banda deve continuar existindo. Vale dizer aqui que o Flea, que com exceção da maconha, nunca se ligou em drogas como Kiedis, Slovak, Frusciante e Navarro, sempre se manteve firme, focado e dedicado à banda. Por isso mesmo, ele se deu conta que a banda não podia parar. E concluiu também que somente um homem seria capaz de acertar a mão no tempero dos Chilli Peppers e colocar a banda nos trilhos de novo: John Frusciante. 

Verdade seja dita, Flea e Frusciante tornaram-se amigos muito, mas muito próximos mesmo. Ao longo de todo o tempo em que Frusciante ficou fora dos Chilli Peppers, Flea acompanhava a vida do amigo, e por várias vezes o ajudou levando a hospitais e clínicas de reabilitação. Em 1998 o guitarrista estava no fundo do poço. Magérrimo, pele ressecada, sem dentes na boca… tudo por conta do abuso de heroína. Ele claramente não duraria mais um ano vivo se continuasse a se drogar. Flea o ajudou a encontrar um hospital que poderia lhe ajudar na recuperação tanto do vício, quanto de seu corpo. Parte da força de vontade de Frusciante vinha do fato de Flea afirmar que assim que ele se recuperasse, tinha seu lugar garantido como guitarrista dos Chilli Peppers, já que Navarro fora demitido. Na época, Frusciante chegou a espalhar uma história de que não tinha mais nenhuma guitarra, pois elas tinham sido consumidas em um incêndio em sua casa meses antes. Mentira admitida por ele próprio em 2002. As guitarras todas obviamente foram vendidas para que ele comprasse mais drogas. No fim do ano de 1998, Anthony Kiedis volta da Índia limpo, recuperado de seu vício e ajuda muito na recuperação de John, principalmente lhe presenteando com uma guitarra nova. 

Californication – Red Hot Chilli Peppers (1999)

O ano de 1999 já começou com a notícia de que Frusciante estava oficialmente de volta à banda e que um novo disco estava sendo produzido. E que disco! Em junho daquele ano é lançado Californication. É o retorno retumbante e redentor dos Red Hot Chilli Peppers! Kiedis e Frusciante, livres das drogas, estão numa harmonia transcendental! Flea e Chad Smith afiadíssimos! Pelo menos metade do disco vira hit instantâneo nas rádios e na MTV! O disco vende milhões mundo afora e a banda faz uma turnê mundial avassaladora, que passa pelo Brasil em 2001. No ritmo alucinante da turnê novas canções vão sendo escritas. Mal acaba a turnê de Californication, já é lançado By The Way em 2002. Um disco inspirado, e bem mais introspectivo. Fica evidente a presença de Frusciante como principal compositor da banda, já que o disco traz músicas com ótimas melodias e arranjos, além de primar mais pelo rock n’ roll e baladas adocicadas, dando menos ênfase no funk espevitado que marcou o sucesso da banda nos anos 90. Ainda assim, o disco vendeu muito, colocou 3 músicas no topo das paradas de mais tocadas e culminou em mais uma tour mundial que durou até 2005 e rendeu mais alguns milhares de dólares para a banda. E o melhor de tudo: foram 2 álbuns com turnês gigantescas de imenso sucesso, e nenhum episódio sequer de problemas com drogas aconteceu com nenhum dos 4 integrantes da banda! 

By rhw Way – Red Hot Chilli Peppers (2002)

Em 2006 já se contavam 7 anos desde o retorno de John Frusciante para a banda, 7 anos da banda livre de qualquer problema com drogas e 6 anos de sucesso e muito dinheiro entrando. Pelo histórico da banda, já estava na hora de alguma coisa dar errado ou alguém pisar na bola. Pois dessa vez não foi assim. 2006 marcou o lançamento de Stadium Arcadium, nono disco da história da banda. Um disco duplo que, originalmente seria uma trilogia, mas acabou virando um disco duplo. E o disco foi super bem recebido pela crítica e vendeu muito! Dani California é um hit desses que já nascem prontos pra tocar no rádio! E foi essa música que catapultou as vendas do disco e chegou a render mais alguns Grammys para a banda. Vale lembrar que desde Blood Sugar Sex Magik a banda não largou o produtor Rick Rubin, que esteve por trás de todos os discos desde então. Em Stadium Arcadium dá pra notar que a banda está desenvolvendo com mais força sua personalidade mais madura, e a mão de Rick Rubin guiando a sonoridade da banda por tanto tempo só faz com que o disco soe ainda mais original. Claro que o disco rendeu mais uma tour mundial. Malandramente, John Frusciante convence a banda a incorporar mais um músico no palco. Entra em cena Josh Klinghoffer, um grande amigo de Frusciante, para tocar guitarra base, teclados e fazer backing vocals durante a tour de Stadium Arcadium. No fim do ano de 2007, já com Klinghoffer bem entrosado com a banda, John Frusciante chega para a turma e diz: “Gente, eu cansei. Quero fazer mais uns discos solo, parar de fazer esses shows enormes… e vai ficar tudo bem, porque o Josh está na banda e dá conta do recado. Eu confio nele. Então é isso. Estou saindo fora.”. E mais uma vez John Frusciante abandonou os Red Hot Chilli Peppers. 

Stadium Arcadium – Red Hot Chilli Peppers (2006)

Mas o que poderia ser o começo de uma crise acabou sendo um motivo pra todo mundo descansar um pouco. E a banda anuncia que vai parar por um tempo. Afinal, foram quase 10 anos ininterruptos compondo, gravando e fazendo shows. Anthony Kiedis acabara de ser pai e queria se dedicar ao bebê, Flea aproveitou para começar a escrever suas memórias e Chad Smith resolveu descansar carregando pedra, montando com Sammy Hagar, Joe Satriani e Michael Anthony a banda Chickenfoot e saindo por aí gravando disco e fazendo shows. Talvez só tenha ficado uma situação meio chata pro Josh Klinghoffer, que quando achou que ia emplacar o posto de guitarrista principal de uma das maiores bandas do mundo, levou um balde de água fria nas ideias. Mas não por muito tempo. Em 2010 já estava todo mundo afim de voltar a trabalhar. Em março entram em estúdio com Rick Rubin e de lá só saem no começo de 2011, com mais um disco embaixo do braço. Em agosto é lançado I’m With You, décimo disco da carreira da banda e primeiro com Josh na guitarra. O disco reforça a guinada no estilo da banda, mais rock e menos funk que começou em By The Way. É um disco interessante, com ótimas melodias e uma capa minimalista muito bonita. O disco, claro, vendeu bem, colocou The Adventures of Raindance Maggie no topo das paradas e ainda teve outros dois singles de destaque: Monarchy of Roses e Look Around. E tome tour até 2013! 

I’m With You – Red Hot Chilli Peppers (2011)

Em setembro de 2013 a banda encerrou a tour do disco I’m With You e anunciou que iria tirar alguns meses de férias. Na metade do ano de 2014, após se apresentar no emblemático intervalo do Super Bowl, anunciam que vão entrar em estúdio para começar um novo álbum. A surpresa vem em novembro do mesmo ano, quando Anthony Kiedis afirma numa entrevista que o disco novo não será produzido por Rick Rubin. Somente em janeiro de 2015 foi anunciado que o produtor do disco seria Danger Mouse, deixando claro que a banda estava buscando novos ares. O novo disco estava previsto para sair no segundo semestre de 2015. Mas em fevereiro Flea quebrou o braço esquiando. As gravações atrasaram pelo menos três meses. Por fim, The Getaway acabou sendo lançado somente em junho 2016. O disco vai bem de vendas, não emplaca nenhuma música no topo das paradas, mas tem pelo menos dois hits em potencial: Dark Necessities e Go Robot. E mais uma tour gigantesca, que dura até outubro de 2017. Em 2018 a banda anuncia que vai descansar por alguns meses e depois voltar para o estúdio. 

The Getaway – Red Hot Chilli Peppers (2016)

Desde o lançamento de Californication em 1999 já se passam quase 20 anos. A banda bem estruturada, sem problemas com drogas, enfileirando sucessos e bons discos… agora sim, já estava na hora de alguma coisa dar errada. Em 2018 incêndios imensos arrasaram boa parte das florestas e áreas verdes da California. O estúdio onde a banda começaria a gravar era numa área repleta de árvores e acabou sendo atingido por um desses incêndios. Tudo se atrasou para o começo das gravações. Nesse meio tempo, Flea finalmente lança seu livro de memórias, que vinha escrevendo há anos. E também nessa época, Flea e Frusciante passam a ser vistos juntos com mais frequência do que o habitual. Em 2019, a banda faz alguns shows esporádicos. Em 5 de dezembro de 2019 o perfil oficial da banda no Instagram anuncia que Josh Klinghoffer estava fora da banda, e que em seu lugar estava de volta o queridão John Frusciante! A surpresa foi geral. Inclusive para Klinghoffer. Aparentemente não houve nenhum desentendimento. Frusciante simplesmente disse que estava disponível e a banda o quis de volta. Nem tem muito como a gente culpar os caras, né… Em 2020, você deve saber, rolou uma certa pandemia que fez o mundo parar por praticamente dois anos. Mas os Chilli Peppers continuaram trabalhando. Com Frusciante de volta, a banda acabou concordando em também voltar a trabalhar com Rick Rubin. O time estava completo no estúdio mais uma vez. E finalmente, em abril de 2022 é lançado o disco Unlimited Love, décimo segundo da carreira da banda. Mais um disco de boas surpresas, com o novo som dos Chilli Peppers muito bem definido. E pelo jeito a história vai se repetir. Virão shows e mais shows, e, provavelmente mais discos no futuro. Afinal, se tem uma coisa que a gente aprendeu com essa história toda é que nada e nem ninguém é capaz de parar os Red Hot Chilli Peppers. 

Unlimited Love – Red Hot Chilli Peppers (2022)

Ainda bem! Quem sabe, daqui um tempo a gente não volta aqui para contar mais sobre mais 10, 20 anos da banda. Por enquanto, essa é a história dos Red Hot Chilli Peppers, dividida em 2 posts. Uma história interessantíssima e deliciosa de se ouvir através dos doze discos de estúdio. Uma banda tão importante, influente e inspiradora certamente tem seu lugar garantido na mente e no coração de todo mundo aqui na Strip Me, sem falar, é claro, de algumas estampas exclusivas sobre os Chilli Peppers. Mas não é só isso. Na Strip Me você encontra camisetas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. Entra na nossa loja pra dar uma olhada e visite sempre o site para conferir os lançamentos.  

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor nos 6 últimos discos dos Red Hot Chilli Peppers, mas claro, sempre dando aquele desvio das obviedades e grandes hits. RHCP 1999 – 2022 top 10 tracks

Para ler: Altamente recomendável a autobiografia do baixista Flea. O livro se chama Acid for Children, foi lançado no Brasil pela editora Belas Letras em 2020. Se o que você já leu até agora neste texto já é impressionante, imagina tudo isso contado sob o ponto de vista do próprio Flea, que foi quem mais segurou ondas no mundo do rock! Imperdível! 

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