10 fatos para conhecer Tarsila do Amaral

10 fatos para conhecer Tarsila do Amaral

Na Semana da Mulher a Strip Me aproveita para celebrar a vida e obra de uma das mulheres brasileiras mais marcantes e influentes da nossa história.

Apesar de fazer parte de um período recente da história, e amplamente registrado em texto e imagem, a vida de Tarsila do Amaral, para muitos é pouco conhecida. Sabemos que veio de família rica, morou na Europa, teve um casamento breve e conturbado com Oswald de Andrade e teve uma vida discreta depois disso. Mas recentemente, isso tem mudado. As pessoas tem se interessado cada vez mais em conhecer a autora do Abaporu e entender sua trajetória.

Autorretrato I – Tarsila do Amaral (1924)

Para celebrar o dia 8 de março que se aproxima, a Strip Me vem ajudar a jogar mais luz sobre a vida e obra desta mulher formidável, cujos talentos continuam encantando o mundo. Confira a seguir, portanto, 10 fatos sobre a vida de Tarsila do Amaral.

Infância no interior.

A Cuca – Tarsila do Amaral (1924)

Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, cidade do interior do estado de São Paulo, no dia 1 de setembro de 1886. Seu pai era um rico cafeicultor e ela cresceu na fazenda absorvendo toda aquela cultura interiorana. Naquela época, as mulheres de famílias ricas eram criadas para se casar, portanto, tinham uma educação voltada para os bons costumes, negligenciando a educação acadêmica. Mas Tarsila teve sorte e seus pais a incentivaram a ler e estudar. Além de frequentar a escola, ela, ainda criança, já demonstrava interesse pela leitura e pelo desenho. Mas tudo sem deixar de aproveitar a vida ao ar livre na rica fazenda de sua família.

Adolescência na Europa.

Carnaval em Madureira – Tarsila do Amaral (1924)

Tarsila viveu com os pais uma temporada em Barcelona e Paris, frequentando escolas nas duas cidades. Foi quando ela desenvolveu realmente seu interesse pela arte de maneira geral. Além das artes plásticas, amava música e literatura. Ainda adolescente, em Barcelona, ela chamou a atenção dos professores por copiar com fidelidade em seu caderno as obras de arte que via nas paredes do colégio. Coisa que ela fazia como um simples passatempo entre as aulas.

Tarsila compositora.

Bandeira do Divino – Tarsila do Amaral (1968)

Tarsila voltou da Europa com 18 anos de idade. Se casou com em 1906 com André Teixeira Pinto, com quem teve uma filha, Dulce do Amaral Pinto. Mas o marido acabou se mostrando um homem opressor, além de trair a esposa, a desencorajava a crescer como artista, para ser uma simples dona de casa. Alguns anos depois ela pediu divórcio. A separação causou furor entre a família e amigos, mas Tarsila impôs sua vontade. Em 1916 ela finalmente se dedicou a estudar arte com afinco. Nessa época, ela também estudava piano, e chegou a compor uma canção, chamada Rondo D’Amour. A existência de tal composição era desconhecida, até que em 2021 a partitura foi encontrada no meio de uma papelada na casa de uma sobrinha neta de Tarsila em Campinas, SP. Então pode por na conta aí que além de desenhista e pintora, ela era compositora.

Cartas de Anita e a Semana de Arte Moderna.

Antropofagia – Tarsila do Amaral (1929)

Em 1918 Tarsila estudava desenho no ateliê de Pedro Alexandrino. Foi onde ela conheceu a também artista plástica Anita Malfatti. As duas se deram bem logo de cara e se tornaram grandes amigas. Em 1920 Tarsila foi para Paris estudar na badalada Académie Julian, por onde passaram grandes nomes da pintura, entre eles Henri Matisse. Entre o fim de 1921 e início de 1922, Tarsila soube que um grupo de artistas com ideias modernistas começaram a se juntar e conseguiram realizar em São Paulo a Semana de Arte Moderna. Mesmo tendo aulas com o grande Émile Renard em Paris, as cartas de Anita a motivaram a voltar para o Brasil. Em 2022, para celebrar os 100 anos da Semana de Arte Moderna, publicamos aqui quatro textos muito legais sobre o assunto. Dá uma conferida. Links: Texto 1, texto 2, texto3 e texto 4.

O Grupo dos Cinco.

A Negra – Tarsila do Amaral (1923)

Tarsila voltou a São Paulo ainda no primeiro semestre de 1922. Logo conheceu os novos amigos de Anita e realmente entendeu e se encantou pelo movimento modernista. Ela própria chegou a dizer que havia estudado o modernismo na Europa, mas só o entendeu de fato, quando voltou ao Brasil em 1922. Assim, logo se estabeleceu um pequeno grupo que passou a realizar conferências e reuniões sobre arte e, também é claro, grandes festas. A patota ficou conhecida como o Grupo dos Cinco, formada por Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mario de Andrade.

Casal modernista.

Retrato de Oswald de Andrade – Tarsila do Amaral (1922)

Logo que chegou em São Paulo em 1922, Tarsila se encantou pelos novos amigos de Anita Malfatti. Mas lhe chamou especial atenção o jovem e bem articulado escritor Oswald de Andrade. Assim como ela, Oswald vinha de uma família rica de cafeicultores. Não demorou para que os dois engatassem um namoro, muito apaixonados. No final de 1922 Tarsila voltou a Paris para continuar seus estudos e Oswald a acompanhou. Foi nessa época que Tarsila e Oswald puderam conhecer grandes nomes como Pablo Picasso e Fernand Léger e toda a nata artística parisiense da época. Inclusive, Tarsila oferecia em sua casa almoços fabulosos para essa turma toda, servindo feijoada, cocada, pamonha e outros pratos brasileiríssimos, além de um cafezinho coado na hora, é claro. Pois é. Picasso tomando uma cachacinha e mandando uma pratada de feijuca. Isso sim é surrealismo!

Presente que é uma obra de arte.

Abaporu – Tarsila do Amaral (1928)

Já contamos aqui no blog, num texto muito bacana, a história do do livro do Hans Staden, escrito em 1557, que inspirou o legendário Manifesto Antropofágico. Concebido essencialmente por Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Mario de Andrade, o manifesto pregava uma arte primitivista, conectada às suas raízes, mas sem desprezar influências e técnicas externas. Foi com base nisso que Tarsila do Amaral criou e realizou sua obra mais famosa: o Abaporu. Uma pintura à óleo numa tela de 85×72 centímetros. Tarsila presenteou ao seu marido, Oswald de Andrade, a obre em janeiro de 1928. O Abaporu tornou-se o símbolo máximo do Manifesto Antropofágico, e ainda hoje é reconhecido como a obra de arte mais importante do Brasil.

1929.

Maternidade – Tarsila do Amaral (1938)

Realmente o ano de 1929 não foi bolinho para ninguém. Em especial para Tarsila do Amaral foi péssimo. Neste ano entra em cena mais uma mulher brasileira icônica. Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida como Pagu, começa a ganhar notoriedade como escritora, jornalista e militante. Oswald fica encantado com Pagu, e os dois acabam tendo um caso. Tarsila descobre a traição, fica arrasada e expulsa Oswald de casa. Ela ainda sofria as mazelas do fim de seu segundo casamento quando chega o mês de outubro. O desastre da quebra da bolsa de valores de New York repercute aqui no Brasil, em especial para os cafeicultores, que lucravam com a exportação do café. A família de Tarsila perde toda sua fortuna de uma hora pra a outra. Com isso, ela teve que deixar o casarão onde morava, que fora penhorado pelo estado. O casarão em questão está de pé até hoje e fica na avenida Doutor Arnaldo, esquina com a rua Cardeal Arcoverde, em São Paulo, faz parte do complexo da Faculdade de Saúde da USP, bem em frente ao cemitério do Araçá.

Seguindo em frente.

Operários – Tarsila do Amaral (1933)

Em 1930 Tarsila conseguiu emprego na curadoria da Pinacoteca do Estado. Mas ela não ficou muito tempo por lá. Em outubro Getúlio Vargas deflagra um golpe de estado e toma o poder. Tarsila e outros artistas são despedidos para que fossem empregados “amigos do governo”. Em 1931 Tarsila tem a oportunidade de expor suas obras em Moscou. Ela volta da União Soviética inspirada pela causa operária e seus ideais. Em 1932 se envolve na luta paulista contra o governo autoritário de Vargas, a Revolução Constitucionalista, e dali em diante passa a apoiar cada vez mais a causa antifascista, tendo sido presa, inclusive. Depois do fim da ditadura do Estado Novo, se estabeleceu em São Paulo já com mais de 60 anos de idade e passou a ter uma vida menos movimentada pintando paisagens.

Morte e legado.

Chapéu Azul – Tarsila do Amaral (1922)

A vida de Tarsila do Amaral definitivamente não foi nada fácil. Depois de perder toda a fortuna da família e ser presa durante a ditadura de Vargas, Tarsila teve um breve período de calmaria. Se apaixonou por um jovem jornalista. O romance durou algum tempo, mas logo ele a traiu com uma prima da pintora. Tarsila já vivia angustiada por não conseguir engravidar e dar um filho a seu namorado. Pois sua prima, com quem ele a havia traído, sim engravidou. Tarsila entrou num quadro depressivo que só foi piorando. Em 1965 ela foi operada para resolver um problema na coluna. Mas, devido a um erro médico durante a cirurgia, ela ficou paraplégica. No ano seguinte, sua única filha, fruto de seu primeiro casamento, faleceu em decorrência da diabetes. Tarsila do Amaral viveu amargurada até 1973 quando faleceu aos 87 anos de idade. Apesar de tudo, Tarsila do Amaral deixa um legado imenso. Criou um estilo único, ajudou a impulsionar o modernismo na América Latina e deixa 230 pinturas, inúmeros desenhos e rascunhos, textos e uma composição para piano em lá menor.

Tarsila do Amaral foi mais que uma artista brasileira, foi uma mulher de dar orgulho em qualquer pessoa do mundo. Autêntica, impetuosa e talentosa! Nós, da Strip Me, temos uma admiração imensa pela obra da Tarsila do Amaral e, não vamos negar, temos uma quedinha a mais pelo Abaporu. Basta dar uma olhada na coleção de camisetas estampadas pelo brilhante cartunista Adão Iturrusgarai, a quantidade de Abaporus que tem por lá. Isso sem falar da nossa coleção de camisetas de arte, de cinema, de música, de cultura pop e muito mais. No nosso site você confere e isso tudo e ainda fica por dentro dos lançamentos, que pintam por lá toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist em homenagem à semana da mulher. Um top 10 com as melhores cantoras do Brasil! Mulher Brasileira Top 10 tracks.

Para assistir: Está em cartaz de quinta a domingo a peça Tarsila, a Brasileira, no Teatro Santander, na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, em São Paulo. A peça tem Claudia Raia no papel de Tarsila do Amaral e Jarbas Homem de Melo no papel de Oswald de Andrade. O espetáculo conta a história da pintora sob a direção de José Possi Neto. Quem já viu garante que é uma produção sensacional e muito emocionante.

O mistério irresistível! – 8 Curiosidades sobre a Mona Lisa

O mistério irresistível! – 8 Curiosidades sobre a Mona Lisa

Ícone da cultura pop contemporânea, a Mona Lisa já tem 520 anos e segue despertando o nosso interesse. A Strip Me apresenta, portanto, 8 curiosidades sobre essa obra prima!

Poucos temas são tão polêmicos e fascinantes quanto a exaltação do belo. Isso no universo das artes plásticas, é claro. Afinal, todo mundo sabe que o Belo nunca fez parte do Exalta, então, não há o que se polemizar a respeito. Piadocas à parte, a beleza dentro das artes sempre foi uma espécie de paradoxo. Afinal, nem toda obra prima é necessariamente bela, e nem toda obra que apresenta muita beleza é necessariamente genial. Um dos exemplos mais completos deste paradoxo é a mundialmente famosa Mona Lisa, a obra mais conhecida do gênio Leonardo Da Vinci.

A Mona Lisa, também conhecida como “La Gioconda”, é uma das obras de arte mais enigmáticas e icônicas da história. Um dos maiores símbolos do Renascimento, a pintura é um exemplo magistral da habilidade de Da Vinci em capturar expressões humanas e sua maestria no uso da técnica sfumato.  A mulher retratada na tela não é lindíssima, mas tem um charme inexplicável. Ou seja, não é uma obra bela no sentido mais óbvio da palavra, mas é genial e inigualável por ser tão cativante e sedutora. Além disso, é considerada um tesouro nacional francês, apesar de sua origem italiana. A Mona Lisa tem seu lar no Louvre, em Paris, onde recebe milhares de visitantes curiosos todos os anos.

São tantas as histórias, lendas e teorias que rondam a Mona Lisa, que hoje a Strip Me apresenta 8 curiosidades muito interessantes sobre este que talvez seja o maior ícone da arte mundial de todos os tempos. Confere aí!

1- Nos tempos de Mona Lisa.
Francesco de Giocondo, um dos mais ricos mercadores de Florença, encomendou a Da Vinci um retrato de sua esposa, Lisa, em 1503. Logo o artista começou a trabalhar no retrato, mas seu perfeccionismo e a timidez e relutância da jovem para posar fez com que a obra ficasse pronta somente em 1506. A roupa retratada na Mona Lisa é uma das marcas da má vontade de Lisa para posar. Na época, era comum que os retratados vestissem suas melhores e mais pomposas roupas para posar para um quadro, mas a vestimenta da Mona Lisa, apesar de super atual para a moda da época, era muito sóbria. Outra marca disso é justamente o sorriso.

2 – O sorriso de Mona Lisa.
O famoso sorriso da Mona Lisa é motivo de especulação há séculos. Especula-se até que a expressão enigmática poderia ser devido a uma condição dental, como abscesso ou desgaste dentário. Um teoria fraca, tendo em vista que numa época tão insalubre, pouca gente devia ter uma dentição admirável. Mais fácil crer que a jovem Lisa não queria estar ali posando para Da Vinci e, como uma boa jovem, não conseguia esconder seu descontentamento ao fazer algo que não queria. Vale lembrar que, como era padrão na época, Lisa tinha 15 anos de idade quando se casou com Francesco. Quando posou para Da Vinci tinha por volta de 20 anos de idade. Ainda bem que Da Vinci acabou usando essa birra a seu favor, pintando um sorriso digno de Esfinge.

03 – De mão em mão.
A obra ficou pronta em 1506, mas não foi entregue à família Giocondo, porque Da Vinci já estava há meses trabalhado na obra sem ser pago. Assim, guardou o quadro para si. Em 1517 Da Vinci é contratado pelo rei da França, Francisco I, para ser artista da corte. Ele se muda então para Paris e leva consigo a Mona Lisa. Lá, o rei fica fascinado pela pintura e decide compra-la. Desde então, ela passou a fazer parte do acervo real francês. Depois de passar por vários palácios, como o de Versalhes e de Fontainebleau, Mona Lisa finalmente encontrou seu lugar no Museu do Louvre em 1797. Durante seu reinado, Napoleão Bonaparte ficou tão encantado com a Mona Lisa que decidiu tê-la em seu quarto particular. Mas não conseguiu permissão da diretoria do Louvre para tal e teve que se contentar com uma fidelíssima réplica.

Vicenzo Peruggia, o ladrão da Mona Lisa.

04 – O roubo de Mona Lisa.
Essa é uma história maravilhosa! No começo do século XX, trabalhava no Louvre um camarada chamado Vincenzo Peruggia, um italiano, que morava em Paris já há muitos anos. Ele era um pintor que trabalhava em restaurações no museu. No dia 21 de agosto de 1911, ele aproveitou que o museu estava fechado e conhecia bem as falhas da segurança, e simplesmente tirou a Mona Lisa da parede, jogou seu casaco por cima e foi pra casa. Por 28 meses, a obra permaneceu embaixo da cama de Peruggia, até que ele conseguiu um contato na Itália com o florentino Alfredo Geri, dono de uma galeria de arte. Peruggia afirmava que roubara a Mona Lisa porque ela deveria estar exposta na Itália, já que Da Vinci, e a própria Lisa Giocondo, eram italianos. (Nós, brasileiros, vendo o Abaporu num museu em Buenos Aires, te entendemos bem, Vicenzo…) Mas quando Alfredo Geri se ligou que estava diante da autêntica Mona Lisa, e não uma cópia, chamou a polícia no ato. Peruggia foi preso e, como retribuição, antes de voltar ao Louvre, foi permitido que a Mona Lisa fosse exposta algumas semanas na Galeria Uffizi, da qual Geri era o proprietário. Detalhe: antes de Peruggia ser capturado, durante a investigação, a polícia francesa tinha como um dos suspeitos pelo roubo ninguém menos que Pablo Picasso! Isso porque ele e seu amigo Guillaume Apollinaire viviam dizendo pelos cafés de Paris que todas as obras primas dos museus deviam ser destruídas, para dar lugar à arte moderna.

05 – Mona Lisa sob ataque.
1956 não foi um ano fácil para Mona Lisa. Primeiro, no começo do ano, um homem conseguiu jogar uma quantidade de ácido, que danificou a parte inferior da pintura, resultando em uma pequena marca perto do cotovelo direito da Mona Lisa. Mas a restauração foi rápida e bem sucedida. Porém, poucos meses depois, outro homem conseguiu atirar uma pedra na obra, que danificou o canto inferior direito. Justamente para não estimular novos ataques, estes casos foram muito pouco divulgados. Então, não se sabe quais foram as motivações dos ataques. Mas isso não impediu que novos atentados acontecessem. A pobre Mona Lisa já sofreu ataques de xícaras de café, bolo e tinta spray. Mas ela segue firme e forte, com seu sorrisinho sarcástico, e cada vez mais bem protegida, no Louvre.

06 – Será que ela é?
Uma das teorias mais antigas e persistentes relacionadas à obra é sobre a identidade da figura retratada na pintura. Enquanto a maioria dos especialistas concorda que é Lisa Gherardini, esposa de Francesco de Giocondo, há teorias alternativas que sugerem que a pessoa retratada pode ser uma amante secreta de Leonardo da Vinci, o que explicaria o ar de mistério que paira sobre a obra. Outra teoria, essa até mais ventilada por aí, diz que a Mona Lisa se trata de uma versão feminina do próprio artista. Sabidamente, Da Vinci era bissexual e curtia ter relações com homens. Décadas atrás, numa época em que a homossexualidade era vista com muito mais ódio e incompreensão, muita gente vinculou a aura de mistério da obra ao fato de Da Vinci estar representando ali, secretamente, seus desejos homossexuais e femininos que seriam supostamente reprimidos. Balela! Até porque, Da Vinci era um cara pra frente e bem resolvido, e não negava e nem escondia de ninguém seus desejos carnais. Tá certo ele!

07 – Códigos secretos.
Teoria da conspiração é o que não falta em torno da Mona Lisa. Desde a sua identidade, até supostos códigos secretos que Da Vinci teria escondido na obra, inclusive símbolos ligados à maçonaria. Mas nada disso é verdade. A real é que Da Vinci era um observador silencioso que escrevia para si mesmo, e não gostava de explicar suas obras para os outros. Isso consequentemente gerava, e ainda gera, especulações e interpretações das mais inusitadas. A principal razão pela qual Da Vinci não se daria ao trabalho de entupir a Mona Lisa de mensagem cifradas e subliminares é que a pintura não passava de um job para um cliente, um quadro que ia ficar na sala da família. No fim das contas, ele não foi pago, o quadro ficou com ele e deu no que deu.

08 – Fibonacci Style.
A história dos números da sequência Fibonacci, sua materialização gráfica e do homem por trás dessa teoria toda você já conhece, nós já te contamos aqui no blog. Para relembrar, clica aqui. Bom, o fato é que Mona Lisa é um dos principais exemplos da aplicação da sequência Fibonacci para estabelecer o que é sublime dentro da arte. A sequência pode ser aplicada em pelo menos quatro maneiras na obra, e em todas o resultado é o mesmo, encaixe perfeito. Enfim, só mais uma confirmação da genializade e maestria de Leonardo Da Vinci.

A Mona Lisa é pop, e não é à toa! Ela está presente na cultura pop, sendo referenciada em filmes, músicas e livros. Além disso, inspirou inúmeras paródias ao longo dos anos, com artistas recriando a pintura em estilos diversos, fazendo girar a boa e velha roda da antropofagia da arte! Coisa que aqui na Strip Me a gente considera ouro! Por isso, ela também está entre as maiores referências nas nossas camisetas de arte! Dá uma conferida lá no nosso site. Por lá você também encontra camisetas de cinema, música, cultura pop e muito mais, além dos lançamentos que pipocam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist com músicas que são como o sorriso de Mona Lisa: são intrigantes, até esquisitas, mas irresistíveis! Mona Lisa Smile Top 10 tracks.

Para assistir e para ler: É clichê, e muita gente considera uma bobagem. Mas tanto o livro quanto o filme O Código Da Vinci são muito legais e vale a pena serem consumidos! Claro, o livro é bem melhor que o filme. Mas o filme é um baita entretenimento também. Realmente é uma bobagem, sem nenhum embasamento histórico factual. Mas é divertido!

A Musa Renascentista

A Musa Renascentista

A Strip Me apresenta a história de Simonetta Vespucci, a musa inspiradora de Sandro Botticelli e de outros artistas da Renascença.

Qualquer um que diga “No meu tempo é que era bom.” está errado. A não ser que tenha vivido durante o momento mais empolgante e inovador na história da humanidade, a segunda metade do século XV. A era do Renascimento! Quando a humanidade deu um verdadeiro salto evolutivo em ideias, tecnologia e comunicação. Pensa bem. Em 1452 nasce Leonardo Da Vinci. Em 1453 Constantinopla é invadida, encerrando a era medieval. Em 1454 Gutemberg cria a imprensa. Daí em diante, a história do mundo mudou radicalmente. A arte foi elevada a níveis inimagináveis, as navegações se desenvolveram, descobrindo novas terras e novas culturas, e novos conceitos políticos e sociais foram elaborados, por pensadores como Maquiavel, Erasmo de Roterdã e Nicolau Copérnico.  Sem dúvida foi o maior turning point da humanidade.

Nessa época não havia lugar melhor para se estar do que a cidade de Florença. Em toda a Europa ocidental, nenhum lugar era tão movimentado e plural. Isso porque a cidade era governada por uma família riquíssima e muito ligada à cultura e às artes. Enquanto os pequenos reinos ao redor, como Milão e Gênova ainda viviam sob uma política feudal, Florença tinha uma sociedade mais diversa, com uma burguesia ativa, formada por profissionais liberais e artistas. Tudo graças à família Médici, que governava a cidade. Assim, Florença, por determinado período, tinha como moradores os mais importantes e reconhecidos artistas do Renascimento: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Donatello… e um jovem pintor muito talentoso chamado Sandro Botticelli.

Este é o contexto geral que ajuda a contar a história de uma das mulheres mais admiradas do mundo durante séculos. Um rosto conhecidíssimo, porém uma vida e personalidade desconhecida. Ela nasceu justamente no ano da queda de Constantinopla, 1453, mas não se sabe exatamente o dia. Sabe-se que nasceu e passou a infância em Portovenere, uma pequena cidade litorânea entre Gênova e Florença. Gaspare Cattaneo della Volta era um nobre genovês casado com Cattocchia Spinola. Do casal nasceu Simonetta Cattaneo. Uma menina lindíssima, de cabelos claros acobreados e olhos intensamente azuis, uma raridade na região para aquela época. Simonetta recebeu uma educação comum a qualquer menina burguesa, tinha aulas de etiqueta, piano e afazeres domésticos, além de aprender a ler. Com uma beleza realmente exuberante, não demorou a ter muitos homens  a seus pés. Por sorte, ela se apaixonou justamente por um jovem de uma família muito rica, que possuía bancos e outros empreendimentos, a família Vespucci. O pai de Simonetta, de imediato aprovou o casamento, que aconteceu em 1469, quando ela tinha 16 anos de idade.

Retrato de Simonetta Vespucci – Sandro Botticelli

O casamento aconteceu em Florença, onde o casal escolheu morar. Isso porque Marco Vespucci, o noivo de Simonetta, gerenciava o Banco de San Giorgio e tinha muitos negócios com a família Médici. Na festa de casamento, entre muitos convidados ilustres, como o próprio Lorenzo de Médici, também conhecido como Lorenzo, o Magnífico, estava um jovem pintor de 24 anos chamado Sandro Botticelli. Ele era um dos protegidos da família Médici, que, com frequência lhe encomendava obras de arte, além de financiar seu atelier e matérias de pintura. Botticelli ficou encantado com a beleza de Simonetta e fez questão de conhece-la. Também estava na festa um rapaz de 17 anos chamado Amerigo Vespucci. Ele vinha de Gênova para conhecer os negócios da família em Florença. Era um rapaz muito inteligente, comunicativo e ambicioso. Algumas décadas depois, ele se mudou para Sevilha, na Espanha, entrou no negócio de navegações e se tornou uma personalidade histórica das mais controversas e fascinantes, que nós conhecemos pelo seu nome traduzido para o português: Américo Vespúcio, o homem que deu nome ao continente americano. Amerigo Vespucci era primo de Marco Vespucci, noivo de Simonetta.

Vênus e Marte – Sandro Botticelli
(Vênus retratada com o rosto de Simonetta Vespucci)

Não foi só Botticelli que se encantou com a beleza de Simonetta. O irmão mais novo de Lorenzo, o Magnífico, Giuliano de Médici, apaixonou-se perdidamente por Simonetta. Até hoje especula-se que havia reciprocidade nesse amor, mas que não passou de um sentimento platônico, nunca encarnado. Isso porque Simonetta era casada com Marco Vespucci, e as famílias Médici e Vespucci tinham negócios  milionários, e que poderiam ir por água abaixo se um escândalo de adultério entre as famílias viesse a público. De qualquer forma, assim que passou a morar em Florença, Simonetta passou a ser requisitada por vários artistas da cidade, para posar como modelo. Assim, rapidamente, Simonetta tornou-se muito conhecida na cidade, e era considerada a mulher mais linda de Florença.

Retrato de Simonetta Vespucci – Sandro Botticelli

Em 1475 foi organizado um torneio de cavaleiros, desses de lança e armadura, que a gente vê nos filmes. O evento aconteceu na Piazza Santa Croce, no centro de Florença. O prêmio era um estandarte com um retrato de Simonetta, pintado por Sandro Botticelli. No estandarte, Simonetta foi pintada representando a deusa Atena. Apaixonado, Giuliano de Médici se increveu no torneio com o objetivo único de ter para si aquele estandarte. E assim o fez. Venceu o torneio e, desde então, andava pra cima e pra baixo sempre ostentando  o estandarte da deusa Atena, com o rosto de Simonetta.

Porém, a vida não era fácil naqueles tempos. No ano seguinte, 1476, Simonetta adoeceu. Sentia muita fraqueza, falta de ar, febres altíssimas e muita tosse. A família Médici ofereceu seu médico particular para cuidar da jovem. Até hoje não se sabe exatamente qual era a doença. Podia ser uma tuberculose, uma infecção pulmonar ou uma pneumonia aguda. O fato é que ela adoeceu em meados de março, piorou muito em abril e acabou morrendo no dia 26 de abril de 1476. Toda a cidade ficou de luto. O cortejo foi muito incomum. O caixão foi carregado pelas ruas da cidade aberto, para que todos pudessem contemplar pela última vez a beleza incomparável de Simonetta Vespucci.

Porém, a beleza de Simonetta acabou tornando-a imortal. Artistas como Botticelli e Piero de Cosimo ainda pintariam muitas obras tendo a jovem como musa inspiradora. A mais marcante dessas obras é Nascimento de Vênus, a obra mais famosa e brilhante de Botticelli, pintada em 1483, 7 anos após a morte de Simonetta. Na obra, Simonetta representa a deusa Vênus, nua numa concha, que flutua sendo soprada do mar para a terra, para trazer vida e beleza ao mundo. O próprio Botticelli ainda faria várias outras obras pintando o rosto de Simonetta. Tamanha era sua adoração, ele deixou registrado que, ao morrer, queria ser enterrado aos pés de sua musa. Simonetta Vespucci foi sepultada na igreja de Ognissanti, assim como Botticelli, conforme sua vontade, quando ele faleceu em 17 de maio de 1510. Simonetta também foi retratada pelo pintor Piero de Cosimo em 1480, representando Cleópatra, com um colar e uma serpente ao redor do pescoço.

Nascimento de Vênus – Sandro Botticelli

Simoneta Cattaneo Vespucci foi uma mulher literalmente icônica! Verdadeira musa da arte renascentista e dona de uma história breve, já que morreu com apenas 23 anos de idade, mas intensa. Viveu num momento mágico de transformação e transcendência da humanidade e conviveu com algumas figuras históricas grandiosas, como Lorenzo de Médici e Américo Vespúcio, além de artistas imortais como Botticelli e Piero de Cosimo. A beleza e a história de Simonetta encantam e inspiram a todos nós da Strip Me, que somos loucos por arte em geral! Tanto é que não faltam referências aos artistas renascentistas na nossa coleção de camisetas de arte. E ainda tem camisetas de música, cinema, cultura pop e muito ais. Na nossa loja você pode conferir todas elas e ainda ficar por dentro dos nossos lançamentos, que aparecem por lá toda semana.

Cleópatra – Piero de Cosimo
(Cleópatra retratada com o rosto de Simonetta Vespucci)

Vai fundo!

Para ouvir: E se Simonetta Vespucci foi ícone da beleza renascentista, nada mais justo do que a gente fazer uma playlist de canções que falam sobre beleza. Beleza! Top 10 tracks.

Para assistir: É impressionante, perturbador até, assistir ao documentário Botticelli Inferno. Pois é, nem só de belas mulheres vivia Sandro Botticelli. Ele era fascinado pela obra de Dante Alighieri. Botticelli passou mais de uma década trabalhando num desenho enorme do Inferno, como descrito no livro A Divina Comédia, de Dante. O filme de Ralph Loop, lançado em 2016, traz detalhes da obra desses dois artistas e suas conexões, bem como alguns segredos escondidos, no melhor estilo Código Da Vinci. Não é um filme tão fácil de achar, mas vale a pena conferir.

Para ler: Pode parecer uma recomendação meio deslocada, mas, acredite, não é. Vale demais conferir o livro Secreções, Excreções e Desatinos, uma compilação de contos do genial escritos Rubem Fonseca. São 14 contos maravilhosamente bem escritos, recheados de sarcasmo, onde a fisiologia e a mente passam por distúrbios diversos. O principal conto deste livro se chama justamente O Corcunda e a Vênus de Botticelli, e é excelente, tanto que uma parte da obra Nascimento de Vênus ilustra a capa da primeira edição do livro, lançado em 2001 pela Companhia das Letras. Um livro imperdível!

Cadastre-se na Newsletter
X

Receba nossos conteúdos por e-mail.
Clique aqui para se cadastrar.