10 fatos que você precisa saber sobre o samba.

10 fatos que você precisa saber sobre o samba.

O samba é a voz do Brasil. Por isso, é fundamental que a gente o conheça muito bem. A Strip Me está aqui hoje para te contar 10 coisas que você precisa saber sobre o samba.

Falar sobre o samba, em especial sua origem e e fundamentos, parece uma tarefa simples, mas não é. Trata-se de uma música que faz parte da nossa identidade, quer você goste dele ou não. Certa vez, o músico César Camargo Mariano, um brilhante arranjador, também conhecido por ter sido casado com Elis Regina, disse numa conversa sobre música e mistura de elementos do jazz com o samba, que ele não era um jazzista, jamais poderia ser, mas usa elementos daquela linguagem para se expressar musicalmente. Uma declaração muito sensata. O jazz é uma música que surgiu das plantações de algodão no sul dos Estados Unidos, somente quem cresceu naquele contexto, ouvindo as histórias e sentindo as vibrações daqueles sons pode ser considerado um jazzista genuíno. E o mesmo acontece conosco, com o samba. Faz sentido que qualquer brasileiro, que tenha contato com sua história e se envolva com música brasileira, possa ser considerado um sambista. Mas, claro, uns sempre serão mais sambistas que outros.

O samba, e todas as suas variações ao longo da história, é uma das mais importantes manifestações artísticas do brasileiro, mas principalmente dos africanos escravizados, que aqui criaram raízes. Assim como o jazz nos Estados Unidos, o samba por aqui veio das cantigas e dos batuques dos negros em suas lamentações e também celebrações ritualísticas. Isso foi se misturando às músicas de origem européias e acabou no que conhecemos como o samba e o choro. Toda a trajetória do samba é uma história longa e interessantíssima. E a Strip Me, sempre afim de te contar boas histórias, hoje traz 10 fatos fundamentais sobre o samba, pra você poder batucar com propriedade na mesa do bar.

Samba – Di Cavalcanti (1925)

Origem.

A origem do samba é controversa, uns dizem que surgiu na Bahia, outros no Rio de Janeiro… mas seja onde for, o fato é que foi uma evolução das cantigas tradicionais africanas, misturadas às músicas populares européias. Mas podemos considerar, por ser algo documentado, que o samba nasceu na extinta Praça Onze, no Rio de Janeiro. A Praça Onze era uma praça no bairro Cidade Nova, no Rio de Janeiro, um pouco ao norte do centro histórico da cidade. Aquela região foi largamente habitada por negros, escravizados recém libertos, após a assinatura da Lei Áurea no fim do século dezenove. Particularmente, na casa de uma baiana bem sucedida, que morava de frente para a praça e era uma excelente cozinheira, alguns músicos se reuniam no início do século XX. Entre eles, Donga, João da Baiana, Sinhô e Pixinguinha. Também foi na Praça Onze que aconteceram as primeiras reuniões populares carnavalescas, que dariam origem às escolas de samba. Na década de 1940, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas mandou abrir uma vasta avenida que ligaria o centro à zona norte do Rio. Essa avenida, que acabou levando seu nome, inclusive, passou por cima da Praça Onze, deixando somente sua história de pé.

Primeiro registro.

Reza a lenda que o primeiro samba gravado foi composto justamente na casa da tal baiana, em frente a Praça Onze. Segundo contam os sambistas mais antigos, que viveram naquela época, a música Pelo Telefone surgiu de improviso numa roda de samba, na qual estavam presentes Donga, Sinhô, Pixinguinha, João da Baiana, Caninha e Lalau de Ouro em outubro de 1916. Porém, na hora de registrar a canção, Donga ficou com o crédito. Em novembro do mesmo ano, Donga deu entrada no Departamento de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional a partitura do samba, partitura esta escrita por Pixinguinha. Donga gravou Pelo Telefone em 1917. Na época fez muito sucesso no carnaval, e depois foi amplamente revisitada décadas depois por artistas como Martinho da Vila.

Samba popular.

Até o início da década de 1930, o samba era música de gueto, coisa preto e pobre. As coisas começaram a mudar quando intérpretes das grandes rádios começaram a cantar alguns sambas. Além das rádios, o Brasil estava sendo governado por Getúlio Vargas, um ditador, mas também um astuto populista. Ele viu no samba uma maneira de se comunicar melhor com o povo, promoveu shows e elogiava alguns artistas. É verdade também que nessa época rolou uma tentativa de branquear o samba. Enquanto os grandes compositores como Donga e Pixinguinha não apareciam nunca como intérpretes, Francisco Alves e Lamartine Babo tinham alta circulação nos cartazes das principais rádios do país. 

Revolução de 1930.

Calma. Não estamos aqui pra falar de política. Estamos aqui pra falar da verdadeira revolução de 1930! Até porque aquela que a gente estuda nos livros de história do colégio não foi revolução, foi golpe de estado. Mas isso não vem ao caso. O fato é que em 1930, um jovem compositor do bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, começou a compor umas músicas que mudariam o jeito de se fazer samba e colocaria o gênero no gosto popular de vez. Noel Rosa só tinha vinte anos de idade em 1930, ano que ele compôs Com que Roupa, Feitiço da Vila e Palpite Infeliz. Além de músico inventivo, Noel era um excelente letrista, usando o cotidiano e o bom humor. Seus sambas inspiraram muitos sambistas que surgiam na época, principalmente aqueles que vinham dos morros e bairros mais pobres, e que se identificavam com aquela linguagem simples. Além dos já citados, também é de Noel Rosa clássicos como Gago Apaixonado, Fita Amarela e Conversa de Botequim. O sambista revolucionou o samba, mas não viveu suficiente para viver suas glórias. Ele faleceu aos 26 anos de idade, em 1936, vítima da tuberculose.

Sem Título – Carybé (1984)

Samba consolidado.

Entre as décadas de 1940 e 1950 o samba se estabeleceu como grande expressão popular. Bairros e comunidades se organizavam para criar escolas de samba, e cada uma tinha um grupo de compositores. Neste contexto surgem nomes como Cartola, Nelson Sargento, Nelson do Cavaquinho, Zé Keti, Lupicínio Rodrigues, Élton Medeiros e Adoniran Barbosa. Porém, esses sambistas todos acabam vivendo quase no anonimato, pois eram compositores, mas suas músicas ficavam conhecidas nas vozes de intérpretes como Orlando Silva e Nelson Gonçalves. Ainda assim, esse foi um período importantíssimo, de consolidação do samba. Estava tudo pronto para que mais uma revolução acontecesse.

Velho samba e bossa nova.

Considerado o inventor da bossa nova, com sua batida característica ao violão e o jeito de cantar baixinho, João Gilberto certa vez explicou que sempre quis aprender a tocar samba no violão, mas achava muito difícil. Foi então que escolheu, entre os diferentes acompanhamentos rítmicos, a levada do tamborim para executar na mão direita, enquanto, na mão esquerda, misturava acordes do samba com harmonias truncadas de jazz que ele também adorava. Pronto, surgiu a bossa nova! E não dá pra dizer que a bossa nova não é samba, porque é sim! Mas também é algo mais. É um samba sofisticado, contemporâneo. Tanto é que logo ganhou o mundo. Mas era coisa de jovem universitário, de classe média alta. No meio daquela playboyzada toda, foi uma garotinha tímida que se ligou que o samba de verdade não estava nas praias do Leblon, mas nos morros do centro da cidade.

Resgatando o samba.

Foi Nara Leão que se desgarrou do grupo e foi procurar os velhos sambistas. Em seu primeiro disco, ela não quis gravar as bossas de seus amigos, como Menescal e Carlos Lyra. Preferiu subir o morro e procurar os sambas de Cartola e Zé Kéti. Foi quando esses compositores começaram a ganhar notoriedade e reconhecimento. A turma da bossa nova era formadora de opinião e logo esses sambistas, que ali pelos anos 60, comecinho dos 70, até já estavam com certa idade, mas conseguiram usufruir dessa popularidade tardia. Foi quando, por exemplo, Cartola promovia grandes encontros em seu bar, o Zicartola, onde jovens compositores como Paulinho da Viola e Chico Buarque deram seus primeiros acordes. Depois de Nara Leão, outro nome fundamental para o samba foi João Carlos Botezelli, mais conhecido como Pelão. Pelão foi um produtor musical dos bons. Fã de boa música, quando ele viu Nara Leão e tantos outros jovens gravando os velhos mestres do samba, se perguntou por que diabos ninguém pensou em fazer com que eles próprios gravassem suas canções. Pelão foi responsável pelos discos clássicos de Adoniran Barbosa, Cartola e Nelson Cavaquinho interpretando seus próprios sambas, todos com mais de sessenta e tantos anos, com a voz cansada, mas com uma emoção incomparável!


Carnaval – Cândido Portinari (1960)

Samba regional.

A tendência é que a gente identifique o samba como uma manifestação tipicamente carioca. De fato, grande parte dos grandes expoentes do samba são do Rio de Janeiro. Mas o samba é brasileiro, e se manifesta em diferentes regiões do país, e cada região tem um tempero, uma peculiaridade. Para começar, podemos citar um dos maiores gênios do samba: Lupicínio Rodrigues. Nascido e criado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Entre milongas e bugios, Lupicínio encontrou no samba a maneira de expressar seus amores e desilusões. Além de ter sido o criador do termo “dor de cotovelo”, ele compôs clássicos como Felicidade e Nervos de Aço. Já o paulistaníssimo Adoniran Barbosa criou um samba cosmopolita, urbano e até mesmo poliglota, versando em italiano e paulistanês. Já com influências das religiões de matrizes africanas e seus afoxés, a Bahia também sempre foi um expoente de bom samba, tendo como seu maior nome o inigualável Dorival Caymmi. Enfim, samba tem no Brasil inteiro, com diferente sotaques, mas sempre com muita qualidade.

Samba 90.

Apesar de não serem tão numerosos até os anos 70, grupos de samba sempre existiram. Desde O Bando da Lua, conjunto que acompanhava Carmem Miranda, até Os Originais do Samba, passando pelos Demônios da Garoa. Mas a partir dos anos 70 e 80 o sucesso do Trio Mocotó e do grupo Fundo de Quintal inspirou muitos jovens a formarem seus próprios grupos e também atiçou o faro das gravadoras. Nos anos 80 grupos como Raça Negra e Exaltasamba já davam suas primeira batucadas. E a coisa estourou mesmo nos anos 90, com uma enxurrada de grupos como Só pra Contrariar, Negritude Jr. Soweto, Art Popular e tantos outros. Fenômeno que ficou conhecido como pagode anos 90, e que faz sucesso até hoje. Não se trata exatamente de uma reinvenção do samba, mas sim uma modernização, dando ao gênero um verniz mais pop.

Carnaval em Madureira – Tarsila do Amaral (1924)

Samba de hoje.

Em 1975 Alcione já pedia pra não deixar o samba morrer. Até hoje seu pedido está sendo cumprido com êxito. A cada geração que surge, o samba é revisitado e repensado, se adaptando a novas linguagens e tecnologias, mas sem deixar o tradicionalismo pra trás. Enquanto nomes como Xande de Pilares e Mumuzinho levam adiante o samba de raiz, caras como Criolo e Marcelo D2 colocam o samba num caldeirão de rap, hip hop, soul e funk para trazer à tona grandes obras.  Em especial Marcelo D2 tem se mostrado um verdadeiro alquimista do samba. Em 2003 lançou o irretocável disco À Procura da Batida Perfeita, e desde então vem lançando trabalhos muito inspirados. Seu último disco, lançado em 2023, chamado Iboru é um disco de samba como há muito tempo não se via, uma mistura fina de tradição e contemporaneidade. O samba ainda vive, e não dá sinais de cansaço.

O samba é coisa nossa, é suco de Brasil, é música da nossa essência! E a Strip Me, que não é ruim da cabeça e nem doente do pé, ajuda no batuque e engrossa o coro de lerê lererê. Só no sapatinho, vamos fazendo várias camisetas, uma mais linda que a outra, inspiradas e referenciando o samba! Vem conferir no nosso site! São camisetas de música, cultura pop, arte, cinema, bebidas, brasilidades e muito mais! Na nossa loja você também fica sempre por dentro dos nossos lançamentos, que pintam toda semana!

Vai fundo!

Para ouvir: Claro, uma playlist no capricho com o melhor so samba de todos os tempos! Samba no pé top 10 Tracks.

Para assistir: Imperdível o documentário O Samba, lançado em 2015 e dirigido por Georges Gachot. O filme tem Martinho da Vila como protagonista. Ele conta histórias do samba e de sua própria carreira, enquanto apresenta ao expectador o bairro de Vila Isabel, terra de Noel Rosa e do próprio Martinho, além de mostrar bastidores da escola de samba da comunidade, por vários anos vencedora do carnaval carioca. 

Os 10 Mandamentos do Boteco.

Os 10 Mandamentos do Boteco.

Apesar de ultra democrático, o bom e velho boteco não é terra de ninguém. Há um código de conduta não escrito, mas que deve ser respeitado. Portanto, hoje a Strip Me apresenta os 10 Mandamentos do Boteco.

Bar, doce lar! Não há lugar onde o brasileiro se sinta mais em casa do que o bar. Aquele boteco gostoso, com mesas na rua, cerveja estupidamente gelada e garçom gente boa. Mais que um simples estabelecimento comercial, é uma instituição brasileira e patrimônio socio-cultural. O bar é a materialização da democracia, onde todo o tipo de gente conversa sobre todo o tipo de assunto com liberdade. Mas falando assim, parece que é um lugar com certa pompa e circunstância. Mas é nada! É um lugar despojado e agradável que você pode ir de bermuda e chinelo ou de roupa social, que ninguém vai te julgar.

Mas não pense você que essa liberdade e despojamento fazem do boteco um lugar ao deus dará, uma terra de ninguém. Justamente por essa aura livre, não tem uma regra escrita de como agir e o que não fazer no bar. Mas claro que há um código de conduta, um decálogo de mandamentos a serem seguidos. Algo que está no consciente coletivo e que todo mundo meio que sabe, sem saber direito de onde aprendeu. Para exaltar a chegada desse calorão, o mês da Oktoberfest e simplesmente porque nós amamos um bom papo na mesa do bar, a Strip Me traz Os Dez Mandamentos do Boteco.

1. O que acontece no bar, fica no bar.

É meio que como as regras do Clube da Luta. A mesa do bar tem ares de confessionário, e o álcool tende a fazer com que as pessoas se tornem cada vez mais sinceras, além de ser um combustível muito eficiente para transformar pessoas comuns em hábeis dançarinos. Mas isso tudo não precisa ser motivo de buchicho ou chacota durante o cafezinho na segunda feira de manhã na empresa.

2. Serás cliente fiel de pelo menos um bar na cidade onde moras.

Olha, uma das características básicas do boteco é a boa convivência. E a boa convivência é algo que se constrói ao longo do tempo. Por isso, é muito importante você eleger em sua cidade o seu bar favorito, e frequenta-lo periodicamente, saber o nome do dono do bar, de pelo menos um dos garçons e etc. Isso te impede de ir a outros bares? Claro que não! Mas é sempre bom ter um porto seguro, onde você tem certeza que a cerveja estará gelada e que você não vai precisar pedir pra trocar a tulipa pelo copo americano.

3. Conversarás com o garçom além do essencial.

Esse negócio de falar somente o essencial é que com o motorista do busão. No bar, você tem total liberdade para pedir opinião do garçom não só sobre qual a porção mais apetitosa, mas também sobre o desempenho do time que vai jogar nos dias vindouros e até mesmo pedir conselhos amorosos. Garçons são sempre pessoas sábias e merecem ser ouvidas.

4. Não deixarás a cerveja esquentar no copo.

Não caia em conversa furada de falsos profetas, que teimam em levar etiqueta e melindres para a mesa de bar. Há quem diga que é indelicado colocar cerveja no copo de outra pessoa, sem que ela peça. Besteira! No bar, não se deixa a cerveja esquentar! Completar um copo que está com menos da metade é um favor que você faz àquele amigo que bebe mais devagar. Aquele golinho no fundo do copo pode rapidamente esquentar, tornando-se pouco atrativo ao paladar. Ao completar o copo com cerveja gelada, você restitui o equilíbrio da mesa.

5. Pedirás um petisco.

Nem que seja um amendoim. Mas um tira gosto é essencial para manter a mesa do bar funcionando perfeitamente, além de prolongar a qualidade da conversa ali desenvolvida. Afinal, todo mundo sabe que beber de barriga vazia faz com que o álcool faça efeito mais rápido. Para não começar a enrolar as palavras logo na quinta ou sexta garrafa, uma boa porção é fundamental. De preferência alguma fritura, como um belo torresmo, que ajudará a metabolizar o álcool no seu organismo. Além disso, tal ato vai colaborar com a arrecadação do bar, permitindo que ele se mantenha aberto e funcionando bem.

6. Saberás pedir cerveja gelada por diferentes expressões.

Não só por uma questão de entretenimento e diversão, mas também para evitar a monotonia da repetição da mesma frase muitas vezes na mesma noite, é importante que o frequentador do boteco tenha um bom vocabulário de expressões para chamar aquela cerveja gelada. “Vê uma trincando.” ”Me traz uma canela de pedreiro!” “Traz aquela com o véu de noiva.”  “Desce aquela tirada do cu da foca.” E por aí vai. O mesmo vale para a maneira como você se refere ao garçom. Amigão, doutor, mestre, consagrado, professor, meu querido, comandante…

7. Conversarás sobre todos os assuntos.

No bar é muito importante que você converse sobre todos os assuntos possíveis. Mesmo que você não entenda nada sobre o assunto em curso na mesa, opine, mostre-se curioso e tente aprender alguma coisa. Veja bem, não confunda a mesa do bar com um palanque ou uma sala de aula. Ninguém gosta de um palestrinha. Mas é sempre bom ter conversas leves e descomprometidas sobre os mais variados assuntos. O importante é não ficar a noite toda com a cara enfiada no celular só porque você não viu o último filme do Scorsese ou não liga a mínima que a Sandy é a mais nova divorciada da praça.

8. Não brigarás.

Esse é tão óbvio que não precisava nem ser dito, né? Até porque sair na mão é um troço muito demodê, é cafonérrimo, muito anos 90. Hoje em dia ninguém resolve mais nada brigando. Além disso, derruba o clima do bar, deixa todo mundo tenso, enquanto estão todos ali pra relaxar e curtir. Pra piorar, uma briga pode causar danos materiais ao bar e deixa-lo com fama de lugar mau frequentado. Portanto, se quiser brigar, não vá pro bar, vá pro Twitter.

9. Pedirás a saideira antes da conta.

Certas tradições são inquebráveis! Essa é uma delas. Todo mundo na mesa concorda que a conversa está boa, mas está ficando tarde, já comeram e beberam o suficiente e tal? Tudo bem. Então é hora de pedir a conta. Mas é absolutamente necessário manter o decoro e fazer como manda o figurino dizendo: “Campeão, traz pra gente a saideira e a conta faz favor!” A saideira é a responsável pelo brinde de despedida e por deixar o inebriante gostinho de quero mais, que fará com que todos na mesa aguardem ansiosamente pelo próximo fim de semana.

10. Se for embora antes dos demais, pedirás a parcial e pagarás sua parte.

Outro mandamento que nem precisava ser dito, de tão óbvio e ululante. Mas é sempre bom reforçar, porque sempre tem um espertinho que toma uma caixa de cerveja, joga trinta reais na mesa e vai embora de fininho. Ora, o fiel frequentador do boteco jamais faz isso. Se precisa ir embora antes dos demais da mesa, ele pede uma parcial, faz a divisão e paga sua parte. Assim, mantém todo um equilíbrio entre os presentes na mesa que ficarão até o final, além de fortalecer os vínculos de confiança e amizade.

Eu ouvi um amém? 10 Mandamentos desses é pra glorificar de pé, de preferência, com copo em riste, pronto pra brindar! O boteco é esse poço de brasilidade, lugar de barulho, diversão e arte, de diversidade, liberdade e democracia! Um lugar que a Strip Me leva no coração e se inspira para elaborar as mais lindas e descoladas camisetas de bebidas, mas também de cultura pop, onde o boteco está mais que inserido, aliás. E tem ainda as camisetas de arte, cinema, música, games e muito mais. Na nossa loja você confere tudo isso e ainda fica por dentro de todos os nossos lançamentos, que pintam por lá toda semana!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist digna de um fiel botequeiro! Bar, doce lar Top 10 tracks.

Para assistir: Recomendadíssimo o documentário sobre um dos grandes cantores de todos os tempos no Brasil: Cauby Peixoto. O filme Cauby: Começaria Tudo Outra Vez foi lançado em 2015 e dirigido por Nelson Hoineff. E o que um doc sobre o Cauby Peixoto tem a ver com o tema do texto? Ora, o Cauby fez sua fama e até seus últimos dias de vida se apresentou no bar mais famoso de São Paulo, o Bar Brahma! E, além disso, o Cauby tem uma história incrível que merece ser conhecida.

Festa Junina – 10 fatos sobre a festa mais querida do Brasil.

Festa Junina – 10 fatos sobre a festa mais querida do Brasil.

A Strip Me hoje traz 10 fatos que não deixam dúvida: a Festa Junina é a festa mais querida, é o xodó do Brasil!

Se tem uma coisa de que brasileiro entende é fazer festa. E tem de tudo. As festas de galpão no sul, a festa dos bois de Parintins, a folia de Reis  no interior de São Paulo e Minas Gerais, e, é claro, o nosso  Carnaval. E essas são as festas grandes e populares. Isso sem falar no nosso bom e velho churrasco do fim de semana, um verdadeiro coringa, que serve pra tudo quanto é comemoração. Aniversário? Churrasco. Passou no vestibular? Churrasco. Final de campeonato? Churrasco. É feriado? Churrasco. Não tem nada pra fazer? Churrasco. Mas, no meio de tanta festa, tem uma que é o nosso xodó. Aquela festa que a gente espero o ano inteiro, porque traz aquele quentinho no coração, tem umas comidinhas deliciosas que nos abraçam, o ar fica cheiroso com a mistura do cheiro de quentão e da madeira queimando na fogueira, a música é animada e, mesmo quem mora nas grandes cidades, acaba experimentando um pouquinho da vida simples de quem vive na roça!

A festa junina, é claro, tem suas origens na Europa. Mas chegou aqui, mais ou menos nos moldes que a gente conhece. Acabaram sendo feitas algumas apropriações culturais aqui e ali e criou-se esse imaginário do caipira vinculado às festas do mês de junho, que celebram 3 dos mais importantes santos da igreja católica: Santo Antônio, São João e São Pedro. Como toda festa cristã que se preze, a festa junina também é de origem pagã. Muito antes do cristianismo ser concebido, povos que viviam em aldeias por toda a Europa ocidental faziam uma grande fogueira no dia do solstício de verão, que marca a passagem da primavera para o verão no Hemisfério Norte, e faziam muita festa em volta dessa fogueira, celebrando o tempo de colheitas. Quando o cristianismo se tornou a religião predominante na região, essa festividade foi incorporada no calendário católico como celebração do dia de São João. Assim, tal festividade ficou conhecida entre os povos de língua latina como festa joanina. No futuro, por ocorrer no mês de junho, acabou virando festa junina e diz respeito não só ao dia de São João, mas também de Santo Antônio e São Pedro, pelo único motivo de esses dois santos também terem seus dias celebrados no mesmo mês.

Aqui no Brasil a festa joanina chegou com os primeiros colonos portugueses e foi se adaptando à nossa realidade. No início, era celebrada apenas pela elite, ou seja a nobreza e o clero. Originada na França, uma dança chamada quadrille, uma espécie de minueto dançado em grupo, começou a fazer parte das festividades, além de grandes banquetes e missas em homenagem aos santos. No fim do século XIX, com a abolição dos escravos, o crescimento das cidades e a vinda de muitos imigrantes para trabalhar nas lavouras fez com que a festa joanina se popularizasse, principalmente no interior, nas fazendas onde os imigrantes, muito religiosos, celebravam essas datas, mas sem a pompa de outrora. Assim, a quadrille virou quadrilha, as comidas passaram a contar com ingredientes mais baratos como o milho, a música misturava cantigas de roda e música tradicional, essencialmente italiana (onde o uso do acordeom é muito comum), com elementos brasileiros dos camponeses, a famosa moda de viola. E pronto! Temos a festa junina como conhecemos hoje.

Essa história toda é muito interessante, mas não explica por que razão a festa junina é tão adorada e querida pelas pessoas. Lembra da pandemia? Uma das coisas mais comentadas internet afora, quando o clima começava a esfriar, eram lamentos sobre a saudade da festa junina! Pois bem. A Strip Me está aqui para explicar essa paixão para você. Trouxemos 10 fatos que comprovam porque a festa junina é a festa mais querida do Brasil. Confere aí.

01 – Fogo

Você já deve ter ouvido falar que o fato de o cachorro dar uma ou duas voltas em círculo antes de se deitar é um traço de sua ancestralidade. Pois é, antes dos cães serem domesticados, eles viviam na natureza, e antes de se deitar, andavam em círculos para afofar a terra onde iriam se deitar. Da mesma maneira, o ser humano, desde os primórdios se reúne em volta de fogo. É uma parada que nos fascina até hoje. Então, certamente, uma das coisas que torna a festa junina tão atrativa é o fogo. A fogueira, os fogos de artifício, as bombinhas que tanto divertem as crianças. Passam-se eras e a gente ainda continua se reunindo em volta do fogo, tal qual um cachorro andando em círculos no concreto antes de se deitar.

02 – Clima

Na esteira do fogo, o clima também ajuda muito a fazer com que as pessoas gostem da festa junina. Em especial no sul e sudeste, junho é tempo frio. O clima ajuda muito a fazer com que tudo que envolve a festa junina se torne atrativo. As bebidas como o quentão e o vinho quente, as roupas como camisa e calça para homens e vestidos para as mulheres, a fogueira, a dança… enfim, tudo. E não é só no sul e sudeste que o clima conta. O estado da Paraíba se orgulha de realizar a maior festa de São João do Brasil. Nos arredores da cidade de Campina Grande, existem  pequenas cidades cujas festas juninas são muito concorridas, e são cidades de uma região serrana, onde, em pleno nordeste brasileiro, chega a fazer aproximadamente 15 graus.

3 – Roupa

Está aí o Carnaval que não nos deixa mentir. A gente sempre gostou muito de se fantasiar. Uma das coisas mais divertidas da festa junina e encarnar o personagem caipira. Se vestir à caráter, com chapéu de palha e tudo. Além de ser divertido, é muito fácil se vestir de caipira, e muito confortável também. A praticidade de sempre ter no guarda roupas uma camisa xadrez e uma calça jeans meio detonada é muito estimulante. Para as mulheres, acaba dando um pouco mais de trabalho, é verdade, mas mesmo quando dá um trampinho a mais pra montar a fantasia, isso acaba fazendo parte da diversão.

4 – Vida simples

Principalmente para quem mora em grandes cidades, a festa junina é um verdadeiro portal que transporta a pessoa para um mundo de simplicidade e alegria. Não é que não tenham desvantagens em morar no campo. Mas é indiscutível que quem mora no interior leva uma vida mais tranquila, tem hábitos mais saudáveis, se alimenta melhor… além disso, o estereótipo do caipira é de uma pessoa humilde, de gostos simples, bondosa e muita tranquila. Quem não quer ser assim? Nem que seja por uma noite, na quermesse, a gente consegue vivenciar um pouquinho dessa vida simples da roça.

5 – Tradição

Dentro dessa esfera da vida simples campesina, tem um outro fator que atrai a curiosidade de quem não conhece  a cultura sertaneja e desperta sentimentos em quem é familiarizado com essa cultura. É a tradição. Por toda a história da festa junina, que vimos no começo do texto, soma-se o fato de que no interior as pessoas tendem a ser mais religiosas, simplesmente porque isso é passado de geração para geração. A tradição das quermesses de Santo Antônio, por exemplo, são curiosíssimas. Sendo ele o santo casamenteiro, tem toda uma dinâmica na quermesse com simpatias para mulheres solteiras arranjarem marido. É uma parada que nem cabe muito em pleno 2023, esse negócio de mulher ter que casar… mas a coisa toda acaba sendo encarada como uma brincadeira.

6 – Quadrilha & Casamento

Toda quermesse que se preze tem uma bela dança de quadrilha e um casamento. Como já foi dito, a quadrilha é uma herança de uma dança da nobreza de séculos passados, e foi adaptada aos nossos costumes. O que chama a atenção aqui é que existe um grande fundo de deboche dentro dessas práticas tradicionais da festa junina. Quando as festas juninas se popularizaram entre trabalhadores da lavoura, o que animava a festa era satirizar os hábitos dos fazendeiros ricos, que tanto enganavam os trabalhadores com promessas falsas. Assim, a quadrilha passou a ser dançada com música sertaneja e sempre tem um animador contando mentiras para os dançarinos. “Olha a cobra!” “Olha a chuva!”. O casamento também é uma sátira aos casamentos pomposos da aristocracia, ao se realizar um casamento com noivos pobres e com roupas simples. Festa junina também é resistência e consciência de classe!

7 – Música

Por si só, a música tradicional, ou folclórica, é um tema fascinante e muito vasto. Mas basta dizer que muitas das músicas tradicionais de diferentes povos tem muitas similaridades. A começar que são geralmente cantadas em grupo, animadas e acompanhadas de dança. Assim são as tarantelas sicilianas, as polkas do leste europeu, as marchas dos alemães e etc. O que conhecemos hoje como música caipira tem em seu DNA boa dose dessas músicas europeias, em especial dos italianos, que foram a maioria que se instalaram tanto no Rio Grande do Sul quanto no interior paulista. Ouça músicas como Abballati e C’è la Luna a Mezzo Mare, que são tarantelas típicas italianas e perceba a semelhança rítmica com as músicas caipiras capitaneadas pela sanfona na dança da quadrilha. E são todas músicas divertidíssimas de se ouvir! A música é uma coisa só, bicho!

8 – Bebida

Quentão e vinho quente são essenciais para qualquer festa junina que se preze. Mas não é só isso. Essas bebidas deliciosas são um dos motivos do nosso amor pela festa junina. São bebidas de sabor único, quentinhas, que ajudam a aplacar o frio, além de servir como aquele eficiente lubrificante social. Á medida que você vai bebendo, vai ficando mais solto na quermesse. Quando se dá conta, já se sente apto a buscar aquela prenda em cima do pau de sebo  e até adoçar os lábios na barraca do beijo. Claro que quermesse boa tem de tudo, inclusive a cervejinha gelada pra quem preferir, mas tem também refri vendido no saquinho plástico e canudo e garapa. Enfim, é diversão garantida.

9 – Comida

O estilo de vida caipira, a música, a quadrilha, a fogueira… tudo lindo. Mas a verdade é que a gente curte mesmo comer! E é cada delícia na festa junina que não tem como a gente não amar muito essa festa. Amendoim torrado, pipoca, milho com manteiga, churrasquinho de carne, frango assado, pamonha, canjica, pé de moleque, bolo de fubá… é tudo maravilhoso! Acho que podemos assumir aqui que todos os demais fatos que compõe essa lista são apenas suporte para este tópico. A gente ama muito a festa junina é por causa a comida mesmo.

10 – Nostalgia

Para completar, tem mais um fato que explica o nosso amor pela festa junina. É a nostalgia, a lembrança daquele tempo gostoso de criança, quando a escola fazia festa junina. Os pais pintavam bigodinho nos meninos e sardas nas meninas, todo mundo se vestia à caráter e tinha muito brincadeira. Pesca, tiro ao alvo com bola de meia, correio elegante, cadeia… eram festas tão legais que é bem provável que todo mundo já teve um dia uma foto sua criança vestido de caipira. A festa junina traz também essa nostalgia gostosa de ser a mesma festa que a gente curtia quando criança, só que agora, ao invés de ir na barraca da pesca, a gente compra a rifa da leitoa e fica sentado curtindo a festa. enquanto toma quentão e cervejinha!

A festa junina pode até ter suas origens lá na gringa, mas já é uma festa brasileiríssima! É a nossa festa mais querida, o nosso xodó! Por isso, é claro, que a Strip Me tem estampas dedicas a ela! Mas não só. Tem também camisetas de carnaval e brasilidades em geral. E tem também as camisetas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. No nosso site você confere todas elas e ainda fica por dentro dos lançamentos, que pintam semanalmente!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist tão boa quanto pé de moleque, com música que tem tudo a ver com festa junina! Festa Junina top 10 tracks.

A Democracia existe e é valiosa para nós.

A Democracia existe e é valiosa para nós.

2023 começou inspirador, com um leve perfume de esperança, que há alguns anos a gente não sentia no ar. Isso graças a democracia. No dia 1 de janeiro confirmamos de uma vez por todas o resultado da eleição presidencial, numa posse cheia de simbolismo, diversidade e grandes discursos. Mas foi um discurso feito no dia 3 de janeiro que realmente encantou todo mundo: o discurso de posse do ministro dos direitos humanos Sílvio Almeida. Jurista e filósofo, Almeida tem 46 anos de idade, é negro e é uma das mais brilhantes e ativas vozes no país contra o racismo e direitos humanos do Brasil. Seu discurso emocionado bradando que todas as vidas são valiosas e importam para o governo que assume o poder neste ano é muito revelador. E acabou inspirando a Strip Me a criar a camiseta Valiosos, uma peça minimalista linda, super estilosa, que retrata muito bem o momento em que vivemos.

Daqui 2 anos, em 2025, vamos comemorar os 40 anos da redemocratização brasileira. Em 1985 Tancredo Neves assumiria como o primeiro presidente civil depois de 20 anos de uma ditadura militar obscura. Tancredo adoeceu e foi internado na véspera de sua posse como presidente, 14 de março de 1985. José Sarney, seu vice, acabou sendo empossado, e Tancredo, após passar por 4 cirurgias, acabou falecendo no emblemático dia 21 de abril. Desde então, vivemos plenamente amparados politicamente pelas mãos da democracia. Mas não pense você que foi fácil assim.  Aliás, ao longo da nosso história, o que a gente menos teve foi facilidade para ter governos dispostos a garantir recursos e liberdade ao povo. Para você ter ideia, desde o fim do império e o estabelecimento da república, em 1889, nós passamos por 5 golpes de estado (incluindo a própria proclamação da república, que foi um golpe militar e o impeachment de Dilma Russeff, que não foi militar, mas foi um golpe que a tirou de o poder). E isso porque não estamos contando com as tentativas de golpe frustradas. Ao longo desses 133 anos de república tivemos 4 constituições promulgadas, a última, em vigor até hoje, é de 1988.

Mas, pensando nos acontecimentos recentes no país, vamos focar no que aconteceu de 1984 pra cá. Antes só um breve resumo do que acontecia anos antes. Em 1975 o então presidente Ernesto Geisel anunciou que tinha a intenção de dar início ao abrandamento da ditadura, a tal da abertura democrática. Em 1977 aconteceu a primeira manifestação popular contra o governo desde 1968, quando o AI-5 foi instaurado. Essa manifestação foi a enorme, e heroica, greve dos metalúrgicos no ABC paulista liderados pelo Lula. Os grevistas reivindicavam não só melhores condições de trabalho, mas também mais liberdade. Em 1979 assume a presidência João Figueiredo, que é quem realmente inicia a abertura política com a lei da anistia, a volta dos presos políticos e a permissão para que novos partidos políticos fossem criados. Nascem assim o PSDB  e o PT, que encabeçam movimentos exigindo eleições diretas. Em 1983 o deputado federal Dante de Oliveira dá entrada no congresso a PEC (projeto de emenda constitucional) que estabelecia eleições populares diretas. No dia 25 de abril de 1984 o Brasil parou para acompanhar a votação da PEC. Eram 479 deputados que votariam, sendo que eram necessário 320 votos favoráveis, ou um terço do plenário, para que a PEC fosse aprovada e o Brasil tivesse eleições para presidente. Acontece que, por manobras dos políticos que apoiavam a ditadura, houveram muitas abstenções e faltas. A PEC teve 298 votos e não foi aprovada.

Quando a emenda do Dante de Oliveira foi por água abaixo, o Brasil pegou fogo. Se intensificaram muito as manifestações e o movimento Diretas Já tomou proporções gigantescas. Vale lembrar aqui que essas manifestações já ocorriam desde 1980, depois do Figueiredo aprovar a lei de anistia e afrouxar um pouquinho (mas bem pouquinho mesmo) a censura. Acontece que entre 1980 e 1981, a linha mais radical dos militares, que não queriam saber de abertura politica nenhuma, começaram a agir. Esses militares começaram a plantar bombas em bancas de jornal que vendiam publicações “subversivas” como O Pasquim. E eles faziam isso pintando no lugar onde colocavam as bombas a sigla VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), um grupo de guerrilheiros de esquerda que atuaram nos anos 70 combatendo a ditadura. Mas todo mundo sabia que aquelas bombas eram coisa dos militares, e essa situação explodiu (literalmente) mesmo no dia 30 de abril de 1981, durante uma manifestação que contava com vários shows musicais no Rio Centro, no Rio de Janeiro. Um coronel e um capitão do exército planejavam explodir duas bombas durante os shows, no meio da multidão mesmo. Mas uma das bombas explodiu por acidente no estacionamento, dentro do carro, onde estavam os dois militares! Foi um escândalo que só piorou a situação dos militares, já que se comprovou que eles promoviam violência, enquanto as manifestações pela democracia eram pacíficas. Entre 1980 e 1981 foram exatamente 28 bombas explodidas em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, a última delas foi a do Rio Centro, que matou justamente os dois autores do atentado.

Depois do atentado frustrado no Rio Centro, mais e mais manifestações populares se espalharam pelo Brasil. Cada vez mais o movimento Diretas Já ganhava respaldo de políticos, intelectuais e artistas de muita relevância. No esporte também havia um apoio enorme, que ajudou a popularizar ainda mais o movimento. Pelé saiu na capa da revista Placar com uma camiseta escrito Diretas Já enquanto os jogadores do Corinthians, time mais popular do estado de São Paulo e um dos mais populares do Brasil, instauravam a Democracia Corinthiana. Tudo isso culminou na maior manifestação popular da história do Brasil, quando aproximadamente um milhão e meio de pessoas tomou o vale do Anhangabaú em São Paulo para um comício histórico. No palanque políticos como Ulysses Guimarães, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Mário Covas, Franco Montoro e outros, além de artistas como Fernanda Montenegro e Fafá de Belém e representantes da Democracia Corinthiana, Sócrates e Casagrande. Até então, o Brasil nunca tinha visto uma manifestação tão numerosa. Tendo acontecido apenas 9 dias antes da votação da PEC de Dante de Oliveira, quando a emenda foi derrubada, Figueiredo mandou reprimir quaisquer outras manifestações, e muitos confrontos entre polícia e manifestantes passaram a acontecer.

O movimento Diretas Já era, em essência, uma manifestação de apoio à PEC de Dante de Oliveira. Quando ela foi derrubada no congresso, ao invés do movimento perder fôlego, se inflamou ainda mais, agora exigindo a redemocratização de qualquer maneira. E no fim do ano de 1984 seria escolhido pelo colégio eleitoral, ou seja, pela classe política, o sucessor de Figueiredo, já que o mandato de presidente até então era de 5 anos. Naquele ano admitiu-se pela primeira vez desde 1964 um representante civil para se candidatar a presidente. Neste caso, Tancredo Neves. Em cima da hora, o candidato dos militares, o coronel Mário Andreazza, abriu mão da candidatura e acabou sendo substituído por outro civil, mas bem conservador e ligado à direita: Paulo Maluf.  A eleição aconteceu no dia 15 de janeiro de 1985 e Tancredo Neves saiu vitorioso. No mesmo dia, no Rio de Janeiro acontecia o primeiro Rock In Rio, e foi muito marcante a cena do Barão Vermelho tocando Pro Dia Nascer Feliz na madrugada de 15 para 16 de janeiro, todo mundo sabendo, e comemorando, que o Brasil finalmente tinha um presidente civil eleito e que a ditadura militar chegava ao fim.

E mesmo com todos os problemas econômicos e crises políticas, a gente foi tomando gosto pela democracia. José Sarney, o vice de Tancredo Neves, governou o Brasil de 1985 a 1989, quando, aí sim, houveram eleições diretas, e o presidente do Brasil foi escolhido pelo povo. E que eleições foram aquelas! Até o Sílvio Santos chegou a se candidatar, mas o nome dele não poderia aparecer na cédula! Os dois principais candidatos eram Fernando Collor de Melo, um playboy alagoano que se dizia caçador de marajás, e Luís Inácio, o Lula, sindicalista de São Bernardo do Campo e líder do Partido dos Trabalhadores. Até hoje o debate entre Collor e Lula para o segundo turno na Globo é estudado nas faculdades de jornalismo. O debate não era ao vivo, foi gravado e editado. A Globo defendia abertamente a eleição de Collor e fez uma edição criminosa no debate favorecendo seu candidato. E ajudou muito. Collor foi eleito. Mal entrou no poder, em 1990, e já confiscou poupança dos brasileiros e saiu fazendo lambança atrás de lambança. Enquanto via sua popularidade despencar o presidente era bombardeado por acusações de corrupção por parte de seu irmão e de vários jornalistas, que investigavam os negócios obscuros de PC Farias, amigo íntimo e principal assessor de Collor.

Em 1992 rolava na Globo uma série que fez muito sucesso, chamada Anos Rebeldes, que contava a ação de jovens estudantes nos anos 60 contra a ditadura militar. No dia 29 de maio de 1992, a UNE (União Nacional dos Estudantes) convoca uma manifestação em São Paulo que tem uma adesão surpreendente, milhares de pessoas, a maioria jovens estudantes universitários. A manifestação pedia melhores condições de estudo e o fim da corrupção na política, entre outras coisas.Essa foi a primeira de muitas manifestações, e tornou-se famoso um cartaz na multidão que dizia: “Anos Rebeldes, O Próximo Capítulo”. A UNE passou a organizar cada vez mais manifestações, estimuladas pela CPI que fora aberta no dia 1 de junho para investigar as acusações de confisco, corrupção e pagamento de propinas contra o governo Collor. No dia 11 de agosto, mais de 10 mil pessoas lotaram o vão do MASP, na avenida Paulista para pedir o impeachment de Collor Para deixar claro o apartidarismo da manifestação, os jovens tinham seus rostos pintados de verde amarelo (bons tempos em que essas cores eram usadas para defender a democracia). Dois dias depois, Collor faz um pronunciamento em rede nacional dizendo que a mídia estava manipulando  as informações (!) que ele estava sofrendo falsas acusações (!!) e pedia que, para mostrar que o povo brasileiro não estava contra ele, como dizia a mídia, todos saíssem às ruas no domingo seguinte, dia 16, vestindo roupas com as cores do Brasil (!!!). Olha, parece que foi ontem que ouvimos uns discursinhos bem parecidos… mas o que aconteceu foi que milhares de pessoas em vários capitais do Brasil saíram ás ruas vestindo roupas pretas e com a cara pintada de preto! Foi o movimento que ficou conhecido como os caras pintadas, e que ajudou muito a fazer com que o impeachment de Collor fosse aprovado. Malandramente, Collor renunciou ao cargo antes de ser cassado e manteve seus direitos políticos. Tanto que depois se elegeu senador por Alagoas! Sim, teve gente que votou nele depois de tudo! Mas isso é outra história.

Enfim, este texto de hoje é sim uma celebração à democracia e à liberdade. Todos nós da Strip Me desprezamos todo e qualquer ato golpista contra a democracia, bem como manifestações violentas, vandalismo e, em especial, a depredação de obras de arte. O que aconteceu no último domingo, dia 8 de janeiro, foi um horror. Ainda bem que temos pela frente 4 anos com gente como o Sílvio Almeida e a Marina Silva do nosso lado, ajudando a comandar o país. É um governo que está longe de ser perfeito, tem seu lado questionável, mas pelo menos tem humanidade e apreço pela cultura, pela diversidade, pelo meio ambiente e pela liberdade. Assim como nós! Então você pode começar 2023 dando uma geral na nossa loja e conferindo os lançamentos, como a camiseta Valiosos, além das camisetas de música, cinema, arte e cultura pop.

Feliz 2023!

Vai fundo!

Para escutar: Uma playlist de protesto! Músicas que falam sobre democracia e contra governos autoritários! Música de protesto Top 10 tracks!

Para assistir: A TV Senado produziu um documentário bem legal sobre as Diretas Já, chamado Diretas Já – O Grito das Ruas, com depoimentos de várias pessoas que participaram das manifestações, de Lula a Fernanda Montenegro. Vale muito a pena conferir. Tem completo no Youtube, só clicar aqui.

A Copa do Mundo é Pop!

A Copa do Mundo é Pop!

É inegável. Se tem uma coisa que mexe com a gente, vira nossa rotina de cabeça pra baixo, nos deixa ansiosos, histéricos, empolgados e, muitas vezes, revoltados, mas a gente não sabe viver sem, essa coisa é a Copa do Mundo. Até quem não torce para time nenhum e não liga pra futebol, quando chega a Copa, curte assistir aos jogos, debater com os amigos sobre quem joga bem ou joga mal e quem vai ser campeão do mundo. Mas o que faz com que isso tudo aconteça?

Bom, pra começo de conversa, a Copa do Mundo já se tornou parte da cultura pop. Não se trata simplesmente de uma disputa esportiva entre seleções do mundo. Mas sim uma festa, jogos televisionados, com verdadeiros ídolos em campo, álbum de figurinhas, jingles e músicas marcantes e, mais recentemente, uma infinidade de memes e piadocas difundidas em larga escala em redes sociais. Só por aí, já temos um panorama da importância da Copa do Mundo. Mas vai além, principalmente no Brasil. Afinal, temos aqui uma tradição antiga de apaixonados por futebol. Ainda que o esporte não tenha sido criado aqui, indiscutivelmente nos apoderamos dele, e fizemos do futebol a nossa mais emblemática marca mundo afora.

Chega a ser engraçado que ainda hoje haja quem diga que futebol não se discute. Porra, é o assunto mais discutido no país desde sempre! Seja um Grenal, um Corinthians e Palmeiras, um Flaflu, o futebol está sempre na pauta do brasileiro. Nem que seja para puxar assunto com um desconhecido ou mudar de assunto durante uma conversa desconfortável, com a inabalável frase “E o Corinthians, hein… ?”. E na época da Copa do Mundo isso se intensifica. Começa no sorteio das chaves, onde a gente descobre quem vai jogar contra quem na primeira fase. Depois tem a convocação dos jogadores, momento sempre tenso e que gera muita conversa. E, por fim, os jogos! A melhor parte! Quem não gosta de ir almoçar em plena terça feira e conferir um jogão entre Tunísia e Coréia do Sul?

Mas, além disso tudo, cada edição de Copa do Mundo é marcado por pelo menos um momento muito inusitado, ou um placar de jogo impensável, uma jogada muito controversa, e até mesmo teorias da conspiração. Sendo o Brasil o país que mais participou de Copas do Mundo, aliás, o Brasil é o único país do mundo que esteve presente em todas as edições da competição, é natural que tenhamos muitos desses causos famosos, que entram para a história. Selecionamos aqui 5 destes momentos marcantes do Brasil em Copas do Mundo para contar para você.

Maracanazo

Também conhecido como Maracanaço, mas a expressão em espanhol, Maracanazo, parece mais apropriada. Trata-se do fatídico 16 e julho de 1950. Por incrível que pareça, a Copa do Mundo de 1950 tem muito em comum com a edição de 2014. Começa que ambas aconteceram no Brasil. Assim como em 2014, o Brasil esteve envolvido num jogo que terminou 7 a 1, porém, desta vez o Brasil saiu vitorioso marcando 7 gols na seleção da Suécia. Por fim, a Copa acabou em vexame para o Brasil, que não se sagrou campeão. O estádio do Maracanã acabara de ser inaugurado e era o palco para a final da Copa, entre Brasil e Uruguai. Nas quartas de final e na semifinal, o Brasil vinha de resultados espetaculares, como o 7 a 1 na Suécia e um 6 a 1 na Espanha, enquanto o Uruguai vinha de uma campanha mais sofrida, com um empate entre 2 a 2 e uma vitória de 3 a 2. O clima de “já ganhou” era tão exagerado que o jornalista e empresário Paulo Machado de Carvalho, que viria a ser homenageado no futuro  tendo seu nome na fachada do estádio do Pacaembu, esteve na concentração da seleção brasileira no dia anterior e ficou impressionado com o clima de festa. Ao chegar em casa, de noite, na véspera da final, chegou a dizer para o seu filho: “Vamos perder.”. Dito e feito. O Uruguai entrou em campo determinado, segurando os ataques brasileiros e avançando no campo de ataque. O primeiro tempo acabou sem gols, mas com a superioridade dos uruguaios evidente. No segundo tempo, o Brasil abre o placar com gol de França nos primeiros minutos de jogo.  A resposta uruguaia vem com o gol de Schiaffino com 20 minutos do segundo tempo. O jogo se torna dramático, e a torcida, que até então vibrava, diminui o tom, com ar preocupado. Mas aos 34 minutos do segundo tempo, o ponta direita Ghiggia recebe a bola no campo de ataque, entra na grande área e dispara um chute em diagonal. A bola passa entre as mãos do goleiro Barbosa e vai para o fundo do gol. Uruguai 2 a 1 e um silêncio fúnebre no estádio do Maracanã lotado, com 200 mil pessoas. Até daria tempo de correr atrás do prejuízo, mas a seleção brasileira, que já vinha jogando com dificuldade, desabou frente ao silêncio da torcida. O jogo acabou e o estádio foi se esvaziando. O então presidente da Fifa, Jules Rimet, entregou a taça ao capitão do time uruguaio, Obdulio Varela, em silêncio, com apenas um aperto de mão. O time do Uruguai sequer comemorou a vitória no estádio, dado o clima de velório. O goleiro Barbosa abandonou o futebol, e ainda assim, viveu marcado como o artífice do vexame, e a Confederação Brasileira de Desportos, CBD, Achou por bem remodelar o uniforme da seleção, trocando as camisas brancas com golas e detalhes nas mangas azuis, para o uniforme amarelo com calções azuis que conhecemos hoje. Tudo isso fez com que ficasse eternamente marcado na história o dia 16 de julho de 1950 como Maracanazo.

O Mágico Tricampeonato

Em partes, o Brasil nunca superou o Maracanazo, tanto que estamos aqui, em 2022, ainda falando dele. Mas, por outro lado, superou sim. E o futebol brasileiro se aperfeiçoou e cresceu. Na Copa da Suécia, em 1958, o Brasil foi campeão pela primeira vez. Em 1962, a competição foi no Chile e o Brasil se sagrou bicampeão. Ganhando o tricampeonato, o Brasil poderia levar a taça Jules Rimet para casa, e uma nova taça seria forjada para que a seleção que conquistasse o título por 3 vezes pudesse fazer o mesmo, coisa que não aconteceu até agora. A Copa de 1966 foi na Inglaterra o Brasil teve uma performance mediana, sendo eliminado nas oitavas de final. Mas em 1970, no México, a situação era diferente. O Brasil vinha com um time praticamente imbatível. Pelé estava no auge de sua forma física e já era um jogador experiente, de muita técnica. Ao lado dele um time impressionante com  Jairzinho, Tostão, Rivellino, Gérson, Clodoaldo, Piazza e Carlos Alberto Torres, todos jogadores habilidosos em seu melhor momento profissional. O Brasil simplesmente passou pela fase de eliminatórias e por toda a Copa do Mundo invicto, sem perder nenhum jogo sequer! Algumas das jogadas espetaculares de Pelé e sua turma durante aquela Copa são reprisadas até hoje e tidas como jogadas insuperáveis. É quando se imortaliza o salto de Pelé dando um soco no ar ao comemorar seus gols. Mesmo com as demonstrações ufanistas não sendo muito bem vistas por boa parte da sociedade brasileira, que vivia o auge da violência na ditadura militar, ninguém resistiu a comemorar o tricampeonato. A taça Jules Rimet finalmente era nossa, e ficaria exposta numa das salas da Confederação Brasileira de Desportos, CBD, que atualmente se chama Confederação Brasileira de Futebol, a CBF. A Jules Rimet lá permaneceu por pouco mais de 10 anos, até ser roubada, em dezembro de 1983, num dos episódios mais pitorescos e inacreditáveis da história do Brasil.

A Decepção de 1982

Em 1977 Pelé se aposenta. Com a sua aposentadoria e os malucos anos 70 chegando ao fim, o mundo clamava por renovação. No futebol brasileiro isso não tardou a acontecer. Logo no comecinho dos anos 80 despontavam alguns jogadores de força física impressionante e muita habilidade. E não só atacantes, mas em todas as posições, como meio campo, lateral e defesa. Sob o comando do experiente e sisudo técnico Telê Santana, a seleção brasileira foi para a Copa da Espanha, em 1982, considerada pela imprensa do mundo todo e, em especial pelos torcedores brasileiros, como a melhor seleção brasileira já vista na história, com craques em todas as posições. O time titular era formado por Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Toninho Cerezzo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho Chulapa e Éder. Na reserva o time ainda contava com Roberto Dinamite, Paulo Isidoro, Dirceu e outros mais. Era pra ser uma máquina de moer times e fazer gols. E a seleção até que chegou nas oitavas de final com certo conforto. Ganhou todos os jogos da primeira fase, com direito a goleadas de 4 a 1 em cima da Escócia e 4 a 0 em cima da Nova Zelândia. Mas já nas oitavas de final, a coisa mudou de figura. O Brasil precisou suar muito para ganhar da Argentina por 3 a 1. Ironicamente, o time vinha vencendo, mas não apresentava o espetáculo que se esperava dele. Mesmo assim, os brasileiros chegam às quartas de final para enfrentar a Itália como francos favoritos. A Itália fazia uma Copa sofrível, tendo vencido apenas um dos 5 jogos que fizera até então. Desta forma, instaurou-se mais uma vez o preocupante climão de “já ganhou” entre a comissão brasileira na Espanha. Em campo, o Brasil foi surpreendido por uma Itália aguerrida e bem organizada taticamente. Jogo foi duro. Com 5 minutos, o craque Paolo Rossi já abre o placar, marcando para a Itália. Aos 12 minutos, Sócrates responde pelo Brasil. Tudo igual. Mas Paolo Rossi estava impossível e faz o segundo da Itália aos 26 minutos do primeiro tempo. Começa o segundo tempo e o Brasil tem dificuldade de avançar. Mas num ataque rápido, Falcão marca para o Brasil e empata novamente. 2 a 2. A alegria dos brasileiros durou exatos 6 minutos. Aos 29 do segundo tempo, mais uma vez Paolo Rossi marca para a Itália, fechando o placar. O Brasil foi eliminado tendo, a que era considerada, a melhor seleção de todos os tempos, e foi eliminado no mesmo clima de “já ganhou” que fizera sua tragédia em 1950.

A Copa Vendida

Em 1998 a internet ainda engatinhava, sequer existia a banda larga, a conexão era feita através de pulso telefônico. Mesmo assim, foi a internet que desencadeou uma das teorias da conspiração mais estapafúrdias do Brasil, mas que, por se tratar de Copa do Mundo e futebol, ainda faz o maior sucesso, nem que seja pra tirar aquele sarrinho. Bom, na Copa de 1998, o time do Brasil vinha bem na competição e chegou na final contra a França, país que sediava aquela Copa. O Brasil vinha muito bem, em boa parte por conta do desempenho de Ronaldinho Fenômeno, que estava em seu auge. Pois bem, tudo naquela final conspirou para uma boa teoria da conspiração. Horas antes do jogo, Ronaldinho teve uma convulsão, chegou a ser cortado do time, mas acabou entrando em campo mesmo assim. O Brasil jogou mal e acabou perdendo de 3 a 0. França, campeã, a mesma França que sediava a Copa. Algumas horas depois do fim da final, o site da CBF foi invadido por um hacker, coisa que não era nada difícil na época. No lugar do site, entrou uma página com um texto, absolutamente mau escrito, diga-se, com passagens como “a perca da copa se deu porque…” e outros atentados à língua portuguesa. Mas enfim, o tal texto dizia que havia um acordo entre a FIFA, a CBF e a Nike, para que o Brasil entregasse o título para a França. Em troca, todos os jogadores do Brasil seriam patrocinados pela Nike, coisa que não aconteceu, a Copa seguinte seria no Brasil, o que não aconteceu, foi no Japão, a Copa de 2006 seria sediada em parceria por Japão e Austrália, um absurdo que não aconteceu, foi na Alemanha e, por fim, dizia que o Brasil seria campeão em 2002, na Copa realizada no Brasil. Até acertou que fomos campeões em 2002, mas foi do outro lado mundo. Enfim, ainda que pouca gente tivesse acesso a internet em 1998, a imprensa se encarregou de noticiar largamente a tal invasão do site da CBF e o conteúdo da teoria ali exposta, tornando a teoria popular em todo o canto. Obviamente, tudo foi rapidamente desmentido. Mas a teoria segue tendo seus adeptos até hoje. Afinal, se tem uma coisa que brasileiro gosta tanto quanto futebol, é de uma boa teoria da conspiração.

Manifestações, Memes e 7 a 1.

O ano de 2013 foi dos mais conturbados para o Brasil politicamente. Por todo canto eclodiram manifestações populares, que ganharam as ruas protestando contra corrupção e o establishment político do país de maneira geral. Tais manifestações, que culminaram com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, tinham, entre outras pautas, a realização da Copa das Confederações em 2013 e da Copa do Mundo em 2014 no Brasil, além das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Tais competições acabariam promovendo a construção de estádios e arenas que teriam seus custos superfaturados e muito dinheiro público sendo desviado, como se provou ter acontecido realmente, anos depois. Por conta disso, durante toda a Copa, que acabou acontecendo no Brasil em 2014, eram muito comuns manifestações na frente dos estádios. Mas não foi só isso que marcou essa Copa. A produção de memes espalhados pelo Twitter e Facebook foi impressionante. Tivemos a Caxirola, um instrumento musical feito para a Copa, mas que não passava de um chocalho, o Canarinho Pistola, o mascote da Copa, que era pra ser um Canário simpático, mas aparentava estar puto da cara, o Mick Jagger pé frio e muitos outros memes. Mas a marca mais profunda da Copa do Mundo de 2014 foi a derrota avassaladora do Brasil para a Alemanha, o fatídico 7 a 1. O Brasil chegou nas quartas de final contra a Colômbia com um desempenho mediano, tendo uma vitória e dois empates. O jogo contra os colombianos foi quente. O Brasil ganhou de 2 a 1, mas perdeu seu nome mais importante. Neymar foi atingido pelo colombiano Zúñiga e teve que sair de campo. Contundido, Neymar não poderia jogar contra a Alemanha na semifinal, no dia 8 de julho de 2014. O jogo foi no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Até hoje, ninguém consegue explicar direito o que aconteceu. Na imprensa, passou a ser usada a expressão “apagão” para designar a performance da seleção brasileira. Os alemães fecharam o primeiro tempo com 5 gols marcados. No segundo tempo vieram mais dois, e um gol brasileiro, marcado por Oscar aos 44 do segundo tempo. Foi uma derrota tão emblemática que, até hoje é comum que as pessoas, ao verem alguma coisa que prejudica o Brasil, seja corrupção, tragédia natural ou alguma outra coisa assim, se diga a frase “É todo dia um 7 a 1.”.

Sejam momentos tristes ou felizes, emocionantes ou engraçados, é disso que a Copa do Mundo é feita, e é por isso que gostamos tanto dela! A Copa e Pop! Por isso a Strip Me não resistiu a esse clima delicioso de Copa do Mundo que vem se aproximando e já soltou uma coleção novinha, super descolada e com estampas incríveis inspiradas na Copa do Mundo! Além das estampas exclusivas, você pode personalizar a sua camiseta inspirada nas figurinhas da Copa ou na camisa 10 da seleção. Para conhecer, entra na nossa loja e dá uma olhada na seção Coleção Copa do Mundo. Além disso, você ainda confere lá as camisetas de arte, cinema, música, cultura pop e muito mais, e ainda fica por dentro dos nossos lançamentos mais recentes! Então tá feito o jogo. Mata essa bola no peito e escolha a sua camiseta.

Vai fundo!

Para ouvir: Vamos então de playlist da Copa do Mundo, com todas aquelas músicas sobre futebol que a gente ama ouvir em época de Copa! Copa do Mundo Top 10 tracks

Para assistir: Tem no Youtube um curta metragem muito legal sobre um cara nos anos 80 que quer vingar a vida arruinada do goleiro Barbosa depois do Maracanazo de 1950. É uma historinha curta e bem divertida, protagonizada pelo Antônio Fagundes. O curta se chama Barbosa, foi lançado em 1988 e dirigido pela dupla Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado.

Para ler: Um livro leve, mas muito interessante e detalhado sobre a tragédia de 1950 é A Anatomia de uma Derrota. Escrito pelo jornalista Paulo Perdigão e lançado em 2000 pela editora L&PM, a obra traz numa linguagem agradável e muito direta minúcias que tentam explicar a derrota do Brasil para o Uruguai naquele fatídico 16 de julho de 1950.

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