Caetano Veloso

Caetano Veloso

O Caetano Veloso é um dos artistas mais surpreendentes do cenário musical brasileiro. Não é exagero, é fato. Porque a verdade é que poucas pessoas conhecem a obra e a vida do Caetano com profundidade suficiente. De maneira geral, as pessoas conhecem fragmentos dele. E são muitos fragmentos! Há quem o conheça por suas canções mais famosas, como Sampa, Leãozinho, Você é Linda e etc. Uma turma mais descolada, conhece o Caetano tropicalista e vanguardista dos discos Transa e Araçá Azul. A turma menos ligada em música e mais conservadora, conhece ele por seu polêmico casamento e seu posicionamento político. E a turma mais nova, que já nasceu com a internet na ponta dos dedos, talvez não conheça nada de sua vida e obra, mas o conhece pelo já clássico meme “Você é burro, cara.”. Sem falar que é um artista tão emblemático que seu nome já virou verbo, desde muito criança tinha um gosto musical inusitado, ajudou a conceber e divulgar o axé music e o carnaval dos trios elétricos de Salvador, já fez um disco à partir de uma improvável inspiração numa barulhenta banda alternativa norte americana… olha, é tanta história!

Caetano Veloso (1967)

Caetano Emanuel Vianna Teles Veloso nasceu em Santo Amaro da Purificação, interior do estado da Bahia, no dia 07 de agosto de 1942. Filho de José Veloso e Dona Canô. foi o quinto dos sete filhos do casal.  Quando Caetano tinha 4 anos, sua mãe deu a luz a uma menina. Os pais então pediram para que cada um dos 5 irmãos da recém nascida escolhesse um nome, que seria, cada nome, escrito num papel e depois sorteado igual amigo secreto. Na época, Caetano, mesmo muito novinho, já escutava muito rádio e adorava os boleros sofridos que faziam sucesso na voz de Nelson Gonçalves. Uma desses boleros era a canção chamada Maria Bethânia. O garoto adorava a música e escolheu aquele nome para sua irmã. Acabou que foi este o nome sorteado pelo pai. Maria Bethânia acabou se ligando a música e se tornou uma das cantoras mais respeitadas do país no futuro.

Transa (1972)

Caetano Veloso cresceu ouvindo Nelson Gonçalves, Luis Gonzaga e Orlando Silva. Aos dez anos já fazia aulas de piano e começou a alimentar a ideia de viver de música. Com 16 anos foi um dos tantos jovens impactados pelo revolucionário disco Chega de Saudade, de João Gilberto. Em 1965 conheceu Gilberto Gil e Gal Costa. Um ano depois passou a participar dos festivais de música com suas composições e se ligar a outros músicos como Tom Zé, Rogério Duprat e Os  Mutantes. Nascia assim o Tropicalismo, movimento bicho grilagem dos trópicos que já foi contado em detalhes aqui. Nessa mesma época, Caetano se encantava com o carnaval de rua de Salvador, com seus blocos que misturavam tradições africanas com instrumentos contemporâneos. Essa música diferente era tocada em carros de som, depois chamados trios elétricos. Dodô e Osmar desenvolveram a guitarra baiana, uma guitarra de tamanho reduzido, uma espécie de cavaquinho de corpo maciço e com captadores, que protagonizavam os grupos. Um dos trios mais famosos era o dos Novos Baianos. Encantado com essa festa toda, Caetano compõe a famosa Atrás do Trio Elétrico, um dos sucessos do seu terceiro disco, lançado em 1969. A toada empolgante e melódica de Atrás do Trio Elétrico iria contagiar jovens como  Luiz Caldas, que iriam tornar o carnaval da Bahia nacionalmente famoso e dar início ao movimento que ficaria conhecido como Axé Music na década seguinte.

O tropicalismo já deixava claro que Caetano tinha em seu dna o rock n’ roll, ainda que não fosse um gênero presente em sua formação musical, mas que foi incorporado com muita naturalidade ao conviver com músicos tão diferentes. Em 1969 Caetano e Gil foram presos e exilados. Acabaram indo para Londres, onde ficaram até 1972. Na capital inglesa Caetano gravou dois discos: Caetano Veloso, lançado em 1971 e Transa, lançado em 1972. Em ambos os discos, se misturam letras cantadas em inglês e português, além de muitas referências  do rock e pop, influências que permaneceriam e dariam as caras ao longo de toda a obra futura do compositor. O disco Transa inicia uma fase que é considerada por muitos a mais inspirada de Caetano, que se estende até 1977. Neste período estão, além de Transa, os discos Araçá Azul, Qualquer Coisa e Jóia.

Bicho (1977)

No fim dos anos 1970 e começo os 1980, Caetano se reinventa, monta uma banda de apoio nova e incorpora sonoridades modernas, do pop e discothèque. Por isso foi muito criticado, mas lançou ótimos trabalhos, sem deixar de lado a brasilidade que faz parte de sua personalidade. Tanto é que é nessa época que foram lançados alguns de seus maiores sucessos, a dançante Odara e a bossanovista Sampa. Nos anos 1990 mais uma virada. A gravadora passou a insistir que ele gravasse um disco com suas músicas vertidas ao espanhol, para alcançar o púbico latino, Caetano se recusa, preferindo gravar um disco dedicado a este público somente com músicas latinas de compositores latinos, canções que ele sempre gostou. É lançado então Fina Estampa em 1994, disco com músicas belamente arranjadas por Jacques Morelenbaum. Uma das canções gravadas nessa fase entrou na trilha sonora do ótimo filme Fale com Ela, do Almodóvar. Em 2009 Caetano dá outra guinada em sua carreira. Passou a tocar com jovens de vinte e poucos anos, amigos de Moreno Veloso, um de seus filhos. Em uma noite, um desses rapazes colocou pra tocar um disco dos Pixies enquanto todos batiam papo na sala. Caetano pirou no disco e quis fazer um disco mais rock n’ roll, lançando naquele ano o esquisito disco Zii & Zie.

Tá vendo, é muita história que esse cara tem. Um baita compositor, sempre se reinventando e influenciando muita gente! Um dos artistas que mais foi influenciado pelo Caetano foi o músico e compositor Djavan, que acabou o homenageando de maneira inusitada, transformando o nome do baiano num verbo. Trata-se da música Sina, um dos maiores sucessos de Djavan, que contém os versos “Virá lapidar o sonho até gerar o som. Como querer caetanear o que há de bom”. Claro, vale dizer que Djavan rivaliza de igual para igual com Jorge Benjor quando se trata de escrever letras de música que não fazem o menor sentido. Mas enfim, não deixa de ser uma homenagem do Djavan ao Caetano. Da mesma maneira, não dá pra negar que Caetano deu algumas bolas fora ao longo de sua trajetória. Afinal, não dá pra aguentar a melosa e breguíssima Sozinho, bem como a interpretação sofrível que ele fez para Come As You Are, do Nirvana, no disco A Foreign Sound, de 2003.

Zii & Zie (2009)

Mas Caetano Veloso é um baita artista, que merece ser reverenciado por tudo que já fez na música brasileira. Com certeza conhecer cada um dos seus fragmentos, suas fases e sua obra por inteiro vai te surpreender mais do que você imagina!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist cremosa com o que há de melhor de cada fase do Caetano Veloso! Confere lá nossa playlist Caetano Veloso – Top 10 tracks.

Para assistir: A história do envolvimento do Caetano com o carnaval da Bahia e os trios elétricos é muito bem retratado no excelente documentário Axé: Canto do Povo de um Lugar, lançado em 2016 e dirigido por Chico Kertész. Além da relação de Caetano com o axé, o doc é interessantíssimo e oferece uma perspectiva profunda sobre o tema. Tem na Netflix e eu recomendo demais.

Para ler: Um dos principais cronistas da música popular brasileira entre as décadas de 1960 e 1980 é o jornalista Nelson Motta. Entre tantos livros que ele escreveu, o Noites Tropicais é o meu favorito. Uma coletânea de crônicas e memórias do autor sobre os mais inacreditáveis, engraçados e curiosos acontecimentos do mundo musical. O livro é da editora Ponto de Leitura e foi lançado em 2009. Leitura agradabilíssima e enriquecedora.

Este e outros Carnavais.

Este e outros Carnavais.

O carnaval é parte essencial da identidade do Brasil. Não há como negar. Você pode não gostar de samba, de folia, de multidões pelas ruas… mas ainda que você simplesmente aproveite esses dias de feriado para ir para uma cachoeira no meio do mato, ou ficar em casa lendo livros ou vendo filmes, o carnaval já te influenciou também. Sem falar que o carnaval está aqui desde os tempos do descobrimento e ajuda a contar a história do país! As marchinhas, sambas e sambas enredo são verdadeiras crônicas de sua época. E, em alguns casos, os compositores desses sambas acabaram se tornando grandes ícones, extremamente influentes, da música e cultura popular brasileira.

Carnaval Rio de Janeiro circa 1950 – Photo by Marcel Gautherot

De cara, já vamos falar do ilustre Angenor de Oliveira. Nascido em 1908, o nome escolhido pelo seu Sebastião e dona Aida de Oliveira, pais do bebê, era Agenor. Mas na hora do registro no cartório, acabou saindo Angenor. Mas isso ninguém ficou sabendo. Porque todo mundo chamava ele de Agenor mesmo na infância. Morando no bairro das Laranjeiras, o menino ganhou um cavaquinho aos 8 anos de idade e já saiu pela rua acompanhando os blocos que rolavam por lá. Quando ele já era adolescente e torcedor do Fluminense, a família, com problemas financeiros, se mudou para um favela que começava a se desenvolver no morro da Mangueira. Lá fez amizade com um jovem um pouco mais velho chamado Carlos Cachaça. Para levantar um dinheiro, Angenor começou a trabalhar como ajudante de pedreiro.  Para evitar chegar em casa todo dia com o cabelo sujo e cheio de cimento, ele trabalhava usando um velho chapéu de seu pai, o que lhe rendeu o eterno apelido de Cartola. Com Carlos Cachaça, Cartola não só compôs grandes canções como também fundou a Estação Primeira de Mangueira, escola de samba mais emblemática do país.

Cartola com as premiações da Mangueira em 1969 – Photo by Maureen Bissiliat

Na mesma época em que Cartola escrevia seus primeiros sambas na Mangueira, em outro bairro do Rio de Janeiro, outro jovem se destacava como grande compositor de sua comunidade. No bairro de Vila Isabel, em 1910 dona Marta Rosa teve um parto complicadíssimo, em que se fez necessário o uso do fórceps para salvar as vidas da mãe e do bebê. Como se não bastasse, o rebento ainda nasceu com hipoplasia, uma má formação da mandíbula. O que fez com que ele crescesse com uma fisionomia muito particular. Por nascer em dezembro, perto do Natal, o nome escolhido pela dona Marta e seu Manuel Rosa foi Noel. A família Rosa não era rica, mas tinha uma vida confortável. Noel estudou no famosos Colégio de São Bento, mas apesar de demonstrar ser muito inteligente, era avesso aos estudos, que trocou facilmente pela música e a vida boêmia. Seu primeiro sucesso veio em 1930, o clássico Com que Roupa Eu Vou? Seus sambas passaram a ser gravados pelos maiores nomes do rádio e embalavam os blocos de carnaval de todo o Rio de Janeiro e, posteriormente, do Brasil. Mas para Noel Rosa a festa durou pouco. Dado aos excessos, morreu de tuberculose aos 26 anos de idade.

Noel Rosa em ensaio fotográfico de 1934 – Photo by Arquivo Nirez

Aliás, é importante dizer que esse lance de escola de samba é coisa nova, do começo do século XX. Porque o negócio antes era só bloquinho de rua mesmo. E era uma loucura. Você já sabe que o carnaval é uma festa que remonta a tempos antigos, muito antes do cristianismo. Em 520 a.C. já rolava a Saceia, na Babilônia, uma festa em que por 5 dias os principais criminosos condenados a morte eram considerados reis e tinham todos seus desejos atendidos, até que no quinto dia, eles era torturados e mortos. Depois vieram as festas gregas e romanas como a Saturnália, no Egito tinham as festas em homenagem a deusa Isis, deusa da fertilidade… eram todas festas de liberou geral, muito vinho, aglomeração e etc. Até que veio o cristianismo. Por volta do século VII o Papa Gregório Magno instaurou a festa de carnis nevale, do latim se traduz como negação da carne ou proibição. Ou seja, era um dia de preparação, em que se consumia muita carne, para que se ficasse os próximos quarenta dias sem comer nada de origem animal, a famosa quaresma que antecede a páscoa. A turma reclamou que um dia era pouco, o vaticano deu o braço a torcer e viraram três dias, e era uma festa daquelas! E lógico que isso chegou no Brasil junto com os portugueses, que eram um povo muito católico. As primeiras cidades brasileiras foram Salvador, Olinda e Rio de Janeiro, cidades que mantém até hoje a tradição inabalável do carnaval.. Com essa tradição católica, misturou a cultura indígena e africana, em Pernambuco o Maracatu começa a ser desenvolvido, como você já leu aqui… e cá estamos nós hoje.

Carnaval de rua no Rio de Janeiro da década de 1950 – Photo by José Medeiros

Cá estamos nós hoje sem carnaval, aliás, né! Mas tudo bem. Não é a primeira vez que o Brasil fica sem carnaval. Já passamos por isso em 1892 e 1912. Mas isso é outra história. Até porque se é pra falar de história, vamos falar do carnaval de 1919! Esse sim! O carnaval mais triunfante, arrebatador e alucinante de todos os tempos! Foi o carnaval que comemorou o fim da Gripe Espanhola. Depois de um ano e meio de confinamento, sofrimento, morte, falta de remédio, falta de vacina, falta de ação do governo… finalmente a epidemia da Gripe Espanhola estava controlada e todos podiam sair às ruas! A alegria era tanta que os foliões invadiam as casas por onde passavam arrastando os moradores para a rua para pular o carnaval!

Capa da Gazeta de Noticias sobre o carnaval de 1919

O carnaval deste ano, que não existiu, já passou. Falta pouco pra gente poder sair por aí, aglomerar gostoso e fazer folia, cada um do seu jeito. A gente não vê a hora de fazer o nosso carnaval! Seja no bloquinho de rua ou na cachoeira. Diversão e arte, e os melhores rolês, Strip Me vai estar sempre presente.

Vai fundo!

Para ouvir: A gente falou de Cartola e Noel Rosa, mas são muitos os nomes fundamentais no samba e carnaval. Lamartine Babo, Haroldo Lobo, Chiquinha Gonzaga, Martinho da Vila, Adoniran Barbosa… tudo isso você confere na nossa playlist carnavalesca. Top 10 tracks do bom e velho carnaval.

Para assistir: No texto sobre bossa nova, publicado aqui anteriormente, foi citada a peça Orfeu Negro, escrita por Vinícius de Moraes com música de Tom Jobim. Pois em 1999 foi lançado Orfeu, filme de Cacá Diegues que faz uma releitura da obra de Vinícius de Moraes. O filme é ótimo e, entre outras qualidades conta com uma ótima trilha sonora sob o comando de Caetano Veloso. Não é um filme tão fácil de achar, mas vale o esforço.

Para ler: Com certeza um dos melhores livros que li até hoje é a biografia de Adoniran Barbosa, o mestre do samba paulista. Adoniran – Uma Biografia, escrito por Celso de Campos Jr é um livro excelente! Lançado em 2004 pela editora Globo, este livro apresenta não só a história detalhada da vida de Adoniran Barbosa, como entrega um panorama da comunicação no Brasil, o rádio e o surgimento da televisão. Livro recomendadíssimo!

Maracatu Atômico!

Maracatu Atômico!

A intenção deste blog não é ficar dando aula de história, ter um tom professoral, nem nada do gênero. Estamos aqui pra falar de tudo que envolve o universo da Strip Me de maneira agradável, empolgante e divertida. Por isso mesmo, normalmente usamos causos e histórias interessantes envolvendo o tema abordado, que por si só consigam ilustrar e dar um panorama sobre o que está sendo falado. Foi assim que falamos aqui sobre os modernistas e o movimento antropofágico e sobre a bossa nova, por exemplo. Mas o assunto deste texto é tão interessante e tem uma origem tão forte, que vale a pena a gente fazer uma abordagem através da história do Brasil.

Photo by: Yuri Graneiro
Photo by: Ueslei Marcelino
Photo by: Percio Campos

Afinal, qual é a manifestação cultural mais genuinamente brasileira? De pronto muita gente pode dizer que é o samba. Outros podem ir mais fundo e dizer que são as danças e pinturas corporais dos índios. Porém, a essência do Brasil é a mistura. É verdade que essas terras já eram dos índios há muito tempo. Mas não dá pra negar que o Brasil nasceu, de fato, com a chegada dos europeus no século XVI. Sendo Assim, podemos dizer que que a manifestação cultural brasileira mais autêntica é o maracatu! A origem da palavra é tupi: maracá-tu, que significa batida do maracá. Maracá é um chocalho, um instrumento de percussão. Entretanto, o maracatu era praticado essencialmente por negros e mamelucos, escravos. E tinham em sua simbologia, cortesãos, estandartes, reis e rainhas, influência dos europeus. Mais brasileiro impossível, né?

Photo by: Yuri Graneiro
Photo by: Ueslei Marcelino

No século XVII Pernambuco era a maior região produtora de açúcar no país. Ali, os senhores de engenho reprimiam qualquer manifestação cultural ou religiosa dos escravos. Mas havia uma exceção: a coroação do rei e da rainha do Congo. O rei do Congo era uma espécie de líder dos negros da região, tinha contato direto com os senhores de engenho e muitas vezes era quem conseguia conter possíveis revoltas e fugas, por isso, a coroação do rei e da rainha do Congo era uma festividade tolerada. Era um dia de festa onde havia muita música e alegorias, que foram inseridas pelos negros para facilitar a aceitação dos europeus, como estandartes coloridos e personagens interpretando vassalos e cortesãos do rei e da rainha. Também neste evento os negros aproveitavam para fazer seus rituais e orações aos orixás. Essa festa foi a semente do maracatu. Mas ele tomou forma na zona da mata pernambucana, nos quilombos de escravos que fugiam das fazendas. Ali negros se misturavam aos índios, e a festa de coroação do rei do Congo recebia influência das tradições indígenas, como a dança em roda e também uma mistura de ritmos tribais. Com o passar do tempo, tudo isso foi se misturando e criando uma identidade única.

Photo by: Percio Campos
Photo By: João Velozo

No século XVIII o maracatu já era uma tradição enraizada na cultura de todos os escravos de Pernambuco. No século seguinte, com a abolição dos escravos, as festas de maracatu migraram para os terreiros de candomblé e passou a ir para as ruas durante os dias de carnaval, onde a população abraçava o ritmo, as cores e alegorias. Entre os anos 1950 e 1980 o maracatu esteve em baixa. Não foi esquecido, mas ficou restrito a poucos terreiros de Pernambuco, perdendo espaço para o frevo, que também era um ritmo muito apreciado e, para a população em geral, tinha a vantagem de não ter nenhuma ligação religiosa.

Photo by: Yuri Graneiro
Photo by: Marcus Leoni

Na década de 1990 vários artistas e agitadores culturais de Pernambuco começaram a resgatar o maracatu, o desvinculando do candomblé, tornando-o mais atrativo. Na frente deste movimento estava a Mangue Beat, cena musical que resgatava o maracatu usando instrumentos contemporâneas como guitarras e também misturando diferentes estilos musicais. Estamos falando de Mestre Ambrósio, Mundo Livre SA e, é claro, Chico Science & Nação Zumbi. Nunca o Maracatu Atômico de Jorge Mautner fez tanto sentido.

Photo by: Ueslei Marcelino
Photo by: Marcus Leoni

Hoje o maracatu está presente no carnaval pernambucano e segue firme e forte com grupos que, além de serem agremiações carnavalescas, são centros comunitários que ensinam música, teatro e mantém viva a história do estado de Pernambuco. Alguns desses grupos são tradicionalíssimos e estão em atividade desde o século XIX. Além do mais, pode se dizer sem medo de errar que o samba surgiu desses batuques do maracatu que extrapolaram os terreiros de candomblé. O maracatu é a essência da cultura popular brasileira. Uma mistura de influências e raças que resultam numa explosão de cores, ritmos e muita história. Com certeza o maracatu faz parte da nossa identidade, ainda mais se ele vem misturado com uma guitarrinha distorcida e um som de arrebentar  pra todo mundo poder curtir. Afinal, esse é o nosso negócio: Diversão e arte!

Photo by: Percio Campos
Photo by: Marcus Leoni

 Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist cheia de ritmo pra você conhecer, entender e gostar de maracatu. Top 10 tracks maracatu!

Para assistir: Recomendo um documentário simples, mas bem interessante e repleto de imagens incríveis sobre a cena cultural, em especial no período do carnaval, na cidade de Olinda. Olinda – Cidade Cultura tem direção do Marcelo de Paula, foi lançado em 2002 e conta com depoimentos de artistas do naipe de Alceu Valença! Vale a pena ver. Disponível no catálogo da Amazon Prime Video.

Para ler: A editora Cobogó tem uma coleção de livros publicados chamada O Livro do Disco. Até agora são 21 livros, cada um dissecando um disco influente da música pop. Tem de tudo, do Low, do Bowie, ao Clube da Esquina, do Estudando o Samba, do Tom Zé, ao In Utero, do Nirvana. E, claro, está lá O Livro do Disco Da Lama Ao Caos – Chico Science & Nação Zumbi, escrito pela excelente jornalista Lorena Calábria e lançado em 2019. Livro mega recomendado, bem como todos desta coleção.

Rolê After (Pandemia)

Rolê After (Pandemia)

A empatia, paciência e compreensão são algumas das mais louváveis características que o ser humano pode ter. E muitos de nós temos sido pacientes, compreensivos e empáticos uns com os outros. Mas a verdade é que já deu, né? O Coronavírus já consumiu tanto da gente, que fica cada vez mais difícil continuar acompanhando as notícias, conversar com pessoas mais radicais e tal. É por isso que hoje estamos aqui pra falar sobre um futuro de esperança, sobre a volta às coisas boas da vida! Afinal de contas a vacina já é uma realidade e agora é só esperar chegar a nossa vez de tomar essa agulhada delícia e correr pro abraço! E já vamos nos preparando porque rolê bom é o que não vai faltar!

Claro que ainda vai demorar um pouquinho. Por mais ansiosos que a gente esteja, ainda vão uns bons meses aí. O pessoal do legendário festival Coachella, na California, por exemplo, está otimista até demais. O festival está com as datas confirmadas para os dias 9, 10 e 11 de abril! Porém, não há nenhuma informação sobre o lineup. Levando em consideração que os Estados Unidos não estão numa situação muito mais confortável que a nossa, aqui no Brasil, em relação a pandemia, 3 meses é muito pouco tempo pra conseguir normalizar tudo, e para que as pessoas se sintam seguras suficiente para se acotovelar na frente de um palco entoando hinos do rock. Outra lenda dos festivais, o Tomorrowland, que rola na Bélgica e reúne a nata da música eletrônica, também está confirmado. Mesmo ainda sem lineup anunciado, a data está confirmada: 16 a 18 de julho. São grandes festivais, com um otimismo quase utópico. Pouco provável que eles se realizem nessas datas, mas não custa sonhar.

No Brasil a turma está sendo um pouco mais modesta e menos afobada nas datas. Por aqui as programações são todas para o segundo semestre, com exceção de um. O João Rock, festival super concorrido, que acontece em Ribeirão Preto (SP) já há 20 anos, segue com data confirmadas para 19 de junho. Porém, é claro, sem lineup definido. A edição que rolaria em 2020 e foi adiada tinha nomes como Gabriel, o Pensador, Erasmo Carlos, Planet Hemp, Titãs, CPM 22 e outros. Especula-se que este lineup será mantido. Outro que ainda não tem nenhum artista confirmada no cast, mas já tem data certa e ingresso á venda é o mundialmente famoso Lollapalooza. A edição brasileira está confirmada para 10, 11 e 12 de setembro. Na real, parece que todo mundo está apostando em setembro como o mês do liberou geral! O Coala Festival, que também rola na cidade de São Paulo e é mais ligado à MPB também está confirmado. E adivinha pra quando. Dias 11 e 12 de setembro! No mesmo fim de semana do Lolla! Pelo menos no quesito lineup o Coala saiu na frente. Já tem confirmados nomes como Gal Costa, Alceu Valença e Maria Bethânia.

Mas calma que ainda tem mais coisa para setembro, o mês da esperança! 24, 25, 26 e 30 de setembro, bem como 1, 2 e 3 de outubro, rola o inabalável Rock In Rio! Convenhamos que um festival que, em sua primeira edição, em 1985, com o Brasil nadando numa inflação estrambólica, conseguiu trazer Queen, AC DC, Iron Maiden e mais uma car@*#%da de artistas grandes, realizou edições especiais fora do Brasil e etc, merece a alcunha de inabalável. Pois bem. Tem lineup confirmado? Claro que tem! Tem novidade?  Novidade, novidade mesmo, não tem. É o Iron Maiden de novo, o Dream Theater, Megadeth, Sepultura… que são bandas legais, mas já tocaram mais de uma vez no Brasil e tal. De diferente mesmo, vai rolar o Living Colour, uma baita banda bacana e que vai ter participação do Steve Vai, um show que, com o perdão do trocadilho com o guitarrista, vai valer a pena ver.

Mas não é só de shows, festivais, filas imensas para ir ao banheiro químico e enlamear o tênis que a gente sente falta, né? Também dá uma saudade danada daquele cineminha esperto no domingo de tarde, aquela pipoca e refri caríssimos, mas que são uma delícia, entrar naquela sala escura, ver um filme massa naquela puta tela enorme, com sonzão… putz! Que coisa boa! E, olha, se tudo der muito certo e a gente puder voltar a frequentar uma sala de cinema em segurança ainda neste ano, lançamento bom tem de sobra! Em março tem o curioso confronto Godzilla Vs Kong, em abril o controverso Marighella deve chegar aos cinemas e, para os fãs da Marvel, rola a Viúva Negra. Em maio tem uma das franquias mais prolíficas do cinema, Velozes e Furiosos 9 será lançado. Em junho tem mais super-heróis com Venom – Tempo de Carnificina e a sequência de terror Invocação do Mal 3. Em julho o pessoal saudoso dos anos 1980 vai pode vibrar com Top Gun – Maverick, o pessoal dos anos 1990 vai poder pirar no remake de Space Jam e o pessoal 2000 tem mais um da Marvel pra conta: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. Em agosto é a vez da DC Comics entrar em cena com o Esquadrão Suicida. Em outubro, James Bond já chega deixando claro que está sem tempo, irmão, porque estreia 007 – Sem Tempo para Morrer. Novembro chega com mais um lançamento nostálgico, Ghostbusters – Mais Além e mais uma franquia longeva, Missão Impossível 7. Pra fechar o ano, dezembro chega com Matrix 4, pra tentar corrigir a catástrofe que foram os dois últimos  filmes da franquia, ou jogar a última pá de cal na coisa toda.

É isso. 2021 chegou, já tem vacina e a gente está começando o ano a todo vapor! Tá todo mundo cansado, sem paciência e tudo mais com essa situação toda de pandemia. Mas vamos fazer essa forcinha e continuar sendo pacientes e, principalmente, tendo empatia e cuidado uns com os outros. É assim que a gente vai conseguir passar por isso mais rápido e poder curtir todos esses rolês incríveis e muitos outros, que nos fazem tão bem!

Vai fundo!

Para ouvir: Caprichamos numa playlist só com aquelas músicas clássicas pra pirar e cantar junto num festivalzão lotado! Top 10 tracks pra cantar junto em arenas!

Para assistir: A sugestão hoje é assistir Matrix, o primeiro filme da franquia e obra prima dos irmão Wachowski. É um filme que dispensa apresentações, lançado em 1999, foi super inovador nos efeitos especiais e trouxe várias questões filosóficas amarradas a um roteiro excelente. Quem sabe você não toma coragem para assistir os Matrix 2 e 3, pra esperar dezembro chegar.

Bossa Nova!

Bossa Nova!

“Em 1958 o Brasil estava irreconhecivelmente inteligente!”

Foi oque escreveu o crítico e jornalista Roberto Schwarz sobre este período realmente efervescente do país. Em 1955 Juscelino Kubitschek assumiu a presidência e, com seu plano desenvolvimentista, batizado “50 anos em 5”, abriu o comércio estrangeiro, alavancou a economia e construiu a cidade de Brasília em espantosos 3 anos. Em harmonia com essa onda de euforia e esperança política e econômica, o Brasil foi campeão da Copa do Mundo de futebol pela primeira vez em 1958, na Suécia, imortalizando as pernas tortas de Garrincha e mostrando ao mundo um jovem e talentoso jogador de 17 anos chamado Pelé. O Cinema Novo dava seus primeiro passos após o lançamento de Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos, e, principalmente, foi lançado em 1958 o compacto de Chega de Saudade, canção de Tom Jobim e Vinicius de Moraes interpretada por João Gilberto.

Crédito da imagem: cbf.com.br

A Bossa Nova não foi um movimento artístico na concepção mais ortodoxa do termo. Ela não foi pensada, arquitetada, teve seus dogmas e características bem definidos. Eram apenas jovens de classe média alta carioca que queriam tocar samba e gostavam de jazz, viviam em apartamentos de frente para o mar e, apesar de gostarem muito de samba, não se identificavam com as letras e interpretações dramáticas de Nelson Gonçalves e Orlando Silva, era muita dor de cotovelo. Essa molecada de Ipanema e Copacabana, no Rio de Janeiro, se reunia pra ouvir Chet Baker e Cole Porter, e também João Donato, Cartola, Dorival Caymmi. Dessa mistura, começaram a surgir as primeiras canções. Mas tudo muito disperso. Cada um tocava de um jeito. A unidade surgiu através da Santíssima Trindade da Bossa Nova: Tom Jobim, Vinícius de Moraes e João Gilberto.

Ipanema na década de 1950 – Photo by: José Jonas Almeida
Vinícius de Moraes, Tom Jobim e João Gilberto – Photo by: Paulo Peres

Em 1954 Vinícius de Moraes, poeta já aclamado em todo o país, escreveu a peça de teatro Orfeu da Conceição, adaptação do clássico grego transposto para a realidade dos morros cariocas. Vinícius procurava algum músico para musicar os poemas que faziam parte da peça. Nessa época, Tom Jobim era muito jovem, vinte e poucos anos, tocava em algumas boates e fazia alguns bicos durante o dia pra pagar o aluguel. Havia um bar em Copacabana onde ele sempre parava no fim da tarde pra tomar uma cervejinha antes de ir pra casa. Numa dessas tardes, lá estava Vinícius de Moraes com alguns amigos bebendo e papeando. Um amigo em comum chamou Tom para a mesa e o apresentou ao Vinícius, dizendo que aquele garoto era o cara certo para musicar os poemas de Orfeu da Conceição. Vinícius então passou a explicar toda a ideia da peça, os poemas, como ele queria a música… falou entusiasmado por um tempão. Tom Jobim ouviu calmamente tudo que Vinícius tinha a dizer. Quando acabou, Tom Jobim olhou para o Poetinha e disse: “Tá tudo muito bom, muito bonito. Mas vai rolar um dinheirinho?”. Vinícius olhou bem para a cara do rapaz por alguns segundos em silêncio, para em seguida explodir numa gargalhada. Nascia ali uma amizade e parceria que duraria por toda a vida.

Em 1956 as músicas de Orfeu da Conceição foram lançadas em vinil como trilha sonora da peça. Foi o primeiro disco da parceria Tom e Vinícius, que já trazia um clássico: a música Se Todos Fossem Iguais a Você. A parceria entre Tom Jobim e Vinícius de Moraes não parou mais desde então. Em abril de 1958 aconteciam as gravações do disco Canção do Amor Demais, um álbum inteiro de composições da dupla interpretadas pela Elizete Cardoso, umas das mais renomadas cantoras da época. Este disco é a pedra fundamental da bossa nova. Apesar de Elizete Cardoso ser uma cantora à moda antiga, com voz forte e marcante, além do disco ser inteiro de composições de Tom e Vinícius, um jovem músico baiano recém chegado ao Rio de Janeiro participou da gravação como músico contratado, tocando violão. Era João Gilberto. Uma das músicas do disco era Chega de Saudade. Durante a gravação da música, João Gilberto interrompeu a cantora dizendo: “Olha, não é assim não a música. Você está cantando errado.”. Todo mundo no estúdio congelou com a audácia daquele jovem corrigindo uma das divas do rádio brasileiro. O problema estava no trecho da música que diz: “apertado assim, calado assim, abraços e beijinhos…”. Ela, incomodada, falou: “Estou cantando errado? Então por que você não me ensina como é?”. Elizete estava cantando o trecho de forma corrida, muito reta. João Gilberto então cantou baixinho, enfatizando cada pausa das notas entre as palavras. Um produtor que assistia as gravações, em seguida convidou João Gilberto para gravar um disco, cujo primeiro compacto foi justamente Chega de Saudade, cantada com toda a sua suavidade e beleza. Foi quando toda aquela turma da zona sul do Rio de Janeiro entendeu como tocar samba. Nascia a Bossa Nova.

João Gilberto dizia para seus novos amigos, os jovens cariocas como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Nara Leão e tantos outros, que o problema de tocar samba no violão é que o ritmo do samba tem muitos instrumentos fazendo coisas diferentes. O segredo é escolher um, no caso o tamborim. A batida do violão na bossa nova nada mais é do que o ritmo que o tamborim imprime no samba. Com essa turma toda já escolada e com essa nova formatação musical elaborada pela santíssima trindade: Os acordes de jazz de Tom Jobim, as letras delicadas e ensolaradas de Vinícius de Moraes e o ritmo e jeito de cantar peculiar de João Gilberto, fizeram com que a bossa nova se espalhasse pelo mundo. Em especial os Estados Unidos se renderam ao banquinho e violão de maneira impressionante. O saxofonista de jazz Stan Getz gravou um disco com João Gilberto e até mesmo Frank Sinatra chegou a gravar um disco inteiro em parceria com Tom Jobim, imortalizando The Girl From Ipanema. Para concluir, em 1962 o Carnegie Hall, em NYC, recebeu três shows com os principais nomes da bossa nova, todas as apresentações absolutamente lotadas. Por muitos anos a frente Garota de Ipanema e Wave renderam a Tom Jobim o posto de segundo compositor  mais regravado no mundo, perdendo somente para os Beatles. Certa vez Tom Jobim foi perguntado a respeito disso e respondeu bem humorado: “Vamos lembrar que os Beatles são 4. Eu sou um só.”.

No fim, não importa muito entender os fundamentos da Bossa Nova, quem influenciou quem, quem inventou o quê… o que importa é o rolê, são as histórias divertidas, é a turma reunida chacoalhando o violãozinho. Até porque muita coisa rolou depois. Com o golpe de 1964, teve um racha nessa turma, uma parte achava que tinha que fazer música de protesto e outra parte queria se manter fiel às raízes, cantando que o barquinho vai e a noitinha cai. Depois veio Tropicália e absorveu algumas coisas da bossa nova, depois veio os anos 80, world music, David Byrne, mais pra frente Stereolab, Beck e Sean Lennon encantados com as brasilidades… E já estamos em 2021 e a Bossa Nova ainda está por aí, continua representando a boa música, as amizades e os bons rolês!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist deliciosa que mistura clássicos da bossa nova dos anos 1960 e seus ecos dos anos 1990 pra frente. Um top 10 tracks cheias de bossa!

Para assistir: Além de figura essencial para a bossa nova, Vinícius de Moraes foi um dos artistas mais completos e geniais do Brasil. Por isso, o documentário Vinicius, do diretor Miguel Faria JR. e lançado em 2005 é fundamental e delicioso de se ver. Só pela rima sobre o Poetinha que Tônia Carrero declama já vale a pena assistir: “Se eu tivesse, se eu tivesse muitos vícios, o meu nome então seria Vinicius. Mas estes vícios fossem muito imorais, então eu seria o Vinicius de Moraes.”. Ah, e tá fácil de ver. Tem na Netflix.

Para ler: Para entender melhor este período histórico tão mágico, o livro Feliz 1958- o Ano que Não Devia Terminar é leitura obrigatória. Escrito pelo escritor e jornalista Joaquim Ferreira dos Santos e lançado em 1998 pela Editora Record, é uma obra que conta a delícia de ser brasileiro naquele final sorridente dos anos 50. O autor entrevistou personagens daquele ano, mergulhou nos arquivos de O Cruzeiro, ouviu fitas da Rádio Nacional e trouxe um perfil do período mais exuberante do país no século XX.

Strip Me Clothing: Retrô 2020 & The Highlights Top 10

Strip Me Clothing: Retrô 2020 & The Highlights Top 10

Uma das frases mais célebres do século XX, na real, uma verdadeira profecia, foi dita por Andy Warhol nos idos dos anos 1960: “No futuro todo mundo vai ter seus 15 minutos de fama.”. Na época, Warhol se referia às suas próprias obras, baseadas em ícones passageiros como latas de sopa, garrafas de refrigerante e atrizes de cinema. Mal sabia ele que estaríamos falando dessas mesmas obras e tantas outras até hoje! E a profética afirmação de Warhol se provou cada vez mais verdadeira, com os reality shows e e suas celebridades com curto prazo de validade e youtubers que somem com a mesma rapidez que viralizam algum vídeo. E, por falar em viralizar, 2020 ficou marcado pela pandemia do Corona Vírus. Um bichinho que abusou dos seus 15 minutos de fama e se manteve em cena o ano todo.

Mas cabe a nós sempre resistir! E resistimos! Através da arte,conseguimos inspiração e força para continuar trabalhando, e você que nos apóia e incentiva comprando nossas camisetas é parte essencial nisso. Portanto, a Strip Me Clothing orgulhosamente apresenta a sua retrospectiva, destacando as estampas que mais bombaram no site neste 2020. E se todo dia a vida só começa depois de uma caneca de café goela abaixo, óbvio que a camiseta “Gimme Coffee or Gimme Death” foi um dos destaques do ano. Afinal, haja café pra se manter focado no home office! Mas não foi só pra trampar que ficamos na frente do computador. Reuniões, festinhas e etc aconteceram aos montes de maneira virtual. O que nos remete a mais um dos highlights do ano, a Monalisa Look. Quem não ficou com aquela cara de paisagem fingindo que está prestando a atenção na conversa, mas na real está mexendo no celular por baixo da câmera, né?

Mas não foi fácil ficar esse ano todo dentro de casa sem poder sair, encontrar a turma e fazer aqueles rolês delícia. Nem sair pra comprar alguma besteira, resolver aqueles pepinos de trampo que tem que ser pessoalmente, ou simplesmente ficar de bobeira pela rua a gente não pôde fazer. Todo mundo teve que inventar o que fazer dentro de casa pra espantar o tédio. E tome curso online, fazer pão, plantar suculenta, yoga, TikTok, tocar sax na varanda do apê… Ficamos parados, mas cheios de ideias, aprendendo umas paradas novas. Tudo a ver com a nossa estátua no lugar do prisma, da capa daquele disco do Pink Floyd, mais uma das camisetas mais procuradas no site neste ano.

Outra coisa que, com certeza, todo mundo fez em 2020 tendo que ficar em casa foi assistir mais filmes e séries e ouvir mais música. Todas as plataformas de streaming, tanto de vídeo como de áudio, foram uma dádiva indispensável neste ano. Amantes da música e do rock n’ roll que somos, até fizemos um post aqui elencando os principais documentários musicais encontrados pela internet, com opções do punk ao jazz. Então não é de se estranhar que a camiseta Guitarra Vintage, uma das estampas mais tradicionais da Strip Me de todos os tempos, tenha se tornado um big hit do ano.

E o que seria de nós neste ano desgraçado se não fosse a arte e os nossos amigos? Muita gente fez reuniãozinha no Zoom com a galera pra tomar cerveja, colocar a conversa em dia, reclamar da vida e xingar o Corona. With a little help from my friends, a Strip Me também se manteve firme e forte com seus camaradas. Entre as 10 mais vendidas do ano, 4 são estampas dos nossos estimados collabs! O Baby Yoda do Kaio Mushroom e o Abapulp Fiction do Adão Iturrusgarai são leituras super originais, psicodélicas até, pode-se dizer, de ícones do cinema. Já o Guilherme Hagler arrebentou ao atualizar a clássica obra de Vermeer, Moça com Brinco de Pérola, numa versão selfie moderninha! Pra balancear, a leve e divertida camiseta do bode, da Iaanks, traz a edificante mensagem “Deixa acontecer naturalmente.” #ficaadica

Importante a gente ressaltar aqui como somos gratos e orgulhosos do trampo de todos os nossos collabs!

Enfim, tá tudo muito bom, tá tudo bem, mas realmente precisamos dizer que tá todo mundo de saco cheio desse ano! Não adianta vir com essa conversinha que foi um ano de aprendizado, que veio para nos mostrar a importância de valorizar as pequenas coisas da vida, a liberdade, que foi um ano de resiliência… olha, f*#@-se! Foi um ano de m*@#a! Tá todo mundo cansado disso tudo, a gente quer mais é que tudo passe de uma vez e a gente possa voltar a viver a nossa vida como bem entendemos, sem nos preocupar em pegar essa doença maldita, ou transmiti-la sem querer para alguém.  Lógico que a camiseta Fucking Tired foi um dos maiores hits de 2020! Fucking Tired com selinho azul de verificação e tudo, pra não deixar dúvida que, olha… já deu.

Mas, por fim, fica claro que nem nós e nem vocês queremos fechar o ano de forma amarga e desanimada. Apesar de tudo, a gente tá seguindo o baile, né? A gente faz o que gosta e o que acredita, a gente coloca nas nossas camisetas todos os nossos valores e verdades. E é muito legal perceber pelas vendas que muita gente pensa e sente da mesma maneira. Exemplo disso é a camiseta Colors, uma das nossas estampas mais marcantes. É minimalista, sofisticada e tem a representatividade das cores, evidenciando a diversidade que a gente tanto valoriza! E ela também foi uma das mais vendidas em 2020.

Então é isso. Fechamos 2020 da melhor forma possível. Foi um ano punk pra todo mundo. Agora é respirar fundo, olhar pra frente, aprender com os erros e acertos da vida e encarar 2021 com saúde, esperança, garra e, é claro, muita diversão e arte!

Vai fundo!

Para ouvir: A playlist de hoje faz uma retrospectiva do que de melhor rolou nas playlists de cada post feito ao longo deste ano! Um top 10 tracks Playlists 2020 STM!

Para assistir: Eu sei que não tem nada a ver com o tema do post de hoje, mas não posso deixar de te recomendar uma minissérie documentário que assisti esses dias. Quebra Tudo: A História do Rock na América Latina! É uma produção da Netflix, um documentário dividido em 6 episódios que narra a evolução do rock nos países de origem espanhola na América. Dos anos 1960 até hoje, a gente conhece a história de bandas da Argentina, Uruguai, Chile Peru, Colômbia e México! É muito interessante e tem muita música boa!

Nostalgia da modernidade.

Nostalgia da modernidade.

A escalada tecnológica que presenciamos ao longo dos últimos 25 anos é assombrosa. E é um tema muito interessante para uma boa conversa. Porém, a não ser que você seja um especialista em ciência da computação, TI, ou qualquer coisa assim, a única forma de abordar este tema de forma relevante é contando suas próprias experiências, já que a mesma história já foi contada e recontada de todas as formas, do Netscape até o Google Chrome, do Napster ao Spotify, do IBM 486 ao iPhone. Inspirado nas estampas analógicas e com uma pegada de informática old school da Strip Me, resolvi ser mais pessoal neste texto, apresentando a perspectiva do Paulo, 38 anos, formado em publicidade e ligado no 220w em música e cinema, sobre a evolução da internet.

Fui ter acesso à internet pela primeira vez por volta de 1997, em um computador na biblioteca do colégio onde estudei. Um ano depois meu pai passou a liberar o computador do escritório dele para mim e minha irmã. O escritório ficava a duas quadras da nossa casa e íamos pra lá por volta de onze e meia da noite pra ficar uns 40 minutos cada um na internet. Vamos lembrar que nessa época a internet era via telefone. Entrávamos depois da meia noite, porque o pulso telefônico ficava mais barato. Eu usava boa parte do meu tempo conectado para ler sobre as bandas que eu gostava e em sites de humor. Quando eu dava sorte de ir pro escritório sozinho, sem a minha irmã junto, claro que aproveitava para consumir conteúdos mais picantes, que se limitavam a fotos que demoravam uma eternidade para carregar.

Em 1999 o mundo mudou pra todo mundo que curtia música. Surgiu o Napster compartilhando MP3 gratuitamente. Rolou aquela polêmica com o Metallica, processando o Napster, por outro lado, bandas como Radiohead declaravam que viam com bons olhos aquilo tudo. E nós só baixando as músicas enquanto artistas, gravadoras e donos das plataformas de compartilhamento batiam cabeça. Eu entrava no saudoso site Dying Days, lia sobre alguma banda que ainda não conhecia e corria pro Napster pra baixar e poder ouvir. Eu ia pro escritório do meu pai meia noite, selecionava algumas músicas que eu queria baixar, deixava o computador lá ligado a noite toda fazendo o download e ia pra casa dormir. É, demorava, bicho…

Em 2001 entrei na faculdade de jornalismo, que acabei não concluindo. Nessa época, já tínhamos um computador em casa. Essa foi a época que eu mais conheci bandas diferentes, entrava em contato com bandas independentes, que me enviavam demos, tinha descoberto o Audiogalaxy, que foi a melhor plataforma de compartilhamento de música que eu já vi, depois veio o Soulseek… era foda! Todo CD que caía na minha mão, eu ripava e compartilhava nessas plataformas, fosse a demo de uma banda de Sorocaba, fosse o disco novo do Pearl Jam. Da mesma maneira, tantas outras pessoas faziam isso, então era muito fácil achar coisas legais e novas pra baixar e conhecer.

Um pouco depois disso, 2003, 2004, fui ter meu primeiro telefone celular, que não era smartphone, vale lembrar. Era só um aparelho que fazia ligações, mandava SMS e, quando muito, tinha um tetris ou aquele jogo da cobrinha que vai comendo os pontinhos e crescendo. Nessa época também começaram a aparecer as câmeras fotográfica digitais, as famosas Cybershot. Baita revolução! Daí em diante, foi tudo muito rápido. Apareceu a internet sem fio, os notebooks se popularizaram, o Google começando a mostrar a que veio, o Orkut abriu a porta para as redes sociais, depois veio Facebook, os smartphones botaram um computador inteiro no bolso da calça, apareceu Twitter, Instagram, Snapchat, TikTok… e cá estamos nós, online full time.

Quando vejo alguém hoje em dia falando que “antigamente, no meu tempo de criança, o mundo era melhor”, fico com uma pulga atrás da orelha. Será que era mesmo? Com certeza era um mundo mais simples. Sem falar que comparar a juventude, tempo de descoberta e intensidade com a vida de responsabilidades, poucas surpresas e eventuais dores nas costas da vida adulta, claro que a juventude vai parecer ter sido um tempo muito melhor. Mas também estamos falando de um tempo em que um jovem tinha que entrar na internet depois da meia noite e esperar mais de dez minutos para que uma simples foto carregasse por completo numa página, enquanto hoje um filme de duas horas de duração carrega em menos de cinco segundos no meu navegador. Um tempo em que pouquíssimas pessoas tinham telefone celular, que era um objeto grande e pesado, com uma bateria que durava duas ou três horas e que tinha um sinal péssimo. Hoje eu faço uma chamada de vídeo com o meu amigo que está na Holanda com ótima qualidade. A verdade é que, apesar de 25 anos não ser tanto tempo assim, não dá pra comparar uma época com a outra. As coisas mudaram muito. Cabe a nós aceitar, aprender a cada novo passo da tecnologia, aproveitar tudo que ela nos oferece e saborear o doce sabor da nostalgia de um tempo que não volta mais.

Ainda bem.

Vai fundo!

Para ouvir: Pra acompanhar esse mergulho no passado recente da tecnologia, separamos 10 das canções mais baixadas no Napster em 1999, ano que ele foi lançado.Só clica pra conferir as 10 tracks mais baixadas no Napster!

Para assistir: Uma das razões da gente falar sobre o passado é para tentar entender o presente e nos preparar para o futuro. Então, para complementar e aprofundar o tema aqui apresentado, recomendo o ótimo documentário O Dilema das Redes (The Social Dilemma), produção da Netflix lançada em 2020.

Para Ler: Não só para entender a evolução da tecnologia, mas também para se inspirar, recomendo a leitura do ótimo Steve Jobs – A Biografia, escrito pelo jornalista e escritor Walter Isaacson e lançado no Brasil em 2011 pela Companhia das Letras.

O que há de novo.

O que há de novo.

Desde a Semana da Arte de 1922 até o Tropicalismo, é evidente que o brasileiro entende de se reinventar, misturar, desvirtuar e encantar. A arte brasileira, seja nas artes plásticas, música e outras manifestações, evoluiu muito e continua evoluindo. Assimilando as mudanças de mídia, tecnologia e comportamento, hoje não há como categorizar tudo que é produzido, cunhar um movimento artístico novo, querendo juntar determinados artistas com estética e ideologia semelhantes. A  produção artística nunca foi tão plural e homogênea ao mesmo tempo. O rock flerta com o funk, o pop flerta com o rap, tudo já sendo veiculado com um vídeo que supera em muito o videoclipe. Enquanto isso, você tem exposições artísticas dentro do museu que misturam fotografia, escultura e pintura, são ambientes com vida própria que, vez por outra, saem das galerias e vão para as ruas em intervenções em praças, muros, viadutos, monumentos… não há limites! Tudo mudou.

Nunca vi Adriana Varejão no meu bairro – Renan Aguena (2020)

As regras do mundo mudaram. Aliás, mudaram não, elas não mais se aplicam. E as regras não mais se aplicam porque são regras antigas. É como querer consertar um bug de um software usando uma chave de fenda. Não faz o menor sentido. A última corrente artística de que se tem notícia já cantava essa bola. A Arte Contemporânea, também conhecida como Pós Moderna, já falava que rótulos não importam, que na arte a atitude deve falar mais alto que a estética. A Arte Contemporânea engloba movimentos como a Pop Art e o Minimalismo, que nós já dissecamos aqui alguns posts atrás. É a corrente artística que surge pós Segunda Guerra Mundial e deixa para trás o Modernismo e Surrealismo dos anos 1930. Em pleno 2020 até mesmo o termo Arte Contemporânea soa atrasado. Fodam-se Foram-se os rótulos. Ficou a arte.

Geometrias da Terra – Clara Moreira (2020)

A artista baiana Ventura Profana é um exemplo muito claro dessa transformação. Compositora, artista visual e escritora, ela produz uma arte multimídia que retrata suas experiências de vida, suas crenças e princípios. Inclusive, vale dizer que esta é outra característica dos artistas da atualidade: Vincular sem pudores seus princípios e posicionamentos sociais e políticos a sua arte. A arte não pode ficar em cima do muro. É a atitude antes da estética. Se você disser para a Ventura Profana que a arte dela é radical e polêmica, tenho certeza que ela vai se orgulhar disso. Ainda assim, ela não deixa de ter um senso estético apurado, que passeia entre A Pop Art e o Surrealismo.

Outro exemplo interessantíssimo de inventividade e renovação na arte é o paulistano Yuli Yamagata. Artista visual, ele usa peças de tecido e roupas usadas encontradas em brechós e lojas do gênero para compor suas obras. Passeando entre o cubismo, modernismo e abstrato, sua arte é sempre ligada ao cotidiano, ao ordinário fazendo relações improváveis, como a obra chamada “Gordo Fumante”, por exemplo, que é composta por retalhos de tecidos de lycra, cortados de roupas de academia.

Na música também dá pra sacar que o pessoal não anda ligando muito para rótulos  e limites entre gêneros e vertentes. Na onda de artistas como Projota, que misturam a doçura e a temática leve e doce do pop com as batidas e grooves do rap, a carioca Miranda desponta como um grande nome da nova safra  de artistas que apostam nessa onda.Com letras e melodias inspiradas, ela já chegou ás trilhas sonoras de novelas. Numa pegada mais “papo reto”, pero sem perder la ternura, Drik Barbosa também apresenta um trabalho excelente, com letras fortes e boas melodias. A nova MPB se apresenta com violão, batidas eletrônicas e letras inspiradas que mantém a força no flow.

Tuiuiú – Adriana Coppio (2020)

E é claro que tem muito mais, isso aqui não é nem o começo.  A arte brasileira está em ebulição, ligada em tudo que acontece. Arte e artista, criatura e criador, tudo se funde. A nova arte brasileira é transformada, mas sem esquecer suas raízes. De Tom Zé a Emicida, de Volpi a Eduardo Kobra. É tudo isso que inspira a Strip Me a estar sempre com um catálogo tão completo e incrível de camisetas! Arte, diversidade, bom humor, brasilidade, responsabilidade e diversão.

Safari – Rafael BQueer (2016)

VAI FUNDO!

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor na música brasileira em 2020. 10 tracks de novas brasilidades.

Para assistir: Se é pra falar coisas novas acontecendo no Brasil, vou indicar a série brasileira produzida pela Netflix que arrenatou fãs em toda parte. Bom Dia, Verônica é uma série policial empolgante que vale demais a pena ver!

Para ler: Vá lá que não é um livro tão novo, mas se tem menos de dez anos tá valendo. Lançado em 2013, o Livro Fim, da atriz e escritora Fernanda Torres é um romance delicioso sobre vida, morte e amizade. Desses livros pra se ler numa tacada só, de tão envolvente.

Diversão & Arte!

Diversão & Arte!

Já diz a canção: a gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte! A gente quer mais! A gente quer ser quem a gente é, e pronto! A gente quer representar e se sentir representado! E é tão bom quando encontramos alguém que combine com a gente, que dá match! E não estou falando só de relações amorosas não. Falo também de quando você encontra uma marca, um produto, que você gosta e que tudo nessa empresa condiz com o que você acredita e gosta. É como as aproximadamente 400 estampas que já passaram pelo site da Strip Me, tão diversas, mas que encontram um lugar comum, se combinam. Diversão e arte!

Identificação é quando de longe você já reconhece alguma coisa, porque você já está familiarizado, gosta… tem a ver com você. Não precisa ser um especialista em artes pra saber o que é belo. Assim como em tudo na vida, um pouco de ousadia faz muito bem! O clássico é clássico, mas não é imutável! Lembra do Warhol? Então. O toque de Deus, obra máxima de Michelangelo, se tornar um ícone moderno é prova disso. Nada mais justo, afinal, assim como hoje, Deus criou a vida simplesmente usando ativação digital.

E a arte está aí pra todos os gostos, para expressar diversos sentimentos. A complexidade de uma obra de arte é imensa. São muitos detalhes a serem apreciados e interpretados. É por isso que os museus são lugares silenciosos e agradáveis. É para que você fique ali o tempo que achar necessário apreciando cada detalhe da obra. Mas no dia a dia, a gente vai direto ao que importa. É a perfeição dos traços, a leveza e a beleza cândida da face da Vênus de Botticelli, é a expressão de pavor que grita nas cores fortes e pinceladas nervosas de Munch, que mais nos chama a atenção e resultam em obras icônicas, diretas e incríveis estampas de camiseta!

Diversão e arte! Aliás, diversão é arte. Tá aí o cinema que não me deixa mentir. Quentin Tarantino evidencia isso de muitas maneiras. Seus filmes são repletos de ícones , referências, citações… não só relacionadas ao cinema, mas também histórias em quadrinho, arte, música. Pulp Fiction, a obra mais marcante de Tarantino, tem o poder da iconoclastia que tanto nos encanta! Um frame consegue nos remeter ao filme, à cena específica, e nos faz querer saber que gosto tem um milkshake que custa 5 dólares. Uma obra tão icônica que consegue manter sua personalidade forte, ainda que inserido no contexto tropical e positivista de uma das maiores obras de arte brasileira: o Abaporu.

Por falar em diversão, dá uma olhada no teu círculo de amizades. Pessoas bem diferentes, né? Desde a cor do cabelo até o tipo de personalidade, todo mundo é diferente, tem características próprias, é único. Mas sempre tem um ou mais pontos em comum que conectam todo mundo. A diversidade faz parte da diversão em todos os aspectos, seja no rolê, ou no trabalho, ou conversando naquela padoca ou cafeteria que é o ponto de encontro da turma. Afinal, assim como em Friends, o café une muita gente! Muita gente diferente. Tão universal quanto falar inglês, é carregar o amor e as cores da diversidade estampados no peito.

É muito legal se sentir representado. A identificação que rola entre tanta gente com a série Friends é um exemplo disso. Pessoas comuns, cheias de problema, convivendo e levando a vida. Mas mais legal ainda é quando você mesmo representa. Parece papo egoísta, mas não é. Sua vida depende muito do quanto você assume suas broncas, leva adiante suas crenças, trabalha, se diverte… tudo depende da sua própria perspectiva! O punk rock cunhou a melhor frase de efeito do século: Do it Yourself! Uma pena que o tiro saiu pela culatra e o punk virou um negócio meio esquisito… mas isso é outro papo. Assuma suas broncas, cara! Sua perspectiva! Do Epic Shit, but do it yourself!

No gancho do punk rock, voltamos ao início. Diversão e arte. Não há nada que consiga condensar arte e diversão em um elemento só como a música, em especial o rock n’ roll. Foram os Beatles quem primeiro conseguiu elevar o rock ao status de arte. Mas Jimi Hendrix foi adiante. Além de uma imagem carismática, instigante, sedutora, o cara produzia uma música genial e ao mesmo tempo divertida, cheia de energia. Barulhos, ruídos, melodias incríveis! O olhar displicente de Hendrix envolto pela fumaça de seu cigarro é a tradução mais fiel do que nós somos e queremos. Diversão e arte!

Neste post reunimos as 10 camisetas da Strip Me mais vendidas, mais curtidas, mais elogiadas e que provavelmente você já esbarrou em alguma delas por aí. Foi uma maneira que encontramos de expor, com palavras e imagens, um pouco da alma da Strip Me. Personalidade, qualidade, atitude, responsabilidade, diversidade, diversão e arte. Mas o que está aqui é só a ponta do iceberg. No site você confere todas as nossas estampas clássicas e também fica por dentro das estampas novas, que pintam por lá frequentemente! www.stripme.com.br

VAI FUNDO!

Para ouvir: Esta playlist traz uma canção para cada uma das estampas apresentadas neste post. Top 10 tracks das top 10 camisetas!

Para assistir: Recomendo a tão comentada e aguardada cinebiografia de Jimi Hendrix. O filme Jimi: All is by My Side, lançado em 2013 e dirigido pelo John Ridley não é um filme incrível, tem algumas falhas, é verdade. Mas ainda assim é muito divertido e conta boa parte da história do Hendrix, em especial a transição dos Estados Unidos para a Inglaterra. Vale a pena ver. Tem pra alugar no Youtube.

Para ler: Inspirado na Vênus de Botticelli, recomendo um livro de contos inacreditável do mestre Rubem Fonseca: Secreções, Excreções e Desatinos. Apesar do título pouco convidativo, este livro, lançado em 2001 pela editora Companhia das Letras, traz contos maravilhosos, deliciosos de se ler. Caso você esteja se perguntando o que tem a ver, a Vênus de Botticelli está na capa do livro e é citada em um dos contos.

Na ponta da agulha.

Na ponta da agulha.

Sem rodeios. Hoje vamos falar de música e de sua mídia mais emblemática: o vinil. Também já te adianto que não vamos aqui ficar vomitando números, dados e porcentagens de venda. Vamos nos prender a o que interessa de verdade. O que faz com que o vinil seja objeto de desejo para tanta gente e a importância que a música tem na vida das pessoas.

Já até virou clichê comparar colecionadores de vinil a fetichistas. Apesar de ser uma comparação infame, não deixa de ser verdadeira. De um jeito ou de outro, o comprador de vinil (que não é necessariamente um colecionador) adquire seus discos por motivos que vão além da vontade de ouvir música. Tal qual qualquer fetiche, um disco está repleto de rituais e significados que proporcionam um prazer extra. Às vezes é pela simples satisfação de possuir em mídia física seu disco favorito. Há quem compre um ou outro disco sem sequer ter uma vitrola em casa para colocar pra tocar. É pela representatividade. O que eu quero deixar claro é que quem compra vinil, em um ou outro nível, tem uma relação com a música diferente da maioria das pessoas.

Sim, a maioria das pessoas não compra discos. Na verdade, a maioria das pessoas não liga muito para música, a verdade é essa. A maioria das pessoas gosta de ouvir música, mas não liga muito pra quem está tocando ou cantando, se limitando a colocar pra tocar a playlist das 50 mais tocadas no Spotify e segue trabalhando. Já quem compra vinil tem suas predileções bem definidas. Não importa se está comprando o disco pra deixar na estante, pra deixar de enfeite na sala ou se pra fazer parte de uma imensa coleção e este disco será apreciado e tocado algumas vezes. Este disco foi escolhido criteriosamente. “Ah, então você está dizendo que os compradores de vinil são uma casta superior entre apreciadores de música.” Olha, superior eu não diria, mas que são uma casta distinta, são sim.

Claro que existem apreciadores e amantes da música que não curtem o vinil e afirmam que a tecnologia torna tudo melhor e mais prático. Pode se conseguir grandes performances com tratamentos de áudio e remasterizações digitais, que permitem ao ouvinte perceber nuances e detalhes que se perdiam antes, além de proporcionar experiências divertidas como ouvir suas músicas favoritas isolando determinado instrumento ou as vozes. As vozes isoladas do Pet Sounds, por exemplo, são uma coisa inacreditável. Fora isso, tem a praticidade de você entrar num site ou aplicativo, apertar o play e ouvir o que quiser, ter acesso a obras que você nunca imaginou antes. Tudo isso é muito legal. A diferença do apreciador do vinil é que a música se torna uma experiência mais sensorial. O disco te prende mais, dificilmente você coloca a agulha num disco e vai fazer algum trabalho, porque você tem que ficar parando pra virar o lado e você tem uma capa com uma arte linda, eventualmente um encarte com letras das canções e informações do disco que chamam a atenção e pode te distrair, enfim, coisas que podem ser um inconveniente, mas que na verdade são a verdadeira magia do vinil. Colocar pra tocar, o cuidado com a agulha, absorver a capa, as letras, aas informações, a arte.

Por muito tempo eu assumi que a esmagadora maioria dos consumidores de vinil hoje em dia era feita de pessoas como eu: Com mais de 35, 40 anos de idade, que pegou o fim do primeiro reinado do vinil, no começo dos anos 90, se desfez de boa parte da sua coleção de vinil pra comprar CDs, e agora, no segundo reinado do vinil, tenta recuperar os discos que já teve e compra novos títulos, discos que eram objeto de desejo no passado e não se tinha grana pra comprar ou não se achava por aqui, numa época em que comprar produtos importados não era tão simples. Mas a verdade é outra. Conversando com o dono de uma loja de discos, soube que muitos dos compradores são jovens de vinte e poucos anos, que já cresceram com o mp3 e streaming. E é uma turma que compra ao mesmo tempo um Dark Side of The Moon e um Arctic Monkeys.

Esta é a informação mais interessante disso tudo. A descoberta do vinil por uma turma que não teve contato com essa mídia na infância, não tem esse ar de nostalgia, de recuperar um tempo perdido. É só uma maneira mais íntima de lidar com a música! Para quem é amante de música, faz sentido poder ouvir o Abbey Road no Spotify, mas fazer questão de tê-lo como ele foi concebido em 1970. E olha que nem entramos aqui na seara dos DJs, que é outro patamar de vínculo com o disco, que além de uma paixão, o disco é uma ferramenta de trabalho.

Na música não existe certo e errado, bom ou ruim. Mas uma coisa é inegável: o vinil e tudo que o envolve é a materialização mais fiel do que é de fato a música! Podemos afirmar que aproximadamente uma hora de música (uma média de 10 a 12 canções) pesam entre 120 e 180 gramas e pode contar com quantas cores e imagens seus criadores queiram numa capa de 31 centímetros.

VAI FUNDO!

Para ouvir: O post de hoje é ilustrado com 10 das capas mais bonitas e emblemáticas da música pop, que  podem ser melhor apreciadas no formato do vinil. Nossa playlist de hoje traz uma canção de cada um desses discos.

Para assistir: Apesar de ser meio óbvio, não resisto a recomendar um dos filmes mais divertidos do século XXI, o Curtindo a Via Adoidado das novas gerações! Escola de Rock! Filme divertidíssimo dirigido pelo Richard Linklater e protagonizado pelo Jack Black que fala justamente sobre a paixão incondicional pela música!

Para ler: Seria outra dica óbvia, caso fosse o filme estrelado por John Cusak, mas prefiro recomendar o livro que inspirou, e é muito melhor que o filme. Alta Fidelidade. Escrito pelo ótimo autor inglês Nick Hornby, o livro narra a história de um dono de uma loja de discos e suas desventuras rumo à meia idade. Livro excelente!

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