Qual a razão do eterno charme dos Rolling Stones? O que esses senhores de 70 anos, que já protagonizaram escândalos que fariam bandas como os Guns´n Roses ou os Sex Pistols ficarem coradas de vergonha, representam atualmente em uma indústria de entretenimento cada vez mais escassa de atitude e que parece ser planejada por contadores americanos ávidos por dinheiro? E porque ainda precisamos dos velhos e malvados Stones?
Precisamos dos Rolling Stones basicamente porque a função do rock´n roll desde o seu início é de romper com padrões vigentes, sair do marasmo e sacudir as pessoas e a sociedade em que essas estão inseridas. Os Stones parecem viver permanentemente em um túnel do tempo, em uma era que os astros do rock não eram apenas marionetes instruídas por assessores de imprensa em sintonia com o politicamente correto e sim dândis hedonistas da livre expressão artística.
Que figuras tristes são os astros atuais se comparados aos Stones. Mal começam a fazer sucesso e já começam a ostentar, menosprezar seu público, se acomodam e passam a se levar a sério demais.
E esse é um dos charmes dos Stones, não se levarem tão a sério. Como não gostar da única banda que ousou rivalizar com os sacrossantos Beatles, ao se comportarem de uma maneira tão espontânea, insolente e divertida. Algumas canções clássicas dos Stones renderiam uma visita inesperada da polícia se fossem lançadas atualmente (Exagero? Veja a letra de Stray Cat Blues de 1968 ou de Some Girls de 1978 só como exemplos).
Aliás, na contra capa de seu primeiro álbum já estava dada a dica: “Os Rolling Stones não são apenas uma banda, são um estilo de vida” – * (A contra capa do segundo disco, entretanto já ia além e sugeria ao jovem que não tivesse dinheiro para comprar o disco que roubasse de um cego, o que deu merda é lógico).
E o que seria esse estilo de vida Stones de ser? De acordo com Bill Wyman, ser um Stone é ser um aventureiro, uma pessoa que goste de viajar, que não fica parada no tempo e faz acontecer. Em outras palavras a tradução do trecho que inspirou o nome da banda – “A Rolling Stone gathers no moss”, ou seja, Pedra que Rola não cria Limo.
Assistir um show ou ouvir um disco clássico como Sticky Fingers nos conecta imediatamente com essas figuras insolentes e suas histórias de rebeldia, transgressão, prisões, brigas e traições entre integrantes e de sobrevivência. Aliás, essa tem sido a tônica do grupo desde os anos 60. Depois de terem sido escolhidos como bodes expiatórios da sociedade conservadora e passado por um numero infindável de batidas policiais, processos, perseguições da imprensa, a banda insiste em sobreviver.
Como diriam em uma de suas canções definitivas, Jumpin Jack Flash, em que Jagger cita ser criado por uma velha e desdentada bruxa, ter sido surrado nas costas, afogado e deixado para morrer, mas que estava tudo legal, de fato isso que dá gás, o que em outras palavras significa, “Passei pelo pior, mas sobrevivi com um sorriso.”
Para se livrarem de sua antiga gravadora (A famosa Decca que recusou os Beatles e que os censurava constantemente), os Stones estavam devendo três álbuns. Depois de uma combinação ardilosa de coletâneas antigas e discos ao vivo, ficou faltando um single exigido por contrato. Mick Jagger e Keith Richards então compuseram algo que sabiam que a gravadora não teria coragem de lançar. Um single homoerótico chamado Cocksucker Blues (O Blues do chupador de p**), com diversas palavras de baixo calão que acusava o próprio dono da Decca de procurar rapazes nos becos de Londres. Obviamente o contrato foi rescindido. Algum artista atual teria a coragem e autoconfiança para isso?
Feito isso a imagem definitiva dos Rolling Stones (aquela de 1972, época do inimitável Exile on Main Street) foi construída sobre esse amálgama de sobrevivência e decadência. 24 horas no ar, com farras intermináveis, agora donos da própria gravadora e do próprio nariz, tudo que era moderno, descolado e subversivo passava pelos Stones dos anos 70. O nome do documentário que foi censurado em todos os países que registrou esse período? Cocksucker Blues.
Keith Richards certa vez disse que Bob Dylan, no auge do seu estrelato nos 60, disse: “Eu poderia ter escrito Satisfaction, mas vocês não conseguiriam escrever Blowin in the Wind“. A resposta de Keith foi unicamente “Vá se Foder cara”.
Depois desse entrevero com os Stones, Bob Dylan escreveu seu hino máximo “Like a Rolling Stone” em 1965, e apesar de jurar que nada teve a ver com a banda, ironicamente descreve perfeitamente seu espírito livre, desimpedido e rebelde.
“How Does it Feel ?
To be without a home?
Like a complete unknow?
Like a Rolling Stone?”
(Qual a sensação?
De estar sem lar?
Como um completo desconhecido?
Como uma pedra rolando?)
Pra tentar sintetizar o que é o estilo de vida de um Rolling Stone, dá o play na sensacional versão de Tumblin’ Dice de 1972. Os Stones no seu auge!
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