A Anatomia de Basquiat.

A Anatomia de Basquiat.

Brooklin, New York. 1967. Era um dia quente de verão e algumas crianças brincavam em uma das ruas do bairro nova iorquino. Num descuido, um menino corre pela rua e não vê o carro que se aproxima. O garoto é violentamente atropelado. O impacto foi tão grande que ele teve muito mais que um braço quebrado. Internamente seu corpo sofreu lesões, incluindo uma muita grave no baço, que requereu uma cirurgia imediata. O pós operatório e a recuperação fizeram com o que o garoto ficasse preso a uma cama de hospital por semanas. Por acaso, a mãe pegou na recepção do hospital um livro de anatomia humana e deu para o menino, que se encantou com as formas, figuras e cores das ilustrações do corpo humano. Ele não largou mais o livro, que o influenciaria para o resto da vida. O nome do tal livro era Gray’s Anatomy.

Se você acha que este texto vai versar sobre alguma série de TV envolvendo médicos, cirurgias e sexo em salas de descanso de hospitais, errou feio, errou rude. Vamos sim falar deste jovem menino negro, com ascendência haitiana e porto riquenha, que cresceu nas ruas de New York, quase morreu atropelado, passou semanas numa cama de hospital com o tal livro, que realmente se chama Gray’s Anatomy, um livro real de medicina famoso. Já adolescente, os pais se divorciaram e ele se mudou para Porto Rico com o pai. Onde morou por dois anos. Em 1976, voltou a New York e começou a se interessar por arte. Com um amigo, passou a fazer grafites pelos muros da cidade, desenhos e frases de efeito, sempre assinados como “samo”.

Cabeza – Jean Michel Basquiat (1982)

Claro, estamos falando do inconfundível Jean Michel Basquiat. Um jovem inteligente, rebelde e inconformado. Largou a escola ainda muito jovem, por isso foi expulso de casa pelos pais. Passou a morar com um amigo chamado Al Diaz, com quem, além de fazer pichações, pintava camisetas e post cards para vender e levantar uma grana. Em especial os grafites começaram a dar o que falar pela cidade. A assinatura da dupla, “samo” derivava da expressão “same old shit”, que eles falavam com frequência abreviando para “same old”, que facilmente se tornou “samo”.

Em 1979 já era conhecido por sua arte, participava de programas de televisão e abandonava os muros para pintar telas. Ao mesmo tempo diversificava sua área de atuação e entrava na onda da emergente música de vanguarda que pintava em New York, que misturava o barulho e a atitude do punk com as viagens do jazz fusion e conceitos da arte concreta. A banda que mais se destacou desta cena foi a Sonic Youth alguns anos depois. Basquiat se juntou ao cineasta Michael Holman em 1979 para montar uma banda chamada… Gray! Sim, em homenagem àquele famoso livro, do qual ele nunca se esqueceu, e que sempre o inspirou a pintar. Mas a banda não vingou, apesar de se apresentar nos principais antros místicos de New York, tais quais CBGB’s, Max Kansas City e Mudd Club. Lugares frequentados não só por músicos e punks, mas também pela trupe de excentricidades de Andy Warhol.

Coroas (Peso Líquido) – Jean Michel Basquiat (1981)

Basquiat e Andy Warhol se conheceram em 1980 e não se desgrudaram mais. Fizeram vários trampos juntos e se tornaram amigos muito peculiares, pois nutriam uma curiosa competitividade. A convivência e a chancela de Warhol, que muito o elogiava para terceiros, fizeram de Basquiat um artista renomado em muito pouco tempo. Suas telas passaram a circular entre os marchands mais badalados dos Estados Unidos e da Europa ocidental. Sua obra era descrita como um primitivismo intelectualizado, onde Basquiat pegava a linguagem dos grafites das ruas e mesclava a recortes, frases desconexas e pinceladas desconcertantes. Curiosamente Basquiat era tão próximo de Warhol, mas passava longe de ser um representante da Pop Art. Sua arte flertava muito mais com o expressionismo e o surrealismo. Mas tudo com uma originalidade  inacreditável.

Se você já viu filmes ambientados em New York do fim dos anos 70, começo dos 80, sabe que aquilo era uma loucura desenfreada. O fim da Guerra do Vietnã, a invasão da cocaína e a desigualdade econômica que começava a pesar nos Estados Unidos resultou numa onda de hedonismo e auto destruição que varreu a juventude da época. Basquiat chegara ao topo como artista plástico. Um negro, filho de imigrantes latinos, ele era único naquele mundo. E muito jovem. Não é de se estranhar que ele tenha se deslumbrado com o status, com o assédio, com a grana… e se esbaldado nas festas regadas a muita droga. Diz-se que seu apetite para consumir drogas sintéticas era tão grande quanto seu talento para pintar.

Dispensador de Pez – Jean Michel Basquiat (1984)

Em 1982 Basquiat teve um breve romance como uma garota muito carismática e bonita, que tentava se dar bem como cantora. Sempre que Basquiat a apresentava para alguém, dizia “Essa é minha namorada, ela vai ser uma grande cantora logo logo.” O namoro não durou muito. Em 1983, quando ela conseguiu lançar seu primeiro disco, eles já não estavam juntos. Mas ele estava certo. O disco de estreia já trazia clássicos como Holiday e Lucky Star e elevaria Madonna ao posto de diva do pop. Nesse período, entre 1983 e 1985, foi a época de maior convivência entre Basquiat e Warhol. Basquiat crescia exponencialmente. Em especial sua exposição chamada Anatomy, olha o livro aí de novo, causou grande impacto no mundo das artes, e a exposição foi apresentada nos mais importantes museus e galerias do mundo.

Caveira – Jean Michel Basquiat (1981)

Em 1987 Andy Warhol morre aos 59 anos. Basquiat ficou abaladíssimo. Já estava afundado no consumo cavalar de cocaína e heroína, e sua produtividade entrou em decadência. Começou a receber muitas críticas negativas da imprensa especializada e retrucava ferozmente se apoiando no racismo como justificativa para tais críticas. Sendo o único artista negro de destaque, é certo que ele sofreu muito racismo ao longo de sua carreira, mas naquele momento, realmente suas obras começavam a perder a alma, além de ele produzir cada vez menos, e passar cada vez mais tempo entorpecido. Até que no dia 12 de agosto de 1988 o que parecia inevitável se concretizou. Vivendo sozinho em seu apartamento, ele errou a mão e teve uma overdose de speedball, mistura de cocaína com heroína. Foi mais um grande artista que morreu aos 27 anos de idade.

Cavalgando com a Morte – Jean Michel Basquiat (1988)

Além de ser uma personalidade incrível, com uma história de vida fascinante, Basquiat tem uma importância brutal para a história da arte moderna. O fato de ser um artista negro, filho de imigrantes latinos, pobre, que pichava muros, é muito revelador e o torna único por ter conseguido chegar onde chegou. Mas o mais importante mesmo é que sua obra, a força e genialidade de tudo que ele produziu, se sobrepõe às condições sociais e pessoais. Basquiat é primeiramente lembrado pela sua obra, e depois por ser um artista negro e etc.

Como não amar um artista multimídia, que veio das ruas, que se envolvia com música e cinema, era contestador, libertário e jovem? A obra de Basquiat emana barulho, diversão e arte. Por isso mesmo é fonte direta de inspiração e admiração na Strip Me. Vem conhecer as nossas camisetas com estampas de arte, além de muitos outros lançamentos na nossa loja!   

Pássaro no Dinheiro – Jean Michel Basquiat (1981)

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist especial com o que rolava de mais legal na época em que Basquiat produzia em NY. Top 10 Tracks NY 1978 – 1988.

Para assistir: Em 1996 saiu a cinebiografia de Basquiat. O filme dirigido por Julian Schnabel chamado Basquiat – Traços de uma Vida, é um filme bem legal e mostra a vida do pintor em NY, seu envolvimento com Warhol e toda a sua vida caótica. Vale a pena conferir. Ah, sim. E quem interpreta o Warhol neste filme é ninguém nenos que David Bowie!

Press Start

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Tudo indica que os jogos são tão antigos quanto a humanidade. Quando os primeiros seres humanos começaram a se organizar em sociedade, deixando de ser grupos de nômades que se limitavam a caçar e comer o que encontravam, e passaram a se estabelecer em um determinado local, plantar e realizar outras tarefas, com certeza ali já tinha alguém tirando no palitinho pra ver quem ia construir  uma cabana ou lavar os potes sujos de comida. Certamente já tinha também uns dois ou três que apostavam alguma coisa quando um homem saía pra caçar algum bicho feroz: “Aposto duas pedras e uma ponta de flecha que ele não volta vivo.”. “Eu aposto as pedras, a lança e mais esse punhado de trigo que ele volta. Eu já vi ele caçando um búfalo sem lança nem nada uma vez.”. Mas enfim, claro que a gente não vai tão longe e contar a história dos jogos na humanidade. Vamos dar um salto temporal considerável e chegar em 1970.

A década de 70 foi onde tudo começou para quem se liga em vídeo games. Nessa época, pra jogar um jogo eletrônico, você tinha que sair de casa com algumas moedas, e as opções eram poucas. Tinha que entrar num bar pra jogar essencialmente pinball e um ou outro jogo de computador como o clássico Space Invaders. Eram máquinas do tamanho de uma geladeira, com uma tela e alguns botões, onde você inseria uma moeda e tentava se manter o maior tempo possível jogando sem “morrer” e ter que inserir uma nova moeda. Além do mais, alguns desses jogos arquivavam as pontuações mais altas e o jogador podia inserir seu nome. O que fomentava uma certa competitividade entre os frequentadores do local.  Tais aparelhos são conhecidos como arcade. Inicialmente eles ficavam em bares e lanchonetes, mas depois se popularizaram tanto que passaram a coexistir em salas com vários arcades, eram os fliperamas.

Anos antes, no fim dos anos 60, um estudante de engenharia elétrica da Universidade de Utah, nos cafundós dos Estados Unidos, chamado Nolan Bushnell começou a trabalhar em parques de diversão para levantar um dinheirinho. Ele gerenciava algumas máquinas de pinball e começou a ter ideias. Juntou com um camarada e montou uma empresa de tecnologia chamada Syzygy, que fazia manutenção nas máquinas de pinball, mas tinha como objetivo maior criar novos jogos. Em 1971 eles criaram o jogo Computer Space, que se tornou um dos primeiros arcades da história. E era uma parada revolucionária pelo simples fato de que eles usaram peças usadas de outros aparelhos e conseguiram realizar funções que antes só rodavam em computadores grandes em um aparelho pequeno e mais barato, usando circuitos de uma televisão velha.

O jogo não era grande coisa se a gente olhar hoje em dia, mas para época foi incrível. Fez um sucesso enorme. No ano seguinte a empresa começou a trabalhar num novo projeto. Mas antes de seguir em frente teve o bom senso de trocar de nome. Deixaram de lado o nome horroroso Syzygy para passar a se chamar Atari! O tal projeto novo se tornou mais um hit. Era basicamente uma partida de tênis vista de cima, com um quadrado branco sendo a bola e duas retas brancas como raquetes, que se movem para cima e para baixo. O nome do jogo era Pong. Arcades de Pong foram espalhados por vários pontos dos Estados Unidos e renderam uma boa grana. Jogar em arcade era muito divertido, mas tinha um problema sério: a hora de parar. Caso você não tivesse pais controladores que exigissem que você estivesse em casa antes do anoitecer, você corria o risco de o dono do bar desligar a máquina e te mandar embora para ele poder fechar o estabelecimento. Em 1975 a Atari conseguiu resolver esse grande problema criando um aparelho que você conectava na televisão de sua casa e podia jogar o Pong. O console foi lançado no natal daquele ano e vendeu duas vezes mais do que o esperado pela empresa.

A Atari começou então a desenvolver novos jogos que viravam arcades e também consoles pra se jogar em casa. Um desses jogos era o Breakout e foi desenvolvido por um hippie meio sujo, que vivia fumando um cigarrinho de artista, chamado Steve Jobs. Mas Bushnell tinha um sonho maior, e muito caro. Desenvolver um só console que pudesse rodar vários jogos diferentes, como uma vitrola que toca vários discos. Ainda que os negócios fossem bem, a Atari não lucrava tanto a ponto de bancar um projeto desse porte. Eis que a gigante Warner, que já se tornava um grande conglomerado multimídia se interessou pela empresa e a comprou. Agora sim, Bushnell poderia realizar seu sonho. Em 1977 é lançado o Atari Video Computer System, Atari VCS. Pouco Tempo depois ele foi rebatizado com o nome pelo qual ficou realmente conhecido, o Atari 2600.

O Atari era realmente um aparelho impressionante. Era um hardware simplíssimo, com apenas 128 bytes. É isso aí, bytes! Não é nem megabyte e nem gigabyte! É só bytes mesmo! Pra você ter ideia, hoje em dia tem celular por aí que pode chegar a 1 terabyte de memória! Enfim, acompanhava o console dois joysticks e um jogo, além de terem disponíveis para compra separadamente 8 cartuchos de jogos. Foi uma revolução e uma festa. Festa esta que durou pouco. Até então, a equipe da empresa era super bem entrosada, e era um bando de malucos que trabalhava de bermuda e andavam descalços pelo escritório, além de fumar maconha livremente e fazer festas homéricas quando metas de vendas de novos jogos eram batidas. Mas a Warner começou a cortar as asinhas dessa turma. Insatisfeito, Nolan Bushnell resolveu abandonar o barco em 1978. Se desligou da Atari para realizar outro de seus planos mirabolantes: uma rede de lanchonete chamada Chuck E. Cheese’s

Em 1979 outros funcionários da Atari, David Crane, Larry Kaplan, Bob Whitehead e Alan Miller, deixam a empresa para fundar a sua própria, a Activision. Primeira desenvolvedora de jogos para consoles que se tem notícia. Eles começaram desenvolvendo jogos para o Atari 2600, mas logo passaram a produzir também para outros consoles como o Odissey e o Coleco Vision.  É da Activision clássicos como Pitfall, River Raid e Enduro. Mas o fato é que à partir daí, a coisa começou a ficar feia pra Atari. Uma sucessão de erros fez com que a empresa começasse um declínio inimaginável. Além de querer lançar cada vez mais jogos, sem se preocupar tanto com a qualidade e a concorrência crescente de consoles de outras marcas que começavam a desnortear a Atari, a empresa já tinha perdido praticamente todas as pessoas responsáveis pelos grandes jogos e pelo próprio console Atari. Pra piorar, a Warner, através da Atari, se meteu a querer desenvolver computadores para competir com a IBM. Não tinha como dar certo.

O curioso é que quando as coisas começaram a andar mal nos Estados Unidos, o Brasil começava a tomar conhecimento do Atari e a molecada pirou forte. O Atari chegou oficialmente por aqui em 1983. Antes disso, algumas poucas pessoas tinham acesso ao console através de comissários e aeromoças que viajavam para o exterior, turistas que traziam na mala… enfim, não era nada fácil. Mas quem descolava um virava rei. E o Brasil funciona de um jeito diferente, né. Pois teve uma empresa de São Paulo que pegou um Atari, desmontou, entendeu como funcionava e… pirateou! Sim! Meses antes do Atari chegar ao Brasil, você podia encontrar nas lojas o Dactari! Claro, não funcionava tão bem e tal. Mas quebrava um galho. Porém, na mesma época, a Philips do Brasil comprou os direitos do Odissey e passou a comercializá-lo no Brasil. Na sequência veio o Atari e foi uma verdadeira loucura. O que mais chamou a atenção no lançamento do Atari no Brasil no fim do ano de 1983 foi a campanha publicitária genial criada na DPZ pelos publicitários Francisco Petit, Washington Olivetto, Paulo Ghirotti e Gabriel Zellmeister. Nas peças o Atari era vendido como “O Inimigo”, com títulos como “O inimigo número 1 da solidão” e “O melhor inimigo do homem”.

A história do Atari e dos vídeo games que vieram depois dele, como o Nintendo, o Master System e o Mega Drive, é incrível e repleta de detalhes espinhosos. Uma verdadeira odisseia até chegarmos aos dias de hoje, com games incrivelmente realistas, com roteiros cinematográficos, e também com os jogos online. Uma história que a gente vai contando aos poucos, saboreando cada momento. Afinal, esses jogos clássicos extrapolaram o mundo dos games e viraram ícones pop de toda uma geração. Inovar, romper barreiras, criar livremente, se divertir e, ainda por cima, virar ícone da cultura pop. Tá na cara que a Strip Me ia chegar chegando com uma coleção de estampas sobre games! Confere lá na nossa loja essas estampas e vários outros lançamentos!

Vai fundo:

Para ouvir: Uma playlist no capricho com músicas sobre vídeo games. Top 10 tracks Video Game!

Para assistir: Tem um documentário interessantíssimo sobre a chegada dos consoles de vídeo game no Brasil chamado 1983 – O Ano dos Videogames no Brasil. O filme é dirigido por Artur Palma e Marcus Chiado Garrett e foi lançado em 2017. Além de muitos depoimentos, o filme conta com várias imagens bem legais da época do lançamento desses games aqui no Brasil. Vale a pena demais assistir. Tem completinho no Youtube, só clicar aqui.

2022 vai ser show!

2022 vai ser show!

Ah, como é bom olhar para o futuro e… ver o futuro! Sim, porque até ano passado a gente estava bem desacreditado, sem perspectiva de que voltaríamos a ter a normalidade old school da vida de volta. Bom, vá lá que aquela normalidade raiz, aquela normalidade moleque, que a gente conhecia até 2019 talvez nem volte. Afinal, depois de tudo pelo que passamos nos últimos dois anos, parece meio absurdo achar normal ver o mesmo copo de bebida passar pela boca de 5 pessoas na balada, por outro lado, usar máscara no metrô ou no ônibus lotado, já não nos parece uma ideia tão absurda, hábito este que nossos amigos asiáticos  já cultivam há muitos anos, diga-se. Mas enfim, depois da maioria da população devidamente vacinada e respeitando alguns mínimos cuidados ainda necessários, a gente pode sim voltar a ter alguma normalidade! Já dá pra reunir uma turminha pra tomar uma no barzinho de mesa na calçada, já dá pra fazer aquele churrasquinho com piscina no domingo com os amigos, Isso agora, né… porque em 2022, aí sim! Em 2022 voltam os festivais de música!

2 anos sem um showzinho sequer, cara! Imagina! Com certeza tanto quem curte ir em shows, quanto as bandas, devem estar louquíssimos pra voltar às arenas! Na gringa já tem vários shows rolando, exigindo comprovante de vacinação e tal, é claro, é o mínimo, né. Apesar de todos os pesares (e bota pesares nisso) o Brasil está mandando super bem na vacinação e conseguindo imunizar cada vez mais gente! Com essa perspectiva positiva, vários festivais grandes já estão confirmados para o ano que vem. Vamos dar uma geral nos principais.

Vamos começar falando do Coala. Festival de música brasileira que acontece em São Paulo, o Coala é o meio do caminho entre o mainstream e o underground. Nasceu de uma ideia entre amigos, de fazer um festivalzinho pra curtir umas bandas legais, e se tornou um dos eventos anuais mais importantes da cidade de São Paulo. Em 2022 será a oitava edição do evento. O Coala sempre deu preferência para artistas brasileiros. E já contou com nomes de peso como Caetano Veloso, Tom Zé, Criolo e muitos outros. Ano que vem o Festival traz nomes da primeira grandeza tupiniquim. Na noite de 17 de setembro o palco principal vai contar com Alceu Valença e Gal Costa, que terá no palco a companhia de Tim Bernardes, vocalista e principal compositor da banda O Terno. Já no dia 18 de setembro, As atrações principais serão a rainha da MPB Maria Bethânia, o excelente rapper Black Alien, que já fez parte do Planet Hemp, e também a cantora mineira Marina Sena com seu pop brasileiríssimo. Além dos shows sempre rola no Coala várias intervenções artísticas, como grafites e tal.  Um rolê imperdível no Memorial da América Latina. Pra se informar melhor, é aqui ó: Festival Coala

Imagem: totalacesso.com/events/coalafstvl_2022

Outro festival que começou ali, pequenininho e sem grandes pretensões, e hoje é um dos mais importantes do país é o João Rock, que rola em Ribeirão Preto (SP). Cara, o João Rock teve sua primeira edição em 2002, e de lá pra cá, só parou mesmo na pandemia.  Praticamente todos os nomes importantes do rock e da música pop brasileira já se apresentaram no palco do JR. Basta dizer que a grande maioria dos headliners de 2022 já se apresentaram em edições anteriores do festival. O JR rola durante um dia inteiro, dividido em 3 palcos: O Palco João Rock, o Palco Brasil e o Palco Fortalecendo a Cena, com artistas novos. Alguns dos nomes que estarão no JR 2022 são Titãs, CPM 22, Humberto Gessinger, Planet Hemp, Emicida, Pitty, Gabriel o Pensador, Barão Vermelho, Erasmo Carlos… fala a verdade! É quase todo mundo do cenário pop rock brasileiro! Bom, o João Rock rola no dia 11 de junho de 2022 em Ribeirão Preto, SP. Mais informações sobre o evento: João Rock

Imagem: joaorock.com.br

Outro festival que já se tornou tradicional na cidade de São Paulo é o mundialmente famoso Lollapalooza. O Lollapalooza, como você já deve saber, começou nos Estados Unidos em 1991, idealizado pelo vocalista da banda Jane’s Addiction, Perry Farrel. Tocaram 9 bandas e era pra ser o show de despedida da turnê que o Jane’s Addiction estava fazendo. Mas acabou virando um festival itinerante anual no território do Tio Sam, onde se misturavam bandas consagradas e iniciantes. O festival chegou no Brasil em 2012, e se tornou regular, primeiro no Jockey Club de São Paulo e depois passando para o autódromo de Interlagos. O Lollapalooza já trouxe para o Brasil shows inesquecíveis como Arctic Monkeys, Foo Fighters, Franz Ferdinand, Black Keys, Pearl Jam, Robert Plant, Metallica, Strokes, Red Hot Chilli Peppers e Soundgarden. É um festival de altíssima categoria, que além de shows conta com uma infinidade e tendas e atrações artísticas e gastronômicas. O festival vai rolar entre os dias 25, 26 e 27 de março de 2022 no Autódromo de Interlagos, em São Paulo e vai contar com shows de The Strokes, Doja Cat, Machine Gun Kelly, Miley Cyrus, Asap Rocky, Alok, Foo Fighters, Black Pumas, Emicida, Fresno, Detonautas e muitos outros. Pra saber mais: Lollapalooza

Imagem: lollapaloozabr.com

Ano que vem também tem mais uma edição do legendário Rock In Rio, o primeiro grande festival brasileiro, cuja primeira edição em 1985 foi histórica por marcar a reabertura política do país depois de amargos 21 anos de ditadura militar, e também por trazer nomes como Queen, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, AC DC, Yes, James Taylor, George Benson, além de muitos nomes importantes da música brasileira. Foi um marco! Em 2004 o festival cruzou o oceano Atlântico e teve 11 edições em Lisboa e Madri. No Rio de Janeiro foram 9 até agora, e teve uma edição especial em 2015 em Las Vegas, Estados Unidos. Com certeza é um dos maiores festivais de música do mundo. A edição de 2022 vem pra lavar a alma dos vacinados e vacinadas trazendo nomes como Post Malone, Demi Lovato, Justin Bieber, Alok, Coldplay, Iron Maiden, Megadeth, Sepultura, Joss Stone e outros. Tá rolando uma boataria fortíssima que Pearl Jam também está na parada, mas ainda não tem nada confirmado no site oficial do evento. Confere os detalhes aqui ó: Rock in Rio

Imagem: instagram.com/rockinrio

Então só nos resta separar aquela máscara mais descolada, o frasquinho de álcool gel e armazenar energias (e muito dinheiro) pra poder conferir tanto show bom assim! Mas é disso que a gente gosta, é isso que motiva a gente! Para curtir tanto barulho, diversão e arte, A Strip Me tem toda uma coleção de camisetas com estampas de música super originais, inclusive várias dessas camisetas são relacionadas a algumas das bandas que estarão nos palcos brasileiros ano que vem. Então vem se preparar com a gente! Dá uma olhada na nossa loja!

Vai fundo!

Para ouvir: Aquela playlist cremosa com as principais músicas das bandas que vão marcar presença nos palcos brasileiros. Top 10 tracks Festivais BR.

Para assistir: Tem um documentário maravilhoso que, apesar de não ter a ver com festivais brasileiros e tal, transmite exatamente como funciona a vida na estrada de uma turnê de uma banda de rock. Trata-se de The Rolling Thunder Revue – A Bob Dylan story by Marin Scorsese. E é isso. É um doc sobre uma turnê do Bob Dylan filmado e dirigido pelo Martin Scorsese. Não dá pra ser ruim! Aliás, é bom pra c@r$*l#! E tem na Netflix.

Música e Evolução.

Música e Evolução.

Você já parou pra pensar que uma pessoa que tem hoje em dia 60 anos de idade, presenciou uma evolução inacreditável de mídias? Imagine você que na década de 70 só existia o vinil, as fitas k7, o cinema e a televisão, mas não existiam ainda os videocassetes e as fitas VHS para vídeo. Tais “novidades” só surgiriam nos anos 80. Na virada dos anos 80 pros 90, ainda apareceria o CD, pra mudar de vez a porra toda. Junto vieram mídias que não vingaram e tiveram 15 minutos de fama, como o laserdisc e o MD. Sem falar que na comunicação de maneira geral, já aparecem os primeiros telefones celulares, pagers e laptops. Na virada do século, a música digital toma o mundo de assalto através dos arquivos mp3. Alguns anos depois a fotografia também entra na era digital e surgem as primeiras câmeras que dispensam filme, como as famosas Cybershots. Na sequência surgem as evoluções dos telefones celulares, players de mp3, iPods, os smartphones, tablets, plataformas de streaming… e chegamos até aqui. É muita mudança! E tudo indica que a coisa não para por aqui. Ainda temos muito a evoluir, cada vez em intervalos menores de tempo.

E foi o mercado da música quem mais sofreu mudanças de 1999 pra cá. Afinal, foi naquele ano que um moleque norte americano criou o Napster. Bom, se a gente quiser ser muito específico, essa revolução toda começou uns dez anos antes, quando o tal arquivo mp3 foi desenvolvido. Cientistas alemães e norte americanos queriam conseguir transformar arquivos digitais de áudio num formato compacto, mas sem perder muito a qualidade. A coisa toda é bem complicada de se explicar, mas tem a ver com o desenvolvimento da tecnologia, a modernização dos computadores e os avanços dos estudos da psicoacústica. Além de ser o título do melhor disco da banda Ira!, a psicoacústica é uma ciência tão interessante quanto complexa, que analisa ondas e frequências sonoras que o nosso ouvido e cérebro identificam ou não em diferentes circunstâncias, e como elas são processadas. Mas, enfim, veio a mp3, um baita avanço, mas era uma parada restrita ao mundo acadêmico e um ou outro entusiasta da tecnologia cheio da grana que trabalhava em estúdios de gravação de áudio. Em 1997 um hacker até hoje não identificado teve acesso aos códigos que geravam os arquivos mp3. Esses códigos, ou codecs, eram pagos. Você comprava, instalava no seu computador e poderia gerar os arquivos. O que aconteceu é que esse hacker alterou os códigos, os deixando abertos e espalhou pela internet. Foi quando o formato se popularizou de vez, de graça. E voltamos ao Napster.

Shawn Fanning tinha 18 anos quando teve a ideia de criar uma plataforma onde as pessoas pudessem se conectar e trocar seus arquivos de música. Ele desenvolveu a parada e colocou no ar com o nome Napster. Em poucos meses já era um sucesso! Menos de um ano depois de entrar no ar, já contava com 50 milhões de usuários e incontáveis arquivos de mp3 trocados. Logo de cara uma gravadora entrou com um processo contra Fanning, por compartilhar músicas sem pagar direitos autorais. Quando se espalhou a notícia de que a música do Metallica I Disappear, gravada para o filme Missão Impossível e que ainda não tinha sido lançada oficialmente, vazou e estava sendo compartilhada freneticamente no Napster, a banda também entrou na justiça contra a plataforma, protagonizando um dos mais embaraçosos momentos da história da banda.

Tiveram outros artistas menores que também compraram essa briga, mas foi o Metallica quem mais se destacou, com o baterista Lars Ulrich batendo ponto em tudo quanto é audiência a respeito do processo. Pra piorar, o Metallica rastreou os nomes de 335 mil usuários do Napster que compartilharam suas músicas e fez com que eles fossem banidos da plataforma. Os próprios fãs da banda se voltaram contra ela. De fato foi uma atitude mesquinha e egoísta da banda, que falhou miseravelmente em enxergar que o futuro da indústria fonográfica estava, se não condenado, fadado a mudar drasticamente. O Radiohead, por exemplo, se ligou nisso na hora. Antes de ser lançado o CD nas lojas, o disco Kid A já estava disponível para download gratuito no site da banda. E isso não diminuiu as vendas, já que as pessoas já conheciam as músicas e queriam agora ter o pacote completo, o encarte do CD, com toda a arte gráfica, letras, informações… é, eram outros tempos.

Ainda sobre esse momento de transição tão único da música pop, não podemos deixar de relembrar o mais emblemático entre todos os players de mp3 que surgiram. O Winamp apareceu em 1997. Sua primeira versão, bem simples, foi lançada em março de 1997. Somente dois meses depois, em maio, já pintou a segunda e definitiva versão, com a skin clássica, opções de lista de reprodução e equalizador próprio. Em 2005 lançaram uma versão mais moderna onde o usuário podia customizar suas skins, ou fazer o download de dezenas de skins já prontas. Além disso, agora o player aceitava vários formatos de arquivos de áudio e também reproduzia vídeos. Era uma experiência divertidíssima, além de dar a opção ao usuário de formatar a equalização da forma que melhor lhe agradasse, podendo alterar, graves, médios e agudos.

Não é exagero nenhum dizer que o Napster e o Winamp foram os grandes expoentes de uma verdadeira revolução. Em 2001 o Napster perdeu todas as ações judiciais e foi fechado. Mas a febre de compartilhamento já tinha se espalhado. Vieram KaZaa, Morpheus, LimeWire, AudioGalaxy, eMule, Soulseek e tantos outros. O iTunes popularizou a comercialização de arquivos digitais, apaziguando um pouco os ânimos do mercado. Vieram os players portáteis como o iPod e tantos mp3 Players de várias marcas. A internet melhorou e facilitou muito as coisas. No fim, um outro moleque, este na Suécia, colecionador de música, usuário do Napster e do Winamp, teve a ideia de unir os dois. Em 2008 criou o Spotify e acelerou ainda mais as mudanças cada vez mais drásticas para o mercado fonográfico, e iniciando a era do streaming na música.

A lição que se tira dessa história toda é que no final das contas, o que importa mesmo é a arte, a essência. A indústria, o business sempre vai ter seus altos e baixos, mas nunca vai conseguir fazer com que músicos deixem de compor grandes canções e gravá-las para que o maior número de pessoas possível possa ouvir e se emocionar. Se essa música será tocada na vitrola, no toca fitas, no CD player, no computador ou no celular, isso pouco importa. O importante é a música continuar tocando almas e corações.

Evoluir, valorizar a essência da arte, se emocionar e se inspirar com grandes canções é uma das maiores forças propulsoras da Strip Me para elaborar e te entregar camisetas com estampas originais, criativas e super descoladas sobre música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. Tudo feito com muita responsabilidade e compromisso, tudo em nome do barulho, diversão & arte! Vem conferir os mais novos lançamentos na nossa loja!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist com o que rolou de melhor entre 1999 e 2001 e era compartilhado á rodo no Napster! Napster Top 10 tracks.

Para assistir: Tem um documentário muito bacana lançado em 2013, que conta toda a história do Napster e os rolos com a justiça. Se chama Downloaded – A saga do Napster, dirigido pelo Alex Winter. Não é muito fácil de achar, mas vale a pena procurar.

Breja, loira gelada, cerva, cervejinha… enfim, Cerveja!

Breja, loira gelada, cerva, cervejinha… enfim, Cerveja!

Lógico que não vamos deixar o mês de outubro passar sem falar de cerveja, né? Afinal de contas, é o mês da Oktoberfest, além disso, já dá pra ver no horizonte as festas de fim de ano chegando, quando junta aqueles amigos antigos que mudaram de cidade e voltam pra passar o Natal em família. E o calor também já vem chegando com força, propiciando aquele happy hour no fim do dia pra refrescar as ideias e molhar as palavras.

Você deve se lembrar que a gente já deu uma geral no mundo das cervejas neste blog ano passado. Caso não se lembre, vale a pena dar uma lida, é só clicar aqui. Enfim, já sabemos que a cerveja é a bebida alcoólica mais antiga da humanidade, surgiu entre os sumérios, passou pelos egípcios, monges medievais, trabalhadores germânicos do século XIX, britânicos beberrões do começo do século XX, até chegar na geração Z fumando vaper e tomando Stellinha. Mas falando sério, o segmento de cervejas se desenvolveu muito, e isso é uma coisa relativamente recente. Até os anos 70 cerveja era bebida de proletário, sem requinte. Chique era tomar vinho, harmonizando com queijos esquisitos e tal. E isso no mundo todo, não só aqui no Brasil.

Por incrível que pareça, quem começou a fazer com que as pessoas entendessem que a cerveja era um universo bem mais interessante e sofisticado foi o Michael Jackson! Mas calma! Antes de você ir pro Google caçar imagens do Rei do Pop tomando uma breja na Vila Madalena, saiba que não é esse Michael Jackson que você está pensando. Estamos falando do Michael James Jackson, um jornalista e escritor inglês, autor de vários livros sobre cervejas e que protagonizou uma minissérie exibida no Discovery Channel em 1989 chamado Beer Hunter. Michael Jackson sempre iniciava os episódios com o mesmo discurso: “O meu nome é mesmo Michael Jackson, mas eu não canto, não danço e nem bebo Pepsi. Eu viajo o mundo provando cervejas, é disso que eu vivo. É um trabalho duro, mas alguém precisa fazê-lo”.

Esse Michael Jackson foi um figura.  Infelizmente já falecido, em agosto de 2007 aos 65 anos de idade, ele lançou em 1977 o livro World Guide to Beer, que fez um sucesso enorme. Ele escreveu mais de 10 livros sobre cerveja e whisky. Era colaborador de várias revistas das mais diversas pelo mundo com artigos e críticas. O crescente interesse do público por cerveja fez com que um canal independente de televisão da Inglaterra o convidasse para produzir e protagonizar um documentário sobre cervejas do mundo. O documentário foi dividido em 6 partes e exibido como uma minissérie na Grã Bretanha, e depois para vários países do mundo pelo Discovery Channel. Os episódios são divididos por lugares e suas escolas cervejeiras, principalmente a Bélgica, a Alemanha e o Reino Unido (Inglaterra, Escócia e Irlanda), passando ainda pelos Estados Unidos. Sua passagem pelos Estados Unidos, inclusive, foi essencial para o surgimento de muitas microcervejarias, que iriam desenvolver uma nova linguagem na fabricação e novos tipos de cerveja.

Aqui no Brasil sentimos mais os ecos do trabalho do Michael Jackson, mas a história recente das cervejas artesanais por aqui passam necessariamente pela Oktoberfest de Blumenau, Santa Catarina. A Oktoberfest é uma festa tradicionalíssima na Alemanha. Começou em 1810, em Munique, onde vivia a realeza da Baviera. Para celebrar o casamento do príncipe, foi organizada, no dia 12 de outubro, uma festa enorme no gramado em frente do castelo, aberta ao povo, e que contaria com uma corrida de cavalos como grand finale. A festa fez tanto sucesso, que a população resolveu repeti-la no ano seguinte, com a corrida de cavalos e também como uma feira agrícola, para fomentar o comércio. Desde então, em somente 24 anos a festividade, que acabou conhecida como Oktoberfest não aconteceu, devido ás guerras ou epidemias como a cólera, que acometiam as cidades com frequência no século XIX. Em 1984 com a economia em crise e com a cidade de Blumenau recém atingida por uma terrível enchente, empresários catarinenses descendentes de alemães tiveram a ideia de promover uma versão da Oktoberfest na cidade para levantar dinheiro e ajudar a cidade a se reerguer. A ideia deu tão certo que até hoje é uma das festas mais tradicionais do Brasil, recebendo aproximadamente 500 mil pessoas por ano.

O sucesso da Oktoberfest em Blumenau fez com que várias cervejarias pequenas do sul do país pudessem se desenvolver. Paralelamente o público começou a conhecer mais sobre diferentes tipos de cerveja. Vieram os anos 90, a estabilidade econômica do Plano Real e o acesso cada vez mais fácil a produtos importados, inclusive cervejas. Nos anos 2000 o acesso á internet abriu as portas do conhecimento sobre produção, facilidade de compra online… e a coisa cresceu ainda mais. Agora, com alguns vídeos e um investimento em um ou outro equipamento mais específico, a turma consegue produzir sua própria cerveja no fundo de casa.

O legal mesmo dessa coisa toda é que nesse mundinho da cerveja tem espaço pra todo mundo. Pro cara que curte uma cervejinha gelada no boteco, pro cara que gosta de cozinhar e fazer harmonizações, pro curioso que curte cerveja amarga, pro mestre cervejeiro profissional… e dá pra todo mundo conviver numa boa. A cerveja é uma baita bebida democrática e plural. Uma vibe que tem tudo a ver com a Strip Me, onde você encontra várias camisetas com estampas de cerveja e muitos outros temas que representam tão bem a liberdade, diversidade, harmonia e, é claro, barulho, diversão e arte! Vem pra nossa loja conferir!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist ensolarada pra você curtir tomando uma gelada naquele happy hour delícia! Happy Hour Top 10 Tracks. Ah, sim. Não são músicas que falam sobre cerveja, tá? São músicas que simplesmente caem bem naquele papo animado regado a cerveja boa num fim de tarde de calor.

Para assistir: Sem dúvida a citada minissérie Beer Hunter é altamente recomendável e tem completinha no Youtube com legenda e tudo. O link da playlist com os 6 episódios tá aqui.

Welcome to the Jungle!

Welcome to the Jungle!

O que é mais importante, a tendência da moda ou a sua personalidade? Não precisa nem pensar muito pra saber que é a personalidade, né? Mas também, não precisamos ser radicais. Claro que as tendências da moda são super legais, e quando dão match com a personalidade então, é maravilhoso! E, olha, quando falamos tendências da moda, não estamos nos referindo necessariamente só a roupas, mas também comportamentos, hábitos culturais e etc. É como diz a canção: “É preciso estar atento e forte”, ou seja, seguir as tendências, mas se manter fiel à sua personalidade. E se tem uma tendência que vale a pena ser seguida e é facilmente adaptável a qualquer personalidade é cultivar plantas em casa!

Você pode chamar de home gardening, cultivo indoor, urban jungle… cara, o rótulo pouco importa! O que importa é que ter plantas em casa é a moda mais legal que apareceu nos últimos anos! As plantas são uma decoração super descolada, mas também ajudam a equilibrar os ambientes, ajudam a relaxar, limpam e melhoram o ar da casa, trazem boas sensações. É tudo de bom mesmo! Mas é curioso, porque cultivar plantas e flores em casa sempre pareceu ser um hábito de donas de casa de meia idade e senhorinhas aposentadas. O que aconteceu que, de repente, jovens que moram sozinhos desembestaram a ter samambaias e costelas de Adão em todo canto do apê?

É verdade que essa prática explodiu mesmo ano passado, com a pandemia, todo mundo tendo que ficar em casa e tal. Mas essa moda vem de um pouco antes.  Em 2016 muita gente já falava em urban jungle como uma tendência de decoração e estilo de vida, por exemplo. Cabe aqui uma constatação social para contextualizar. Nos últimos 20 anos se percebeu um aumento expressivo de jovens entre 30 e 40 anos morando sozinhos. O mercado imobiliário se adaptou rapidamente a essa realidade, com cada vez mais apartamentos pequenos, porém charmosos e bem localizados. Da mesma maneira, também cresceu muito o segmento de pet shops, porque a pessoa quer morar sozinha, mas quer ter um bichinho ali junto, afinal, não dá pra negar que cachorro e gato são bem melhores que qualquer pessoa. O lance de morar sozinho também tem muito do sentimento de auto valorização, fazer acontecer, do it yourself. Todo esse contexto contribuiu para esse crescente interesse dos jovens por cultivar plantas em casa.

Tem um outro aspecto interessante nisso tudo. O lance de se sentir confortável, acolhido, dentro de casa tem muito da nossa memória afetiva. Para muita gente não tinha lugar mais gostoso pra se estar quando criança do que na casa da vó. Se você fechar os olhos agora e pensar  nas palavras “casa de vó”, provavelmente virá à sua mente uma varanda cheia de samambaias, uma sala com um vaso grande do lado do sofá, vasinhos de violetas na janela, televisão ligada na Sessão da Tarde, um cheiro de bolo no ar… E acaba sendo natural que, quando você tem a sua casa, o seu cantinho, você queira reproduzir todo esse sentimento. Isso parece uma parada meio boba, e na maioria das vezes, quando se fala em urban jungle, cultivo indoor, não se aborda esse aspecto. Mas é um lado humano nosso, que é sim muito válido e bonito, vale a pena ser mencionado.

Mas tá bom. Tudo muito bonito, interessante, mas se assim como o Belchior, você não tá interessando em nenhuma teoria, vamos ser práticos. Você quer começar a ter suas plantinhas em casa, mas não sabe por onde começar. A gente te ajuda. Tanto faz se você mora numa casa ou apartamento. Pra você ter plantas dentro de casa, a primeira coisa que você precisa fazer é observar. Acorda cedo um domingo que você vá ficar em casa e fique observando onde o sol bate de manhãzinha, na hora do almoço e no meio da tarde. Isso vai ser determinante pra você saber onde posicionar seus vasos. Tem plantas que gostam de mais sol, tem outras que se bastam só com a luminosidade do dia, sem a incidência direta do sol nela. Isso também permite que você tenha realmente várias plantas diferente, em pontos diferentes da casa. Em seguida, é fundamental ter um bom planejamento. Mas vai com calma, isso não é pra ser uma coisa chata, claro, mas requer um mínimo de organização. Além de observar os pontos de sol e luminosidade da sua casa, você precisa pensar na sua rotina. Se você é o tipo de pessoa que trabalha o dia todo fora de casa, volta no fim do dia, só toma um banho e sai de novo, enfim, não pára muito em casa, você vai precisar estabelecer uma rotina de, por exemplo, antes de sair, ou antes de ir dormir, aguar e adubar suas plantas. A sua rotina e o quanto você vai conseguir se dedicar vai ser determinante na hora de escolher as suas plantinhas.

E que plantas ter em casa? As opções são tão vastas quanto a diversidade da flora brasileira. O céu é o limite. Mas tem algumas que são mais certeiras, em especial para quem quer começar e não tem muita prática. Vamos citar aqui algumas plantas que se adaptam bem a ambientes fechados, que podem ficar dentro de casa, mas varia de cada espécie se ela precisa de mais ou menos luz, mais ou menos água e etc. Então, tenha em mente que você vai precisar dar uma pesquisada mais cuidadosa ou conversar com alguém que manja do assunto antes de escolher as suas.  Pra começar, uma boa opção é a Café de Salão, uma planta de folhas muito bonitas, em várias tonalidades de verde e, em alguns casos, até tons avermelhados. É uma planta que gosta de luminosidade, mas não de sol direto, portanto, ideal pra ficar perto de uma janela. Outra particularidade é que ela não requer ser regada com frequência. O ideal é que seu vaso não fique em contato direto com a água, mas fique sobre uma bandeja umidificadora, ou seja, uma bandeja com pedras e uma lâmina de água no fundo, e o vaso sobre ela. Assim, a planta absorve a água por sua capilaridade e pela evaporação. Ela é, de fato, uma exceção, já que a grande maioria das plantas de cultivo indoor necessitam serem regadas frequentemente e terem seu solo permanentemente úmido. Este é o caso de plantas lindas como a Jóia da Amazônia, o Antúrio Clarinervium, a Columéia Twister, a Columéia Marmorata, a Hera Tricolor, a Filodendro Brasil, a Calatéia Pena de Pavão e a Corações Entrelaçados. Todas plantas que não necessariamente dão flor, mas se destacam por suas folhas de diferentes tonalidades, texturas, tamanhos e formatos. E, é claro que não podemos deixar de falar das belas e hypadas Samambaia e Costela de Adão!

A Samambaia deve ser a planta mais tradicional que existe. Ela nunca saiu de moda. Fácil de entender porquê, né? É uma planta exuberante, linda, se adapta a diferentes ambientes e tem uma variedade enorme, além de ser fácil de cuidar dela. A mais conhecida é a Samambaia Paulistinha, de um verde claro intenso, ramos longos e cheios de folhas. Mas tem outros tipos. Tem as Samambaias de Renda Francesa e Portuguesa, que são menores e com folhas mais compactas, tem a Samambaia Jamaica, com folhas mais escuras e rígidas e tem também a Samambaia Azul, com folhas um pouco maiores, crespas nas pontas e uma tonalidade de verde puxado pro esmeralda e que ganha tons azulados dependendo da luminosidade do ambiente. São plantas que se adaptam fácil e vão requerer mais ou menos água dependendo de onde estiverem. E a Costela de Adão é outra planta que sempre esteve presente na casa das avós e hoje é presença garantida na sala de muito jovem, desde o roqueirinho descolado até o farialimer gourmet. É uma planta vistosa, com folhas grandes entrecortadas, num verde escuro imponente. Ela é tropical, gosta de calor, mas não de ficar exposta diretamente ao sol. Sua terra deve estar constantemente úmida. Para manter suas folhas vistosas é aconselhável borrifar água nelas, pelo menos uma vez por dia e, se identificar acúmulo de poeira nelas, passar delicadamente um pano úmido, mas o ideal é não deixar que isso aconteça.

Pra fechar o assunto, pode ser que tenha alguém pensando: “What’s the point?” “Pra quê ter em casa um negócio que vai dar trabalho, tem que ficar sempre cuidando, mexendo…”. Pois bem. Em primeiro lugar, é uma questão de gosto e identificação. Há quem prefira decorar a casa com outros elementos, e tá tudo bem. Mas há quem ache as plantas uma coisa linda e curta, encare como hobby esse hábito de diariamente molhar a planta, adubar e tal. Mas a coisa vai além da decoração. As plantas, literalmente, mudam o ar da casa. Algumas espécies liberam cheiros sutis, mas muito agradáveis, purificam o ar (lembra da fotossíntese e aquele ciclo que você aprendeu no colégio?) e mantém o ambiente mais fresco e úmido. O cuidado com as plantas tem um quê de terapia, distrai a mente, nos ajuda a aceitar os ciclos da vida com mais clareza e podem ajudar pessoas que precisam ser mais centradas e organizadas, já que as plantas impõe certa disciplina para que se mantenham vivas e exuberantes. E, além de tudo, tem o aspecto gastronômico. Além de todas as plantas citadas ao longo deste texto (que não são comestíveis! Por favor, gente! Não são!), tem muitas plantinhas que podem, além de decorar e aromatizar sua casa, servir de tempero para a sua comida! É o caso de vários tipos de pimenta, o manjericão, cebolinha, coentro, salsinha, sálvia, alecrim, tomilho e até tomatinho cereja. Já pensou? Sua comidinha feita em casa, com ingredientes cultivados em casa, mais orgânica impossível!

Puxa vida! Quem diria que uma simples tendência de decoração renderia tanto pano pra manga. Aliás, não só pano pra manga, mas também estampa pra camiseta. Afinal, é claro que um hábito tão contemporâneo, descolado, humano, sustentável e potencialmente divertido é digno de destaque na coleção da Strip Me! Vem conhecer a nossa coleção de estampas florais, além de muitos outros lançamentos incríveis!

Vai fundo!

Para ouvir: Eu sei que você já está acostumado com as nossas playlists. Mas hoje, como estamos tratando de um assunto tão específico, interessante e complexo, vamos sugerir  um podcast que sempre traz várias dicas legais pra quem quer manter um jardim bacana em casa. É o podcast Entre Flores.

Giorgio by Moroder by Strip Me

Giorgio by Moroder by Strip Me

Essencialmente a arte pode ser compreendida como uma transformação. Seja qual for o propósito, seja qual for a inspiração, seja qual for o sentimento. Sendo assim, não existe nada permanente na arte, sequer ela própria. A transformação promovida pela arte se dá em qualquer aspecto possível. Por exemplo, a arte pode pegar a realidade e distorcê-la, enchê-la de ruídos e entregar uma pintura abstrata, uma poesia concreta ou uma música dodecafônica. Da mesma maneira, a arte pode se fazer valer de padrões estabelecidos, para corrompe-los e criar algo novo. Foi assim que surgiu, por exemplo, a ainda pouco compreendida música eletrônica.

Acredite, a música eletrônica não começou com o Kraftwerk. Sua origem é bem mais antiga. Em 1948 foi lançada a obra Étude aux chemins de fer. Uma gravação feita à partir de repetições, sobreposições de gravações e efeitos como reverb. O autor foi o compositor francês Pierre Schaeffer, um visionário que entendeu o potencial de um estúdio de gravação. Schaeffer foi o primeiro compositor a usar fitas magnéticas como técnica de gravação. Até então, as gravações eram feitas direto em acetatos (o pai do disco de vinil). Na sua cola vieram o compositor erudito alemão Stockhausen com ideias inovadoras  de ritmos, melodias e uso de instrumentos improváveis. Outro nome fundamental é o norte americano John Cage, que se fez valer de instrumentos que apareciam como grande novidade no fim dos anos 50,como o famoso Moog. Só então, juntando tudo isso, com a tecnologia que se desenvolvia em larga escala nos anos 70, é que o Kraftwerk deu o pontapé inicial na música eletrônica propriamente dita, com o clássico Autobahn, de 1974. Mas peraí! Falta um elemento fundamental nessa história toda. Um elemento vindo da Itália.

Claro que não dá pra falar de música eletrônica sem falar do legendário Giorgio Moroder. Produtor prolífico, Moroder se destacou ao lado de Donna Summer, produzindo vários discos da diva da disco. Entre eles o clássico álbum I Remember Yesterday, de 1977, onde está a emblemática I Feel Love, talvez a música mais conhecida da cantora. O que torna esta faixa tão especial é que ela tem seu arranjo todo executado por sintetizadores. O próprio Moroder já declarou em uma entrevista que o único instrumento utilizado além de sintetizadores é um bumbo. Não uma bateria completa. Só o bumbo. Nos discos seguintes de Donna Summer, Moroder continuou explorando os sintetizadores e criando arranjos inovadores e dançantes que fizeram história. Working The Midnight Shift, Journey to the Center of Your Heart, Lucky e Hot Stuff são ótimos exemplos. Entretanto, no início dos anos 80, Donna Summers trocou de gravadora e a parceria com Moroder chegou ao fim. Mas ela manteve o alto nível e passou a contar com a produção de ninguém menos que Quincy Jones.

Apesar de ser o que mais lhe deu notoriedade, a trajetória de Giorgio Moroder não se resume aos discos de Donna Summer. O cara já trabalhou com a nata do pop. Cher, Bowie, Freddie Mercury, Barbara Streisand, Blondie, Sigue Sigue Sputnik, Cheap Trick, Bonnie Tyler, Liza Minelli, Elton John, Roger Daltrey, Nina Hagen… a lista é longa! Além do trampo como produtor, Moroder também lançou vários discos já na onda dos sintetizadores, criando texturas sonoras impressionantes. As faixas From Here to Eternity e E=MC² demonstram uma inventividade e bom gosto impressionantes. Inclusive com seu trabalho como compositor, ele está em atividade até hoje, com 81 anos de idade e 50 de carreira na música. E não pense você que ele perdeu a mão ou ficou ultrapassado.

Sempre se cercando de talentos de seu tempo, seus últimos trabalhos solo contaram com parcerias de peso como Kyle Minogue, Britney Spears, Sia, Charli XCX, Foxes, entre outros. E são trampos realmente bons. Fora isso, Moroder ainda produziu algumas algumas trilhas sonoras de filmes bem marcantes, como  Flashdance, Scarface, Um Tira da Pesada, Top Gun… e recentemente ele escreveu a trilha sonora de um jogo do universo do filme Tron, o game TRON RUN/r. O homem não pára! É incansável!Com uma história e uma obra dessas, esse cara merece uma homenagem digna dos seus feitos. Ainda bem que isso já foi providenciado.

Lógico que estamos falando da dupla mais descolada que já apareceu por essas bandas nos últimos 20 anos. Daft Punk! No genial disco de 2013, Random Access Memories, Giorgio Moroder não só colaborou na produção do álbum, como se faz presente intitulando uma das músicas, onde sua história é brevemente contada entre melodias sintéticas e uma deliciosa batida. Ninguém duvida que Random Access Memories é a obra prima e definitiva da Daft Punk. E não é para menos! Além da óbvia criatividade e talento da dupla, comprovado em toda sua obra, neste disco eles ainda contam com participações especialíssimas e conseguem revisitar as origens da música eletrônica e suas próprias referências sem soar nostálgico ou datado. As músicas tem um frescor pop, são modernas e mostram nos detalhes os arranjos timbres e harmonias que soam vintage, porém sofisticadas.

A música eletrônica é a síntese a arte em transformação. É a música sem barreiras. É o jazz que se transforma em trance e trip hop, é o punk e hardcore que se transforma no jungle e drum ‘n bass, a disco que se transforma no house. Um estilo se alimentando do outro, inspirando, provocando, devorando. Cá estamos nós, mais uma vez sendo antropofágicos na vida e na arte. Essa é total a onda da Strip Me, o lugar certo para você encontrar camisetas com estampas que tem tudo a ver… com tudo! Sinergia, comportamento, barulho, diversão & arte! Vem conferir na nossa loja!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist com a fina flor do que o Giorgio Moroder já produziu. Top 10 tracks Giorgio Moroder

Para assistir: Tem um documentário super interessante e divertido sobre a música eletrônica, suas origens, vertentes, filosofias (ou ausência delas) e os principais nomes do gênero. O filme é da cineasta brasileira Iara Lee, foi lançado em 1998 e se chama Modulations. E a delícia é que tem ele na íntegra no Youtube! É só clicar aqui.

A grande questão do século XX: Beatles ou Stones?

A grande questão do século XX: Beatles ou Stones?

11 entre 10 pessoas que gostam de rock já foram questionados sobre quem é melhor: Beatles ou Rolling Stones, e pensaram bem antes de responder. Claro, porque não é uma pergunta fácil. Não é como perguntar quem é melhor Pelé ou Maradona, Madonna ou Lady Gaga, ou Pulp Fiction ou Cães de Aluguel, cujas respostas são todas óbvias. Beatles x Stones é uma questão tão complexa, que paira no ar há mais de meio século, e ninguém chegou a uma conclusão concreta e definitiva.

Claro que muita coisa já rolou, muita gente já disse muita coisa a respeito. Hoje sabemos que a rivalidade que diziam existir entre as bandas é balela. Eram todos amigos. E, é óbvio que, para manter os nomes de suas bandas em evidência na imprensa, não desmentiam e alimentavam essa lenda. Provavelmente tudo começou quando John Lennon declarou, em 1966, que tudo que os Beatles faziam, os Stones faziam igual 4 meses depois. Desde então, há referência dos Stones em capa de disco dos Beatles e vice versa, vira e mexe uma banda alfinetava a outra na imprensa. Mas no fim da noite, em Londres era comum ver Mick Jagger e Paul McCartney tomando uma cerveja juntos ou George Harrison e Brian Jones trocando figurinhas sobre instrumentos musicais.

Olha, a real é que se a gente parar pra pensar mesmo, tentar comparar as duas bandas e dizer qual é melhor, é uma parada muito descabida. Porque são bandas bem diferentes em vários aspectos, sem falar que uma delas encerrou atividades em 1970, e a outra continuou firme. Mas a gente naturalmente gosta de uma boa disputa. Além do mais, são duas bandas tão incríveis, que é uma delícia revisitar suas histórias, sucessos e lendas, ainda mais tendo como desculpa essa rivalidade. Então, vamos a alguns fatos.

Primeiro a gente tem que ter em mente que os Beatles vieram primeiro. E o sucesso dos Stones tem tudo a ver com o surgimento e ascensão dos cabeludinhos de Liverpool. Depois de uma temporada exaustiva tocando por 5 horas seguidas por noite nos inferninhos de Hamburgo, os Beatles acertaram a mão ao contratar Brian Epstein como seu empresário e, depois de serem rejeitados pela Decca, assinaram contrato com a EMI. Com o surgimento da beatlemania os diretores da Decca se arrependeram amargamente e, quando os Stones bateram na porta, eles não pensaram duas vezes e já assinaram um contrato. Depois do relativo sucesso do primeiro single da banda, Come On, um cover de Chuck Berry, os Stones precisavam de mais um novo sucesso. Na época, 1963, Beatles e Stones já se conheciam e Lennon e McCartney deram para os Stones a música I Wanna Be Your Man, que virou sucesso.

Dá pra afirmar sem medo que até 1964 os Beatles eram realmente superiores. Mas nessa época Keith Richards e Mick Jagger passam a compor com frequência, esbanjando talento. No disco 12 X 5 dá pra sacar isso em canções como Good Times Bad Times e Congratulations. Com os primeiros discos dos Stones pintando, já fica evidente uma grande diferença entre eles e os Beatles. Os Rolling Stones eram uma banda muito purista em relação ao blues. Enquanto os Beatles não tinham muitas amarras a nenhum gênero musical. Flertavam com boleros (chegando a fazer uma versão de Besame Mucho), standards do jazz norte americano, com a soul music, com o country… Neste aspecto, os Stones merecem mais aplausos, pois conseguiam ser criativos e apresentar canções de qualidade mesmo “presos” a um só gênero.

Depois de 1966 os Beatles decidiram abandonar os palcos para ser uma banda exclusivamente de estúdio. Isso deu a eles ainda mais liberdade. Passaram a usar arranjos cada vez mais complexos, sobrepor instrumentos, vozes… afinal, não iriam precisar reproduzir nada daquilo num palco, que nos anos 60 não contava com tecnologia nenhuma. Sequer retorno a turma tinha direito. Mais uma vez as obras das duas bandas se mostram distantes e difíceis de se comparar, não por qualidade, mas por temática. Os Beatles apresentam em Revolver uma psicodelia ensolarada com Good Day, Sunshine e Doctor Robert, enquanto os Stones apostam em canções mais cruas, mas não menos inspiradas, como Paint it Black e Under My Thumb, do belíssimo disco Aftermath. São dois discos excelentes. Depois, em 1967, veio Sgt. Pepper’s… e a régua subiu ainda mais. Muita gente diz que os Stones fizeram o Their Satanic Majesties Request como uma resposta ao Sgt. Pepper’s…. Conversa fiada. Era simplesmente a manifestação da época. Em 1967 o flower power, a cultura oriental e etc estavam em alta. Todo mundo lançou discos nessa onda. E, com exceção da belíssima She’s a Rainbow, Her Satanic Majesties… é um disco bem fraquinho. Mas é bom lembrar que eles lançaram no mesmo ano os ótimos discos Flowers e Between the Buttons.

Em 1970 as duas bandas tinham amadurecido muito musicalmente. E mais uma vez se distanciado em termos de estética musical. Os Beatles, já em 1968, não funcionavam mais tão bem como conjunto. O Álbum Branco mostra bem isso. Tem grandes canções, mas fica evidente que não houve colaboração entre os músicos para compor e fica impresso o estilo de cada em suas composições. Em compensação, Beggars Banquet é um disco que apresenta uma banda em plena forma, coesa, encorpada e com excelentes composições. Ambas as bandas acompanham a tendência do rock, que se torna cada vez mais pesado. Orquestrações dão espaço a mais guitarras com efeitos fuzz e wah wah. Há muita controvérsia sobre a origem do nome Let It Bleed, disco lançado em dezembro de 1969.  Apesar de os Beatles lançarem o álbum Let It Be só em maio de 1970, a canção de mesmo nome já circulava em meados de 1969. Além do mais, os integrantes das duas bandas eram realmente amigos e sabiam dos planos uns dos outros. Por isso especula-se que o título Let It Bleed tenha sio uma brincadeira com o disco dos Beatles que seria lançado na sequência. Ah, sim. Além de tudo, existe o fato de que as bandas nunca lançavam seus discos ao mesmo tempo, sempre davam pelo menos dois ou três meses de intervalo, para não haver competição nas vendas.

Bom, depois de 1970 não faz mais sentido querer comparar as duas bandas, já que os Beatles se separaram, e não faz nenhum sentido querer comparar os discos solos de John Lennon, Paul McCartney e George Harrison com o Sticky Fingers, por exemplo. Todavia, é relevante ressaltar que os Stones lançaram seus discos mais consistentes e brilhantes ao longo da década de 1970. O que demonstra mais uma vez o amadurecimento da banda.

Desde o início as duas bandas tiveram trajetórias bem diferentes. É, no mínimo, injusto querer comparar as duas e vaticinar que uma é melhor que a outra. O que podemos dizer é que são duas bandas inacreditáveis, excelentes e geniais. Ambas indispensáveis para a evolução do rock n’ roll e da cultura pop. Tão essenciais que estampam camisetas nas mais variadas formas. Mas é claro, em nenhum outro lugar você encontra essas duas bandas retratadas de maneira tão deliciosa, original e charmosa como na Strip Me. Onde barulho, diversão e arte são antropofagicamente traduzidos em camisetas sensacionais! Vem conferir na nossa loja!

ps: Com o objetivo de manter a máxima imparcialidade, este texto foi escrito ao som dos discos Who’s Next, do The Who, e Face to Face, dos Kinks.

Vai fundo!

Para ouvir: É lógico, uma playlist caprichada com o que há de melhor entre Beatles e Stones. As faixas serão selecionadas de acordo com sua data de lançamento, pra rolar uma comparação legal entre as duas bandas. Então se liga na play Top 10 Tracks Beatles x Stones.

Para Assistir: Dois documentários essenciais para conhecer essas duas bandas: Let It Be, filme do diretor Michael Lindsay-Hogg, lançado em 1969 e Shine a Light, filme brilhante de Martin Scorsese, lançado em 2008, que acompanha a Bigger Bang Tour.

Para ler: The Beatles: A Biografia, de Bob Spitz, lançado em 2007 pela editora Lafonte é a mais completa e honesta obra literária sobre os Beatles. Livro indispensável. Do lado dos Stones, eu até poderia recomendar o livro do Christopher Sandford, mas acho muito mais válido e enriquecedor recomendar a estupenda autobiografia do Keith Richards, Vida, um livro saborosíssimo de se ler, lançado pela Editora Globo em 2010.

Samba Rock Bamba Roll

Samba Rock Bamba Roll

Não dá pra negar. Apesar de todos os problemas, nós moramos num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. E esse climão gostoso de domingo de sol, pé na areia, caipirinha na mão e não ter nada mais importante pra fazer do que curtir essa vibe toda, fez com que surgissem uns caras que conseguiram transformar essa aura toda em música. Música esta que ficou conhecida, mundialmente inclusive, como samba rock.

Mas é claro que o samba rock não surgiu de caso pensado. Na verdade, gênero musical nenhum foi pensado, convenhamos. Chuck Berry não parou um dia e pensou “Vou pegar esse fraseado de guitarra do country, colocar no compasso do blues e inventar uma parada chamada rock n’ roll.”. Não. Ele simplesmente tocou essa parada, recebeu um telefonema do Marvin, o primo dele que estava fazendo um som com o Marty McFly, e compôs Johnny B. Goode. O resto é história. Mas, assim como no rock o Chuck Berry provavelmente não foi realmente o primeiro a tocar guitarra daquele jeito, o samba rock também não tem uma origem muito bem definida.

Se quiser ser pragmático, a gente teria que voltar nos idos tempos da Carmem Miranda, que disseram que voltou americanizada e tal. O fato é que pós Segunda Guerra, começou a rolar um intercâmbio forte entre a cultura dos Estados Unidos e as culturas da América Latina. Claro, a gente fala intercâmbio, mas a cultura norte americana do cinema e do jazz foi muito mais injetada por aqui do que o samba e outros ritmos latinos do lado de lá. Mas mesmo assim rolou, Carmem Miranda bombou em Hollywood, ritmos como o bolero e o tcha tcha tcha também fizeram muito sucesso. Nos anos 1950 muitos conjuntos brasileiros incorporavam uma linguagem de big bands de jazz e bebop ao tocar samba. Isso, de certa forma, foi o pontapé inicial para o que seria a bossa nova, que iria eliminar os arranjos de metais e refinar as melodias. Por outro lado, tinha uma turma que gostava mesmo era de dançar, e essas bandas mandavam ver no ritmo.

Nas periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo aconteciam bailes nos anos 1960 que eram muito populares, onde as pessoas iam para dançar.  Como eram organizados por comunidades pobres, não tinha som ao vivo, era um DJ (que na época não tinha o glamour de hoje em dia) que ficava colocando discos para as pessoas curtirem na pista. E rolava de tudo. Tocava uma música do Ray Charles, aí entrava um Jackson do Pandeiro, na sequência um Fats Domino, Moreira da Silva… e assim ia. O importante era não deixar a pista esfriar, seguindo sempre ritmos dançantes. Muita gente diz que o samba rock nasceu nesses bailes. E faz sentido, se a gente pensar que frequentavam essas festas nomes como Jorge Ben Jor, Erasmo Carlos, Gerson King Combo, Cassiano, Hyldon, Wilson Simonal, Tim Maia

Mas o grande expoente mesmo é o Jorge Ben Jor. Se João Gilberto influenciou toda uma geração com uma batida de violão única, Jorge Ben fez o mesmo. Seu disco de estreia, Samba Esquema Novo, já mostra isso. É um disco com uma linguagem bem bossanovista, mas que já traz um suingue a mais, que ele iria mostrar em músicas como Minha Menina, em parceria com os Mutantes. Mas foi com o clássico disco Jorge Ben, de 1969, que o bicho pegou.  Nesse disco ele teve como banda de apoio o Trio Mocotó, um trio que era banda fixa de uma casa noturna de São Paulo onde Jorge Ben gostava de ir nos fins de noite se divertir e fazer umas jams. Nesse disco temos verdadeiros clássicos do samba rock como Take it Easy, My Brother Charles, Que Pena (Ela Não Gosta Mais de Mim), Cadê Tereza, Charles Anjo 45 e País Tropical. A coisa deu tão certo que o Trio Mocotó se lançou como banda e gravou vários discos muito bons. Esse estilo de som misturando suingue com uma guitarrinha e uma linguagem mais pop, fez a fama de muita gente. O caso mais interessante é o de Erasmo Carlos.


Em 1971 a Jovem Guarda já tinha acabado e Roberto Carlos dava sequência a uma inacreditável carreira se sucesso como cantor romântico. Seu parceiro Erasmo Carlos ficou mio de lado e começou a perder popularidade. Incentivado por André Midani, presidente da gravadora Philips no Brasil, e por Jorge Ben, seus amigos de longa data, Erasmo se inspirou nessa nova onda do samba rock e concebeu um clássico absoluto da música pop brasileira, o excelente disco Carlos, Erasmo! Neste disco estão canções brilhantes como De Noite na Cama, Masculino e Feminino, É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo, Agora Ninguém Chora Mais e Maria Joana.

Pra concluir este texto, vale contar a inacreditável história que resultaria no disco Gil & Jorge: Ogum Xangô, um disco que tem sua base no samba rock, mas se tornou uma obra de experimentalismo harmônico e rítmico que extrapola qualquer rótulo. Em 1975 Eric Clapton e Cat Stevens vieram ao Brasil passar uns dias de férias a convite da gravadora Philips, que vendia seus discos por aqui. Para a chegada dos artistas internacionais, o presidente da gravadora, André Midani, organizou em sua casa uma festinha privé com vários artistas, entre eles Caetano Veloso, Rita Lee, Gilberto Gil e Jorge Ben. Noite adentro aparecem violões por toda a parte e começa uma jam session daquelas. Cat Stevens em poucos minutos pede o boné e encosta o violão, não acompanhando o som frenético que rolava. Um tempo depois, Eric Clapton também não aguenta o tranco e se retira da roda, ficando somente a observar incrédulo o som que Gilberto Gil e Jorge Ben improvisavam. Gil e Jorge tocaram por um tempão para um seleto público boquiaberto. Eles nunca tinham tocado juntos antes. No fim da festa, André Midani chegou para os dois músicos e falou: “Ainda essa semana quero vocês no estúdio. Se virem pra reproduzir no estúdio o que fizeram aqui.”. Assim saiu o disco Gil & Jorge: Ogum Xangô, um disco com 9 faixas, algumas com mais de dez minutos de duração, de puro ritmo e improvisos deliciosos. É um disco incrível. E quem estava presente naquela lendária noite, diz que o disco não reproduz metade do que os caras fizeram lá ao vivo.

O samba rock é isso. Brasilidade contemporânea, antropofagia sonora, liberdade, barulho, diversão e arte. Te soa familiar? Mas é claro! A Strip Me é total samba rock e todo esse clima alto astral libertário! Vem aproveitar e conferir!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist repleta de som e malemolência pra você curtir. Top 10 tracks samba rock.

I’m Always Goin’ Back To The Future

I’m Always Goin’ Back To The Future

Este é mais um texto que me parece inevitável escrever em primeira pessoa. Eu, Paulo, 38 anos, posso dizer que uma das partes mais fundamentais da minha personalidade nasceu quando eu assisti pela primeira vez o filme De Volta Para o Futuro. Não sei dizer ao certo que idade eu tinha. Eu já gostava muito de ver filmes durante a tarde na TV, gostava de gibis da Turma da Mônica, ouvia muito rádio e música de maneira geral… enfim, eu já tinha uma pré disposição para me afundar no mundo do entretenimento. Mas foi De Volta Para o Futuro que me fez querer assistir mais e mais filmes, talvez buscando histórias tão incríveis quanto aquela, ou simplesmente foi uma obra que mexeu tanto comigo que fez com que a ficha caísse, que eu realmente amava assistir filmes. E, olha, eu posso dizer que já conversei com algumas pessoas que tiveram experiências muito parecidas, e tem com a trilogia De Volta Para o Futuro uma relação muito especial. Nos resta então tentar entender o que há de tão poderoso nestes filmes.

O roteirista Bob Gale já era amigo de longa data e parceiro profissional do diretor Robert Zemeckis em 1984. Os dois já vinham de dois filmes de relativo sucesso: Carros Usados, de 1980, e Febre de Juventude, de 1978 e que também teve um forte impacto sobre mim. Mas enfim, em 1984 Bob Gale foi passar um fim de semana na casa de seus pais. Lá, encontrou o livro de formatura do pai. Folheando o livro ele constatou que seu pai tinha sido líder no grêmio estudantil, e se lembrou de seu tempo no colégio, que ele próprio não se dava bem com o pessoal do grêmio, e começou a imaginar se ele jovem se encontrasse com o pai também jovem, se eles se dariam bem, seriam amigos e tal. E essa ideia ficou na cabeça por vários dias, até que ele levou o conceito do De Volta Para o Futuro para Robert Zemeckis.

Só um parêntese rápido aqui. Vou tratar a trilogia De Volta Para o Futuro como um filme só. Então quando você ler “o filme De Volta Para o Futuro”, entenda que eu estou falando da trilogia como um todo.  Quando for o caso, vou especificar se estou falando de um dos filmes em especial. Sigamos portanto. Talvez o maior trunfo do De Volta Para o Futuro seja o fato de o filme envolver viagem no tempo, mas não cair em clichês como os personagens interagir com figuras históricas ou evitar eventos catastróficos. Tudo se resume a um garoto que viajou no tempo acidentalmente, precisa salvar sua própria existência e voltar pra casa. Além do mais, a trama toda se passa numa cidadezinha, que acaba se tornando quase que um personagem da história, com a pracinha onde acontecem as perseguições, o relógio, o café, o posto de gasolina.

A concepção toda do filme é recheada de curiosidades e fatos interessantes. A começar pela própria máquina do tempo. A ideia inicial de Bob Gale é que o Dr. Brown teria inventado a máquina do tempo à partir de uma geladeira. Mas isso dificultaria muito, já que os personagens teriam que levar a máquina de lá pra cá ao longo da trama. Qualquer um que já tenha feito mudança sabe que carregar uma geladeira não é tarefa das mais tranquilas. Foi então que Gale viu por acaso um DMC DeLorean e encontrou a solução ideal. A história da empresa DeLorean é pitoresca e vale ser contada. John DeLorean era um engenheiro em ascensão na General Motors nos anos 1960. Em 1975 ele se demitiu para criar sua própria marca, a DeLorean Motor Company, e concretizar seu grande projeto, o DMC DeLorean, um carro moderno, com capô de aço inoxidável sem pintura, portas tipo gaivota e muito potente. O modelo chegou ao mercado em 1981. Quando o DMC passou a ser comercializado, a empresa de John DeLorean já vinha mal das pernas, com muitas dívidas. Foi então que ele entrou numa negociação muito mal explicada envolvendo o FBI e um investimento milionário de DeLorean no tráfico de cocaína. O caso até hoje é mal contado, DeLorean foi julgado e absolvido só em 1984, mas nessa altura do campeonato, seu nome já estava arruinado e a empresa já estava falida. O DMC DeLorean foi fabricado entre 1981 e 1982. Foram feitas 9200 unidades. Estima-se que hoje em dia existam 6500 unidades, que passaram a valer uma fortuna depois do sucesso do De Volta Para o Futuro.

O primeiro filme da trilogia se destaca ainda mais quando inserido em seu tempo.  Em 1985 os filmes produzidos voltados ao público jovem eram as comédias de high school como Porky’s, Picardias Estudantis e Mulher Nota Mil. Quando Robert Zemeckis e Bob Gale foram oferecer a história às grandes produtoras, a maioria recusou, considerando o roteiro muito bobo para os padrões da época. A Disney foi uma das que recusou o filme, mas por outra razão: o considerou sujo e de mau gosto por mostrar um relacionamento entre mãe e filho. Acho que eles não entenderam bem a ideia e acabaram perdendo a chance de viabilizar um clássico. Este papel coube a Universal, que gostou e bancou a produção. E lucrou horrores!

Falando mais diretamente sobre os filmes, são muitos os pontos a exaltar. O roteiro é brilhante. Incrivelmente coeso e bem amarrado, riquíssimo em detalhes, com muito bom humor. Tem aquela característica à la Spielberg (que assina a produção da trilogia, diga-se) de haver um conflito atrás do outro, deixando o espectador sempre atento, os personagens saem de um problema, mas acabam caindo em outro maior o tempo todo. Ainda falando do roteiro, é legal dizer que Zemeckis e Gale fizeram o filme sem pensar numa sequência. O final do primeiro filme era pra ser uma simples piada. Mas o sucesso foi tamanho que a Universal exigiu uma continuação. A prova de que não se pensava numa sequência é que a Jennifer, a namorada de Marty McFly, participa da cena final. E no segundo filme ela passa o filme todo dormindo. Se eles quisessem uma sequência, seria melhor fazer sem que ela participasse. Já o segundo e o terceiro filme sim foram pensados e, inclusive, produzidos e filmados em sequência. Por isso demorou tanto tempo para o segundo filme ser lançado. O primeiro saiu em 1985, o segundo só em 1989. Porém, quando lançado o segundo, o terceiro já estava pronto e foi lançado já no ano seguinte.

Antes de finalizar, precisamos falar do majestoso tema composto por Alan Silvestri. Aliás toda a trilha sonora é incrível! A escolha de canções é impecável! Mr. Sandman, Johnny B. Goode e até as canções compostas por encomenda, Power of Love e Back in Time, da banda Huey Lewis & The News. Mas o tema de Alan Silvestri é a grande estrela da trilha sonora. Em sua produção anterior, Tudo por Uma Esmeralda, Robert Zemeckis tinha elaborado um filme grandioso, cheia de cenas caras, com muita ação e aventura. Em De Volta Para o Futuro, ele queria fazer algo mais pessoal, mais contido, quase caseiro. Uma abordagem intimista que fica evidente na tela e funciona de maneira cativante. Quando Alan Silvestri foi chamado para compor a trilha sonora, perguntou a Zemeckis se ele queria algo mais contemporâneo ou uma trilha mais clássica, com orquestrações. Ele respondeu: “Vamos contrastar! Tudo que o filme tem de intimista e simples, compense num tema épico!”. E assim, Silvestri escreveu aquele tema memorável.

De Volta Para o Futuro é um filme que beira a perfeição. Não é exagero. Tem tudo ali. Uma estética agradável e que não ficou datada (talvez justamente por ser uma caricatura de vários tempos), um roteiro incrível com personagens complexos e carismáticos e uma linguagem equilibrada, que consegue encantar pessoas de todas as idades, além de ser uma obra que pode ser revisitada de tempos em tempos sem demonstrar sinais de cansaço. Um filme tão completo, cheio de música e referências a cultura pop, que obviamente faz parte do DNA da Strip Me, que está sempre de olho no passado, presente e futuro para conceber as melhores estampas de todos os tempos. Clica aqui pra conferir.

Vai fundo!

Para ouvir: Claro, uma playlist com o que há de melhor na trilha sonora dos três filmes da trilogia de Volta Para o Futuro. Top 10 Tracks Back to the Future.

Para assistir: Precisa mesmo dizer? Mas tenho uma dica legal. Além de ver e rever a trilogia, vale a pena conferir um vídeo, já bem antigo, de um trecho do show de stand um comedy do ator Tom Wilson, o Biff Tannen do filme, onde ele interpreta uma de suas composições falando sobre o De Volta Para o Futuro. Link aqui.

Para ler: Foi lançado em 2015 um livro excelente sobre todos os detalhes e curiosidades envolvendo a trilogia. De Volta Para o Futuro – Os Bastidores da Trilogia: O futuro é agora! Foi escrito pelo jornalista e escritor Caseen Gaines e lançado no Brasil pela editora Darkside, com um trabalho gráfico lindíssimo! Além de ótima leitura, é um livro eu fica um charme na estante.

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