
Regravações que deixaram as originais no retrovisor: A Strip Me lista 10 versões internacionais e 10 brasileiras que viraram clássicos definitivos.
Sempre dá pra melhorar. Quem vê de fora é capaz de apontar diferentes possibilidades e potencial. Diferentes perspectivas podem transformar o ótimo em sublime. E é bom que fique claro que estamos falando de música, não de clichês de palestra coach. Inúmeros são os exemplos de canções que ganharam notoriedade quando interpretadas por outros artistas, que não seu compositor ou quem fez sua primeira gravação. Muitas dessas, aliás, o grande público desconhece se tratar de uma versão previamente composta e gravada por outro artista. Assim como muita gente não sabe que Scarface, do De Palma, é um remake de um filme de 1932, a maioria das pessoas também não sabe que a música Torn, imortalizada pela Natalia Imbruglia em 1997, teve três gravações anteriores.
A Strip Me encarou a desafiadora missão de listar as músicas cujas versões superaram as originais, num Top 10 delicioso. Aliás, um não, mas dois Top 10! Afinal a música brasileira merece sempre destaque, e também tem tradição em reinventar boas canções. Sem mais delongas, vamos às listas.
Top 10 Versões Melhores que a Original – Música Internacional

1. All Along the Watchtower – Jimi Hendrix
Original: Bob Dylan
Ué, mas essa música não é composição do Hendrix? Olha, se o mundo fosse um lugar justo de verdade, o Dylan creditava o Hendrix como co-autor. Porque o tanto que a música cresceu com o arranjo do gênio da guitarra não está no gibi!
2. Hurt – Johnny Cash
Original: Nine Inch Nails
Sobre essa versão soberba, Trent Reznor, tal qual um Tino Marcos da música, escreveu: “Johnny Cash sentiu.” Uma regravação que virou epitáfio a altura da grandeza de Cash, e fez muita gente chorar escondido no banheiro do trabalho.
3. Respect – Aretha Franklin
Original: Otis Redding
A música já era maravilhosa na versão de seu criador. Mas Aretha Franklin, ressignificou a parada! Otis Redding escreveu a canção como um desabafo sobre sua brigas conjugais. Aretha Franklin mudou uma ou outra frase da letra, rearranjou a música e a transformou num hino de empoderamento feminista e racial.
4. It’s Now or Never – Elvis Presley
Original: ‘O Sole Mio (canção napolitana)
Elvis transformou ópera italiana em hit de verão com topete e rebolado. Improvável? Sim. Memorável? Também. E, antes que digam qualquer coisa, sim a ideia partiu do próprio Elvis, que ouviu uma gravação operística de O Sole Mio e sentiu cheiro de hit.
5. Your Song – Billy Paul
Original: Elton John
A composição e interpretação de Elton John funciona super bem, tem até certo charme por ser tímida, introspectiva. Mas Billy Paul praticamente reescreveu a canção, a encharcando de sedução, malemolência e groove.
6. With a Little Help From My Friends – Joe Cocker
Original: The Beatles
A produção do clássico Sgt. Pepper’s… estava nos finalmentes, quando alguém falou: “Eita, peraí, gente! Tá faltando a música que o Ringo vai cantar!” Paul correu ali, escreveu uma canção simples e resolveu o problema. Acontece que, o que Ringo cantou com simpatia, Joe Cocker cantou como se sua vida dependesse daquilo. E talvez dependesse mesmo.
7. Sweet Dreams (Are Made of This) – Marilyn Manson
Original: Eurythmics
A versão original te faz dançar. A do Manson te faz dormir com a luz do quarto acesa. Assustadora e brilhante. Simples assim.
8. I Will Survive – Cake
Original: Gloria Gaynor
Trocaram o brilho da discoteca pelo sarcasmo do indie. A letra continua dizendo que vai sobreviver, mas agora parece que é por pirraça. Se na original I Will Survive é empoderamento, na versão do Cake sobreviver é o que tem para hoje. E há de se mencionar a linha de baixo retumbante de Victor Damiani.
9. Cats in the Cradle – Ugly Kid Joe
Original: Harry Chapin
A versão original é um folk melancólico. O Ugly Kid Joe trouxe guitarras e uma raiva contida. Versão noventista de um drama cotidiano e eterno. É como se o Tihuana pegasse a clássica Pai, do Fábio Jr., e fizesse uma versão. Aliás, fica a dica.
10. I Will Always Love You – Whitney Houston
Original: Dolly Parton
Aqui temos um caso muito parecido com o de Elton John e Billy Paul. A versão original, de Dolly Parton é delicada. Whitney Houston trouxe grandiosidade e muito feeling. Tem gente que, quando bate o dedinho na quina da mesa de centro, fecha o olho, se senta e espera a dor passar. E tem gente que grita “Mesa filha da p#ta!” e já está pronto pra outra. Tá explicada a diferença entre as duas versões.
Menções Honrosas (bateram na trave):
- Tainted Love – Soft Cell
- Live and Let Die – Guns N’ Roses
- Twist and Shout – The Beatles
- The Man Who Sold the World – Nirvana
- Hallelujah – Jeff Buckley
Top 10 Versões Melhores que a Original – Música Brasileira

1. Como Nossos Pais – Elis Regina
Original: Belchior
Belchior é o Bob Dylan brasileiro. Não só porque é um letrista e melodista brilhante, mas também porque algumas de suas canções ganharam versões definitivas com outros intérpretes. A versão dele de Como Nossos Pais é introspectiva e linda. Mas a Elis meteu o pé na porta desse quarto pra gritar aos quatro cantos do mundo a mensagem central da música: Virar adulto é uma merd@!
2. Maracatu Atômico – Chico Science & Nação Zumbi
Original: Jorge Mautner
Doideira tropicalista virou pancada manguebeat. Do misticismo lisérgico ao grito urbano. Não tem muito o que dizer aqui, a não ser que Darwin ficaria orgulhoso de ver tamanha evolução.
3. Brasil Pandeiro – Novos Baianos
Original: Assis Valente (na interpretação dos Anjos do Inferno)
Um samba exaltação composto originalmente para ser gravado pela Carmen Miranda. Mas ela recusou, veja você! Achou a música fraquinha. Foi gravada em 1940 pelos Anjos do Inferno, popular grupo carioca da época. Mas o compacto não vingou. Foi João Gilberto quem sugeriu que os Novos Baianos a regravassem. Deu no que deu, virou hit. Azar da Carmen Miranda.
4. Vapor Barato – O Rappa
Original: Gal Costa (de Jards Macalé/Waly Salomão)
Convenhamos, a versão da Gal é maravilhosa! Mas, é muito dor de cotovelo! Podia ser a música rolando naquele meme do tiozinho cabisbaixo na mesa do bar. A versão d’O Rappa traz o lamento para outro patamar, é uma parada de sofrimento, mas com a atitude de quem já está calejado pela vida na quebrada.
5. Um Girassol da Cor do Seu Cabelo – Ira!
Original: Lô Borges
Não se trata tanto aqui de uma versão rearranjada de maneira muito diferente e tal. Mas diz respeito mais à interpretação em si. A versão do Lô Borges é uma balada bonita. O Ira! a transformou numa balada rock, mais seca, mais crua. Pra equilibrar e não transformar de vez esse tutu de feijão num virado à paulista, a banda convidou o Samuel Rosa pra cantar junto com o Nasi. Que sabor!
6. Era um Garoto Que Como Eu amava os Beatles e os Rolling Stones – Engenheiros do Hawaii
Original: Escrita pelo italiano Gianni Morandi, conhecida no Brasil com Os Incríveis
Os Incríveis lançaram sua versão em português deste rock italiano em 1967. Fez sucesso na época, e depois caiu no ostracismo. Nos anos 90, Jovem Guarda era sinônimo de música cafona, mas não para os intrépidos Engenheiros do Hawaii, que renasceram a canção com vitalidade, sem deixar de lado as onomatopeias! Olha, ficou incrível…
7. South American Way – Marisa Monte
Original: Carmen Miranda
A questão aqui é uma só: Resgate! Marisa Monte, em seu disco de estreia, recheado de grandes canções com arranjos modernos e muito classudos, fez questão de caprichar para manter o arranjo original da canção, mas sem soar datado, e cantou com tamanha personalidade que remeteu à voz da nossa primeira diva pop, Carmen Miranda!
8. O Mundo é um Moinho – Cazuza
Original: Cartola
Mais um caso em que o arranjo original não foi quase nada modificado, mas a interpretação que faz toda a diferença. Cartola lamentava com propriedade e dignidade, cantando para sua filha pequena que viver não é bolinho. Cazuza canta para si mesmo, já com a confirmação que tinha AIDS. A versão de Cazuza foi gravada para um disco tributo a Cartola. Uma homenagem de Agenor para Angenor.
9. Proibida Pra Mim – Zeca Baleiro
Original: Charlie Brown Jr.
Lembra daquela música que a garota diz pro cara tirar a bermuda, porque queria um cara sério, e que solos de guitarra não iriam conquistá-la? Então, o pessoal do Charlie Brown Jr. não ouviu, mas o Zeca Baleiro fez isso por eles. Trocou o skate pelo violão e fez a música amadurecer uns dez anos, pelo menos.
10. Qualquer Bobagem – Pato Fu
Original: Os Mutantes
Não é a toa que muita gente dizia que o Pato Fu era os Mutantes dos anos 90. Uma banda inventiva, sem medo de experimentar e misturar o rock com tudo quanto é tipo de estilo, além de ter uma garota mega carismática cantando ao lado de dois marmanjos que eram ótimos músicos. E a referência estava lá, realmente! Essa versão revitalizou a canção, e rendeu um videoclipe divertidíssimo!
Menções Honrosas (ou Quase Entraram, Mas o Espaço Acabou)
- Aluga-se – Titãs
- Quase Sem Querer – Maria Gadú
- Ciranda da Bailarina – Penélope
- Chove Chuva – Biquini Cavadão
- A Hora e a Vez do Cabelo Nascer – Sepultura



Criar qualquer coisa partindo do zero é uma das coisas mais difíceis e raras desse mundão velho sem porteira! Todo mundo sempre parte de uma referência, uma inspiração. Assim acontece também com quem faz um cover de uma música que já existe. O intérprete imprime a sua personalidade, e, muitas vezes acaba acontecendo de ser mais reconhecido pela música do que seu compositor ou intérprete original, como aconteceu com o Jimi Hendrix, a Elis Regina e tantos outros. Da mesma maneira, a Strip Me se inspira em obras icônicas da cultura pop para criar camisetas maravilhosas, originais e cheias de personalidade! São camisetas de cinema, música, arte, cultura pop e muito mais. no nosso site você confere todas as coleções e fica por dentro de todos os lançamentos! Vai lá conferir!
Vai fundo!
Para ouvir: Já que o top 10 foi em dose dupla, a playlist também vai ser. Aqui você tem os links para as playlists do top 10 gringo e o top 10 BR apresentados neste texto! Aproveite!


