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É natural do ser humano ser questionador. Querer entender os porquês da vida fez com que a humanidade dominasse o fogo, usasse o poder das águas, gerando energia e desenvolvendo civilizações. Ainda hoje vivemos numa eterna busca de conhecimento, tentando entender o passado para trilhar os novos caminhos do futuro. Claro que toda essa gana de saber, essa curiosidade tão salutar não se volta apenas para temas antropológicos e sociais. É essa curiosidade que faz da imprensa britânica, por exemplo, uma das mais fofoqueiras do mundo. Aliás, dizem que é pra isso que a família real britânica existe, né… quem manda no país é o primeiro ministro e a família real alimenta os tabloides sensacionalistas que entretêm o povo.

Photo by the guardian.com

Indo além, não é à toa que um dos gêneros literários mais consumidos no mundo é a biografia. Se o livro vem com o título “Fulano de Tal – Uma Biografia Não Autorizada”, aí que vende horrores mesmo! Artistas e celebridades em geral despertam muita curiosidade nas pessoas. E se naturalmente a gente já tem o hábito de querer saber sobre o que se passa na vida dos nossos familiares e amigos, claro que também vamos querer saber sobre a vida dos nossos ídolos e artistas favoritos. Em especial na música, isso sempre foi muito forte. Desde o final dos anos 1950, quando começam a surgir os primeiros ídolos teens (James Dean, Elvis Presley…), as bancas de jornais são inundadas por publicações especializadas em vida de artistas. De 1967 pra frente, com a música pop sendo levada mais a sério, algumas dessas publicações passam a ser realmente interessantes, indo além de qual o prato favorito ou se tal artista é casado, para falar sobre influências, analisar obras, enfim, mostrar o que realmente importa de um artista.

Photo by bagbagsydvintage.com

E assim chegamos nos documentários musicais! São filmes que contam a história de artistas, movimentos, épocas… tudo de forma muito atraente, com entrevistas de pessoas importantes e filmagens raras que ajudam a dissecar o tema abordado. Esses documentários servem tanto para deliciar aficionados como para introduzir o tema a curiosos. A música pop é uma parada bem complexa, se a gente parar pra pensar. E se cavoucar bastante, vamos acabar chegando no jazz. Tudo começou ali. Música com sensibilidade e energia para embalar ricos e pobres (no início, mais pobres do que ricos, diga-se).  Um ótimo documentário que retrata isso é Miles Davis, Inventor do Cool. O filme conta a trajetória turbulenta do genial trompetista que mudou o mundo e revolucionou a música. Parece exagero, eu sei, mas basta assistir ao doc pra sacar a importância desse cara. Por falar em importância, outro documentário que envolve o mundo do jazz e o extrapola é Quincy, filme que retrata vida e obra de Quincy Jones. Quincy Jones este que não só foi um músico de jazz brilhante como trilhou uma exuberante carreira como produtor musical, tendo trabalhado com nomes como Michael Jackson, Frank Sinatra e Amy Winehouse. Outro doc imperdível é What Happened, Miss Simone. Um filme imperdível sobre uma das maiores representantes da música negra norte americana. Nina Simone era pianista e cantora que viveu uma vida turbulenta dividida entre a arte, o ativismo e uma vida pessoal complicada. E para a sua sorte, estes três documentários estão disponíveis na Netflix!

Claro que o bom e velho rock n’ roll não deixa a desejar neste quesito. Talvez o rock seja o gênero que mais rende documentários, tantos são as bandas e artistas fundamentais para a música e cultura pop. Já começo falando do momento mais importante e cultuado da história do rock e da contra-cultura: Woodstock. O festival que rolou em 1969 em uma fazendo próxima a New York e reuniu Jimi Hendrix, Janis Jopin, The Byrds, The Who, Joe Cocker, Santana, Crosby, Stills & Nash, Jefferson Airplane… enfim, a elite do rock sessentista. Os três dias de festival foram registrados em filme e renderam um documentário clássico e memorável dirigido por Michael Wadleigh e lançado em 1970. Além de registrar as apresentações mais marcantes do festival, conta com depoimentos e cenas de bastidores e capta a aura de paz, amor e brodagem que rolava por ali. Falando em captar auras, um documentário curto, mas bem interessante, que contém várias curiosidades, imagens raras e depoimentos, é Stones in Exile, que mostra o que rolava antes e durante as míticas gravações do álbum Exile on Main Street. Este doc traz imagens e depoimentos que chegam a ser perturbadores, nos fazendo pensar como diabos alguém conseguia viver sob aquelas condições, não só simplesmente viver, mas criar e trabalhar. E o resultado é um dos discos mais impactantes da história da música moderna. Pra fechar cito um dos documentários mais legais e empolgantes que vi nos últimos tempos: Punk. Este doc é uma minissérie dividia em 4 episódios que conta toda a história do punk rock, do início das bandas de Detroit (MC5, Stooges) até a explosão pop de Green Day e Offspring. Sob a produção de Iggy Pop, literalmente o pai da matéria, este doc traz depoimentos marcantes de todas gerações. Ramones, Bad Religion, Sex Pistols, Green Day, Nofx… tá todo mundo lá! O Woodstock não sei se é tão fácil de achar, mas vale procurar. Já o Stones in Exile está disponível na Amazon Prime e o Punk na Globoplay.

O texto já está enorme e nós nem falamos nos filmes que são quase como documentários de tão fiés, didáticos e divertidos, como o The Doors, do Oliver Stone, Dirt!, que conta a história do Motley Crue, Walk the Line, cinebiografia incrível do Johnny Cash… e tem os ficcionais que são tão divertidos, como This is Spinal Tap, Rock Star, Still Crazy… É muita coisa boa! Quem sabe um dia a gente não volta a falar desse assunto. Por hora, ficamos por aqui. Essa é a deixa pra você ir fazer aquela pipoquinha e escolher um desses docs sensacionais pra curtir.

Vai fundo!

Para ouvir: Claro que tem playlist com o que há de melhor nos docs citados acima. Vai lá conferir nosso top 10 tracks de grandes documentários.

Para assistir: Além dos já citados acima, vou te recomendar um documentário que não está disponível nas plataformas de streaming por aí, mas vale a pena procurar pela internet, seja pra baixar ou pra comprar o DVD. Hype! É um documentário lançado em 1996 que dá uma geral na cena grunge de Seattle que dominou o mundo no começo dos anos 90. Com uma pegada bem descontraída, muitas entrevistas legais, este doc é essencial pra quem gosta de rock!

Para ler: Já que citei as biografias no começo do texto, vou recomendar pra você a excelente autobiografia do João Gordo! Livin la Vida Tosca é um livro saborosíssimo de se ler. Apesar de todos os excessos, o João Gordo tem uma memória de elefante (desculpa o trocadilho…) e conta em detalhes toda a sua trajetória, influências, as pessoas que conheceu, shows, festas… está tudo lá de forma muito bem escrita, sob a supervisão do irrepreensível jornalista musical André Barcinski.

Fora de Série!

Fora de Série!

Ah, os anos 90! Época de transformação e descoberta! A fronteira que separa efetivamente as eras analógica e digital. Os adolescentes dos anos 90 foram a última geração que cresceu sem internet. Entretanto, foi uma geração que teve muito acesso à informação devido a popularização de uma caixinha mágica chamada TV a cabo!

Photo by: reddit.com

Se faz necessário contextualizar. Em 1994 o presidente Itamar Franco, aquele que ressuscitou o Fusca e saiu na foto com uma modelo de minissaia sem calcinha, conseguiu a proeza de estabilizar a economia do Brasil ao criar o Plano Real. Foi uma época magnífica em que 1 real valia 1 dólar. Ou seja, produtos importados e serviços com tecnologia, até então muito caros, se tornaram acessíveis.  Foi assim que a TV a cabo invadiu os lares e criaram toda uma geração de garotos e garotas que viviam sob uma balanceada dieta televisiva que consistia em assistir Beavis & Butthead e os clipes do momento na MTV (pois é… houve uma época em que a MTV passava clipes, acredita), ver as entrevistas do Space Ghost Coast to Coast na Cartoon Network e, é claro, as séries!

Photo by: dotandline.net/

Chegamos no ponto central: As séries! No tempo em que, aqui onde hoje é a Netflix, era tudo mato, as pessoas se programavam para acompanhar séries como Friends, Seinfield, Mad About You, Anos Incríveis e Arquivo X. Foram séries realmente revolucionárias. Em especial Friends e Anos Incríveis mudaram o jeito de se fazer sitcoms, foram seriados que subiram o nível.  Até então, as sitcoms tinham um molde bem definido: Um ou dois personagens principais e episódios que tinham começo, meio e fim. Ou seja, ainda que se percebesse uma linha temporal, ela não importava muito. Se você assistisse o terceiro episódio da quinta temporada, ia entender tudo normalmente. Já Friends chegou com um grupo de amigos, não tinha um personagem principal, além disso, a cronologia importava mais. Se você começasse a assistir a série na terceira temporada, até ia conseguir acompanhar e se divertir numa boa, mas ia perder várias piadas e referências sobre eventos passados em episódios anteriores. Digno de nota o texto saboroso e envolvente que conseguiu manter o alto padrão dos roteiros por dez anos, que fizeram milhões de pessoas mundo afora se tornar cúmplices das angústias, confusões, paixões e alegrias de Ross, Rachel, Monica, Chandler, Phoebe e Joey

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Anos Incríveis foi além. Provavelmente uma das séries mais ousadas e caras da história da televisão. Exibida entre 1988 e 1993 nos Estados Unidos, a série narra a adolescência de um jovem suburbano norte americano no fim dos anos 60. O personagem principal é Kevin Arnold e o seriado conta sua vida entre os 12 e 17 anos. No Brasil a série começou a ser exibida na TV Cultura entre 1993, 1994 e foi um sucesso estrondoso, sendo reexibida em vários outros canais posteriormente. Anos Incríveis também ficou famosa por sua trilha sonora com o crème de la crème da produção musical dos anos 60 e 70 e pelo polêmico boato de que o personagem Paul Pfeiffer era interpretado pelo, então jovem, Marylin Manson.

Photo by paleymatters.org

Apesar de não ser uma sitcom, vale citar aqui como uma das grandes séries dos anos 90: Arquivo X. Juntando bizarrices, sobrenatural e teorias da conspiração, a série arrebatou devotos por toda parte, que passaram a fazer um X com fita crepe na janela do quarto e querer saber mais sobre a área 51, ufologia e outros assuntos do gênero. As investigações de Fox Mulder e Dana Scully foram exibidas de 1993 a 2002 e rendeu dois longa metragens de qualidade duvidosa.

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Mas os anos 90 foram dominados mesmo pelas sitcoms. Além das já citadas, teve Barrados no Baile, Melrose, Blossom e tantas outras. Uma das mais famosas por aqui foi Um Maluco no Pedaço (péssima tradução do título original Fresh Prince of Bel Air), série responsável por catapultar ao estrelato o jovem Will Smith, trazer um humor jovem e abordar com propriedade questões como racismo e desigualdade. Pra completar, no quesito humor, não dá pra deixar de citar a maravilhosa Married… With Children, que imortalizou Al Bundy como o pai de família padrão, e a excelente Seinfeld, que fez muitos jovens brasileiros despertarem para o mundo do stand uo comedy (se isso é bom ou ruim, fica a teu critério).

Photo by: stripme.com.br

A verdade é que o campo é vasto e há muito a se explorar. Hoje foi dia de exaltar as sitcoms que aprendemos a amar na adolescência e que estão até hoje por aí, disponíveis para serem maratonadas nas plataformas de streaming. Mas claro que a gente podia falar de ER (Plantão Médico) que é a série mãe de Grey’s Anatomy, teve a ótima Combate no Vietnã, série que retratava o dia a dia de um pelotão de soldados norte americanos na guerra e que tinha como abertura a canção Paint in Black, dos Stones. Sem falar nas poucas, mas boas séries brasileiras, como Confissões de Adolescente por exemplo. Enfim, é muito assunto.

Então vamos deixar isso para os próximos episódios.

 VAI FUNDO!

Para ouvir: Playlist no capricho com os maiores clássicos da TV dos 90’s! Se liga no nosso Top 10 tracks de séries de TV!

Para assistir: Como foi dito aí no texto, a série Anos Incríveis foi mesmo incrível! Divertida e emocionante, com uma trilha sonora matadora! É uma série que não pode deixar de ser vista. E não tem nas plataformas de streaming por aí, mas tem todos os episódios de graça no Youtube!

Mais que uma imagem e mil palavras sobre a fotografia

Mais que uma imagem e mil palavras sobre a fotografia

Apesar de não ser reconhecida como tal, a fotografia é uma expressão artística de igual grandeza às artes plásticas, a música, literatura e, principalmente, ao cinema, que sem a fotografia sequer existiria. Claro que não estou me referindo aqui àquela selfie tremida que você tirou bêbado na balada. Estamos falando da fotografia feita com apuro técnico e talento ao olhar para alguém ou alguma coisa e enxergar uma foto. Sim, esta é a síntese do conceito de arte: técnica + talento. Você pode conhecer todas as escalas musicais, tocar um instrumento com habilidade e rapidez, mas se não tiver o talento para exprimir as mais simples notas, você fará uma música correta, mas sem sentimento. Você pode ter a sensibilidade de imaginar belas harmonias em sua mente. Se você não tiver a técnica para aplica-las no instrumento, você vai acabar fazendo uma música pobre e mal executada. Mas se você tem técnica e talento juntos, você vai conceber verdadeiras obras de arte. O mesmo conceito vale para a fotografia, a pintura, o teatro…

Napalm Girl by Nick Ut (1972)

Prova disso é que algumas das fotografias mais belas e conhecidas do mundo são fotos jornalísticas. É o caso da icônica imagem da menina vietnamita correndo nua com uma nuvem de napalm atrás de si. Esta fotografia rendeu ao fotógrafo Nick Ut o Pulitzer de 1973. O fotógrafo Jeff Widener também capturou um momento histórico do século XX, na famosa foto O Rebelde Desconhecido, onde um homem se coloca frente a uma fileira de tanques de guerra na Praça Tiananmen, em Pequim, em 1989. Até mesmo as obras incomparáveis de Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado podem ser consideradas foto-jornalismo, já que se dedicam a registrar o cotidiano sob um olhar mais sensível e poético.

Zo’e women in State of Para, Brazil by Sebastião Salgado (2009)

Mas nem tudo na fotografia são cenas de cunho social e político. Também temos grandes nomes que se dedicaram a às artes, cultura e celebridades. Fotógrafos que nada devem em técnica e talento aos citados acima. Estamos falando de nomes como Helmut Newton, Bob Gruen, David LaChapelle, Charles Peterson e Astrid Kirchherr. A maioria desses profissionais estiveram ligados a movimentos artísticos e trabalharam para a imprensa especializada, principalmente na música e moda. Eles também tem suas obras gravadas na história, como a foto de John Lennon de óculos escuros, usando uma camiseta escrito New York City e com os prédios de Manhattan ao fundo, feita por Bob Gruen, ou Salvador Dali deitado numa cama de hotel parisiense em 1973, fotografado por Helmut Newton.

Stage Dive at Nirvana’s Gig by Charles Peterson (1990)

Como já foi dito, o cinema não existiria sem a fotografia, já que um filme nada mais é que um monte de fotos em sequência. Por isso, a maioria dos grandes diretores tem ao seu lado grandes fotógrafos, formando parcerias de longa data. É o caso de Michael Chapman , diretor de fotografia de clássicos como Taxi Driver, Touro Indomável e tantos outros filmes de Martin Scorsese. Mas existe um caso muito curioso envolvendo essa relação entre diretor e fotógrafo de cinema: Seguindo o famoso ditado “se você quer uma coisa bem feita, faça você mesmo”, surgiu a parceria Peter Andrews-Steve Soderbergh. Acontece que Peter Andrews e Steve Soderbergh são a mesma pessoa! O Soderbergh passou a usar o pseudônimo Peter Andrews para assinar a direção de fotografia de seus filmes!

A verdade é que a fotografia é uma das expressões artísticas mais legais que existem! É a realidade exposta de maneira direta, mas marcante, imponente. Pode ser a realidade nua e crua, como uma exposição surreal da realidade, com contrastes, foco e enquadramentos explorados ao extremo! Imagens que nos transmitem e despertam os mais distintos sentimentos, como a hipnótica Menina Afegã, capa da revista National Geographic de 1985, clicada por Steve McCurry, o inacreditável monge budista em chamas fotografado por Malcolm Browne em 1963 ou o emocionante Le Baiser de l’Hôtel de ville (O Beijo Do Hotel de Ville), foto clássica de Robert Doisneau, tirada em 1950.

The Beatles in Hamburg by Astrid Kirchherr (1960)

Aliás, essa foto do beijo, do Doisneau, chega a dar saudade de quando a gente andava livre pela rua, se aglomerando, se abraçando e se beijando sem máscara. Imagina essa imagem hoje em dia, todo mundo com máscara. Daria até uma ótima estampa de camiseta, né…

Le Baiser de l’Hôtel de ville’ by Robert Doisneau (1950)

VAI FUNDO!

Para ouvir: Uma imagética e fulgurante playlist com 10 tracks que se entrelaçam e funcionam como trilha sonora para este fotogênico texto!

Para assistir: Um dos filmes mais clássicos da história do cinema e que tem a fotografia como ponto crucial de sua trama. Claro, é o excelente Janela Indiscreta (título original: Rear Window), filme do gênio Alfred Hitchcock lançado em 1954.

Para ler: Pessoalmente, eu considero o Henri Cartier-Bresson o maior fotógrafo que já pisou neste planetinha. Por isso, recomendo o ótimo livro Cartier-Bresson: Olhar do século, escrito pelo jornalista francês Pierre Assouline, lançado pela L&PM em 2012 e que traça com riqueza o perfil deste gênio.

Soy Loco Por Ti, Tropicália!

Soy Loco Por Ti, Tropicália!

Você sabe que o mundo moderno só começou pra valer em 1967, né? Pelo menos pra cultura pop, isso é indiscutível! Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, The Velvet Underground & Nico, do Velvet Underground, e Piper at Gates of Dawn, do Pink Floyd, foram lançados, Belle de jour, de Luis Buñuel, A Primeira Noite de Um Homem, de Mike Nichols e Week End, do Jean Luc Godard, estreiam nos cinemas, Gabriel Garcia Márquez lança o clássico livro Cem Anos de Solidão, enfim, a lista é longa de tanta coisa boa que saiu neste icônico ano. E o mais importante disso tudo é que o Brasil não ficou atrás. Por aqui também se produziu muito. Na verdade foi em 1967 que nasceu um movimento artístico que acabaria influenciando muita gente o mundo todo!

Capa do disco Tropicalia ou Panis et Circenses (1968)

Em abril de 1967 é apresentada uma obra muito marcante no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, fazendo parte da mostra Nova Objetividade Brasileira. Trata-se de uma espécie de cenário, um ambiente labiríntico com areia no chão, representações de plantas, araras, pôsters e uma televisão. O autor da obra é Hélio Oiticica, pintor, escultor e cenógrafo. A obra em questão chamava-se Tropicália. O jovem compositor baiano Caetano Veloso ficou impactado com a obra, passou a usar a palavra tropicália para designar certas brasilidades e a usou como título de uma de suas canções. Enquanto isso, na cidade de São Paulo, a banda O’Seis era rebatizada com o nome Os Mutantes, nome sugerido por Ronnie Von aos seus amigos Arnaldo e Sérgio Baptista e Rita Lee, todos eles beatlemaníacos. Ao mesmo tempo, na Bahia, Tom Zé se preparava para se mudar para São Paulo, onde daria início a sua carreira musical, influenciado por Jackson do Pandeiro e poesia concretista. Estava tudo pronto. Era só juntar as peças.

Tropicália – Hélio Oiticica (1967)

Essas e outras peças se juntaram de vários formas: místicas, por pura amizade, por afinidade musical, por interesse financeiro, ou porque alguém falou “putz, tem um amigo meu que tem uma erva hidropônica incrível! Vou ligar pra ele.”. O Tropicalismo, ou simplesmente Tropicália, sem querer acabou se tornando um movimento cultural que engloba a produção de várias obras, extrapolando a produção musical, que conseguiam sintetizar a identidade brasileira com elementos da cultura pop de vanguarda que rolava mundo afora, em especial na Inglaterra, França e Itália. Glauber Rocha encabeçava o cinema novo e lançava o emblemático Terra em Transe, artistas como o já citado Oiticica explorava o surrealismo e a pop art, Rubem Fonseca lançava o ousado Lúcia McCartney, livro de contos de narrativa rápida, coloquial, um jornalismo gonzo ficcional. E a música, que era a trilha sonora de tantas cores e linguagens. Uma mistura fina de psicodelia, rock ‘n roll, bossa nova, e orquestrações.

Capa do disco Caetano Veloso (1968)

E é mesmo na música que dá pra perceber a grandeza dos tropicalistas. O segundo disco de Caetano Veloso, lançado em 1968, é super inspirado, com clássicos como Alegria Alegria, Superbacana e Soy Loco Por Ti America. A obra inteira dos Mutantes é invejável e influente até hoje no Brasil e no exterior. Grande Liquidação, Estudando o Samba e Todos os Olhos são discos geniais de Tom Zé. Sem falar no excelente disco coletivo Tropicália ou Panis et Circenses, uma obra irretocável, um disco fundamental que reuniu Gilberto Gil, Caetano Veloso, os Mutantes, Tom Zé e Nara Leão, tudo sob a batuta inventiva de Rogério Duprat, um maestro inquieto que teve aulas com Stockhausen na Alemanha, onde, por acaso foi colega de classe de Frank Zappa. E houveram vários outros artistas que não eram parte dessa turminha descolada do Gil e Caetano, mas que bebiam da mesma fonte e produziram grandes obras genuinamente tropicalistas, como os Novos Baianos, Jorge Ben e, em especial, o Ronnie Von, que provavelmente foi um dos artistas mais inventivos  e defensor da psicodelia. Seus álbuns de 1968 e 1970 são antológicos. Então, quando você vir aquele tiozinho na televisão tomando vinhos caros, comendo risoto e falando sobre como combinar a gravata com o sapato, lembre-se que esse cara já fez muita loucura nessa vida.

Capa do disco Ronnie Von (1968)

O legado do tropicalismo é imenso. Pra começar, foi influência direta para o Chico Science e o Fred Zero Quatro e a concepção do manguebeat. No sul do Brasil, a psicodelia também correu solta e fez com que surgissem bandas como Graforréia Xilarmônica e o maluco Júpiter Maçã.  Na gringa artistas como Beck, Devendra Banhart e David Byrne confessaram sua admiração por artistas como Mutantes e Tom Zé. Mas como eu comecei este texto citando o Sgt Pepper’s… vou terminar contando como foi o encontro entre o Sérgio Dias, guitarrista dos Mutantes com o Sean Lennon, filho do John. O Sérgio Dias conta que quando os dois se encontraram, o Sean rasgou mil elogios à obra dos Mutantes, tão inventiva, tão envolvente, com melodias tão bonitas, numa roupagem rock brilhante… e por fim perguntou a ele de onde vinha tanta inspiração para criar aquilo tudo. O Sérgio sorriu e disse pro Sean: “Sabe a banda do teu pai? Então…”

Capa do disco Jardim Elétrico (1971)

Vai fundo!

Para ouvir:  Uma playlist tropicalmente quente tá te esperando no Spotify com 10 tracks deliciosas representando o tropicalismo.

Para assistir: Eu podia te recomendar algum filme cabeça do Glauber Rocha e tal… mas prefiro pegar leve e te recomendar a divertidíssima animação Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock n’ roll. Filme dirigido pelo Otto Guera com roteiro e desenhos do mestre Angeli. Este filme é o supra sumo do legado da tropicália! Humor, psicodelia e uma trilha sonora fantástica!

Para ler: Apesar de não versar exclusivamente sobra a tropicália, a autobiografia da Rita Lee é um livro saborosíssimo! Conta de forma bem particular sobre a produção musical da época sem tabus ou nostalgia exacerbada. Uma leitura mega recomendada pra quem seinteressa por música de maneira geral.

Menos é Mais!

Menos é Mais!

Está tudo conectado, cara! Não, não estou falando da internet! Estou falando da vida, do mundo, e até mesmo deste blog! Aqui você já leu sobre a geração beat que mudou a literatura, sobre a Pop Art que revolucionou a cultura pop, já leu sobre as delícias de se entregar a uma estrada e viver experiências incríveis, tudo isso relacionado aos conceitos que você carrega na mente e no peito, através das nossas camisetas.

Donald Judd – Joe Fig (2020)

O minimalismo tem tudo a ver com esse lance de tudo estar conectado. Afinal, ele começou como um movimento artístico paralelo à Pop Art, nos anos 1950, mas acabou se tornando uma filosofia de vida, que influencia a moda, a arquitetura, comportamentos de consumo e hábitos de saúde. Como o próprio nome sugere, o minimalismo vai contra os exageros, mostrando  que com o mínimo de cores, de elementos, de produtos… é possível criar lindas obras de arte, ter espaços funcionais e confortáveis e uma vida feliz e equilibrada.

Lines from Points to Points
Sol LeWitt (1975)

Na arte, o minimalismo tem como principais nomes Sol LeWitt, Frank Stella, Donald Judd e Robert Smithson, todos artistas norte americanos que abriram caminho para a Pop Art. Afinal, a arte minimalista é pautada pelo uso de cores fortes e figuras geométricas, buscando a essência das coisas. A grande diferença do minimalismo em relação à Pop Art é que a maior parte das obras são abstratas e muito subjetivas. A linearidade e simplicidade das obras minimalistas influenciaram muito a arquitetura, que passou a valorizar espaços amplos e linhas retas e simétricas. O holandês Gerrit Rietveld foi um dos arquitetos mais influentes do começo do século XX. Foi uma das cabeças por trás do De Stijl, movimento artístico europeu, e precursor da arquitetura minimalista.

Black Adder – Frank Stella (1968)

E uma coisa puxa a outra. Começou nas artes plásticas, depois foi para a arquitetura. A arquitetura já trouxe em sua linguagem o conceito estético aliado a funções práticas. Ou seja, com linhas retas, cômodos amplos, sem muitos móveis, o ambiente fica naturalmente mais iluminado e com maior espaço de circulação, transmitindo tranquilidade, conforto e… liberdade! O pensamento minimalista propõe o apreço ao que nos é essencial. Assim como na arquitetura, ter espaços livres em nossas vidas, onde cada um possa se dedicar a si mesmo, seja meditando, tocando um instrumento musical, lendo um livro… não se prender ao consumismo compulsivo, não trabalhar obsessivamente, mas sim fazer viagens, conhecer pessoas e se conectar com tudo que lhe pareça positivo.

Polygons – Frank Stella (1974)

E olha que a gente está só arranhando a superfície aqui. Porque o conceito minimalista foi adaptado em todas as áreas. Na música existem eruditos como Phillip Glass, que incorporou o minimalismo em melodias simples, mesmo usando orquestrações, bem como o duo White Stripes, que tem toda uma linguagem minimalista, desde sua formação (guitarra e bateria) até a estética de seus discos, usando majoritariamente duas cores, inclusive, um dos melhores discos da dupla se chama De Stijl! Tá vendo? Tudo conectado, cara! Também tem escritores considerados minimalistas, que se fazem valer de palavras mais simples e uma estética mais apurada na impressão de suas obras. Esses autores estão mais vinculados à poesia concreta, como E. E. Cummings, Ezra Pound e os brasileiros Augusto de Campos e Décio Pignatari. Também tem o minimalismo na moda, que propõe o uso de roupas mais confortáveis, com estampas discretas, ou nenhuma estampa, e cores mais sóbrias, porém, nada imposto, mas sim proposto, entendendo que quem sabe o que é melhor para você é você mesmo. E ainda tem alimentação, yoga, tatuagens… o minimalismo está em tudo!

Double Nonsite – Robert Smithson (1968)

Então é isso. Já deu pra sacar que o minimalismo é liberdade! Sinta-se livre para usar e abusar dele. Você pode começar agora mesmo dando uma olhada nas nossas camisetas minimalistas. Que tal?

VAI FUNDO!

Para ouvir: Sempre presente nossa playlist com 10 tracks especialíssimas. Aqui temos um Top 10 de canções que trazem o minimalismo em seu DNA, seja na melodia, seja na estética dos discos.

Para assistir: The White Stripes Under Great White Northern Lights é um filme imperdível! Retrata a tour da dupla pelo Canadá com apresentações explosivas ao vivo e alguns depoimentos bem interessantes.

Para ler: Para quem curte poesia, o livro 2 ou + corpos no mesmo espaço (o título é assim mesmo, tudo em minúsculas… minimalismo, né) é muito saboroso! Do poeta e músico Arnaldo Antunes, este livro traz o olhar moderno e sensível do autor sobre uma época de muitas mudanças no mundo. Livro lançado pela editora Perspectiva em 1997.

Arte, pop e revolução.

Arte, pop e revolução.

A Segunda Guerra Mundial foi o evento mais importante do século XX. Com a vitória dos Aliados, os Estados Unidos despontou como grande potência mundial, o capitalismo foi alavancado em todo o ocidente e teve início a Guerra Fria. Mas a gente não está aqui pra falar de guerra, ter aula de história nem nada assim, né? Só que não dá pra falar de Pop Art de outra maneira. Na década de 1950 o mundo era só alegria, cara! A economia ia bem, não tinha nenhum ditador maluco ameaçando a paz mundial e a televisão se popularizou.

“O que torna as casas de hoje tão diferentes, tão atraentes?” Richard Hamilton – 1956

Enquanto os teóricos da comunicação vaticinavam termos como Cultura de Massa e Indústria Cultural,  os artistas plásticos mais jovens percebiam que não fazia mais sentido toda aquela subjetividade do expressionismo abstrato se a sociedade só queria saber de consumir tudo que era de fácil assimilação, enlatado e divulgado com excelência pela emergente e moderna publicidade. Uma turma do Instituto de Arte Contemporânea de Londres auto-intitulado Independent Group deu o pontapé inicial, em 1952, ao elaborar obras de arte usando ícones da publicidade, cores fortes e traços simples. Nascia a Pop Art, pelas mãos de Eduardo Luigi Paolozzi, Nigel Henderson e Richard Hamilton.

“Interior II” Richard Hamilton – 1964

Mas foi no começo dos anos 1960, em New York, que o bicho pegou mesmo! Um tal Andy Warhol lapidou o conceito e as técnicas dos ingleses e concebeu obras geniais que, ao mesmo tempo, encantam e incomodam. Com cores vivas e repetições, Warhol mostrava celebridades vazias, como Marylin Monroe e Elvis Presley, e rótulos de produtos que representavam a impessoalidade da produção em série, como a Coca Cola e a sopa Campbell. E Warhol não vinha sozinho. A Pop Art norte americana também contava com artistas incríveis como Roy Lichtenstein , James Rosenquist, Tom Wesselmann e muitos outros.

“Red Disaster” Andy Warhol – 1963

Foi uma verdadeira revolução. É só procurar em volta que você vai se ligar que a Pop Art está bem viva por aí. Seja em cartazes feitos com serigrafia, os lambe-lambe, os grafites coloridos pelos muros das grandes cidades… e, claro, em algumas galeria de arte mundo afora. Sem falar que foi um movimento que extrapolou a arte gráfica e influenciou a moda, o cinema e a música, em especial o surgimento do punk nova-iorquino. Afinal, Lou Reed era parceirão do Andy Warhol, que fez a capa icônica do primeiro disco do Velvet Undergound. A turma da Factory, o estúdio de Warhol, frequentava o legendário bar CBGB’s onde se apresentaram pela primeira vez Television, Blondie, New York Dolls e os Ramones. Era uma turminha da pesada.

“Campbell’s Soup Cans” Andy Warhol – 1962
“In The Car” Roy Lichtenstein – 1963

E foi assim que a arte e o pop se uniram e foram felizes para sempre.

VAI FUNDO!

Para ouvir: Confere lá no Spotify a nossa playlist Pop Art On The Rocks – Top 10, com 10 canções que representam muito bem este moveimento artístico.

Para assistir: Uma Garota Irresistíve (título original: Factory Girl). Ótimo filme dirigido por George Hickenlooper, conta a trajetória de uma das musas de Warhol Edie Sedgwick.

Para ler: Com o título direto e reto Pop Art, o historiador Tilman Osterwold concebeu um livro excelente contando as minúcias deste movimento artístico tão importante, desde seu surgimento na Inglaterra, até suas mais recentes manifestações.

A cara do pai.

A cara do pai.

Nada deixa um pai mais feliz do que ver seus filhos bem sucedidos na vida. Profissionalmente, dividem-se os pais que se enchem de orgulho de o filho ter trilhado os mesmos passos que eles, e os pais que acham que os filhos tinham que tomar rumos diferentes.  Mas no fim, se o rebento alcançou sucesso, a alegria sempre vai reinar. Na semana do dia dos pais, não há maneira melhor de homenagear os velhos do que falando da glória de seus filhos.

A música pop é um terreno muito prolífico nesta área. Muitos nomes consagrados do mundo pop tiveram filhos que seguiram o caminho dos pais e conseguiram êxito sem viver à sombra de seus progenitores. Um exemplo curioso é a cantora pop Miley Cyrus, filha do músico de country dos anos 1990 Billy Ray Cyrus, que apenas teve um hit de sucesso e ficou restrito à cena country norte americana, ao contrário de sua filha que ficou mundialmente famosa e coleciona hits. Também tem a Norah Jones, um fenômeno pop com suas baladas jazzy, filha do famosos Ravi Shankar, maior nome da música indiana. Sem falar da Nancy Sinatra, filha do grande Frank Sinatra, que conseguiu sair da imensa sombra de seu pai, construindo uma carreira de muito sucesso e, assim como seu velho, muitos excessos também. Também tem o filho de Bob Dylan, Jakob, que se firmou no cenário roqueiro com sua banda Wallflowers. Ainda na seara folk, Adam Cohen faz jus à obra de seu pai Leonard Cohen, lançando discos inspiradíssimos. Olha, a lista vai longe.

E, pra finalizar, nada mais justo do que falar dos melhores do mundo. John, Paul, George e Ringo também tiveram filhos que se tornaram músicos. Claro que no caso deles fica ainda mais difícil se livrar do peso de seus sobrenomes, mas todos eles conseguiram trilhar carreiras bem sucedidas, inegável, alguns que se fazendo valer de seus pais famosos pra dar um empurrãozinho aqui e ali. John teve Julian e Sean Lennon. Julian chegou a gravar alguns discos, mas não foi muito longe. Apesar de ter o timbre de voz marcante do pai, não tem o mesmo brilhantismo como compositor. Já Sean se deu melhor apostando na carreira de produtor musical. Ele foi responsável por apresentar ao mundo do século XXI uma das bandas mais inventivas dos anos 1960: Os Mutantes. Paul sempre foi o mais produtivo dos quatro, teve cinco filhos, sendo James McCartney o único homem, e também o único a seguir carreira na música. Multi instrumentista, ele tocou em vários discos de seu pai e lançou seu primeiro disco solo em 2011 com recepção morna de público e crítica. George teve apenas um filho, muito talentoso diga-se. Dhani Harrison é um ótimo guitarrista e se especializou em trilhas sonoras de filmes, além de ter tocado e produzido alguns dos discos solo do pai. Assim como George, Dhani é pouco afeito a exposição e tem uma vida tranquila. Ironicamente, o mais bem sucedido dentre os filhos dos integrantes dos Beatles é Zak Starkey. O filho de Ringo tornou-se um baterista requisitadíssimo. Foi membro da banda Oasis e fez várias turnês com o The Who, assumindo as baquetas de ninguém menos que Keith Moon.

Enfim, não tem presente melhor para um pai do que ver o sucesso de seus filhos. Mas se você já dá orgulho pro seu pai todos os dias do ano, neste dia dos pais, nada mais justo que você mostrar que conhece ele bem, e dar de presente uma camiseta que é a cara dele. Seu pai pode ser ligado em música, cinéfilo, amante das artes ou fazer o tipo moda minimalista, com certeza você vai achar a camiseta ideal. E pode deixar que a gente embrulha e envia, com direito a um cartão personalizado, com as suas palavras, ao finalizar a sua compra é só digitar sua mensagem no campo “observações”. Dá uma olhada aqui!

 VAI FUNDO!

Ouça nossa playlist no Spotify com 10 músicas de filhos de pais famosos – Just like dad – Top 10

Assista no YouTube a um dos excelentes shows da turnê de 2006 do The Who com Zak Starkey na bateria. – https://youtu.be/8kb9pYi90rw

Leia o ótimo livro Paul McCartney — A biografia, escrito pelo Philip Norman e lançado pela Companhia das Letras. Além de toda a história do Beatles, há ricos relatos sobre a criação de seus filhos.

Abaporu: Um banquete de arte!

Abaporu: Um banquete de arte!

Imagina a cena: Um dia frio de outono no ano de 1923 em Paris. Uma casa simples, em um bairro residencial da capital francesa, reúne alguns artistas para um almoço pouco convencional. Entre os convivas estão Pablo Picasso e Fernand Léger. O prato principal do almoço é uma brasileiríssima feijoada, com caipirinha acompanhando e tudo que se tem direito. A anfitriã e dona da casa é ninguém menos que Tarsila do Amaral. Parece loucura, né? Pablo Picasso comendo feijoada em Paris… mas aconteceu mesmo! E por conta dessa convivência com os bastiões do cubismo e surrealismo na Europa, Tarsila do Amaral voltou para o Brasil e foi essencial para o desenvolvimento do modernismo brasileiro e do famoso movimento antropofágico!

Em janeiro de 1928 Tarsila deu de presente de aniversário para seu marido, o escritor Oswald de Andrade, uma tela  que se tornaria uma das obras de arte mais famosas do Brasil em todo o mundo: O Abaporu. Este quadro foi o pontapé inicial do movimento antropofágico. O conceito da antropofagia vem dos rituais canibais indígenas pré-descobrimento, onde os índios brasileiros acreditavam que devorando seus rivais, absorviam suas qualidades. Sendo assim, os conceitos europeus de vanguarda artística que Tarsila do Amaral absorveu quando morou em Barcelona e depois em Paris foram incorporados a temas essencialmente brasileiros. Inclusive, abaporu em tupi significa homem que come.

Se o movimento antropofágico pregava a assimilação de culturas diferentes para reinventar a nossa própria arte, dá pra dizer que continuamos mais antropófagos do que nunca! Imagina você que o Abaporu pode ser uma capa de disco do Sonic Youth ou um cartaz de filme do Quentin Tarantino! E mais, isso está estampado numa camiseta! O cartunista gaúcho Adão Iturrusgarai é mestre em criar versões alternativas para grandes obras. Depois de recriar com seu traço marcante várias capas de discos clássicos, resolveu dar um passo adiante e fazer uma mistura ainda mais antropofágica, adaptando o Abaporu da Tarsila do Amaral em capas de discos e cartazes de filmes! Tudo isso para estampar uma série de camisetas especialíssimas da Strip Me! Um verdadeiro banquete de arte devorando arte pra você encher o peito!

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