O boteco é nosso!

O boteco é nosso!

Olha, se Deus é brasileiro a gente não sabe. Mas que Lavoisier nasceu no lugar errado, isso não há dúvida. Porque se tem uma coisa que brasileiro manja muito é transformar as coisas. A frase mais famosa dele devia ser assim: “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, principalmente no Brasil.”. Aqui nós fritamos o sushi, fizemos o cheque pré-datado, desenvolvemos o futevôlei, levamos pipoca do supermercado pra comer no cinema, temos pelo menos 14 feriados por ano… é muita coisa! Mas tem uma coisa genuinamente brasileira, que foi desenvolvida e sendo transformada ao longo do tempo, que é certamente um dos maiores patrimônios do país. Um espaço absolutamente livre e democrático, onde a percepção de tempo e espaço é distorcida, onde cheiros e sabores, de procedência muitas vezes desconhecida, são inebriantes, onde todo mundo tem lugar de fala, falando alto na maioria das vezes e onde aquele líquido amarelo-ouro reluzente, servido gelado num copo americano ou numa tulipa é o agregador mais eficiente do mundo. Se você ainda não entendeu, pode passar a régua, pagar a parcial e sair da mesa! Afinal, estamos falando do boteco! 

A história da cerveja você certamente já conhece, pelo menos superficialmente. Vem lá dos sumérios seis mil anos atrás, que fermentavam cereais e bebiam, dava um barato gostoso, depois vieram os monges, a lei de pureza alemã… e cá estamos. Agora, o boteco, este templo dionisíaco simplificado, este capeta em forma de guri, veio sendo moldado ao longo do tempo. Lá na Grécia Antiga, tempo dos filósofos como Aristóteles e Platão, ainda não existia nada parecido com o conceito de bar. Os homens se reuniam em casa mesmo, convidavam a turma para tomar vinho e falar sobre filosofia, esportes (lembre-se que os jogos olímpicos nasceram lá) e outros assuntos. Eles chamavam essas reuniões de “symposium”, e devia ter uma aura bem parecida com o boteco. Depois a palavra acabou sendo designada para encontros acadêmicos para estudos. Sempre tem uns nerds pra desvirtuar o rolê… enfim. Já na idade média, as hospedarias e estalagens onde pernoitavam mascates, caixeiros viajantes, marinheiros e etc sempre tinham um salão onde eram servidas refeições e bebidas. Com o tempo, esses lugares passaram a se tornar populares entre cidadãos que queriam se embriagar, descolar um rabo de saia e até mesmo conspirar contra o reino sem chamar a atenção. Algumas dessas hospedarias passaram a abandonar esse negócio de hospedagem e passaram a só servir bebida e comida. Surgem as tavernas, que evoluíram para os bares. 

Mas, convenhamos, bar ou pub nenhum no mundo se compara ao nosso bom e velho boteco. Que, é claro, tem uma origem peculiar. Até a chegada da família real em 1806, o brasileiro não tinha o hábito de beber. Eram poucos os estabelecimentos como hospedarias ou tavernas. Até porque a vida era essencialmente rural e não existia uma classe média urbana. Foi só com a chegada da corte portuguesa que o país começou a ter mais influência de costumes culturais e sociais europeus. Entre o fim do século dezenove, começo do século vinte, não existiam supermercados, existiam pequenas mercearias, mercadinhos, que eram conhecidos como bodegas. Em algumas dessas bodegas, em fins de tarde, alguns homens saíam do trabalho e passavam ali para comprar um pão pra levar pra casa e aproveitavam para comprar uma garrafa de cachaça e dividiam entre eles, batendo papo. Alguns donos dessas bodegas sacaram isso e começaram a vender outras bebidas e colocar umas mesinhas e cadeiras por ali. A coisa se popularizou, e na linguagem popular, a bodega evoluiu pra boteco. 

Já nos anos 30, os botecos, carinhosamente apelidados de botequins, ganharam o formato que conhecemos hoje. Lugares pequenos, com um balcão simples, prateleiras repletas de garrafas, algumas mesas e cadeiras, que se tornavam ponto de encontro de pequenos grupos de homens que moravam e/ou trabalhavam na redondeza. Foi graças a botecos como estes que Tom Jobim e Vinícius de Moraes se conheceram, que Adoniran Barbosa conseguiu ingressar no rádio e tantos outros acontecimentos se realizaram. Foi por causa de um boteco, hoje tradicionalíssimo, que alguma coisa aconteceu no coração de Caetano Veloso, no cruzamento da Ipiranga com a avenida São João. De Noel Rosa a Reginaldo Rossi, todo mundo já cantou sobre o boteco, ele já faz parte da nossa cultura. Como nem todo boteco é igual, separamos três categorias distintas de botecos. 

Tem o boteco raiz mesmo, aquele de bairro. É aquele em que das três ou quatro mesas existentes, cada uma é de uma cor, com uma marca de cerveja diferente, sempre tem uma televisão pendurada passando um jogo de futebol, tem dois ou três tiozinhos eternamente escorados no balcão intercalando doses de cachaça e cerveja, no balcão tem um suporte com aqueles salgadinhos de marca desconhecida, um pote engordurado cheio de um líquido turvo onde repousam ovos cozidos, ao fundo uma prateleira cheia de garrafas das mais variadas bebidas, em volta das mesas grupos de jovens adultos tomando cerveja e conversando animadamente e ao fundo, vindo de uma caixinha de som estourada, ouve-se modas de viola e música sertaneja em geral. Botecos raiz com uma infraestrutura um pouco melhor, contam também com uma mesa de sinuca e oferecem uma variedade um pouco maior de marcas de cerveja. 

Tem também o bar moderno, uma evolução do boteco. É um lugar mais amplo, com muitas mesas, todas iguais, normalmente de madeira, as mesas estão dispostas na parte externa, que pode ser uma varanda ou a calçada, e na parte interna, bem decorada, com luminárias e fotos antigas emolduradas e penduradas na parede. Tem um vasto cardápio de porções e petiscos, bem como várias marcas de cerveja, sem contar os drinques que podem ser feitos à base de gin, saquê, vodca ou cachaça. Ah, sim, e sempre tem pelo menos uma opção de chopp. Costuma ter música ao vivo depois das oito da noite, e mesmo quando é música ambiente, invariavelmente prevalece a MPB, e Djavan reina absoluto. 

E tem o boteco padrão, que não é nem lá e nem cá. É um lugar despojado. Não tem decoração, a maior parte das mesas fica na calçada, o cardápio é uma folha de papel plastificada com meia dúzia de opções, que variam entre torresmo, frango à passarinho, pastel e espetinhos variados. A cerveja é sempre muito gelada e tem várias marcas. Não tem música ao vivo, o que toca na caixa de som varia entre pagode e sertanejo. Os clientes se tornam tão frequentes que os dois únicos garçons do estabelecimento já conhecem quase todo mundo pelo nome. Para muita gente, tais estabelecimentos são conhecidos como “o melhor lugar do mundo”. 

  Como foi dito no começo do texto, os botecos são lugares totalmente democráticos, porque é onde é possível se falar sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo. Problemas econômicos e políticos do país são resolvidos entre piadas de gosto duvidoso. Discussões infinitas sobre futebol são travadas, mas também é possível se falar sobre cinema europeu, relacionamentos amorosos, viagens, curiosidades, combinar churrascos… tudo com a mesma leveza. Também são lugares onde o tempo e espaço são distorcidos. Afinal como é possível você chegar lá seis da tarde, sentar, começar a conversar, tomar umas três ou quatro cerveja (aparentemente) e de repente já ser dez da noite? E mais. Como é possível que uma mesa que começou com três pessoas às sete da noite, às nove já tenham em volta da mesma mesa 14 pessoas? Não dá pra entender! Mas é a mágica do boteco. 

É o lugar onde tudo é permitido. A pessoa que está de dieta, ao entrar no boteco, fica automaticamente liberada para comer um torresmo bem fritinho e tomar uma caipirinha, vá lá, com adoçante. É onde a pessoa que leva a cerveja até você ganha os mais variados títulos e adjetivos: “Ô mestre, vê mais uma aqui!” “Campeão, traz mais uma e dois copos!” ”Professor, fecha aqui pra nós!” “Amigão, me vê um cu de burro!” “Meu consagrado, traz aquela cachacinha!”. O boteco é sim um templo. Não religioso, mas espiritual, onde após toda uma semana de stress, cansaço, irritação, esforço e preocupações, você vai para descarregar isso tudo das costas e celebrar as coisas simples e deliciosas da vida, ao lado de pessoas que você genuinamente gosta, admira, se identifica e te faz bem ter do lado. A mesa do bar é tudo que a dinâmica de grupo, do RH da firma, queria ser, mas não consegue. 

O boteco é coisa nossa! Faz parte da nossa identidade e da nossa cultura. Cultura pop tupiniquim, alegria, diversidade e amizade! Tudo que a Strip Me faz questão de celebrar e espalhar mundo afora, através de camisetas com estampas deliciosas e malemolentes fazendo referência aos botecos e à cervejinha nossa de cada sextou. E não é só isso, tem camiseta de música, arte, cinema, cultura pop em geral e muito mais. Dá uma olhada lá na nossa loja, aproveita pra salvar o endereço e voltar sempre pra ir conferindo os lançamentos que vão pipocando. 

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist no capricho pra você sentar e relaxar tomando uma gelada, com o que há de melhor sobre boteco! Música de Boteco top 10 tracks

Para assistir: A encarnação do clima de boteco está impressa no irretocável curta metragem Tarantino’s Mind. Aqui Selton Mello e Seu Jorge conversam sobre teorias e códigos envolvendo os filmes de Quentin Tarantino. E fazem isso onde? No único lugar possível, claro! Na mesa de um boteco! O filme é escrito e dirigido por Bernardo Dutra e Manitou Felipe e foi lançado em 2006. E está completinho no Youtube. É só clicar aqui

Stranger Things & Amazing Tracks

Stranger Things & Amazing Tracks

 

O ano de 2016 foi uma loucura! Sem mais nem menos fomos arrastados para um mundo invertido, onde não existe internet, nem telefone celular, onde as crianças se divertem em grupos nas ruas andando de bicicleta e onde polainas, mullets e blazers com ombreiras são vistos com muita naturalidade. Em resumo, este mundo invertido se chama 1983. E quem nos arrastou para este mundo não foi nenhum monstro sobrenatural, mas sim a toda-poderosa Netflix, ao colocar no ar a série Stranger Things

A série produzida pela Netflix foi sucesso absoluto logo de cara. Também, pudera. Tudo ali foi pensado para agradar os mais jovens e os não tão jovens. Pra começar, é claro, um roteiro brilhante. O texto é envolvente, os personagens são carismáticos e o elenco escolhido para dar vida aos personagens foi certeiro. Ao invés de apostar em nomes famosos, o elenco é todo muito jovem e pouco conhecido, e entregam uma atuação excelente. Mas o pulo do gato mesmo foi unir uma trama instigante com a ambientação da história no início dos anos 80, o que permitiu que a série viesse abarrotada de referências à cultura pop, que pegou em cheio a maior parte do público que consome material da Netflix: adultos de trinta e poucos, quarenta anos de idade, e que viveram aquela época. Nessa pegada, a série tem toda uma estética que remete aos filmes do Steven Spielberg como E.T. – O Extraterrestre e Contatos Imediatos de Terceiro Grau e um texto com a linguagem jovem da J. K. Rowling e o suspense de Stephen King. 

Desde a primeira temporada de Stranger Things, um fenômeno interessante aconteceu. Algumas músicas incluídas na trilha sonora da série bombaram de maneira extraordinária nas plataformas de áudio. Claro, são músicas consideradas clássicas, que fizeram muito sucesso em sua época. Mas que ao serem apresentadas às novas gerações, caíram no gosto da turma mais nova. Ao longo de todas essas temporadas isso aconteceu. Mas nesta quarta temporada, lançada neste ano, a surpresa acabou sendo maior por conta de duas músicas. Uma que estava realmente esquecida e outra que pertence a um gênero que nunca teve muita penetração no mundo pop. Pra relembrar a série, desde a primeira temporada até hoje, e já criar aquela expectativa para o que virá na quinta temporada, que já está confirmada, nós selecionamos 10 dessas músicas para falar um pouquinho sobre elas e montar aquela playlist matadora. 

Peraí! Fazer um Top Ten tracks de Stranger Things é sacanagem, né… o mais certo é faz um Top Eleven tracks. Agora sim. Segue o baile.  

Should I Stay or Should I Go – The Clash 

É a música mais famosa do Clash, um verdadeiro hino do punk rock e, com certeza, não é uma música que estava esquecida. Mas claro que já faz tempo que nem a música e nem a banda ganhavam tantos holofotes. Mas ao ser incluída e ganhar relevância na trama, a música foi pras cabeças nos players mundo afora. A música está no disco Combate Rock, de 1982, e, na série, é um dos elos entre os irmãos Jonathan e Will Byers. 

Africa – Toto 

Africa é a música mais famosa da banda Toto. Na época em que foi lançada, fez um sucesso estrondoso! Tocava em tudo quanto é lugar. Mas como boa parte do pop açucarado do início dos anos 80, a música perdeu força com o passar dos anos. Ficou praticamente esquecida, sendo tocada apenas naquelas festas temáticas dos anos 80, que ficaram populares na primeira metade da década de 2000. A canção faz parte do disco Toto IV, lançado em 1982, e embalou uma cena romântica entre Nancy e Steve. Por conta dessa cena, a música teve um repentino aumento vertiginoso de acessos no Youtube e nas plataformas de streaming. 

Hazy Shade of Winter – The Bangles 

Além de ser uma baita música boa, esta canção entrou nesta lista simplesmente para mostrar o impacto que a série causou. Hazy Shade of Winter foi escrita pela famosa dupla Simon & Garfunkel em 1966, uma canção tipicamente folk, com violão marcante e dobras de vocal. Em 1987 a banda The Bangles, famosa na época pelo hit Walk Like an Egyptian, e posteriormente pela bela balada Eternal Flame, fez uma versão da música de Simon & Garfunkel para ser incluída na trilha sonora do filme Abaixo de Zero, longa nada memorável estrelado por Andrew McCarthy, Robert Downey Jr. e James Spader. A versão empolgante, cheia de guitarras e sintetizadores da banda fez enorme sucesso na época. Mas ficou por isso mesmo. Provavelmente ninguém lembrava dessa música em 2016. Até que ela foi incluída nos créditos do segundo episódio da primeira temporada de Stranger Things. Ela não fez parte de nenhuma cena importante, só tocou nos créditos, no fim do episódio. E mesmo assim, bombou internet afora! 

Rock You Like a Hurricane – Scorpions 

A segunda temporada de Stranger Things veio encharcada de hard rock. Primeiro porque a história se passa em 1984, época em que o gênero estava no auge, com bandas como Mötley Crue, Van Halen e etc. Segundo porque tinha tudo a ver com o personagem Billy, irmão da Max. Rock You Like a Hurricane tocou na primeira cena em que os dois irmãos aparecem na série, logo no início da segunda temporada. O mesmo impacto que Billy causou nas garotas da cidade de Hawkins, a música causou nos fãs da série em 2017, 33 anos depois de ela ser lançada, no disco Love at First Sting, da banda alemã Scorpions, em 1984. 

Time After Time – Cindy Lauper 

Mas nem só de rocks afetados viveu a segunda temporada da série. Justamente no final da temporada, embalando aquele famoso baile de formatura de colégio, que tem em tudo quanto é filme teen dos anos 80, lá estava a clássica música Time After Time, da Cindy Lauper, para servir de trilha sonora para emocionante cena da dança entre Dustin e Nancy. Lógico que a cena foi sucesso absoluto e elevou a música a hit novamente. A música faz parte do disco de estreia de Cindy Lauper, She’s So Unusual, lançado em 1983. Um disco absolutamente clássico, diga-se, que traz ainda o hit maior da cantora, Girls Just Want To Have Fun. 

Every Breath You Take – The Police 

Na sequência de Time After Time, no mesmo baile, ainda toca este clássico monumental do Police para servir de trilha sonora para o inesquecível primeiro beijo, no caso, entre os casais Max e Lucas e Eleven e Mike. A música também tocou como nunca internet afora em 2017, assim como em 1983, quando foi lançada no disco Synchronicity. Every Breath You Take toca na última cena da segunda temporada, encerrando com classe e deixando um baita suspense no ar.  

Material Girl – Madonna 

É verdade que toda a série é suco de anos 80 pra ninguém botar defeito. Mas na terceira temporada a coisa meio que sai do controle. O ano agora é 1985, o hard rock dá lugar ao pop e até mesmo uma ameaça russa é incorporada na trama. Material Girl obviamente é uma das mais icônicas músicas de toda a carreira da Madonna, e uma música que exprime muito bem a aura ególatra e capitalista dos Estados Unidos nos anos 80. A música toca numa cena divertidíssima em que Max e Eleven vão fazer compras. A cena é o puro creme dos anos 80. A canção, que foi sucesso absoluto, está no emblemático segundo disco da Madonna, Like a Virgin, de 1984. Em 2019, depois de rolar na série, a música virou hit no Tik Tok. 

American Pie – Don McLean 

Esta música pode ser considerada um daqueles standards da música norte americana. Foi a primeira música a chegar ao número 1 da Billboard tendo mais de 8 minutos de duração. Lançada em 1971 no disco também chamado American Pie, a canção, supostamente, fala sobre o fatídico dia 3 de fevereiro de 1959, o dia em que a música morreu. Não dá pra dizer que em 2019, quando a terceira temporada foi lançada, American Pie era uma música esquecida, até porque vira e mexe ela aparece em trilhas sonoras de filmes e séries por aí. Mas também foi constatado um aumento nas buscas e plays da música depois que ela tocou ao fundo da cena em que Billy e Heather sequestram os pais dela. 

The Never Ending Story – Limahl 

A canção foi escrita por encomenda para o filme de mesmo título, lançado em 1984. O compositor da canção é ninguém menos que Giorgio Moroder. Limahl, o intérprete, é britânico, foi vocalista de uma pequena banda de new wave e teve uma carreira solo de relativo sucesso na Europa. Esta sim é uma música que estava esquecida. Os criadores da série foram muito felizes ao resgatar essa pérola e colocar para Dustin e Suzie fazerem um emocionante dueto via rádio amador. A cena em si é linda e viralizou! A música disparou e teve regravações e diferentes interpretações, inclusive nesses reality shows de cantores amadores. Foi um tiro mega certeiro! 

Running Up That Hill – Kate Bush 

Assim como Should I Stay or Should I Go foi o fio condutor de Will na primeira temporada, Running Up That Hill faz essa função para Max. A música é apresentada como a favorita da personagem logo de cara e depois volta a ser fundamental para que ela saia de uma espécie de transe. A questão é que Kate Bush andava meio reclusa, longe dos holofotes. Apesar de sempre ter sido uma prolífica compositora, de muito talento, fez sucesso ente os anos 80 e 90, mas nunca foi um grande nome pop. Running Up That Hill, além de ser uma música linda, entrou como uma luva nas cenas da personagem e com a estética retrô. O estouro da música depois de aparecer na série foi inacreditável. Chegou ao número 1 de execuções no Reino Unido, os perfis da cantora nas diferentes redes sociais aumentaram vertiginosamente, entrou em trending topics e o escambau. 

Master of Puppets – Metallica 

Não dá pra dizer que Master of Puppets é uma música famosíssima. Mas, sem dúvida, dentro do nicho do metal, ela é um clássico absoluto. Para boa parte dos fãs, Master Of Puppets, o disco, é melhor da banda e o último que conta com Cliff Burton no baixo. Mas nem o mais otimista dos metaleiros acreditaria que 36 anos depois de lançada, a música cairia no gosto popular e seria ouvida por jovens acostumados a ouvir Drake e Justin Bieber! Mas foi o que aconteceu. Depois de a música ser tocada na épica cena em que o personagem Eddie a interpreta em sua guitarra, a música passou a ser incessantemente buscada nas redes e pela internet afora. Uma das mais agressivas músicas do Metallica, cuja letra fala sobre o abuso de drogas, viralizou em pleno 2022. Parabéns a todos os envolvidos. 

Uma série bem escrita, super bem produzida, com uma enxurrada de referências à cultura pop e uma trilha sonora arrebatadora merece menção honrosa e estampas exclusivas aqui na Strip Me. E assim como a própria série, a Strip Me apresenta camisetas com estampas de música, arte, cinema, cultura pop e muito mais, tudo com muita personalidade, criatividade e bom gosto. Se liga na nossa loja e fica de olho nos lançamentos que sempre pintam por lá. 

Vai fundo! 

Para ouvir: A playlist prontinha com as músicas citadas neste post! Stranger Things Eleven Top Tracks

Para assistir: Steven Spielberg produziu e J. J. Abrams escreveu e dirigiu este filme que tem tudo a ver com a estética e linguagem de Stranger Things, provavelmente até deve ter servido de inspiração. Super 8 é um filme bem divertido e empolgante, lançado em 2011, de um grupo de amigos que presenciam um acidente de trem e passam a investigar acontecimentos misteriosos. Amizade, mistério e pitadas de bom humor. Está tudo lá. Vale a pena assistir. 

Para ler: Uma obra que certamente inspirou os criadores de Stranger Things é o livro (que virou filme, claro) Carrie, A Estranha. O primeiro livro de sucesso do gênio do suspense e terror Stephen King, lançado em 1974, conta a história de uma garota tímida, com problemas na escola, sem muitos amigos e que tem poderes tele cinéticos. É uma obra prima! Você acha facilmente a edição muito bem feita graficamente da editora Companhia das Letras. 

10 Curiosidades sobre Adoniran Barbosa

10 Curiosidades sobre Adoniran Barbosa

Mitologia é a ciência que procura a explicação dos mitos, que têm um caráter social desde sua origem e só são compreensíveis dentro do contexto geral da cultura em que foram criados. Quando falamos de mitologia, o primeiro impulso do nosso cérebro é nos remeter à Grécia Antiga, Hércules, Ícaro, Minotauro… Mas a criação de mitos acompanha a humanidade até hoje. Na cultura contemporânea temos vários exemplos. E os principais deles são mitos autoconcebidos. Ou seja, são pessoas que conseguiram criar uma mitologia em torno de si, que fizeram com que a sua existência seja surreal, onde verdade e mentira não só se confundem, mas se tornam irrelevantes. Bob Dylan, Andy Warhol, Lou Reed, Bukowski, Jim Morrison, Andy Kauffman, Kurt Cobain… todos tem em comum a contradição em suas histórias de vida. Todos eles, mais de uma vez, mentiram ou exageraram alguns “fatos” de sua vida para alimentar o mito em torno de si, mesmo que isso tenha sido feito involuntariamente. Ter isso em mente é fundamental para entender quem foi João Rubinato. E quem ainda é, e sempre será, Adoniran Barbosa

A cidade de São Paulo é uma das maiores do mundo. Seria inaceitável que uma cidade dessa magnitude não tivesse sua própria mitologia. Desde seu surgimento, com o os jesuítas no pátio do colégio até a concepção da antropofagia às voltas do teatro municipal. Deuses da chuva, Demônios da Garoa, os crimes do Notícias Populares e os punks Inocentes. Mas com certeza, o mais representativo mito paulistano é Adoniran Barbosa. O chapéu de abas curtas, o olhar cansado, o fino bigode por cima de um sorriso tímido e a gravata borboleta completando com graça e um ar de nostalgia a imagem do homem que viu São Paulo crescer, e contou como ninguém as histórias de seus habitantes. 

Mais do que isso, Adoniran Barbosa é um dos mais importantes sambistas do Brasil. Com personalidade e bom humor, criou um estilo único, de fazer samba. Dono de uma biografia longa e cativante, permeada de percalços e conquistas, Adoniran Barbosa deve ser reconhecido como um grande artista. Por isso, trouxemos aqui 10 curiosidades essenciais e interessantes para você conhecer melhor o inigualável Adoniran Barbosa. 

Adoniran Barbosa no centro de São Paulo – Foto: Luiz Novaes (sem data)

O Nome 

Ele nasceu em Valinhos (SP) e foi batizado João Rubinato. Já adulto, morando em São Paulo, tinha o sonho de ser um grande cantor, como Orlando Silva. Após participar de alguns concursos de calouros sem ganhar nada, atribuiu seu fracasso ao seu nome, sem carisma ou charme de sambista. Achava bonito e sonoro o nome de um de seus amigos: Adoniran. E admirava muito um sambista de muito sucesso nos anos 30, Luiz Barbosa. Juntou os dois e pronto. João Rubinato passou a se apresentar como Adoniran Barbosa. E não é que funcionou? Em 1935 ganhou o primeiro lugar interpretando um samba de Noel Rosa e, de quebra, passou a ter passe livre nas rádios paulistanas. 

Adoniran Barbosa, o ator 

Não foi por causa do nome sem carisma e nem por conta do mero acaso que Adoniran Barbosa não vencia os concursos de calouros. Ele simplesmente não cantava bem. Tinha uma voz fraca, mas tentava cantar como Francisco Alves ou Orlando Silva. Mas quando, graças a um samba de Noel Rosa, Adoniran conseguiu emplacara uma interpretação convincente, ganhou acesso às rádios de São Paulo. Procurando insistentemente trabalho como cantor, nunca conseguia nada. Até que, por conta de seu bom humor, acabou sendo convidado para atuar numa esquete, como radio ator. Todo mundo adorou sua performance e a carreira de ator acabou vingando. Antes de ser conhecido como sambista, Adoniran Barbosa foi muito conhecido como ator. 

Osvaldo Moles e Adoniran Barbosa – Foto: acervo Folhapress (sem data)

A criação de Adoniran Barbosa 

É verdade que foi o próprio João Rubinato quem escolheu o nome Adoniran Barbosa. Mas a persona pela qual o nome ficaria eternamente conhecido foi concebido por outra pessoa. Em 1941 Adoniran Barbosa conhece o roteirista, escritor e jornalista Osvaldo Moles, na Rádio Record. Os dois se tornam amigos e passam a trabalhar juntos. Moles era prodígio em criar histórias engraçadas, tendo como pano de fundo a realidade e o dia a dia, e, principalmente, conseguia criar personagens fantásticos, caricaturas brilhantes dos tipos mais comuns, em especial das classes mais pobres. E Adoniran Barbosa soube como ninguém dar vida a estes personagens. Assim nasceram o taxista italiano Giuseppe Perna Fina e o emblemático Charutinho, um mulato malandro e preguiçoso do Morro do Piolho, favela fictícia da cidade de São Paulo criada por Moles. A mistura do português com carregado sotaque italiano do taxista com o português coloquial e cheio de erros de Charutinho, não só tornaram Adoniran Barbosa famosíssimo na época, mas também fez com que o mesmo se apropriasse do jeito de falar e das filosofias de vida de tais personagens para si mesmo. Surgindo assim o Adoniran Barbosa que dizia “peguemo tudo as nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição”. 

O fracasso de Saudade da Maloca 

Pois é. Saudosa Maloca está entre as músicas mais conhecidas e representativas de Adoniran Barbosa. Quando a música foi composta, Adoniran ainda era reconhecido somente como ator do rádio, mas já compunha alguns sambas para outros artistas interpretarem. E nisso também era bem sucedido. Já tinha emplacado pelo menos dois sambas de sucesso: Dona Boa e Malvina. Em 1951 o próprio Adoniran resolve gravar um samba que acabara de compor, sobre um trio de desabrigados que viram sua maloca, uma casa abandonada onde viviam, ser demolida. A música foi lançada com o título Saudade da Maloca e passou totalmente despercebida pela crítica e público. 4 anos depois, o grupo Demônios da Garoa, de quem Adoniran já era amigo e parceiro musical, foi convidado para tocar no programa de rádio do Manoel da Nóbrega, o pai do Carlos Alberto, aquele da Praça… No ensaio, antes do programa, o conjunto tocou de brincadeira a tal música da maloca, mas com certa leveza, fazendo os famosos cascasculás, destoando do tom triste da letra. Manoel da Nóbrega recomendou que o grupo gravasse a música, que seria sucesso. Dito e feito! Rebatizado de Saudosa Maloca, os Demônios da Garoa fizeram daquele samba triste de Adoniran Barbosa um dos maiores sucessos da música brasileira. 

Capa do compacto Saudosa Maloca, lançado em 1955 pelos Demônios da Garoa

Os Demônios da Garoa 

O grupo começou a se apresentar como conjunto de apoio de cantores nas rádios de São Paulo em 1943. Pouco depois já passou a ganhar destaque por conta própria. Mas ainda sem extrapolar as fronteiras de São Paulo. Em 1949 conheceram Adoniran Barbosa nos bastidores da Rádio Record, surgindo de imediato uma grande amizade entre os músicos e o então ator. Adoniran sempre mostrava para os Demônios da Garoa suas composições. Em 1951 nasce a primeira parceria do grupo com Adoniran Barbosa: Os Demônios da Garoa gravam Malvina. Sucesso absoluto. Em 1952 eles gravam Joga a Chave, samba de Adoniran em parceria com Osvaldo Moles. Sucesso absoluto também. Desde então, a grande maioria dos sambas de Adoniran Barbosa foram gravados pelos Demônios da Garoa, sempre com grande êxito comercial. Porém, a parceria não deu certo nos palcos. Isso porque Adoniran Barbosa queria dividir os cachês meio a meio: 50% para ele e 50% para ser dividido entre os 5 integrantes do conjunto. Depois de muita briga e discussão, a parceria nos palcos teve vida curta e fim irremediável, mas a amizade permaneceu, bem como a parceria de Adoniran como compositor e os Demônios da Garoa como intérpretes. 

Demônios da Garoa e Adoniran Barbosa – Foto Acervo Universal Music (sem data)

4 versões de Arnesto 

Samba do Arnesto é um dos maiores sucessos de Adoniran Barbosa. A divertida música que narra um desencontro, um compromisso desmarcado sem aviso prévio, é uma das muitas histórias de Adoniran Barbosa com diferentes versões, já que ele sempre dizia que suas músicas eram todas sobre histórias verdadeiras, que ele viveu ou viu acontecer. Acontece que ao longo dos anos, em entrevistas Adoniran contou versões bem diferentes da tal história do Arnesto. Em uma delas, ele diz que havia sido convidado para um almoço e uma roda de samba na casa do tal Arnesto, mas chegando lá não tinha mais comida e ele, Adoniran, e seus amigos de samba acabaram ficando na fome, assim nasceu o samba. Já em outra entrevista Adoniran conta que o tal Arnesto contratou Adoniran e seu grupo para tocar num baile no Brás, e que quando chegaram, não tinha baile nenhum, e essa situação o inspirou a escrever o samba. Em uma outra entrevista, provavelmente cansado de responder à mesma pergunta, respondeu que não existia Arnesto nenhum, e que ele inventou a história toda. E, por fim, a verdadeira história: Adoniran Barbosa conheceu Ernesto Paulelli no início dos anos 40. Ao se conhecerem, Ernesto entregou seu cartão de visitas para Adoniran, que de cara leu em voz alta: “Arnesto Pauleli”. Ernesto respondeu: “Não não. É Ernesto, com E.”. E Adoniran: “Ah, não. Arnesto é melhor. Ainda vou fazer um samba com o seu nome.”. E acabou fazendo mesmo. Só que o Ernesto nunca convidou o Adoniran para ir na sua casa. Casa esta, aliás, que fica na Mooca, e não no Brás, como diz a música. 

Ernesto Paulelli, o ‘Arnesto’ do samba de Adoniran Barbosa, com a partitura da música autografada pelo autor. Foto de Thiago Bernardes/Folhapress

O Trem das Onze vai ao Rio 

Contradizendo drasticamente sua afirmação de que todas as suas músicas são histórias verdadeiras, Adoniran Barbosa não era filho único, e foi ao bairro do Jaçanã uma ou duas vezes na vida, e de carro. Ainda assim, Trem das Onze é seu maior e mais consagrado sucesso. Um samba simples, de melodia arrebatadora e letra lamurienta. Certa feita, o gênio da nossa literatura, Vinícius de Moraes, que também era sambista, além de carioca, fez uma inconsequente afirmação: “São Paulo é cemitério do samba.”. Era sua maneira de exaltar o ensolarado samba carioca, considerando-o maior que os sambas feitos em São Paulo. Pois não é que em 1964, ano em que o Rio de Janeiro celebrava seus 400 anos de fundação, o samba mais tocado no carnaval carioca foi justamente Trem das Onze? É verdade! Trem das Onze ganhou todos os prêmios naquele ano, incluindo o Prêmio de Músicas Carnavalescas do IV Centenário do Rio de Janeiro. A música fez tanto sucesso que extrapolou o Brasil e ganhou uma versão em italiano na voz de Riccardo del Turco, famoso cantor na época. Na versão italiana, a canção ganhou o título Figlio Unico e vendeu muitos discos. Claro que Adoniran Barbosa sempre afirmou que não ganhou nenhum centavo, o que pode ser tão verdade quanto o fato de ele ser filho único e ter morado no Jaçanã. 

Capa do compacto de Trem das 11, lançado em 1964 pelos Demônios da Garoa

Ressurgimento com Elis Regina 

Apesar de suas músicas fazerem muito sucesso, Adoniran era apenas o compositor. Quem aparecia e ganhava dinheiro fazendo shows e vendendo discos eram os intérpretes, na maior parte das músicas, os Demônios da Garoa. Até metade dos anos 60 o sustento e a fama de Adoniran vinham de seu trabalho como ator, principalmente na Rádio Record, e também, esporadicamente em novelas na TV e em um ou outro filme. Em 1967 seu grande amigo e roteirista, Osvaldo Moles, comete suicídio. A morte de Moles abala muito Adoniran. Pra piorar, sem os textos de Moles, Adoniran acaba demitido da rádio. Com quase 70 anos de idade, com problemas financeiros e saúde comprometida Adoniran Barbosa passa pela década de 70 esquecido. Mas em 1978 Elis Regina, sem dúvida a maior cantora do Brasil na época, no auge do sucesso, se interessa em gravar os sambas de Adoniran. É promovido então um encontro entre os dois, num botequim no bairro do Bixiga, tudo filmado. É um vídeo antológico! Dois anos depois, em 1980, Adoniran e Elis gravam juntos o samba Tiro ao Álvaro, música composta por Adoniran no início da década de 60, em parceria com o falecido Osvaldo Moles. A música foi sucesso retumbante e elevou o nome de Adoniran Barbosa novamente em toda a mídia. Numa triste coincidência, os dois morreriam 2 anos depois do lançamento de Tiro ao Álvaro. Elis morreu em janeiro de 1982, com apenas 36 anos de idade, e Adoniran morreu em novembro do mesmo ano, com 70 (ou 72) anos de idade. 

Um torresmo à milanesa 

Um dos últimos parceiros na música de Adoniran Barbosa foi o, então jovem, músico Carlinhos Vergueiro. Eles se conheceram em meados dos anos 70, Vergueiro já era fã de Adoniran. A música mais famosa que a dupla compôs é um samba chamado Torresmo à Milanesa. Quando o samba foi escrito, no balcão de um boteco no centro de São Paulo, a dupla escreveu o refrão da música que era uma conversa entre trabalhadores na hora do almoço: “O que é que você trouxe na marmita, Dito? Trouxe ovo frito. Trouxe ovo frito. E você, Beleza, o que é que você trouxe? Arroz com feijão e bife á milanesa, da minha Teresa.”. Quando foram gravar a música, Vergueiro conta que Adoniran chamou ele de lado e disse: “Quando for cantar, não canta bife não. Canta torresmo à milanesa.”. “Mas por que isso, Adoniran?” Sorrindo, Adoniran Barbosa disse “Porque não existe torresmo à milanesa!”. Quando a música já estava sendo gravada, Adoniran Barbosa mais uma vez interrompeu e chamou Carlinhos Vergueiro. Adoniran disse: “Vorta a fitinha, Carlinhos, grava de novo. Quando você cantar, canta “UM torresmo à milanesa.” “Um torresmo? Mas por que, Adoniran?” E Adoniran respondeu profundo; “Porque é muito mais triste, porra.”. 

Capa do primeiro disco solo de Adoniran Barbosa, lançado em 1974.

O mini mundo de João Rubinato 

Adoniran Barbosa inventou o que seus amigos chamavam de boemia matutina. Adoniran acordava e andava pelo velho centro de São Paulo parando em um e outro botequim pra tomar um uisquinho, depois ia bater papo com os amigos na Rádio Eldorado, onde aproveitava para tirar um cochilo de uma hora, mais ou menos, no sofá da recepção da rádio. No fim da tarde, ele já estava de volta em casa. No fundo de sua casa, ele mantinha uma oficina, onde criava de tudo em miniatura. Ele fazia trens elétricos, parques de diversões inteiros, com carrossel, tobogã e tudo o mais. Ele fazia tudo à mão, com pedaços de lata, madeira e tinta, com pouquíssimas ferramentas. Ele não mostrava isso pra ninguém, era seu hobby secreto e uma de suas paixões. Além de ator e sambista, Adoniran Barbosa era um hábil e talentoso artesão. 

Adoniran Barbosa é um dos artistas mais representativos da música brasileira. Sua música e sua história de vida, que se misturam com o crescimento desenfreado da cidade de São Paulo e com a modernização das comunicações, a passagem do rádio para a TV, a evolução da música popular, tudo isso faz com que seja indispensável que Adoniran Barbosa não tenha garantido seu espeço dentro do diverso e encantador mundo da Strip Me. Onde, assim como um grafite num viaduto paulistano, a música de Adoniran se mistura com a arte renascentista e se renova numa linguagem totalmente nova. Essa e muitas outras camisetas com estampas de música, arte, cinema, cultura pop e muito mais, você encontra na loja da Strip Me, onde, aliás, vale a pena estar sempre de olho pra ficar por dentro dos frequentes lançamentos

Adoniran Barbosa. Foto de Luiz Novaes (sem data)

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor na obra genial de Adoniran Barbosa. Adoniran Barbosa Top 10 tracks

Para assistir: Foi lançado em 2018 um ótimo documentário sobre a vida e obra de Adoniran Barbosa chamado Adoniran: Meu Nome é João Rubinato, escrito e dirigido por Pedro Soffer Serrano. Ainda que não cubra toda a carreira de Adoniran, é um filme emocionante, com vários depoimentos marcantes de gente que conviveu com o sambista. Vale demais a pena ver, e tem completinho no Youtube. 

Para ler: A biografia de Adoniran Barbosa escrita pelo jornalista Celso Campos Jr. é um livro irretocável. Não só para fãs do Adoniran, mas para quem se interessa por música e comunicação, este livro é fundamental. O autor conta a história do biografado trazendo todo o contexto político, econômico e social que o envolve, com um texto delicioso de se ler. O livro se chama Adoniran: Uma Biografia e foi lançado pela editora Globo em 2009. Leitura mais que recomendada. 

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1999 – 2022

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1999 – 2022

O pequeno Johnny nasceu no dia 5 de março de 1970 no Queens, em New York. Aos seis anos de idade, por influência do pai que tocava piano e da mãe que cantava no coral da igreja, ele começou a fazer aulas de guitarra. Aos nove anos já sabia tocar praticamente todas as músicas do Jimi Hendrix e e tinha como referência guitarristas como Jimmy Page e Frank Zappa. E, de fato, ele cresceu notadamente um guitarrista muito talentoso. Aos doze anos de idade, seus pais se separam e ele se muda com a mãe para a California. É quando monta uma banda aqui, outra ali e se envolve com a cena de Los Angeles, em especial os punks. Ainda adolescente, com 14 ou 15 anos, viu os Red Hot Chilli Peppers ao vivo e ficou encantado com a mistura de sons e ritmos. Passou a acompanhar a banda em tudo quanto é show e aprendeu a tocar todas as músicas dos seus primeiros 3 discos. Hillel Slovak se tornou um herói da guitarra pra ele. Por fim, uma das bandas que ele fez parte contava com D. H. Peligro na bateria. O lendário baterista da banda Dead Kennedys, numa tarde de 1988, poucos meses depois da morte de Slovak apresentou John ao baixista Flea. E o resto é história. 

Uma história caótica, diga-se, que já contamos na primeira parte deste post especial sobre os Red Hot Chilli Peppers. Partimos do início da banda e chegamos até as turnês conturbadas e incompletas de divulgação do disco One Hot Minute, que rendeu a Chad Smith uma fratura no punho e a Dave Navarro sua demissão por consumo excessivo de drogas. Com a tour cancelada e Navarro fora, Anthony Kiedis recaído no vício de heroína, decide se mudar para a Índia para se tratar e se livrar do vício. Enquanto isso, Flea permanece em Los Aneles e começa a pensar se a banda deve continuar existindo. Vale dizer aqui que o Flea, que com exceção da maconha, nunca se ligou em drogas como Kiedis, Slovak, Frusciante e Navarro, sempre se manteve firme, focado e dedicado à banda. Por isso mesmo, ele se deu conta que a banda não podia parar. E concluiu também que somente um homem seria capaz de acertar a mão no tempero dos Chilli Peppers e colocar a banda nos trilhos de novo: John Frusciante. 

Verdade seja dita, Flea e Frusciante tornaram-se amigos muito, mas muito próximos mesmo. Ao longo de todo o tempo em que Frusciante ficou fora dos Chilli Peppers, Flea acompanhava a vida do amigo, e por várias vezes o ajudou levando a hospitais e clínicas de reabilitação. Em 1998 o guitarrista estava no fundo do poço. Magérrimo, pele ressecada, sem dentes na boca… tudo por conta do abuso de heroína. Ele claramente não duraria mais um ano vivo se continuasse a se drogar. Flea o ajudou a encontrar um hospital que poderia lhe ajudar na recuperação tanto do vício, quanto de seu corpo. Parte da força de vontade de Frusciante vinha do fato de Flea afirmar que assim que ele se recuperasse, tinha seu lugar garantido como guitarrista dos Chilli Peppers, já que Navarro fora demitido. Na época, Frusciante chegou a espalhar uma história de que não tinha mais nenhuma guitarra, pois elas tinham sido consumidas em um incêndio em sua casa meses antes. Mentira admitida por ele próprio em 2002. As guitarras todas obviamente foram vendidas para que ele comprasse mais drogas. No fim do ano de 1998, Anthony Kiedis volta da Índia limpo, recuperado de seu vício e ajuda muito na recuperação de John, principalmente lhe presenteando com uma guitarra nova. 

Californication – Red Hot Chilli Peppers (1999)

O ano de 1999 já começou com a notícia de que Frusciante estava oficialmente de volta à banda e que um novo disco estava sendo produzido. E que disco! Em junho daquele ano é lançado Californication. É o retorno retumbante e redentor dos Red Hot Chilli Peppers! Kiedis e Frusciante, livres das drogas, estão numa harmonia transcendental! Flea e Chad Smith afiadíssimos! Pelo menos metade do disco vira hit instantâneo nas rádios e na MTV! O disco vende milhões mundo afora e a banda faz uma turnê mundial avassaladora, que passa pelo Brasil em 2001. No ritmo alucinante da turnê novas canções vão sendo escritas. Mal acaba a turnê de Californication, já é lançado By The Way em 2002. Um disco inspirado, e bem mais introspectivo. Fica evidente a presença de Frusciante como principal compositor da banda, já que o disco traz músicas com ótimas melodias e arranjos, além de primar mais pelo rock n’ roll e baladas adocicadas, dando menos ênfase no funk espevitado que marcou o sucesso da banda nos anos 90. Ainda assim, o disco vendeu muito, colocou 3 músicas no topo das paradas de mais tocadas e culminou em mais uma tour mundial que durou até 2005 e rendeu mais alguns milhares de dólares para a banda. E o melhor de tudo: foram 2 álbuns com turnês gigantescas de imenso sucesso, e nenhum episódio sequer de problemas com drogas aconteceu com nenhum dos 4 integrantes da banda! 

By rhw Way – Red Hot Chilli Peppers (2002)

Em 2006 já se contavam 7 anos desde o retorno de John Frusciante para a banda, 7 anos da banda livre de qualquer problema com drogas e 6 anos de sucesso e muito dinheiro entrando. Pelo histórico da banda, já estava na hora de alguma coisa dar errado ou alguém pisar na bola. Pois dessa vez não foi assim. 2006 marcou o lançamento de Stadium Arcadium, nono disco da história da banda. Um disco duplo que, originalmente seria uma trilogia, mas acabou virando um disco duplo. E o disco foi super bem recebido pela crítica e vendeu muito! Dani California é um hit desses que já nascem prontos pra tocar no rádio! E foi essa música que catapultou as vendas do disco e chegou a render mais alguns Grammys para a banda. Vale lembrar que desde Blood Sugar Sex Magik a banda não largou o produtor Rick Rubin, que esteve por trás de todos os discos desde então. Em Stadium Arcadium dá pra notar que a banda está desenvolvendo com mais força sua personalidade mais madura, e a mão de Rick Rubin guiando a sonoridade da banda por tanto tempo só faz com que o disco soe ainda mais original. Claro que o disco rendeu mais uma tour mundial. Malandramente, John Frusciante convence a banda a incorporar mais um músico no palco. Entra em cena Josh Klinghoffer, um grande amigo de Frusciante, para tocar guitarra base, teclados e fazer backing vocals durante a tour de Stadium Arcadium. No fim do ano de 2007, já com Klinghoffer bem entrosado com a banda, John Frusciante chega para a turma e diz: “Gente, eu cansei. Quero fazer mais uns discos solo, parar de fazer esses shows enormes… e vai ficar tudo bem, porque o Josh está na banda e dá conta do recado. Eu confio nele. Então é isso. Estou saindo fora.”. E mais uma vez John Frusciante abandonou os Red Hot Chilli Peppers. 

Stadium Arcadium – Red Hot Chilli Peppers (2006)

Mas o que poderia ser o começo de uma crise acabou sendo um motivo pra todo mundo descansar um pouco. E a banda anuncia que vai parar por um tempo. Afinal, foram quase 10 anos ininterruptos compondo, gravando e fazendo shows. Anthony Kiedis acabara de ser pai e queria se dedicar ao bebê, Flea aproveitou para começar a escrever suas memórias e Chad Smith resolveu descansar carregando pedra, montando com Sammy Hagar, Joe Satriani e Michael Anthony a banda Chickenfoot e saindo por aí gravando disco e fazendo shows. Talvez só tenha ficado uma situação meio chata pro Josh Klinghoffer, que quando achou que ia emplacar o posto de guitarrista principal de uma das maiores bandas do mundo, levou um balde de água fria nas ideias. Mas não por muito tempo. Em 2010 já estava todo mundo afim de voltar a trabalhar. Em março entram em estúdio com Rick Rubin e de lá só saem no começo de 2011, com mais um disco embaixo do braço. Em agosto é lançado I’m With You, décimo disco da carreira da banda e primeiro com Josh na guitarra. O disco reforça a guinada no estilo da banda, mais rock e menos funk que começou em By The Way. É um disco interessante, com ótimas melodias e uma capa minimalista muito bonita. O disco, claro, vendeu bem, colocou The Adventures of Raindance Maggie no topo das paradas e ainda teve outros dois singles de destaque: Monarchy of Roses e Look Around. E tome tour até 2013! 

I’m With You – Red Hot Chilli Peppers (2011)

Em setembro de 2013 a banda encerrou a tour do disco I’m With You e anunciou que iria tirar alguns meses de férias. Na metade do ano de 2014, após se apresentar no emblemático intervalo do Super Bowl, anunciam que vão entrar em estúdio para começar um novo álbum. A surpresa vem em novembro do mesmo ano, quando Anthony Kiedis afirma numa entrevista que o disco novo não será produzido por Rick Rubin. Somente em janeiro de 2015 foi anunciado que o produtor do disco seria Danger Mouse, deixando claro que a banda estava buscando novos ares. O novo disco estava previsto para sair no segundo semestre de 2015. Mas em fevereiro Flea quebrou o braço esquiando. As gravações atrasaram pelo menos três meses. Por fim, The Getaway acabou sendo lançado somente em junho 2016. O disco vai bem de vendas, não emplaca nenhuma música no topo das paradas, mas tem pelo menos dois hits em potencial: Dark Necessities e Go Robot. E mais uma tour gigantesca, que dura até outubro de 2017. Em 2018 a banda anuncia que vai descansar por alguns meses e depois voltar para o estúdio. 

The Getaway – Red Hot Chilli Peppers (2016)

Desde o lançamento de Californication em 1999 já se passam quase 20 anos. A banda bem estruturada, sem problemas com drogas, enfileirando sucessos e bons discos… agora sim, já estava na hora de alguma coisa dar errada. Em 2018 incêndios imensos arrasaram boa parte das florestas e áreas verdes da California. O estúdio onde a banda começaria a gravar era numa área repleta de árvores e acabou sendo atingido por um desses incêndios. Tudo se atrasou para o começo das gravações. Nesse meio tempo, Flea finalmente lança seu livro de memórias, que vinha escrevendo há anos. E também nessa época, Flea e Frusciante passam a ser vistos juntos com mais frequência do que o habitual. Em 2019, a banda faz alguns shows esporádicos. Em 5 de dezembro de 2019 o perfil oficial da banda no Instagram anuncia que Josh Klinghoffer estava fora da banda, e que em seu lugar estava de volta o queridão John Frusciante! A surpresa foi geral. Inclusive para Klinghoffer. Aparentemente não houve nenhum desentendimento. Frusciante simplesmente disse que estava disponível e a banda o quis de volta. Nem tem muito como a gente culpar os caras, né… Em 2020, você deve saber, rolou uma certa pandemia que fez o mundo parar por praticamente dois anos. Mas os Chilli Peppers continuaram trabalhando. Com Frusciante de volta, a banda acabou concordando em também voltar a trabalhar com Rick Rubin. O time estava completo no estúdio mais uma vez. E finalmente, em abril de 2022 é lançado o disco Unlimited Love, décimo segundo da carreira da banda. Mais um disco de boas surpresas, com o novo som dos Chilli Peppers muito bem definido. E pelo jeito a história vai se repetir. Virão shows e mais shows, e, provavelmente mais discos no futuro. Afinal, se tem uma coisa que a gente aprendeu com essa história toda é que nada e nem ninguém é capaz de parar os Red Hot Chilli Peppers. 

Unlimited Love – Red Hot Chilli Peppers (2022)

Ainda bem! Quem sabe, daqui um tempo a gente não volta aqui para contar mais sobre mais 10, 20 anos da banda. Por enquanto, essa é a história dos Red Hot Chilli Peppers, dividida em 2 posts. Uma história interessantíssima e deliciosa de se ouvir através dos doze discos de estúdio. Uma banda tão importante, influente e inspiradora certamente tem seu lugar garantido na mente e no coração de todo mundo aqui na Strip Me, sem falar, é claro, de algumas estampas exclusivas sobre os Chilli Peppers. Mas não é só isso. Na Strip Me você encontra camisetas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. Entra na nossa loja pra dar uma olhada e visite sempre o site para conferir os lançamentos.  

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor nos 6 últimos discos dos Red Hot Chilli Peppers, mas claro, sempre dando aquele desvio das obviedades e grandes hits. RHCP 1999 – 2022 top 10 tracks

Para ler: Altamente recomendável a autobiografia do baixista Flea. O livro se chama Acid for Children, foi lançado no Brasil pela editora Belas Letras em 2020. Se o que você já leu até agora neste texto já é impressionante, imagina tudo isso contado sob o ponto de vista do próprio Flea, que foi quem mais segurou ondas no mundo do rock! Imperdível! 

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1984 – 1998

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1984 – 1998

Começando pelo fim, a história que vai ser contada hoje aqui tem vários ensinamentos e lições. O primeiro ensinamento é que ninguém faz nada sozinho. Outro é que essa conversa de dinâmica de grupo de RH, de que não existe ninguém que seja insubstituível, é balela! Sempre tem a pessoa certa para fazer determinado trabalho. O problema é que é raro que essa pessoa e o trabalho a ser feito se encontrem. Mais uma lição importante dessa história é a perseverança, a insistência. No fim das contas, essa é uma história que pode ser uma metáfora para a vida, a existência, de maneira geral. Afinal, viver não é fácil, tem vários obstáculos, a gente mais sai perdendo do que ganhando, mas isso torna as vitórias ainda mais saborosas. E no fim, quando já se conquistou o que podia ser conquistado, só resta relaxar e aproveitar o legado que foi construído. Falando assim, fica até difícil de acreditar que estamos falando de uma banda de rock, formada por um bando de moleques que só queriam saber de fazer festa, tocar e fumar maconha. 

Era o começo dos anos 80, e Los Angeles era uma cidade sempre tomada por artistas de vanguarda, bem como guetos, onde a cultura de protesto crescia cada vez mais, acompanhando a crise econômica e a política cada vez mais conservadora do então presidente Reagan. O movimento punk, que começara festeiro e despretensioso em New York, na metade dos anos 70, chegou na costa oeste dos Estados Unidos, claro, já sob influência dos punks britânicos, no fim dos 70, começo dos 80, e sofreu várias mudanças. Ficou mais agressivo e muito político. Criou-se toda uma cena encabeçada pelas bandas Dead Kennedys e Black Flag. Em paralelo, na mesma época, surgia o hip hop. Afrika Bambaataa e Run DMC já despontavam como grandes nomes. Até hoje Los Angeles é uma cidade menor que New York e muito mais miscigenada. Portanto, é natural que culturas se misturem com mais facilidade. E não demorou pro punk e o hip hop se encontrarem, o que acabaria sendo conhecido como funk rock, ou funk metal. 

Alguns puristas afirmam que o funk rock já era praticado nos anos 70 por bandas como Devo e Talking Heads. Forçando um pouquinho a barra, até dá pra aceitar. Mas essas bandas pegavam mais elementos do funk e do soul e misturavam com a batida quadrada do rock. Claro, saía muita coisa boa, mas no frigir dos ovos eram só uns branquelos sem suíngue tentando soar modernos e malemolentes (e falhando miseravelmente na questão da malemolência). Voltando aos guetos de Los Angeles, no começo dos anos 80 começou a aparecer essa molecada que gostava de punk, de hip hop e também de sons dançantes como Funkadelic e Curtis Mayfield. Um desses jovens era um rapaz de origem israelita chamado Hillel Slovak, um guitarrista habilidoso e apaixonado por punk rock. Slovak tinha um grande amigo, também músico, mas que não se interessava por rock, tocava trompete e curtia jazz. Louco para montar uma banda, Slovak começou a bombardear seu camarada com discos de bandas punk e o ensinou a tocar baixo. Em pouco tempo o jovem conhecido por Flea já estava convertido ao punk rock e tocava baixo com seu camarada numa banda. Em uma das noites em que a banda tocava em buraco qualquer, um jovem aspirante a ator de Hollywood, amigo de colégio de Flea, chamado Anthony Kiedis colou no show da banda e se juntou aos músicos para cantar e improvisar umas rimas de hip hop. A química bateu instantaneamente. Kiedis entrou para a banda como vocalista. Eis a gênese do Red Hot Chilli Peppers. 

A história dos Chilli Peppers é toda inacreditável, mas esse comecinho da banda merece destaque porque é muita coisa inesperada acontecendo. Em 1983 a banda era formada por Anthony Kiedis no vocal, Slovak na guitarra, Flea no baixo e Jack Irons na bateria. Tocando pelos bares de LA, a banda começou a chamar a atenção por seu estilo diferente, com groove e uma pegada rock suja. Não demorou para eles arranjarem um empresário, que logo conseguiu um contrato com ninguém menos que a EMI para lançar um disco! Frente a isso, o que Slovak e Jack Irons fazem? Saem da banda, é claro! O fato é que o guitarrista e o baterista já faziam parte de uma outra banda, e os Chilli Peppers eram só um projeto paralelo. Quando a coisa começou a ficar séria, eles preferiram apostar em uma das duas bandas para se dedicar. Claramente fizeram a escolha errada. Kiedis e Flea resolveram não largar o osso e convidaram o baterista Cliff Martinez e o guitarrista Jack Sherman para entrar na banda e gravar o disco. Em 1984 sai o primeiro disco da banda, chamada simplesmente Red Hot Chilli Peppers e não causa grande impacto. O disco é produzido pelo inglês Andy Gill, guitarrista da banda Gang of Four. Gill não saca a proposta da banda e acaba engessando o som. 

Red Hot Chilli Peppers – Red Hot Chilli Peppers (1984)

Em 1985 Anthony Kiedis, que não se dava muito bem com o guitarrista Jack Sherman, convence Slovak a voltar para a banda. Sai Sherman, volta Slovak, Martinez se mantém na bateria, Flea no baixo e a banda se prepara para gravar seu segundo disco. Desta vez acertam em cheio ao escolher o mestre George Clinton para produzir o disco. Finalmente a banda consegue mostrar a que veio. O disco Freaky Style é lançado ainda em 1985 e causa comoção. A banda fica famosa no underground, começa a fazer cada vez mais shows, e shows sempre lotados. Empolgados e deslumbrados, Kiedis e Slovak acabam entrando naquele mundinho perigoso da heroína. Em 1986, incomodado com os abusos de Kiedis e Slovak, Cliff Martinez sai da banda. Quem assume as baquetas é Jack Irons, fazendo com que a banda voltasse a sua formação original. E é essa formação que lança o terceiro disco da banda, e único disco, com tal formação: The Uplift Mofo Party Plan, lançado em 1987. Para divulgar o disco, os Chilli Peppers saem em turnê com o Faith No More, que acabara de lançar o disco Introduce Yourself. A tour é bem sucedida, mas cobra um preço muito alto. Hillel Slovak morre de overdose de heroína em julho de 1988. 

Freaky Styley – Red Hot Chilli Peppers (1985)

A morte de Slovak despedaça a banda, que já vinha mal das pernas. Flea já disse em entrevistas que na época, sempre que seu telefone tocava, ele achava que o guitarrista ou o vocalista tinham morrido. Na noite em que Slovak morreu, Flea finalmente recebeu o telefonema fatídico, mas errou a vítima, pois atendeu o telefone com a certeza de que Kiedis era quem estava morto. Jack Irons acaba abandonando a banda, embarcando numa terrível depressão desencadeada pela morte do amigo. Anthony Kiedis resolve ir para o México para se desintoxicar e Flea fica sozinho sem saber o que fazer. Por fim, não havia outra coisa a se fazer, a não ser voltar a fazer música. Kiedis volta do México e vai para uma clínica de reabilitação em Los Angeles mesmo. Ele e Flea resolvem voltar ao trabalho. E mais uma vez precisam de um guitarrista e um baterista. O baterista escolhido é uma verdadeira lenda: D.H. Peligro, ex-baterista dos Dead Kennedys. E é Peligro quem apresenta a Kiedis e Flea um jovem de 18 anos chamado John Frusciante, guitarrista talentoso e de personalidade introvertida. Frusciante era fã da banda, conhecia muito bem o repertório e se encaixou perfeitamente. Peligro, por outro lado, não durou muito. Anthony Kiedis estava tentando se manter sóbrio e o baterista tinha seus próprios problemas com abuso de drogas e álcool. Acabou sendo demitido. Ao invés de escolher alguém da cena, o trio resolve fazer testes com bateristas novos. Mais ou menos 30 bateristas passaram por eles, até chegar um rapaz marrento, mas com uma energia e técnica inacreditáveis. Era Chad Smith, que foi contratado no ato. Estava completa a formação da banda que ficaria mundialmente famosa. 

The Uplift Mofo Party Plan – Red Hot Chilli Peppers (1987)

Com quase 40 anos de estrada e 12 discos lançados, acaba sendo ingenuidade querer vaticinar qual é o melhor disco da banda. Todavia, em 1989 Anthony Kiedis, John Frusciante, Flea e Chad Smith conceberam o disco que, para muita gente, é o melhor da banda: Mother’s Milk. Não vamos entrar nessa discussão aqui, se é ou não o melhor disco. Mas vamos aos fatos. Mother’s Milk foi o disco mais bem sucedido da banda até então. Com um empurrãozinho da MTV, passando incansavelmente os clipes de Knock me Down e Higher Ground, o disco chegou ao top 20 discos mais vendidos da Billboard norte americana. Com produção de Michael Beinhorn, Mother’s Milk traz camadas de guitarras muito bem timbradas envolvendo perfeitamente baixo e bateria. Além do mais, as composições estão mais afiadas, melhor acabadas e, principalmente, a banda encontra o som único que os tornariam facilmente reconhecíveis no futuro. O ritmo funkeado, guitarra distorcida e o vocal rápido, com um refrão melódico. Knock Me Down, um dos hits do disco, mostra bem esse formato, além de ter sido uma música onde Kiedis escreve sobre a experiência traumática com as drogas. Com o disco super elogiado pela imprensa, Kiedis sóbrio e shows lotados, a moral da banda vai lá em cima. Eles decidem trocar de gravadora, saem da EMI, assinam com a Warner e chamam para produzir seu próximo disco o inigualável Rick Rubin. 

Mother’s Milk – Red Hot Chilli Peppers (1989)

Rick Rubin já tinha sido cogitado para produzir a banda, na época do disco The Uplift Mofo Party Plan. Mas o próprio Rubin não aceitou por conta dos problemas de drogas de Kiedis e Slovak. Agora, com Kiedis sob controle, e, com certeza, uma proposta financeira, no mínimo, muito mais interessante, ele acabou aceitando. A gravadora alugou uma mansão, onde foi montado o estúdio, e ali foi gravado o antológico disco Blood Sugar Sex Magik. A mão de Rick Rubin é evidente em todo o disco, mas sem interferir na personalidade da banda. O resultado é avassalador. Do disco saem pelo menos 4 singles de sucesso. O disco é lançado em setembro de 1991, praticamente junto com o Nevermind do Nirvana. Ambos os discos extrapolam qualquer expectativa de vendas. À partir daquele momento, os Red Hot Chilli Peppers se tornam uma banda mundialmente famosa, passam a fazer shows em estádios e turnês mundiais. Estava tudo indo bem demais, já estava na hora de alguém ir lá e estragar tudo mais uma vez. 

Blood Sugar Sex Magik – Red Hot Chilli Peppers (1991)

Foi a vez de John Frusciante. Ele se sentiu extremamente oprimido pela fama, pela grandiloquência das turnês, o assédio de fãs e da imprensa…e ele sucumbiu. Depois de um show no Japão em maio de 1992, ele abandona a banda e se enclausura dentro de seu vício em heroína. Depois de convidar Dave Navarro, guitarrista da banda Jane’s Addcition, que negou o convite, os Chilli Peppers contratam o guitarrista Arik Marshall para cumprir os compromissos de 1992 e 1993. É com Marshall na guitarra que a banda aparece em um episódio d’Os Simpsons, se apresenta como headliner no histórico Lollapalooza 1992, no Hollywood Rock 1993, aqui no Brasil, e na premiação do Grammy de 1993. Mas a interação entre o guitarrista e o resto da banda não era tão boa. Ele acaba sendo dispensado no segundo semestre de 1993. Depois de cogitar nomes como esquisito Buckethead e o virtuose Jesse Tobias, finalmente Dave Navarro topa entrar para a banda. Com o time completo, eles lançam em 1995 o disco One Hot Minute. Um disco inconstante, meio sombrio. Também, pudera. Anthony Kiedis estava de volta entregue à heroína e se afastava cada vez mais das gravações. Navarro dizia que não gostava de funk e nem de improvisos, queria fazer riffs com pegada mais rock n’ roll. Mesmo sendo um pouco abaixo da média de qualidade da banda, One Hot Minute vendeu muito bem e rendeu uma turnê europeia enorme. Mais uma tour pelos Estados Unidos estava agendada para o ano de 1997, mas acabou sendo cancelada porque Chad Smith fraturou o punho. Enquanto ele se recuperava, as relações entre a banda desandavam. Navarro insatisfeito musicalmente, Kiedis mais uma vez afundado em drogas e Flea tentando manter as coisas no lugar. Em 1998, Navarro também de volta ao vício, chegou chapado num ensaio, rolou uma briga e pronto. Ele estava fora. Os Chilli Peppers parecem mesmo não ter um minuto sequer de paz. E ainda tem muita coisa por vir. 

One Hot Minute – Red Hot Chilli Peppers (1995)

Como você pode constatar, a história dos Chilli Peppers é realmente uma loucura. Idas e vindas, sucessos interrompidos, mas a banda sempre insistindo em continuar. Pra não deixar de contar tudo, com todos os detalhes saborosos de cada fase da banda, preferimos dividir este post em duas partes. Cobrimos até aqui os seis primeiros discos e os 14 primeiros anos de carreira da banda. Ainda temos pela frente a volta do Frusciante, o lançamento de Californication e muito mais. Enquanto você espera pela segunda parte deste texto, dá uma conferida nos lançamentos mais recentes da Strip Me. Camisetas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. Vai lá na nossa loja

Vai fundo. 

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor nos 6 primeiros discos dos Red Hot Chilli Peppers, mas claro, sempre dando aquele desvio das obviedades e grandes hits. RHCP 1984 – 1998 top 10 tracks

Para assistir: Vale muito a pena assistir ao documentário Funky Monks, lançado em 1991 e dirigido pelo Gavin Bowden. Este doc mostra o making of do disco Blood Sugar Sex MagiK. É um filme bem divertido e está completinho e com legendas em português no Yourube. 

Para ler: Altamente recomendável a autobiografia do vocalista Anthony Kiedis. O livro se chama Scar Tissue, foi lançado no Brasil pela editora Belas Letras em 2018. Se o que você já leu até agora neste texto já é impressionante, imagina tudo isso contado sob o ponto de vista do próprio Kiedis! Imperdível! 

10 Shows emblemáticos que marcaram a história do Rock In Rio.

10 Shows emblemáticos que marcaram a história do Rock In Rio.

Está mentindo quem diz que o Rock in Rio é o maior festival de música do planeta. Em compensação, não é nenhum exagero, afinal ele está no top 5 maiores festivais do mundo. O rock in Rio fica atrás somente dos festivais de Glastonbury (Inglaterra), Summerfest (Estados Unidos), Coachella (Estados Unidos) e Tomorrowland (Bélgica), o que, convenhamos, não é vergonha pra ninguém. De 1985 até hoje foram 21 edições do Rock in Rio, sendo que 9 aconteceram em Lisboa, 8 no Rio de Janeiro, 3 em Madri e 1 em Las Vegas. Em setembro acontece a 22ª edição no Rio de Janeiro, igualando o número de edições na cidade brasileira com a capital de Portugal. 

Ainda que não seja o maior festival do mundo, o Rock in Rio com certeza é um dos que mais tem histórias inusitadas e fatos pitorescos para contar, além, é claro, de shows memoráveis. Em 1985 um deslocado Erasmo Carlos, vestido em roupa de couro e tachinhas prateadas, foi escorraçado pelo público ao ser escalado, por descuido da produção, na noite mais heavy metal do festival, se apresentando antes de Iron Maiden e Whitesnake. A edição de 2001 contou com vários momentos curiosos. O baixista da banda Queens of the Stone Age, Nick Olivieri, foi preso por se apresentar pelado, Carlinhos Brown tomou uma chuva de garrafas e copos e Axl Rose permeou toda a apresentação dos Guns n’ Roses com alfinetadas contra ex-integrantes da banda e haters da internet, além de, justiça seja feita, ter feito uma emocionante homenagem a sua empresária, a brasileira Beta Lebeis. Momentos como esses recheiam todas as edições do festival, que tem muita história pra contar. 

Mas o Rock in Rio é, acima de tudo, um festival de música. E shows inesquecíveis é o que não faltam no currículo do festival. Elencamos aqui os 10 mais emblemáticos. Mas muitos ficaram de fora, mas merecem ser citados. Em 1985 o Barão Vermelho encerrando seu show tocando Pro Dia Nascer Feliz no exato momento em que o Brasil se reconciliava com a democracia, o A-Ha em 1991 fazendo um show irretocável perante uma multidão de 198 mil pagantes, recorde que entrou no Guiness Book, em 2001 Cássia Eller apresentou um dos melhores shows de sua carreira, com direito a cover do Nirvana, seios à mostra e participação especial de parte da Nação Zumbi, o show acabou sendo lançado em DVD. Em 2011 Slipknot e System of a Down roubaram a cena e foram considerados os shows mais impactantes daquele ano. Em 2017 foi a vez de Ivete Sangalo brilhar com um show repleto de sucessos e diversidade musical, onde a baiana, que estava grávida, esbanjou talento e simpatia e homenageou Lady Gaga, que estava escalada para tocar naquela noite, mas não se apresentou por problemas de saúde. Enfim, é muita coisa boa mesmo! Se esses shows, que foram incríveis, não entraram no top 10, imagina só o que vem pela frente! 

Queen – 1985 

A primeira edição do Rock in Rio trouxe vários artistas e bandas incríveis. Mas certamente, uma das mais aguardadas era o Queen, banda que reinou absoluta como a maior banda de rock entre o fim dos anos 70 e começo dos 80. E a banda entregou um show impecável. O carismático Freddie Mercury tinha aquela imensidão de gente na palma da mão e protagonizou um dos momentos mais emocionantes da história da banda, com o público cantando a plenos pulmões Love of My Life. O show é realmente ótimo e está completinho no Youtube para quem quiser ver. Link aqui

James Taylor – 1985 

O show de James Taylor na primeira edição do Rock in Rio foi um momento de virada na vida dele próprio. James Taylor fez muito sucesso no início dos anos 70, com músicas como You’ve Got a Friend, Carolina on My Mind e muitas outras. Mas no início dos anos 80 ele estava perdido, com sérios problemas com o vício em drogas, sem gravar discos, quase caindo no ostracismo e passando por um traumático divórcio. Até alguns momentos antes de subir no palco naquela noite, James Taylor planejava abandonar a carreira musical, desistir de tudo. Mas, para sua surpresa, ele foi recebido por um público imenso e muito receptivo ao seu folk rock, aplaudindo e cantando junto algumas canções, e apresentou um show emocionado e muito inspirado. Depois daquele show, James Taylor renasceu, voltou a compor e se reergueu. Ele próprio já contou essa história em algumas entrevistas e registrou esse momento de sua vida na bela canção Only a Dream in Rio, lançada no disco That’s Why I’m Here, lançado em 1986. No Youtube só tem alguns trechos do show, mas tem uma entrevista dele no David Letterman, em que ele fala sobre a passagem dele pelo Rio de Janeiro. Link aqui.

Guns n’ Roses – 1991 

Aquela foi a primeira vinda da banda ao Brasil. E era, indiscutivelmente seu auge. Era janeiro de 1991 e os Guns n’ Roses ainda reinariam absolutos como a maior banda de rock de sua geração até setembro daquele ano, quando Kurt Cobain e sua turma de desajustados tomaria o mainstream de assalto. E o show do Guns n’ Roses no Rock in Rio de 1991 foi tudo que se esperava e mais um pouco. Axl Rose com sua potência vocal no ápice, a banda entrosadíssima e tocando rápido e pesado. Um show eletrizante, recheado de hits que você pode conferir inteirinho no Youtube. Link aqui.  

Faith No More – 1991 

Se os Guns n’ Roses chegavam como grandes estrelas, a banda Faith No More, em contra partida, era pouco conhecida por aqui na época. A MTV Brasil ainda engatinhava e dava alguma popularidade à banda executando os clipes de Epic e Falling to Pieces. Mas ninguém sabia exatamente o que esperar do show deles. Eis que sobem ao palco e fazem aquele estrago! Um show absurdamente pesado, com Mike Patton a frente, incansável, rolando pelo chão e cantando absurdamente bem. Saíram consagrados como a melhor performance do festival. E na época mal se sabia que o melhor estava por vir, já que o período de shows da turnê do Angel Dust é considerado como o auge da banda ao vivo. O show também está inteiro no Youtube para apreciação. Link aqui

Red Hot Chilli Peppers – 2001 

O disco Californication é considerado o renascimento da banda. Marca a volta de John Frisciante na guitarra e a volta da banda para o topo das paradas de sucesso com pelo menos 3 hits. Certamente era o show mais esperado da terceira edição do festival. E a banda vinha redonda, já que a turnê do Califonication já podia, naquela altura, ser considerada a mais bem sucedida da história da banda até então. E não decepcionaram. O show foi energético, contemplando todas as fases da banda e ainda apresentando um grand finale explosivo com o cover de Search and Destroy, do Iggy Pop & The Stooges. Um show realmente memorável, que também está inteiro no Youtube. Link aqui

R.E.M. – 2001 

A terceira edição do Rock in Rio trouxe alguns artistas que, até então, nunca tinham se apresentado no país. O R.E.M. foi uma dessas bandas. Na época, estava meio esquecida. Ficou um bom tempo sem tocar, depois de algumas mudanças na formação da banda, após o lançamento do disco Up, de 1998. Entretanto, a banda era muito esperada por aqui e foi recebida com muito entusiasmo, que foi muito bem recebido e devolvido em forma de música da melhor qualidade. A banda estava afiadíssima e muito empolgada. Enfileiraram hits e fizeram o público pirar. Michael Stipe já disse em várias ocasiões que aquele foi um dos melhores shows de toda a sua vida. Um show realmente espetacular. Vale a pena conferir no Youtube a apresentação na íntegra! Link aqui

Steve Wonder – 2011 

Em 2011 Steve Wonder já tinha mais de 60 anos de idade. Sem dúvida, um dos maiores nomes da música soul, uma lenda viva. Em sua quarta edição no Brasil, o Rock in Rio apresentava um line up de peso, com Slipknot, System of a Down, Metallica, Sepultura… e foi justamente por isso que Steve Wonder se destacou. Foi a grande surpresa e um dos melhores shows daquela edição. Um show empolgante, inspirado e com uma musicalidade rara de se ouvir. Steve Wonder comanda o show com um carisma inquebrável e muita simpatia, além de uma disposição invejável para um senhor de 61 anos de idade. Um show imperdível, também disponível completo no Youtube. Link aqui

Bruce Springsteen – 2013 

Bruce Springsteen nunca foi reconhecido no Brasil como é nos Estados Unidos. Talvez isso tenha ajudado a fazer deste show algo tão grandioso e surpreendente. Claro, que todo mundo conhece seus grandes sucessos, mas ele não é assim tão popular. Acontece que além de ser um compositor brilhante, Springsteen é um showman nato, e sua E Street Band é uma banda impressionante. O cara já abriu seu show com um cover de Sociedade Alternativa, do Raul Seixas, surpreendendo todo mundo. Depois ainda tocou o disco Born in the USA inteiro, além de outros sucessos, realizando um show catártico de quase 3 horas de duração! Um show imbatível, uma aula de rock n’ roll que deve ser vista por todo mundo. E, claro, está lá no Youtube. Link aqui

Beyoncé – 2013 

Enquanto Bruce Springsteen dava uma aula de rock ‘n roll, Beyocé, a diva pop, também ministrava uma aula magna de música pop, R&B e performance de palco. A cantora apresentou no Rock in Rio o show da aclamada turnê The Mrs. Carter Show World Tour, que teve início nada mais, nada menos do que no intervalo do Super Bowl. Muitos consideram o show do Rock in Rio um dos melhores de toda a turnê. E, com certeza, foi o grande destaque do festival naquele ano. Um show impecável, que também está completo no Youtube. Link aqui

Anitta – 2019 

A edição de 2019 foi a oitava do festival no Brasil e a vigésima no mundo. Teve uma ou outra surpresa, como a cantora Pink fazendo estripulias no ar pendurada em cabos, dando um ar circense ao seu show, também teve o Iron Maiden de sempre, o Foo Fighters protocolar, teve Drake para encantar os mais novinhos… mas pela primeira vez, teve Anitta. E ela estreou no palco do Rock in Rio com uma energia e grandiosidade poucas vezes vistas. Foi uma celebração ao funk carioca, com paredão de caixas de som, altas coreografias e uma penca de hits. Foi o show mais comentado da edição, que atraiu maior público. Os outros palcos e setores esvaziaram quando Anitta começou sua apresentação. Não importa se o evento chama Rock in Rio, Anitta se sentiu em casa e mostrou a que veio. O show completo está no Youtube. Link aqui

Agora só nos resta esperar setembro chegar, para saber que surpresas, histórias pitorescas e shows inesquecíveis a nona edição do Rock in Rio no Brasil nos reserva. E atração boa é o que não falta. De veteranos como Guns n’ Roses a novatos como Maneskin. Sem falar de Green Day, Offspring, Coldplay, Demi Lovato, Justin Bieber, Camila Cabello, Dua Lipa, Ivete Sangalo, Capital Inicial… olha é muita gente! E pra curtir essa delícia de festival, seja na cidade do rock, seja na sua casa, ou no rolê com os amigos, a Strip Me tem uma infinidade de opções de estampas incríveis e super descoladas para você. E não são só camisetas de música, mas também de arte, cinema, cultura pop… é só escolher! Fique sempre de olho na nossa loja e acompanhe os lançamentos

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com uma canção de cada um dos 10 artistas elencados nesta lista de 10 shows memoráveis. Rock in Rio Highlights Top 10 tracks

Um espelho chamado Taxi Driver.

Um espelho chamado Taxi Driver.

Martin Scorsese é um dos diretores de cinema mais aclamados e bem sucedidos do mundo. Sua obra é vasta e incrivelmente homogênea, onde a grande maioria de seus filmes são de qualidade acima da média, e alguns poucos atingindo o status de obras geniais. No entanto, demorou muito para que Scorsese fosse reconhecido pela academia norte americana de cinema e ganhasse um Oscar. No fim das contas, ganhou Oscar de melhor filme e melhor diretor por um filme que é muito bom, mas está distante de seus melhores trabalhos. Na verdade, no longínquo ano de 1977 Scorsese já merecia levar o Oscar, tanto de melhor diretor, como de melhor filme, após realizar o emblemático Taxi Driver. Um filme realmente brilhante. Mas talvez lançado na época errada. 

Taxi Driver foi o primeiro filme de Martin Scorsese a realmente fazer sucesso. Lançado em 1976, o longa nos apresenta a história de um veterano de guerra desajustado, solitário e antissocial. Paul Schrader era novato em Hollywood quando escreveu este roteiro denso e envolvente, que Scorsese executou com perfeição. Robert De Niro vinha de uma ótima fase na indústria. Acabara de ganhar o Oscar de melhor ator por O Poderoso Chefão II. Quando ele leu o roteiro, pirou e quis se envolver no projeto e interpretar o personagem principal de qualquer maneira. Scorsese teve muita dificuldade para encontrar uma produtora que bancasse o projeto. A presença de De Niro fez toda a diferença, afinal, Martin Scorsese, até então, não passava de um diretor de talento, considerado uma promessa, mas ainda muito pouco conhecido. 

É compreensível que não tenha sido fácil encontrar quem bancasse a produção do filme. Taxi Driver é um filme que fala de solidão e violência. Que retrata uma sociedade cruel e anestesiada, desigual, preconceituosa e suja. Muitos anos depois do lançamento do filme, surgiram vários estudos relacionados à psicologia analisando o personagem Travis Bickle, interpretado por De Niro. Bickle é um veterano da guerra do Vietnã que sofre de insônia e procura um sentido para a sua vida. Acaba sendo motorista de taxi nas madrugadas de uma New York suja, violenta e pervertida. Sua experiência nas ruas faz crescer nele um sentimento de desprezo, que vai culminar em violência, é óbvio. Mas, de fato, a construção do personagem é impressionante. O roteiro fornece todas as ferramentas para que Robert De Niro consiga interpretar Travis Bickle com profundidade e consistência. Para completar, a direção de Martin Scorsese complementa essa construção com planos e enquadramentos de câmera que se revezam entre a visão do personagem e a visão geral das cenas. Isso tudo junto faz com que quem assiste ao filme se conecte com o personagem, sinta a sua solidão e sua confusão, bem como sinta vergonha e desprezo por alguns atos dele. Essa força de atração é o grande trunfo de Taxi Driver. Mas por que diabos um filme tão impactante assim não foi tão reconhecido e não ganhou nenhum Oscar? 

A segunda metade da década de 1970 não foi nada fácil para os Estados Unidos. Depois do escândalo de Watergate, o então presidente Richard Nixon renunciou ao cargo em 1974. Seu vice, Gerard Ford, assume a presidência de um país em crescente crise. Em 1975 a guerra do Vietnã chega ao fim com a queda de Saigon, dominada pelos veitnamitas. As vergonhosas imagens da tresloucada evacuação da embaixada norte americana e dos helicópteros sendo jogados ao mar ganharam o mundo. O fim da guerra, onde bilhões de dólares foram investidos, ocasionava nos Estados Unidos uma crise econômica aguda e altíssimos números de desempregados. A intensificação do tráfico de drogas nas grandes cidades fazia a violência aumentar cada vez mais. Em resumo, o american way of life era maculado pela pobreza e violência. A moral do cidadão norte americano estava em baixa. E Taxi Driver era um retrato fiel até demais deste momento. 

Quando lançado, o filme foi muito bem aceito pela crítica, que rasgou elogios a Robert De Niro e à direção soberba de Martin Scorsese. Seu desempenho nas bilheterias também não foi nada mal. Fechou o ano arrecadando mais de 28 milhões de dólares, sendo a décima sétima maior bilheteria de 1976. Ganhou a Palma de Ouro em Cannes como melhor filme e teve 4 indicações ao Oscar, mas não levou nenhuma estatueta. E este é o ponto mais curioso em relação a este filme. Teoricamente, em termos de qualidade e relevância Taxi Driver rivalizava com apenas um dos outros 4 indicados ao Oscar de melhor filme. Todos os Homens do Presidente, filme de Alan J. Pakula, é um filme espetacular, roteiro excelente e grandes atuações. Entretanto, quem levou o Oscar de melhor filme naquele ano foi Rocky – Um Lutador. Sim a história do boxeador Rocky Balboa, idealizada e realizada por Sylvester Stallone. Ainda que seja um filme muito legal, está longe de ter a força artística de Taxi Driver ou Todos os Homens do Presidente. 

O que aconteceu é que Rocky foi moldado para o Oscar. O personagem Rocky Balboa merecia um post só pra ele. Stallone escreveu o argumento do filme como sua última cartada no mundo do cinema, após ter muitas portas fechadas em sua cara. Depois de assistir a uma luta antológica entre o campeão do mundo, Mohammed Ali, e o então desconhecido Chuck Wepner, Stallone teve a ideia e escreveu em apenas 3 dias o argumento de Rocky. A United Artists comprou os direitos e, mesmo mantendo o crédito do roteiro para Stallone, pediu que outros roteiristas aprimorassem o roteiro original. O filme que já trazia a história de um homem comum, pobre, sendo bem sucedido graças ao seu próprio esforço, foi propositalmente ambientado na Philadelphia, cidade onde foi assinada a independência dos Estados Unidos. Independência essa que, em 1976, ano de lançamento do filme, completava 200 anos. Rocky é uma ode ao triunfo dos Estados Unidos numa época em que o que as pessoas mais precisavam era esperança. Não à toa, em 1977 recebeu 10 indicações e venceu 3: melhor filme, melhor direção (John G. Avildsen) e melhor edição. 

Não é que Taxi Driver tenha sido o melhor filme de 1976. Ele é um dos melhores filmes já feitos na história do cinema. Mas é compreensível que não tenha levado o Oscar. Martin Scorsese concebeu pelo menos 9 filmes dignos de ganhar o Oscar, tanto de melhor filme, quanto de melhor diretor, ao longo de sua carreira. Mas isso só foi acontecer em 2007 com o filme Os Infiltrados, que não está sequer entre os 5 melhores filmes do diretor, mas isso não vem ao caso. O que importa é que, mesmo sendo um retrato fiel e desolador dos Estados Unidos de 1976, Taxi Driver continua sendo um filme contundente, impactante e fundamental. E, ainda bem, está mais acessível do que nunca, pois entrou recentemente no catálogo da Netflix. 

Taxi Driver é um filme tão indispensável que não poderia faltar no seleto e adorável rol de estampas de cinema da Strip Me. Que, aliás, conta também com estampas incríveis de arte, música, cultura pop, comportamento e muito mais. Dá aquela conferida na nossa loja e fica esperto nos lançamentos, que são frequentemente atualizados! 

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist especial com o que havia de mais controverso, provocador e ultrajante no submundo da música em 1976. Dirty ’76 top 10 tracks.

Para assistir: Sério. A filmografia inteira do Scorsese é absolutamente recomendável. Mas pra fazer um top 3 excluindo Taxi Driver, são filmes indispensáveis: 
Touro Indomável (1980) 
Bons Companheiros (1990) 
Cabo do Medo (1991) 

As fitas da Bahia.

As fitas da Bahia.

O que seria do turismo sem a superstição? Afinal, não dá pra ir a Roma e não jogar uma moeda na Fontana de Trevi, ou ir a Verona e não colocar a mão no seio direito da estátua da Julieta, ou ir a Nuremberg e não dar três voltas em torno da Bela Fonte, ou ir a Paris e não colocar um cadeado na Pont des Arts. Isso sem falar de lugares místicos por si só, que garantem vida longa, sabedoria, prosperidade e etc só por visitá-los, como o Taj Mahal, o centro histórico de Santiago de Compostela, as pirâmides do Egito, Stonehenge, Bodh Gaya, Jerusalém, Machu Picchu e tantos outros. Claro que o Brasil não fica atrás e tem os seus pontos turísticos para supersticiosos e místicos. Alto Paraíso de Goiás está acima de uma rocha de quartzo de mais de 4 mil metros quadrados, por isso é considerado um lugar de boas vibrações. Em Gramado, no Rio Grande do Sul, você pode colocar um cadeado nas grades da Fonte do Amor Eterno e garantir a sua bem aventurança no amor. Mas não existe nada que simbolize melhor a cultura, a religiosidade e a superstição brasileira do que as inconfundíveis fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim

As fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim já extrapolaram as barreiras da religiosidade para se tornar ícone pop, um acessório que chegou a ser transformado em pulseira de ouro com brilhantes. Mas vamos com calma, porque vale a pena conhecer um pouco da origem dessas fitinhas tão emblemáticas. Para isso, precisamos nos lembrar que o Brasil ficou abandonado por quase quarenta anos após a chegada de Pedro Álvares Cabral por aqui. Somente em 1533 o rei português D. João III decide tomar posse das terras descobertas permanentemente através das capitanias hereditárias. Após muita confusão, violência e descaso para a instalação de tais capitanias, o rei decidiu instalar em seu novo território uma cidade que serviria de capital da colônia, com burocratas portugueses representando a coroa, para organizar melhor as coisas. Assim, em 1549 é fundada a cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil. 

Dois séculos depois, Salvador já havia crescido muito. O nordeste brasileiro vivia o auge da produção de açúcar e todos os impostos coletados dos engenhos iam parar na capital, e nem todo esse dinheiro chegava em Portugal como deveria, se é que você me entende. O fato é que a cidade crescia, bem como o prestígio do Brasil em Portugal. Assim, em 1745 foram iniciadas as obras de uma grande igreja na península de Itapagipe, região nobre da cidade de Salvador. A construção da igreja justificava-se para abrigar as imagens do Senhor do Bonfim e de Nossa Senhora da Guia, vindas de Portugal. A Imagem de Nosso Senhor do Bonfim nada mais é que a representação de Jesus Cristo subindo aos céus. Já a Nossa Senhora da Guia é uma das muitas representações da Virgem Maria, esta, no caso, é considerada a protetora dos navegantes. A igreja ficou pronta em 1754 e logo se tornou a igreja mais importante da cidade. Acontece que nessa mesma época a descoberta do ouro na região e Vila Rica, Ouro Preto, Mariana e Diamantina fez com que Portugal, e o resto do mundo, voltasse suas atenções para o interior do Brasil. Para facilitar o transporte do ouro até o litoral, para ser enviado para Portugal, o reino acabou transferindo a capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Salvador entra então num período de estagnação econômica. 

Em 1809, pensando em arrecadar dinheiro para manutenção da paróquia, um dos fiéis teve a ideia de criar a Medida do Senhor do Bonfim. Era uma tira de tecido medindo exatamente 47 centímetros, a mesma medida do braço direito de Jesus na imagem do Senhor do Bonfim. Por isso, a faixa era chamada de Medida do Senhor o Bonfim. Era uma tira de cetim ou seda de 4 ou 5 centímetros de largura, com o nome da igreja bordado com fios de ouro e vendidos a altos preços, mas muito comprados pelos nobres da cidade. A faixa era usada pendurada no pescoço, presa na base de chapéus (no caso das mulheres) ou simplesmente exposta dentro de casa. A prática da venda da Medida do Bonfim durou até meados dos anos 1940. Depois ficou esquecida. Até ressurgir nos anos 60 totalmente repaginada. 

Na década de 1960 o turismo como negócio crescia muito, era uma novidade. Ao mesmo tempo, entre o fim dos anos 50 e início dos 60, o Brasil vivia um período raro de prosperidade e liberdade. Com isso, as religiões de origem africanas começam a se popularizar. O sincretismo da umbanda, que tem a representação de um santo católico para cada uma de suas entidades, fez com que a famosa Medida do Bonfim de antigamente, virasse uma fita, também com a medida de 47 centímetros, mas mais estreita, podendo ser amarrada no tornozelo ou no punho, e representando Oxalá, a mais importante divindade do candomblé, que tem na imagem do Senhor do Bonfim a sua representação. Outras fitas, desta vez coloridas, também passaram a ser comercializadas, cada cor representando uma entidade. O lance é que, ignorando a simbologia religiosa, os hippies baianos passaram a usar as tais fitinhas aos montes, pois eram coloridas e combinavam com o visual psicodélico, e a moda começou a se espalhar entre os jovens. Foi quando o setor de turismo da prefeitura viu o potencial daquelas fitinhas e entrou na jogada. 

Para impulsionar a visitação da igreja de Nosso Senhor do Bonfim, que sempre foi um dos lugares mais importantes de Salvador, a prefeitura passou incentivar a venda das tais fitinhas nos arredores da igreja, espalhando ainda que as fitinhas eram milagrosas, e se amarradas com três nós, cada nó representaria um desejo que a pessoa poderia fazer. Quando a fita arrebentasse naturalmente, com o passar do tempo, os desejos se realizariam. E a conversa funcionou bem demais. Não só os visitantes, como os próprios moradores de Salvador passaram a comprar as fitas e amarrar no braço, no tornozelo e também nas grades em volta da igreja. E normalmente, as pessoas compram as fitinhas de determinada cor, de acordo com o desejo a ser atendido. Por exemplo, a fitinha verde representa Oxóssi, a divindade da fartura e do sustento, para quem vai pedir prosperidade, amarelo é Oxum, divindade da fertilidade, para quem quer ter filhos, vermelho é Iansâ, divindade do amor e por aí vai. 

Até o fim dos anos 70 as fitinhas eram de algodão e eram produzidas em Salvador mesmo, por pequenas empresas de tecelagem. Mas nos anos 80 a coisa ficou séria, a demanda cresceu muito e as fitinhas, perderam um pouco do charme e da personalidade ao serem fabricadas numa grande fábrica em São Paulo e feitas de poliéster. Mas não pense que isso diminuiu o interesse das pessoas. Até hoje, quem vai a Salvador não sai de lá sem um pacote de fitinhas para distribuir para a família e amigos quando voltar pra casa, muito menos sem deixar uma fitinha amarrada na grade da igreja. Aliás, a grade repleta de fitinhas já virou imagem de cartão postal de Salvador. As fitinhas se tornaram tão pop que o designer baiano Carlos Rodeiro criou a Pulseira do Senhor do Bonfim, que tem versões em ouro puro e com detalhes em brilhantes, safiras, rubis e esmeraldas. E, sabe como é, do jeito que as coisas estão, não custa nada comprar uma fitinha dessa e mandar um pensamento positivo pro ar, ao amarrar um nózinho. 

As fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim são um símbolo tão único do Brasil, cheio de simbologias diversas e positividade, que não poderia deixar de fazer parte do sincretismo antropofágico cultural da Strip Me! Afinal, somos brasileiros, mas também somos pop art! Então vem conferir nossas estampas cheias de brasilidade, além de camisetas de arte, música, cinema, cultura pop e muito mais. Fica ligado sempre na nossa loja pra não perder os lançamentos

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com tudo que só a Bahia tem! Bahia top 10 tracks

Para assistir: Outra face inacreditável da cultura de Salvador é a música. No documentário Axé: Canto do Povo de um Lugar, lançado em 2016 e dirigido pelo Chico Kertész, dá pra ter uma ideia bem legal disso e conhecer a origem de um dos ritmos de maior sucesso no Brasil. Super recomendado e tem no catálogo da Netflix.

Deu Match! 8 encontros apaixonantes da Strip Me para o Dia dos Namorados.

Deu Match! 8 encontros apaixonantes da Strip Me para o Dia dos Namorados.

Junho é a época mais romântica do ano! Começa o friozinho, aquele clima gostoso pra ficar no sofá vendo um filminho debaixo do cobertor, ou pra sair pra tomar aquele vinho, ou quem sabe comer um fondue. E é claro que tudo isso fica muito mais gostoso quando você tem aquele alguém do lado. Pode ter sido na balada, tendo amigos em comum, ou até mesmo virtualmente em redes sociais e apps de relacionamento. O importante é que deu match!

E para mostrar que toda panela tem sua tampa, a Strip Me apresenta 8 exemplos de camisetas que são match perfeito. Se completam, harmonizam, são as duas metades da laranja.

Nightporu + América Latina

Começamos com os dois pés na nossa terra! De um lado o símbolo máximo da arte brasileira, nosso icônico Abaporu, de Tarsila do Amaral, minimalista, mas sofisticado e imponente. De outro lado uma declaração de amor à América Latina, com uma estampa delicada no lado esquerdo do peito, onde bate o coração. De quebra, a citação a uma das mais clássicas canções de Caetano Veloso, que deixa clara a força vibrante do nosso continente. Ambas as camisetas, numa pegada by night minimalista, formam um casal perfeito.

Magritte + Onda Retrô

Eis aqui um match inspirador! Um match de quem carrega a arte na alma e no coração. De um lado a obra clássica O Filho do Homem, de René Magritte, pintada em 1964, num recorte simples, que evidencia o tom provocador e iconográfico da obra. Do outro lado, uma reprodução, também em recorte, da mais famosa e celebrada xilogravura do mundo, A Grande Onda de Kanagawa, do genial artista japonês Katsushika Hokusai. Duas camisetas que carregam no coração dois dos maiores ícones da história da arte. O surrealismo de Magritte e a xilogravura delicada de Hokusai formam um casamento incomum, mas admirável de se ver!

Super Smile + Robot

Um match atemporal. Não que sejam muito distantes, talvez separados por apenas uma geração. De um lado a representação dos anos 90 sintetizada numa imagem, que mistura identidade visual da maior marca de video games com a mais revolucionária banda da época. Por si só, Nirvana e Nintendo já são um match inacreditável, visto que não só revolucionaram seus próprios segmentos, como influenciaram o comportamento de toda uma geração. De outro lado mais uma vez a representação perfeita da geração 2010, cuja vida real é frequentemente colocada à prova de maneira virtual, tendo como trilha sonora mais uma revolução musical. Não sei o que o dua Daft Punk poderia fazer para provar que não são robôs. Mas jogar video game online ouvindo uma mixtape de Nirvana e Daft Punk é um match divertidíssimo!

John Guitarra + Jam

Este sim, o match dos anos 90! De um lado a imagem distorcida, como deve ser, de um dos 5 melhores guitarristas da década de 90. John Frusciante é, indiscutivelmente, o som definitivo da guitarra dos Red Hot Chilli Peppers, e um dos mais talentosos músicos de sua geração. De outro lado, uma das imagens mais famosas de Eddie Vedder, o frontman da banda Pearl Jam. Um salto para a multidão após uma de suas famosas escaladas pelas estruturas dos palcos. Hoje, tanto Frusciante quanto Vedder já estão mais velhos, mas continuam fazendo música. E o ritmo incontrolável dos Chilli Peppers com as melodias inigualáveis do Pearl Jam formam um match irresistível. Procure ouvir a música Dirty Frank, onde as duas bandas tocam juntas, para conferir.

Come Together + Gimme Shelter

De acordo com o clichê, deveríamos dizer que aqui é o clássico caso de match de opostos que se atraem. Mas não tem match mais complementar e harmonioso do que Beatles e Rolling Stones! Ainda mais neste caso. Dois dos maiores hinos da história do rock n’ roll! Duas músicas lançadas em 1969. De um lado os Beatles apresentam uma alegoria psicodélica e um dos riffs de baixo mais famosos do mundo, conclamando a união. De outro lado um arranjo potente de guitarra e piano elétrico embalam as palavras contundentes de Jagger contra a guerra do Vietnã, implorando por abrigo. Duas músicas que se completam, uma pela união das pessoas e outra pelo fim de conflitos. Match irretocável.

Bateria + Baixo Vintage

Pra finalizar a onda musical, apresentamos um match mais contemporâneo, e tradicionalíssimo ao mesmo tempo. De um lado mãe de todos ritmos, a condutora irrepreensível e dona do tempo. Às vezes suave e discreta, às vezes infernal e exuberante. A bateria! Do outro lado, o pai das notas graves, o elo de ligação, aquele que segura a onda e mantém tudo sob controle quando todo mundo está pirando. O alquimista de ritmos e melodias. O baixo! Match mais que óbvio! Aquele casal que todo mundo sabe que sempre ficaria junto. Desde os primórdios do jazz baixo e bateria se completam, até atualmente, dando nome a uma das bases mais populares da música eletrônica, o drum n’ bass. Match batido, porém muito bem ritmado.

Friday + Sunday

O Match inevitável. De um lado aquele sextou insano, incontrolável! Ilustrado aqui de maneira primorosa com o frame de uma das cenas mais clássicas do cinema de Stanley Kubrick: Jack Nicholson arrebentando uma porta completamente transtornado no clássico O Iluminado. Do outro lado o desespero dominical, o sentimento amargo do dia que precede a infalível segunda feira. Tal desespero é ilustrado de forma brilhante através do frame da cena mais revisitada da história do cinema: a antológica cena da facada no chuveiro do indispensável filme Psicose, de Alfred Hitchcock. Não dá pra negar. Todo sextou tem dentro de si o angustiante desespero de domingo. E por isso mesmo, um nunca vai conseguir viver sem o outro. Match natural.

Cocada + Goiabada

Finalizamos nossa lista com um match doce e tropical. De um lado o ícone maior do verão, da praia, do clima tropicaliente: o côco. Porém, não in natura, mas transformado num doce riquíssimo, com uma textura única e um sabor equilibrado e delicado. De outro lado uma das frutas que melhor representa a América Latina. Originalmente encontrada entre o norte das matas da Colômbia até o sul do México, a goiaba caiu nas graças dos índios, que a plantaram por todo o território brasileiro, isso bem antes de europeu vir se meter a besta por essas bandas. Dela se faz um dos doces mais apreciados do Brasil, em especial no sudeste. Um doce cheio de personalidae, sabor forte, marcante e inigualável. Você pode pensar que o match ideal seria a goiabada com queijo. Mas nós estamos aqui para quebrar paradigmas e mostrar que no amor (e na gastronomia) tudo é possivel! Cocada com goiabada é um match surpreendente e delicioso!

Depois dessa lista, com tantos matchs diferentes, inusitados e certeiros, só nos resta te dizer uma coisa: De onde saíram estes, tem muitos outros mais! Na Strip Me você encontra uma diversidade inacreditável de estampas sobre arte, cinema música, cultura pop, comportamento e muito mais! Com certeza, match ali não vai faltar. Tanto para você presentear o seu match da vida, quanto para você usar e curtir a vida com estilo enquanto o seu match não chega. Visite a nossa loja e confira os nossos lançamentos.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist pra curtir o diados namorados, mas saindo um pouquinho das obviedades tipo Marvin Gaye e Barry White. Não que eles sejam ruim, são ótimos, mas é sempre legal dar uma variada e ouvir sons diferentes, né. Alt Love Top 10 Tracks

Para assistir: Essa dica é simples e direta. Ainda não fizeram um filme romântico tão divertido, emocionante, verdadeiro e descolado quanto o excelente 500 Days of Summer. Filme de 2009, dirigido por Marc Webb, protagonizado por Zooey Deschanel e Joseph-Gordon Levitt numa sintonia incrível, com um roteiro ótimo e uma trilha sonora maravilhosa. Um filmaço!

Seinfeld: O nada que deu certo.

Seinfeld: O nada que deu certo.

14 de maio de 1998, 9 horas da noite. As ruas e New York estão estranhamente menos habitadas do que o normal. Mesmo nas vias mais movimentadas como a Brodway e a 5th Avenue se via muito menos gente do que de costume. Em contra partida, alguns bares e pubs e estavam lotados, havia uma certa tensão no ar, e todos estavam de olho no relógio, esperando dar nove e meia da noite, e atentos à televisão que já estava ligada. Não se tratava da final do Super Bowl, o mais importante acontecimento esportivo dos Estados Unidos. Entretanto, o valor dos trinta segundos do comercial de TV a ser exibido no intervalo do programa que seria transmitido naquela noite passava um milhão de dólares, valor comercializado somente nos intervalos justamente do Super Bowl. Mas não se tratava de nenhum evento esportivo. O que todos esperavam naquela noite era ouvir aqueles slaps de baixo pela última vez e se despedir de Cosmo Kramer, Elaine Benes, George Costanza e Jerry Seinfeld. Às nove e meia da noite de 14 de maio de 1998 a rede de TV NBC transmitiu o último episódio a série Seinfeld, que estreara 9 anos antes, em julho de 1989. 

NY Empty Road – Photo by Julien R (Wikimedia)

O Stand Up Comedy é uma das mais sólidas e originais instituições norte americanas. É um gênero de humor que começou lá mesmo, nos Estados Unidos, e ninguém no mundo consegue fazê-lo melhor do que a elite de humoristas estadunidenses. Alguns estudiosos insistem em forçar uma barra dizendo que o Stand Up se originou na Idade Média, com os bobos da corte, por se tratar de um único homem fazendo graça para entreter pessoas. Pode até ser, mas ele se fazia valer de muitas outras técnicas, como a mímica, dança, imitações e cambalhotas, além de simplesmente contar piadas. Dá pra dizer com mais clareza que o Stand Up começou no fim do século XIX nos Estados Unidos, nas feiras de vaudeville, espécie de circo com diversas atrações artísticas. Entre os vários artistas, tinha o mestre de cerimônia, que precisava ser carismático e bom de improviso para entreter as pessoas entre um número e outro no palco. Alguns desses mestres de cerimônia passaram a ficar famosos por suas tiradas bem humoradas. Bob Hope foi um desses mestres de cerimônia. Foi o primeiro deles a ganhar espaço numa rádio, para apresentar seus textos de humor, em 1938. Inspirados por programas de rádio como o de Bob Hope, alguns artistas da comunidade judaica, que sempre soube rir de si mesma, do estado de New York começou a produzir textos e se apresentar fazendo monólogos em bares. Na década de 1950 surge Lenny Bruce para formatar de vez o Stand Up Comedy como o conhecemos hoje. Desde então é um gênero humorístico que faz parte do cotidiano e da cultura popular dos Estados Unidos. E foi nesse contexto que um tal Jerry Seinfeld começou a se destacar no início dos anos 1980. 

Jerry Seinfeld – 1990 – Photo by Castle Rock/West-Shapiro Corp.

Jerry Seinfeld é natural da cidade de New York e desde muito jovem se interessava por comédia. Não demorou até começar a escrever seus próprios textos e se apresentar nos comedy clubs da cidade. Em 1981 se apresentou no legendário programa de Johnny Carson, que raramente se manifestava positivamente quanto a novatos. Seinfeld foi um desses raros novatos que ganhou o sinal positivo de Carson, o que lhe rendeu notoriedade e muitos convites para aparecer na TV em outros programas do gênero, como o famoso Late Show com David Letterman. No mesmo ano ele chegou a fazer parte do elenco de uma sitcom chamada Benson. Mas ficou claro que Seinfeld não era um bom ator, e ele foi dispensado do papel em pouco tempo. Depois dessa experiência ruim, Jerry prometeu a si mesmo que não entraria mais nessa de fazer sitcoms. Promessa que seria quebrada em 1989 graças a uma oportunidade única dada pela NBC e um comediante neurastênico chamado Larry David.  

Larry David também é novaiorquino e conhecia Jerry Seinfeld do circuito de stand up da cidade. Larry também é comediante e nos 80 fez alguns bicos na TV. Chegou a trabalhar no inovador Saturday Night Live, mas não foi bem sucedido. Teve apenas uma esquete escrita por ele veiculada, e ainda assim, passou no fim do programa, depois da meia noite, e quase ninguém viu. Isso irritou muito David, que discutiu com a produção do programa e acabou sendo demitido. Porém, dias depois, ele voltou ao set do programa, como se nada tivesse acontecido. Ao ser questionado se não tinha sido demitido, ele disse que não, que tinha sido só um mal entendido. Claro que ele não continuou por lá. Mas essa história lhe renderia um dos episódios mais clássicos da série que ele viria a escrever com Jerry Seinfeld anos depois. Em 1989 a NBC viu potencial nos textos e no carisma de Seinfeld e lhe ofereceu a chance de criar uma série sua, como quisesse. Jerry gostava muito dos textos de Larry David e o convidou a escrever um piloto. Jerry sabia que não era bom ator, então decidiu que interpretaria ele mesmo. A ideia inicial era o programa ser uma espécie de mockumentário, uma câmera seguiria Jerry no seu dia a dia para ver como ele observava o cotidiano e criava suas piadas para seu show de stand up. No fim, o formato foi abandonado e decidiram retratar o dia a dia de Jerry convivendo com os seus amigos. 

Larry David & Jerry Seinfeld – Photo by hbo.com

Com o aval dos autores, passou a ser corriqueiro dizer que Seinfeld é uma série sobre nada. Mas isso não é verdade. Na real é justamente o contrário. É uma série sobre tudo! Mas antes de seguir em frente, precisamos dizer que Seinfeld foi uma série muito inovadora. Até 1989 todas as sitcoms seguiam um certo padrão. Giravam em torno de um núcleo familiar, tinham situações muito exageradas para render boas piadas e passavam longe de qualquer tema que pudesse gerar conflitos, como política, sexualidade, religião e etc. Faziam sucesso na época séries como Alf e Married… With Children (que acabou se tornando um clássico da TV, uma série realmente engraçada, protagonizada pelo inestimável personagem Al Bundy). Seinfeld veio com uma proposta totalmente diferente. Pra começar, não tinha família envolvida. Depois, Larry David disse que só escreveria a série se fosse seguido o lema: “Sem abraços, sem aprendizado”. Ou seja, não haveria finais edificantes onde os personagens erram, se redimem e aprendem alguma coisa no final. Os personagens foram criados para serem pessoas comuns, até mesmo com um caráter questionável em alguns momentos. E o mais importante de tudo: a série era simplesmente baseada nas observações e interpretações do cotidiano que Seinfeld e Larry David faziam sobre o dia a dia e escreviam para seus números de stand up. O texto do episódio piloto, por exemplo, nada mais é do que uma reflexão de homens solteiros, que moram sozinhos, sobre receber a visita de uma mulher em casa. E funciona demais! 

Além do mais, a série foi amadurecendo muito bem ao longo dos anos. Encontrando sua própria linguagem, se adaptando às mudanças culturais dos anos 90 e acabou influenciando praticamente todas as séries, sitcoms em especial, que vieram depois de 1991, quando Seinfeld realmente se tornou fenômeno de público e crítica.  O humor crítico e nonsense de Seinfeld é facilmente identificado como referência nos textos de séries como Mad About You, Friends e até mesmo no inusitado late night Space Ghost de Costa a Costa, sem falar na divertida série Lois & Clark, que além de contar com esse humor cotidiano do Seinfeld, vale ser mencionada, já que o Superman é o herói favorito de Jerry Seinfeld e é muito citado por ele. Referências à parte, Seinfeld trouxe novos ares para a televisão. Em especial aqui no Brasil Seinfeld foi essencial para criar a primeira geração de comediantes que iriam criar uma cena efervescente de stand up comedy no país, encabeçada por Marcelo Mansfield, Diogo Portugal, Rafinha Bastos e Márcio Ribeiro. 

Ainda que todas as informações citadas até agora neste texto já deem uma boa ideia de porquê o último episódio de Seinfeld causou tanta comoção, isso só pode ser realmente compreendido ao assistir a série. Normalmente quando vemos qualquer conteúdo, seja textos ou videos, falando sobre a série, é comum serem citados os inúmeros momentos memoráveis e os personagens marcantes. O livro sobre mesas de centro que vira uma mesa de centro, criado pelo Kramer, a loja de cupcakes da Elaine que só vende o topo do bolinho, George sendo demitido e voltando para trabalhar como se nada tivesse acontecido, tal qual o ocorrido com Larry David no SNL, Jerry indo para Florida comprar de volta o carro que ele deu para seu pai, o dono do restaurante paquistanês, o soup nazi, o Newman, o pai do George gritando “Serenity now!” (inclusive o pai do George é interpretado pelo pai do ator Ben Stiller)… e tantas outras situações. A secretária eletrônica do George com a música Believe it or Not, da série America’s Greatest Hero, Elaine namorando um cara desconfiada que ele é contra o aborto, Kramer usando manteiga como creme corporal, Jerry vestindo camisa de pirata na TV… é muita coisa! E tem o fato de, ao contrário do que acontecia nas sitcoms até então, eles não evitavam, e sabiam lidar muito bem, com assuntos polêmicos. O episódio mais marcante nesse aspecto é o que Jerry, George, Kramer e Elaine fazem uma aposta para ver quem consegue ficar sem se masturbar por mais tempo. É um roteiro genial de Larry David em que fica claro do que se trata a aposta sem que a palavra masturbação seja citada em momento algum do episódio. 

Seinfeld – Photo by sonypictures.com

Para completar, Jerry Seinfeld decidiu encerrar a série em 1998, na nona temporada, porque queria que o programa terminasse no auge. E realmente, no fim dos anos 90 era a sitcom mais assistida dos Estados Unidos, transmitida em canais de tv a cabo pro mundo todo. Jerry Seinfeld chegou a declarar que se espelhava nos Beatles, que estiveram juntos por 9 anos e se separaram no auge da banda. Claro que ele levou em conta os anos em que a banda lançou discos, entre 1961 e 1970, afinal eles já se apresentavam como The Beatles desde 1959. Enfim. Depois de 9 anos protagonizando a série de comédia mais influente e inovadora dos anos 90, Jerry Seinfeld voltou a investir no Stand Up com shows lotados e produziu uma web série muito interessante onde reúne suas três paixões: comédia, café e carros esportivos. Em Comedians In Cars Getting Coffee Jerry Seinfeld convida um comediante por episódio para tomar um café, sendo que ele vai até a casa do convidado com um carro escolhido especificamente para aquela pessoa, e dirige com o convidado até uma cafeteria. Em especial o episódio com o ator Michael Richards, que interpretava Kramer na série, é muito bacana! 

Comedians in Cars Getting Coffee – Photo by filmaffinity.com

Aqui na Strip Me a gente também adora dar boas risadas. Só por essa razão, já faria sentido a gente ter uma estampa fazendo referência à série Seinfeld. Mas, além disso, a gente também adora o fato de ser uma série inovadora, criativa, original e um verdadeiro ícone da década de 90. Então vem conferir todas as nossas estampas de séries e cinema, de música, cultura pop, arte e muito mais. E vale a pena ficar esperto sempre na seção de lançamentos na nossa loja

Vai fundo! 

Para ouvir: Ao invés de colocar aqui uma playlist, hoje vamos sugerir um episódio de podcast. O já tradicional e ótimo podcast Nerdcast, que trata sobre tudo que envolve cultura pop, fez um episódio bem completo e muito divertido de se ouvir sobre Seinfeld, sob o ponto de vista de fãs, incluindo um participante que mora nos Estados Unidos e estava lá na fatídica noite do último episódio da série. Vale a pena conferir! Nerdcast 212: Seninfeld – Tudo Sobre o Nada. 

Para assistir: Quem realmente gosta do humor de Seinfeld não pode perder a série que Larry Davi criou e protagoniza na HBO. Curb Your Enthusiasm é uma série brilhante. Nos mesmos moldes de Seinfeld, Larry interpreta ele mesmo, e a série mostra como é sua vida de típico novaiorquino neurótico, vivendo sem ter que muito o que fazer, já que ele vive confortavelmente com o dinheiro de royalties e direitos autorais da série Seinfeld até hoje. Vale a pena demais! É uma série ótima, com aquele humor que beira o constrangimento, na onda do The Office. 

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