Stranger Things & Amazing Tracks

Stranger Things & Amazing Tracks

 

O ano de 2016 foi uma loucura! Sem mais nem menos fomos arrastados para um mundo invertido, onde não existe internet, nem telefone celular, onde as crianças se divertem em grupos nas ruas andando de bicicleta e onde polainas, mullets e blazers com ombreiras são vistos com muita naturalidade. Em resumo, este mundo invertido se chama 1983. E quem nos arrastou para este mundo não foi nenhum monstro sobrenatural, mas sim a toda-poderosa Netflix, ao colocar no ar a série Stranger Things

A série produzida pela Netflix foi sucesso absoluto logo de cara. Também, pudera. Tudo ali foi pensado para agradar os mais jovens e os não tão jovens. Pra começar, é claro, um roteiro brilhante. O texto é envolvente, os personagens são carismáticos e o elenco escolhido para dar vida aos personagens foi certeiro. Ao invés de apostar em nomes famosos, o elenco é todo muito jovem e pouco conhecido, e entregam uma atuação excelente. Mas o pulo do gato mesmo foi unir uma trama instigante com a ambientação da história no início dos anos 80, o que permitiu que a série viesse abarrotada de referências à cultura pop, que pegou em cheio a maior parte do público que consome material da Netflix: adultos de trinta e poucos, quarenta anos de idade, e que viveram aquela época. Nessa pegada, a série tem toda uma estética que remete aos filmes do Steven Spielberg como E.T. – O Extraterrestre e Contatos Imediatos de Terceiro Grau e um texto com a linguagem jovem da J. K. Rowling e o suspense de Stephen King. 

Desde a primeira temporada de Stranger Things, um fenômeno interessante aconteceu. Algumas músicas incluídas na trilha sonora da série bombaram de maneira extraordinária nas plataformas de áudio. Claro, são músicas consideradas clássicas, que fizeram muito sucesso em sua época. Mas que ao serem apresentadas às novas gerações, caíram no gosto da turma mais nova. Ao longo de todas essas temporadas isso aconteceu. Mas nesta quarta temporada, lançada neste ano, a surpresa acabou sendo maior por conta de duas músicas. Uma que estava realmente esquecida e outra que pertence a um gênero que nunca teve muita penetração no mundo pop. Pra relembrar a série, desde a primeira temporada até hoje, e já criar aquela expectativa para o que virá na quinta temporada, que já está confirmada, nós selecionamos 10 dessas músicas para falar um pouquinho sobre elas e montar aquela playlist matadora. 

Peraí! Fazer um Top Ten tracks de Stranger Things é sacanagem, né… o mais certo é faz um Top Eleven tracks. Agora sim. Segue o baile.  

Should I Stay or Should I Go – The Clash 

É a música mais famosa do Clash, um verdadeiro hino do punk rock e, com certeza, não é uma música que estava esquecida. Mas claro que já faz tempo que nem a música e nem a banda ganhavam tantos holofotes. Mas ao ser incluída e ganhar relevância na trama, a música foi pras cabeças nos players mundo afora. A música está no disco Combate Rock, de 1982, e, na série, é um dos elos entre os irmãos Jonathan e Will Byers. 

Africa – Toto 

Africa é a música mais famosa da banda Toto. Na época em que foi lançada, fez um sucesso estrondoso! Tocava em tudo quanto é lugar. Mas como boa parte do pop açucarado do início dos anos 80, a música perdeu força com o passar dos anos. Ficou praticamente esquecida, sendo tocada apenas naquelas festas temáticas dos anos 80, que ficaram populares na primeira metade da década de 2000. A canção faz parte do disco Toto IV, lançado em 1982, e embalou uma cena romântica entre Nancy e Steve. Por conta dessa cena, a música teve um repentino aumento vertiginoso de acessos no Youtube e nas plataformas de streaming. 

Hazy Shade of Winter – The Bangles 

Além de ser uma baita música boa, esta canção entrou nesta lista simplesmente para mostrar o impacto que a série causou. Hazy Shade of Winter foi escrita pela famosa dupla Simon & Garfunkel em 1966, uma canção tipicamente folk, com violão marcante e dobras de vocal. Em 1987 a banda The Bangles, famosa na época pelo hit Walk Like an Egyptian, e posteriormente pela bela balada Eternal Flame, fez uma versão da música de Simon & Garfunkel para ser incluída na trilha sonora do filme Abaixo de Zero, longa nada memorável estrelado por Andrew McCarthy, Robert Downey Jr. e James Spader. A versão empolgante, cheia de guitarras e sintetizadores da banda fez enorme sucesso na época. Mas ficou por isso mesmo. Provavelmente ninguém lembrava dessa música em 2016. Até que ela foi incluída nos créditos do segundo episódio da primeira temporada de Stranger Things. Ela não fez parte de nenhuma cena importante, só tocou nos créditos, no fim do episódio. E mesmo assim, bombou internet afora! 

Rock You Like a Hurricane – Scorpions 

A segunda temporada de Stranger Things veio encharcada de hard rock. Primeiro porque a história se passa em 1984, época em que o gênero estava no auge, com bandas como Mötley Crue, Van Halen e etc. Segundo porque tinha tudo a ver com o personagem Billy, irmão da Max. Rock You Like a Hurricane tocou na primeira cena em que os dois irmãos aparecem na série, logo no início da segunda temporada. O mesmo impacto que Billy causou nas garotas da cidade de Hawkins, a música causou nos fãs da série em 2017, 33 anos depois de ela ser lançada, no disco Love at First Sting, da banda alemã Scorpions, em 1984. 

Time After Time – Cindy Lauper 

Mas nem só de rocks afetados viveu a segunda temporada da série. Justamente no final da temporada, embalando aquele famoso baile de formatura de colégio, que tem em tudo quanto é filme teen dos anos 80, lá estava a clássica música Time After Time, da Cindy Lauper, para servir de trilha sonora para emocionante cena da dança entre Dustin e Nancy. Lógico que a cena foi sucesso absoluto e elevou a música a hit novamente. A música faz parte do disco de estreia de Cindy Lauper, She’s So Unusual, lançado em 1983. Um disco absolutamente clássico, diga-se, que traz ainda o hit maior da cantora, Girls Just Want To Have Fun. 

Every Breath You Take – The Police 

Na sequência de Time After Time, no mesmo baile, ainda toca este clássico monumental do Police para servir de trilha sonora para o inesquecível primeiro beijo, no caso, entre os casais Max e Lucas e Eleven e Mike. A música também tocou como nunca internet afora em 2017, assim como em 1983, quando foi lançada no disco Synchronicity. Every Breath You Take toca na última cena da segunda temporada, encerrando com classe e deixando um baita suspense no ar.  

Material Girl – Madonna 

É verdade que toda a série é suco de anos 80 pra ninguém botar defeito. Mas na terceira temporada a coisa meio que sai do controle. O ano agora é 1985, o hard rock dá lugar ao pop e até mesmo uma ameaça russa é incorporada na trama. Material Girl obviamente é uma das mais icônicas músicas de toda a carreira da Madonna, e uma música que exprime muito bem a aura ególatra e capitalista dos Estados Unidos nos anos 80. A música toca numa cena divertidíssima em que Max e Eleven vão fazer compras. A cena é o puro creme dos anos 80. A canção, que foi sucesso absoluto, está no emblemático segundo disco da Madonna, Like a Virgin, de 1984. Em 2019, depois de rolar na série, a música virou hit no Tik Tok. 

American Pie – Don McLean 

Esta música pode ser considerada um daqueles standards da música norte americana. Foi a primeira música a chegar ao número 1 da Billboard tendo mais de 8 minutos de duração. Lançada em 1971 no disco também chamado American Pie, a canção, supostamente, fala sobre o fatídico dia 3 de fevereiro de 1959, o dia em que a música morreu. Não dá pra dizer que em 2019, quando a terceira temporada foi lançada, American Pie era uma música esquecida, até porque vira e mexe ela aparece em trilhas sonoras de filmes e séries por aí. Mas também foi constatado um aumento nas buscas e plays da música depois que ela tocou ao fundo da cena em que Billy e Heather sequestram os pais dela. 

The Never Ending Story – Limahl 

A canção foi escrita por encomenda para o filme de mesmo título, lançado em 1984. O compositor da canção é ninguém menos que Giorgio Moroder. Limahl, o intérprete, é britânico, foi vocalista de uma pequena banda de new wave e teve uma carreira solo de relativo sucesso na Europa. Esta sim é uma música que estava esquecida. Os criadores da série foram muito felizes ao resgatar essa pérola e colocar para Dustin e Suzie fazerem um emocionante dueto via rádio amador. A cena em si é linda e viralizou! A música disparou e teve regravações e diferentes interpretações, inclusive nesses reality shows de cantores amadores. Foi um tiro mega certeiro! 

Running Up That Hill – Kate Bush 

Assim como Should I Stay or Should I Go foi o fio condutor de Will na primeira temporada, Running Up That Hill faz essa função para Max. A música é apresentada como a favorita da personagem logo de cara e depois volta a ser fundamental para que ela saia de uma espécie de transe. A questão é que Kate Bush andava meio reclusa, longe dos holofotes. Apesar de sempre ter sido uma prolífica compositora, de muito talento, fez sucesso ente os anos 80 e 90, mas nunca foi um grande nome pop. Running Up That Hill, além de ser uma música linda, entrou como uma luva nas cenas da personagem e com a estética retrô. O estouro da música depois de aparecer na série foi inacreditável. Chegou ao número 1 de execuções no Reino Unido, os perfis da cantora nas diferentes redes sociais aumentaram vertiginosamente, entrou em trending topics e o escambau. 

Master of Puppets – Metallica 

Não dá pra dizer que Master of Puppets é uma música famosíssima. Mas, sem dúvida, dentro do nicho do metal, ela é um clássico absoluto. Para boa parte dos fãs, Master Of Puppets, o disco, é melhor da banda e o último que conta com Cliff Burton no baixo. Mas nem o mais otimista dos metaleiros acreditaria que 36 anos depois de lançada, a música cairia no gosto popular e seria ouvida por jovens acostumados a ouvir Drake e Justin Bieber! Mas foi o que aconteceu. Depois de a música ser tocada na épica cena em que o personagem Eddie a interpreta em sua guitarra, a música passou a ser incessantemente buscada nas redes e pela internet afora. Uma das mais agressivas músicas do Metallica, cuja letra fala sobre o abuso de drogas, viralizou em pleno 2022. Parabéns a todos os envolvidos. 

Uma série bem escrita, super bem produzida, com uma enxurrada de referências à cultura pop e uma trilha sonora arrebatadora merece menção honrosa e estampas exclusivas aqui na Strip Me. E assim como a própria série, a Strip Me apresenta camisetas com estampas de música, arte, cinema, cultura pop e muito mais, tudo com muita personalidade, criatividade e bom gosto. Se liga na nossa loja e fica de olho nos lançamentos que sempre pintam por lá. 

Vai fundo! 

Para ouvir: A playlist prontinha com as músicas citadas neste post! Stranger Things Eleven Top Tracks

Para assistir: Steven Spielberg produziu e J. J. Abrams escreveu e dirigiu este filme que tem tudo a ver com a estética e linguagem de Stranger Things, provavelmente até deve ter servido de inspiração. Super 8 é um filme bem divertido e empolgante, lançado em 2011, de um grupo de amigos que presenciam um acidente de trem e passam a investigar acontecimentos misteriosos. Amizade, mistério e pitadas de bom humor. Está tudo lá. Vale a pena assistir. 

Para ler: Uma obra que certamente inspirou os criadores de Stranger Things é o livro (que virou filme, claro) Carrie, A Estranha. O primeiro livro de sucesso do gênio do suspense e terror Stephen King, lançado em 1974, conta a história de uma garota tímida, com problemas na escola, sem muitos amigos e que tem poderes tele cinéticos. É uma obra prima! Você acha facilmente a edição muito bem feita graficamente da editora Companhia das Letras. 

10 Curiosidades sobre Adoniran Barbosa

10 Curiosidades sobre Adoniran Barbosa

Mitologia é a ciência que procura a explicação dos mitos, que têm um caráter social desde sua origem e só são compreensíveis dentro do contexto geral da cultura em que foram criados. Quando falamos de mitologia, o primeiro impulso do nosso cérebro é nos remeter à Grécia Antiga, Hércules, Ícaro, Minotauro… Mas a criação de mitos acompanha a humanidade até hoje. Na cultura contemporânea temos vários exemplos. E os principais deles são mitos autoconcebidos. Ou seja, são pessoas que conseguiram criar uma mitologia em torno de si, que fizeram com que a sua existência seja surreal, onde verdade e mentira não só se confundem, mas se tornam irrelevantes. Bob Dylan, Andy Warhol, Lou Reed, Bukowski, Jim Morrison, Andy Kauffman, Kurt Cobain… todos tem em comum a contradição em suas histórias de vida. Todos eles, mais de uma vez, mentiram ou exageraram alguns “fatos” de sua vida para alimentar o mito em torno de si, mesmo que isso tenha sido feito involuntariamente. Ter isso em mente é fundamental para entender quem foi João Rubinato. E quem ainda é, e sempre será, Adoniran Barbosa

A cidade de São Paulo é uma das maiores do mundo. Seria inaceitável que uma cidade dessa magnitude não tivesse sua própria mitologia. Desde seu surgimento, com o os jesuítas no pátio do colégio até a concepção da antropofagia às voltas do teatro municipal. Deuses da chuva, Demônios da Garoa, os crimes do Notícias Populares e os punks Inocentes. Mas com certeza, o mais representativo mito paulistano é Adoniran Barbosa. O chapéu de abas curtas, o olhar cansado, o fino bigode por cima de um sorriso tímido e a gravata borboleta completando com graça e um ar de nostalgia a imagem do homem que viu São Paulo crescer, e contou como ninguém as histórias de seus habitantes. 

Mais do que isso, Adoniran Barbosa é um dos mais importantes sambistas do Brasil. Com personalidade e bom humor, criou um estilo único, de fazer samba. Dono de uma biografia longa e cativante, permeada de percalços e conquistas, Adoniran Barbosa deve ser reconhecido como um grande artista. Por isso, trouxemos aqui 10 curiosidades essenciais e interessantes para você conhecer melhor o inigualável Adoniran Barbosa. 

Adoniran Barbosa no centro de São Paulo – Foto: Luiz Novaes (sem data)

O Nome 

Ele nasceu em Valinhos (SP) e foi batizado João Rubinato. Já adulto, morando em São Paulo, tinha o sonho de ser um grande cantor, como Orlando Silva. Após participar de alguns concursos de calouros sem ganhar nada, atribuiu seu fracasso ao seu nome, sem carisma ou charme de sambista. Achava bonito e sonoro o nome de um de seus amigos: Adoniran. E admirava muito um sambista de muito sucesso nos anos 30, Luiz Barbosa. Juntou os dois e pronto. João Rubinato passou a se apresentar como Adoniran Barbosa. E não é que funcionou? Em 1935 ganhou o primeiro lugar interpretando um samba de Noel Rosa e, de quebra, passou a ter passe livre nas rádios paulistanas. 

Adoniran Barbosa, o ator 

Não foi por causa do nome sem carisma e nem por conta do mero acaso que Adoniran Barbosa não vencia os concursos de calouros. Ele simplesmente não cantava bem. Tinha uma voz fraca, mas tentava cantar como Francisco Alves ou Orlando Silva. Mas quando, graças a um samba de Noel Rosa, Adoniran conseguiu emplacara uma interpretação convincente, ganhou acesso às rádios de São Paulo. Procurando insistentemente trabalho como cantor, nunca conseguia nada. Até que, por conta de seu bom humor, acabou sendo convidado para atuar numa esquete, como radio ator. Todo mundo adorou sua performance e a carreira de ator acabou vingando. Antes de ser conhecido como sambista, Adoniran Barbosa foi muito conhecido como ator. 

Osvaldo Moles e Adoniran Barbosa – Foto: acervo Folhapress (sem data)

A criação de Adoniran Barbosa 

É verdade que foi o próprio João Rubinato quem escolheu o nome Adoniran Barbosa. Mas a persona pela qual o nome ficaria eternamente conhecido foi concebido por outra pessoa. Em 1941 Adoniran Barbosa conhece o roteirista, escritor e jornalista Osvaldo Moles, na Rádio Record. Os dois se tornam amigos e passam a trabalhar juntos. Moles era prodígio em criar histórias engraçadas, tendo como pano de fundo a realidade e o dia a dia, e, principalmente, conseguia criar personagens fantásticos, caricaturas brilhantes dos tipos mais comuns, em especial das classes mais pobres. E Adoniran Barbosa soube como ninguém dar vida a estes personagens. Assim nasceram o taxista italiano Giuseppe Perna Fina e o emblemático Charutinho, um mulato malandro e preguiçoso do Morro do Piolho, favela fictícia da cidade de São Paulo criada por Moles. A mistura do português com carregado sotaque italiano do taxista com o português coloquial e cheio de erros de Charutinho, não só tornaram Adoniran Barbosa famosíssimo na época, mas também fez com que o mesmo se apropriasse do jeito de falar e das filosofias de vida de tais personagens para si mesmo. Surgindo assim o Adoniran Barbosa que dizia “peguemo tudo as nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição”. 

O fracasso de Saudade da Maloca 

Pois é. Saudosa Maloca está entre as músicas mais conhecidas e representativas de Adoniran Barbosa. Quando a música foi composta, Adoniran ainda era reconhecido somente como ator do rádio, mas já compunha alguns sambas para outros artistas interpretarem. E nisso também era bem sucedido. Já tinha emplacado pelo menos dois sambas de sucesso: Dona Boa e Malvina. Em 1951 o próprio Adoniran resolve gravar um samba que acabara de compor, sobre um trio de desabrigados que viram sua maloca, uma casa abandonada onde viviam, ser demolida. A música foi lançada com o título Saudade da Maloca e passou totalmente despercebida pela crítica e público. 4 anos depois, o grupo Demônios da Garoa, de quem Adoniran já era amigo e parceiro musical, foi convidado para tocar no programa de rádio do Manoel da Nóbrega, o pai do Carlos Alberto, aquele da Praça… No ensaio, antes do programa, o conjunto tocou de brincadeira a tal música da maloca, mas com certa leveza, fazendo os famosos cascasculás, destoando do tom triste da letra. Manoel da Nóbrega recomendou que o grupo gravasse a música, que seria sucesso. Dito e feito! Rebatizado de Saudosa Maloca, os Demônios da Garoa fizeram daquele samba triste de Adoniran Barbosa um dos maiores sucessos da música brasileira. 

Capa do compacto Saudosa Maloca, lançado em 1955 pelos Demônios da Garoa

Os Demônios da Garoa 

O grupo começou a se apresentar como conjunto de apoio de cantores nas rádios de São Paulo em 1943. Pouco depois já passou a ganhar destaque por conta própria. Mas ainda sem extrapolar as fronteiras de São Paulo. Em 1949 conheceram Adoniran Barbosa nos bastidores da Rádio Record, surgindo de imediato uma grande amizade entre os músicos e o então ator. Adoniran sempre mostrava para os Demônios da Garoa suas composições. Em 1951 nasce a primeira parceria do grupo com Adoniran Barbosa: Os Demônios da Garoa gravam Malvina. Sucesso absoluto. Em 1952 eles gravam Joga a Chave, samba de Adoniran em parceria com Osvaldo Moles. Sucesso absoluto também. Desde então, a grande maioria dos sambas de Adoniran Barbosa foram gravados pelos Demônios da Garoa, sempre com grande êxito comercial. Porém, a parceria não deu certo nos palcos. Isso porque Adoniran Barbosa queria dividir os cachês meio a meio: 50% para ele e 50% para ser dividido entre os 5 integrantes do conjunto. Depois de muita briga e discussão, a parceria nos palcos teve vida curta e fim irremediável, mas a amizade permaneceu, bem como a parceria de Adoniran como compositor e os Demônios da Garoa como intérpretes. 

Demônios da Garoa e Adoniran Barbosa – Foto Acervo Universal Music (sem data)

4 versões de Arnesto 

Samba do Arnesto é um dos maiores sucessos de Adoniran Barbosa. A divertida música que narra um desencontro, um compromisso desmarcado sem aviso prévio, é uma das muitas histórias de Adoniran Barbosa com diferentes versões, já que ele sempre dizia que suas músicas eram todas sobre histórias verdadeiras, que ele viveu ou viu acontecer. Acontece que ao longo dos anos, em entrevistas Adoniran contou versões bem diferentes da tal história do Arnesto. Em uma delas, ele diz que havia sido convidado para um almoço e uma roda de samba na casa do tal Arnesto, mas chegando lá não tinha mais comida e ele, Adoniran, e seus amigos de samba acabaram ficando na fome, assim nasceu o samba. Já em outra entrevista Adoniran conta que o tal Arnesto contratou Adoniran e seu grupo para tocar num baile no Brás, e que quando chegaram, não tinha baile nenhum, e essa situação o inspirou a escrever o samba. Em uma outra entrevista, provavelmente cansado de responder à mesma pergunta, respondeu que não existia Arnesto nenhum, e que ele inventou a história toda. E, por fim, a verdadeira história: Adoniran Barbosa conheceu Ernesto Paulelli no início dos anos 40. Ao se conhecerem, Ernesto entregou seu cartão de visitas para Adoniran, que de cara leu em voz alta: “Arnesto Pauleli”. Ernesto respondeu: “Não não. É Ernesto, com E.”. E Adoniran: “Ah, não. Arnesto é melhor. Ainda vou fazer um samba com o seu nome.”. E acabou fazendo mesmo. Só que o Ernesto nunca convidou o Adoniran para ir na sua casa. Casa esta, aliás, que fica na Mooca, e não no Brás, como diz a música. 

Ernesto Paulelli, o ‘Arnesto’ do samba de Adoniran Barbosa, com a partitura da música autografada pelo autor. Foto de Thiago Bernardes/Folhapress

O Trem das Onze vai ao Rio 

Contradizendo drasticamente sua afirmação de que todas as suas músicas são histórias verdadeiras, Adoniran Barbosa não era filho único, e foi ao bairro do Jaçanã uma ou duas vezes na vida, e de carro. Ainda assim, Trem das Onze é seu maior e mais consagrado sucesso. Um samba simples, de melodia arrebatadora e letra lamurienta. Certa feita, o gênio da nossa literatura, Vinícius de Moraes, que também era sambista, além de carioca, fez uma inconsequente afirmação: “São Paulo é cemitério do samba.”. Era sua maneira de exaltar o ensolarado samba carioca, considerando-o maior que os sambas feitos em São Paulo. Pois não é que em 1964, ano em que o Rio de Janeiro celebrava seus 400 anos de fundação, o samba mais tocado no carnaval carioca foi justamente Trem das Onze? É verdade! Trem das Onze ganhou todos os prêmios naquele ano, incluindo o Prêmio de Músicas Carnavalescas do IV Centenário do Rio de Janeiro. A música fez tanto sucesso que extrapolou o Brasil e ganhou uma versão em italiano na voz de Riccardo del Turco, famoso cantor na época. Na versão italiana, a canção ganhou o título Figlio Unico e vendeu muitos discos. Claro que Adoniran Barbosa sempre afirmou que não ganhou nenhum centavo, o que pode ser tão verdade quanto o fato de ele ser filho único e ter morado no Jaçanã. 

Capa do compacto de Trem das 11, lançado em 1964 pelos Demônios da Garoa

Ressurgimento com Elis Regina 

Apesar de suas músicas fazerem muito sucesso, Adoniran era apenas o compositor. Quem aparecia e ganhava dinheiro fazendo shows e vendendo discos eram os intérpretes, na maior parte das músicas, os Demônios da Garoa. Até metade dos anos 60 o sustento e a fama de Adoniran vinham de seu trabalho como ator, principalmente na Rádio Record, e também, esporadicamente em novelas na TV e em um ou outro filme. Em 1967 seu grande amigo e roteirista, Osvaldo Moles, comete suicídio. A morte de Moles abala muito Adoniran. Pra piorar, sem os textos de Moles, Adoniran acaba demitido da rádio. Com quase 70 anos de idade, com problemas financeiros e saúde comprometida Adoniran Barbosa passa pela década de 70 esquecido. Mas em 1978 Elis Regina, sem dúvida a maior cantora do Brasil na época, no auge do sucesso, se interessa em gravar os sambas de Adoniran. É promovido então um encontro entre os dois, num botequim no bairro do Bixiga, tudo filmado. É um vídeo antológico! Dois anos depois, em 1980, Adoniran e Elis gravam juntos o samba Tiro ao Álvaro, música composta por Adoniran no início da década de 60, em parceria com o falecido Osvaldo Moles. A música foi sucesso retumbante e elevou o nome de Adoniran Barbosa novamente em toda a mídia. Numa triste coincidência, os dois morreriam 2 anos depois do lançamento de Tiro ao Álvaro. Elis morreu em janeiro de 1982, com apenas 36 anos de idade, e Adoniran morreu em novembro do mesmo ano, com 70 (ou 72) anos de idade. 

Um torresmo à milanesa 

Um dos últimos parceiros na música de Adoniran Barbosa foi o, então jovem, músico Carlinhos Vergueiro. Eles se conheceram em meados dos anos 70, Vergueiro já era fã de Adoniran. A música mais famosa que a dupla compôs é um samba chamado Torresmo à Milanesa. Quando o samba foi escrito, no balcão de um boteco no centro de São Paulo, a dupla escreveu o refrão da música que era uma conversa entre trabalhadores na hora do almoço: “O que é que você trouxe na marmita, Dito? Trouxe ovo frito. Trouxe ovo frito. E você, Beleza, o que é que você trouxe? Arroz com feijão e bife á milanesa, da minha Teresa.”. Quando foram gravar a música, Vergueiro conta que Adoniran chamou ele de lado e disse: “Quando for cantar, não canta bife não. Canta torresmo à milanesa.”. “Mas por que isso, Adoniran?” Sorrindo, Adoniran Barbosa disse “Porque não existe torresmo à milanesa!”. Quando a música já estava sendo gravada, Adoniran Barbosa mais uma vez interrompeu e chamou Carlinhos Vergueiro. Adoniran disse: “Vorta a fitinha, Carlinhos, grava de novo. Quando você cantar, canta “UM torresmo à milanesa.” “Um torresmo? Mas por que, Adoniran?” E Adoniran respondeu profundo; “Porque é muito mais triste, porra.”. 

Capa do primeiro disco solo de Adoniran Barbosa, lançado em 1974.

O mini mundo de João Rubinato 

Adoniran Barbosa inventou o que seus amigos chamavam de boemia matutina. Adoniran acordava e andava pelo velho centro de São Paulo parando em um e outro botequim pra tomar um uisquinho, depois ia bater papo com os amigos na Rádio Eldorado, onde aproveitava para tirar um cochilo de uma hora, mais ou menos, no sofá da recepção da rádio. No fim da tarde, ele já estava de volta em casa. No fundo de sua casa, ele mantinha uma oficina, onde criava de tudo em miniatura. Ele fazia trens elétricos, parques de diversões inteiros, com carrossel, tobogã e tudo o mais. Ele fazia tudo à mão, com pedaços de lata, madeira e tinta, com pouquíssimas ferramentas. Ele não mostrava isso pra ninguém, era seu hobby secreto e uma de suas paixões. Além de ator e sambista, Adoniran Barbosa era um hábil e talentoso artesão. 

Adoniran Barbosa é um dos artistas mais representativos da música brasileira. Sua música e sua história de vida, que se misturam com o crescimento desenfreado da cidade de São Paulo e com a modernização das comunicações, a passagem do rádio para a TV, a evolução da música popular, tudo isso faz com que seja indispensável que Adoniran Barbosa não tenha garantido seu espeço dentro do diverso e encantador mundo da Strip Me. Onde, assim como um grafite num viaduto paulistano, a música de Adoniran se mistura com a arte renascentista e se renova numa linguagem totalmente nova. Essa e muitas outras camisetas com estampas de música, arte, cinema, cultura pop e muito mais, você encontra na loja da Strip Me, onde, aliás, vale a pena estar sempre de olho pra ficar por dentro dos frequentes lançamentos

Adoniran Barbosa. Foto de Luiz Novaes (sem data)

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor na obra genial de Adoniran Barbosa. Adoniran Barbosa Top 10 tracks

Para assistir: Foi lançado em 2018 um ótimo documentário sobre a vida e obra de Adoniran Barbosa chamado Adoniran: Meu Nome é João Rubinato, escrito e dirigido por Pedro Soffer Serrano. Ainda que não cubra toda a carreira de Adoniran, é um filme emocionante, com vários depoimentos marcantes de gente que conviveu com o sambista. Vale demais a pena ver, e tem completinho no Youtube. 

Para ler: A biografia de Adoniran Barbosa escrita pelo jornalista Celso Campos Jr. é um livro irretocável. Não só para fãs do Adoniran, mas para quem se interessa por música e comunicação, este livro é fundamental. O autor conta a história do biografado trazendo todo o contexto político, econômico e social que o envolve, com um texto delicioso de se ler. O livro se chama Adoniran: Uma Biografia e foi lançado pela editora Globo em 2009. Leitura mais que recomendada. 

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1999 – 2022

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1999 – 2022

O pequeno Johnny nasceu no dia 5 de março de 1970 no Queens, em New York. Aos seis anos de idade, por influência do pai que tocava piano e da mãe que cantava no coral da igreja, ele começou a fazer aulas de guitarra. Aos nove anos já sabia tocar praticamente todas as músicas do Jimi Hendrix e e tinha como referência guitarristas como Jimmy Page e Frank Zappa. E, de fato, ele cresceu notadamente um guitarrista muito talentoso. Aos doze anos de idade, seus pais se separam e ele se muda com a mãe para a California. É quando monta uma banda aqui, outra ali e se envolve com a cena de Los Angeles, em especial os punks. Ainda adolescente, com 14 ou 15 anos, viu os Red Hot Chilli Peppers ao vivo e ficou encantado com a mistura de sons e ritmos. Passou a acompanhar a banda em tudo quanto é show e aprendeu a tocar todas as músicas dos seus primeiros 3 discos. Hillel Slovak se tornou um herói da guitarra pra ele. Por fim, uma das bandas que ele fez parte contava com D. H. Peligro na bateria. O lendário baterista da banda Dead Kennedys, numa tarde de 1988, poucos meses depois da morte de Slovak apresentou John ao baixista Flea. E o resto é história. 

Uma história caótica, diga-se, que já contamos na primeira parte deste post especial sobre os Red Hot Chilli Peppers. Partimos do início da banda e chegamos até as turnês conturbadas e incompletas de divulgação do disco One Hot Minute, que rendeu a Chad Smith uma fratura no punho e a Dave Navarro sua demissão por consumo excessivo de drogas. Com a tour cancelada e Navarro fora, Anthony Kiedis recaído no vício de heroína, decide se mudar para a Índia para se tratar e se livrar do vício. Enquanto isso, Flea permanece em Los Aneles e começa a pensar se a banda deve continuar existindo. Vale dizer aqui que o Flea, que com exceção da maconha, nunca se ligou em drogas como Kiedis, Slovak, Frusciante e Navarro, sempre se manteve firme, focado e dedicado à banda. Por isso mesmo, ele se deu conta que a banda não podia parar. E concluiu também que somente um homem seria capaz de acertar a mão no tempero dos Chilli Peppers e colocar a banda nos trilhos de novo: John Frusciante. 

Verdade seja dita, Flea e Frusciante tornaram-se amigos muito, mas muito próximos mesmo. Ao longo de todo o tempo em que Frusciante ficou fora dos Chilli Peppers, Flea acompanhava a vida do amigo, e por várias vezes o ajudou levando a hospitais e clínicas de reabilitação. Em 1998 o guitarrista estava no fundo do poço. Magérrimo, pele ressecada, sem dentes na boca… tudo por conta do abuso de heroína. Ele claramente não duraria mais um ano vivo se continuasse a se drogar. Flea o ajudou a encontrar um hospital que poderia lhe ajudar na recuperação tanto do vício, quanto de seu corpo. Parte da força de vontade de Frusciante vinha do fato de Flea afirmar que assim que ele se recuperasse, tinha seu lugar garantido como guitarrista dos Chilli Peppers, já que Navarro fora demitido. Na época, Frusciante chegou a espalhar uma história de que não tinha mais nenhuma guitarra, pois elas tinham sido consumidas em um incêndio em sua casa meses antes. Mentira admitida por ele próprio em 2002. As guitarras todas obviamente foram vendidas para que ele comprasse mais drogas. No fim do ano de 1998, Anthony Kiedis volta da Índia limpo, recuperado de seu vício e ajuda muito na recuperação de John, principalmente lhe presenteando com uma guitarra nova. 

Californication – Red Hot Chilli Peppers (1999)

O ano de 1999 já começou com a notícia de que Frusciante estava oficialmente de volta à banda e que um novo disco estava sendo produzido. E que disco! Em junho daquele ano é lançado Californication. É o retorno retumbante e redentor dos Red Hot Chilli Peppers! Kiedis e Frusciante, livres das drogas, estão numa harmonia transcendental! Flea e Chad Smith afiadíssimos! Pelo menos metade do disco vira hit instantâneo nas rádios e na MTV! O disco vende milhões mundo afora e a banda faz uma turnê mundial avassaladora, que passa pelo Brasil em 2001. No ritmo alucinante da turnê novas canções vão sendo escritas. Mal acaba a turnê de Californication, já é lançado By The Way em 2002. Um disco inspirado, e bem mais introspectivo. Fica evidente a presença de Frusciante como principal compositor da banda, já que o disco traz músicas com ótimas melodias e arranjos, além de primar mais pelo rock n’ roll e baladas adocicadas, dando menos ênfase no funk espevitado que marcou o sucesso da banda nos anos 90. Ainda assim, o disco vendeu muito, colocou 3 músicas no topo das paradas de mais tocadas e culminou em mais uma tour mundial que durou até 2005 e rendeu mais alguns milhares de dólares para a banda. E o melhor de tudo: foram 2 álbuns com turnês gigantescas de imenso sucesso, e nenhum episódio sequer de problemas com drogas aconteceu com nenhum dos 4 integrantes da banda! 

By rhw Way – Red Hot Chilli Peppers (2002)

Em 2006 já se contavam 7 anos desde o retorno de John Frusciante para a banda, 7 anos da banda livre de qualquer problema com drogas e 6 anos de sucesso e muito dinheiro entrando. Pelo histórico da banda, já estava na hora de alguma coisa dar errado ou alguém pisar na bola. Pois dessa vez não foi assim. 2006 marcou o lançamento de Stadium Arcadium, nono disco da história da banda. Um disco duplo que, originalmente seria uma trilogia, mas acabou virando um disco duplo. E o disco foi super bem recebido pela crítica e vendeu muito! Dani California é um hit desses que já nascem prontos pra tocar no rádio! E foi essa música que catapultou as vendas do disco e chegou a render mais alguns Grammys para a banda. Vale lembrar que desde Blood Sugar Sex Magik a banda não largou o produtor Rick Rubin, que esteve por trás de todos os discos desde então. Em Stadium Arcadium dá pra notar que a banda está desenvolvendo com mais força sua personalidade mais madura, e a mão de Rick Rubin guiando a sonoridade da banda por tanto tempo só faz com que o disco soe ainda mais original. Claro que o disco rendeu mais uma tour mundial. Malandramente, John Frusciante convence a banda a incorporar mais um músico no palco. Entra em cena Josh Klinghoffer, um grande amigo de Frusciante, para tocar guitarra base, teclados e fazer backing vocals durante a tour de Stadium Arcadium. No fim do ano de 2007, já com Klinghoffer bem entrosado com a banda, John Frusciante chega para a turma e diz: “Gente, eu cansei. Quero fazer mais uns discos solo, parar de fazer esses shows enormes… e vai ficar tudo bem, porque o Josh está na banda e dá conta do recado. Eu confio nele. Então é isso. Estou saindo fora.”. E mais uma vez John Frusciante abandonou os Red Hot Chilli Peppers. 

Stadium Arcadium – Red Hot Chilli Peppers (2006)

Mas o que poderia ser o começo de uma crise acabou sendo um motivo pra todo mundo descansar um pouco. E a banda anuncia que vai parar por um tempo. Afinal, foram quase 10 anos ininterruptos compondo, gravando e fazendo shows. Anthony Kiedis acabara de ser pai e queria se dedicar ao bebê, Flea aproveitou para começar a escrever suas memórias e Chad Smith resolveu descansar carregando pedra, montando com Sammy Hagar, Joe Satriani e Michael Anthony a banda Chickenfoot e saindo por aí gravando disco e fazendo shows. Talvez só tenha ficado uma situação meio chata pro Josh Klinghoffer, que quando achou que ia emplacar o posto de guitarrista principal de uma das maiores bandas do mundo, levou um balde de água fria nas ideias. Mas não por muito tempo. Em 2010 já estava todo mundo afim de voltar a trabalhar. Em março entram em estúdio com Rick Rubin e de lá só saem no começo de 2011, com mais um disco embaixo do braço. Em agosto é lançado I’m With You, décimo disco da carreira da banda e primeiro com Josh na guitarra. O disco reforça a guinada no estilo da banda, mais rock e menos funk que começou em By The Way. É um disco interessante, com ótimas melodias e uma capa minimalista muito bonita. O disco, claro, vendeu bem, colocou The Adventures of Raindance Maggie no topo das paradas e ainda teve outros dois singles de destaque: Monarchy of Roses e Look Around. E tome tour até 2013! 

I’m With You – Red Hot Chilli Peppers (2011)

Em setembro de 2013 a banda encerrou a tour do disco I’m With You e anunciou que iria tirar alguns meses de férias. Na metade do ano de 2014, após se apresentar no emblemático intervalo do Super Bowl, anunciam que vão entrar em estúdio para começar um novo álbum. A surpresa vem em novembro do mesmo ano, quando Anthony Kiedis afirma numa entrevista que o disco novo não será produzido por Rick Rubin. Somente em janeiro de 2015 foi anunciado que o produtor do disco seria Danger Mouse, deixando claro que a banda estava buscando novos ares. O novo disco estava previsto para sair no segundo semestre de 2015. Mas em fevereiro Flea quebrou o braço esquiando. As gravações atrasaram pelo menos três meses. Por fim, The Getaway acabou sendo lançado somente em junho 2016. O disco vai bem de vendas, não emplaca nenhuma música no topo das paradas, mas tem pelo menos dois hits em potencial: Dark Necessities e Go Robot. E mais uma tour gigantesca, que dura até outubro de 2017. Em 2018 a banda anuncia que vai descansar por alguns meses e depois voltar para o estúdio. 

The Getaway – Red Hot Chilli Peppers (2016)

Desde o lançamento de Californication em 1999 já se passam quase 20 anos. A banda bem estruturada, sem problemas com drogas, enfileirando sucessos e bons discos… agora sim, já estava na hora de alguma coisa dar errada. Em 2018 incêndios imensos arrasaram boa parte das florestas e áreas verdes da California. O estúdio onde a banda começaria a gravar era numa área repleta de árvores e acabou sendo atingido por um desses incêndios. Tudo se atrasou para o começo das gravações. Nesse meio tempo, Flea finalmente lança seu livro de memórias, que vinha escrevendo há anos. E também nessa época, Flea e Frusciante passam a ser vistos juntos com mais frequência do que o habitual. Em 2019, a banda faz alguns shows esporádicos. Em 5 de dezembro de 2019 o perfil oficial da banda no Instagram anuncia que Josh Klinghoffer estava fora da banda, e que em seu lugar estava de volta o queridão John Frusciante! A surpresa foi geral. Inclusive para Klinghoffer. Aparentemente não houve nenhum desentendimento. Frusciante simplesmente disse que estava disponível e a banda o quis de volta. Nem tem muito como a gente culpar os caras, né… Em 2020, você deve saber, rolou uma certa pandemia que fez o mundo parar por praticamente dois anos. Mas os Chilli Peppers continuaram trabalhando. Com Frusciante de volta, a banda acabou concordando em também voltar a trabalhar com Rick Rubin. O time estava completo no estúdio mais uma vez. E finalmente, em abril de 2022 é lançado o disco Unlimited Love, décimo segundo da carreira da banda. Mais um disco de boas surpresas, com o novo som dos Chilli Peppers muito bem definido. E pelo jeito a história vai se repetir. Virão shows e mais shows, e, provavelmente mais discos no futuro. Afinal, se tem uma coisa que a gente aprendeu com essa história toda é que nada e nem ninguém é capaz de parar os Red Hot Chilli Peppers. 

Unlimited Love – Red Hot Chilli Peppers (2022)

Ainda bem! Quem sabe, daqui um tempo a gente não volta aqui para contar mais sobre mais 10, 20 anos da banda. Por enquanto, essa é a história dos Red Hot Chilli Peppers, dividida em 2 posts. Uma história interessantíssima e deliciosa de se ouvir através dos doze discos de estúdio. Uma banda tão importante, influente e inspiradora certamente tem seu lugar garantido na mente e no coração de todo mundo aqui na Strip Me, sem falar, é claro, de algumas estampas exclusivas sobre os Chilli Peppers. Mas não é só isso. Na Strip Me você encontra camisetas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. Entra na nossa loja pra dar uma olhada e visite sempre o site para conferir os lançamentos.  

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor nos 6 últimos discos dos Red Hot Chilli Peppers, mas claro, sempre dando aquele desvio das obviedades e grandes hits. RHCP 1999 – 2022 top 10 tracks

Para ler: Altamente recomendável a autobiografia do baixista Flea. O livro se chama Acid for Children, foi lançado no Brasil pela editora Belas Letras em 2020. Se o que você já leu até agora neste texto já é impressionante, imagina tudo isso contado sob o ponto de vista do próprio Flea, que foi quem mais segurou ondas no mundo do rock! Imperdível! 

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1984 – 1998

Dossiê STM: Red Hot Chilli Peppers 1984 – 1998

Começando pelo fim, a história que vai ser contada hoje aqui tem vários ensinamentos e lições. O primeiro ensinamento é que ninguém faz nada sozinho. Outro é que essa conversa de dinâmica de grupo de RH, de que não existe ninguém que seja insubstituível, é balela! Sempre tem a pessoa certa para fazer determinado trabalho. O problema é que é raro que essa pessoa e o trabalho a ser feito se encontrem. Mais uma lição importante dessa história é a perseverança, a insistência. No fim das contas, essa é uma história que pode ser uma metáfora para a vida, a existência, de maneira geral. Afinal, viver não é fácil, tem vários obstáculos, a gente mais sai perdendo do que ganhando, mas isso torna as vitórias ainda mais saborosas. E no fim, quando já se conquistou o que podia ser conquistado, só resta relaxar e aproveitar o legado que foi construído. Falando assim, fica até difícil de acreditar que estamos falando de uma banda de rock, formada por um bando de moleques que só queriam saber de fazer festa, tocar e fumar maconha. 

Era o começo dos anos 80, e Los Angeles era uma cidade sempre tomada por artistas de vanguarda, bem como guetos, onde a cultura de protesto crescia cada vez mais, acompanhando a crise econômica e a política cada vez mais conservadora do então presidente Reagan. O movimento punk, que começara festeiro e despretensioso em New York, na metade dos anos 70, chegou na costa oeste dos Estados Unidos, claro, já sob influência dos punks britânicos, no fim dos 70, começo dos 80, e sofreu várias mudanças. Ficou mais agressivo e muito político. Criou-se toda uma cena encabeçada pelas bandas Dead Kennedys e Black Flag. Em paralelo, na mesma época, surgia o hip hop. Afrika Bambaataa e Run DMC já despontavam como grandes nomes. Até hoje Los Angeles é uma cidade menor que New York e muito mais miscigenada. Portanto, é natural que culturas se misturem com mais facilidade. E não demorou pro punk e o hip hop se encontrarem, o que acabaria sendo conhecido como funk rock, ou funk metal. 

Alguns puristas afirmam que o funk rock já era praticado nos anos 70 por bandas como Devo e Talking Heads. Forçando um pouquinho a barra, até dá pra aceitar. Mas essas bandas pegavam mais elementos do funk e do soul e misturavam com a batida quadrada do rock. Claro, saía muita coisa boa, mas no frigir dos ovos eram só uns branquelos sem suíngue tentando soar modernos e malemolentes (e falhando miseravelmente na questão da malemolência). Voltando aos guetos de Los Angeles, no começo dos anos 80 começou a aparecer essa molecada que gostava de punk, de hip hop e também de sons dançantes como Funkadelic e Curtis Mayfield. Um desses jovens era um rapaz de origem israelita chamado Hillel Slovak, um guitarrista habilidoso e apaixonado por punk rock. Slovak tinha um grande amigo, também músico, mas que não se interessava por rock, tocava trompete e curtia jazz. Louco para montar uma banda, Slovak começou a bombardear seu camarada com discos de bandas punk e o ensinou a tocar baixo. Em pouco tempo o jovem conhecido por Flea já estava convertido ao punk rock e tocava baixo com seu camarada numa banda. Em uma das noites em que a banda tocava em buraco qualquer, um jovem aspirante a ator de Hollywood, amigo de colégio de Flea, chamado Anthony Kiedis colou no show da banda e se juntou aos músicos para cantar e improvisar umas rimas de hip hop. A química bateu instantaneamente. Kiedis entrou para a banda como vocalista. Eis a gênese do Red Hot Chilli Peppers. 

A história dos Chilli Peppers é toda inacreditável, mas esse comecinho da banda merece destaque porque é muita coisa inesperada acontecendo. Em 1983 a banda era formada por Anthony Kiedis no vocal, Slovak na guitarra, Flea no baixo e Jack Irons na bateria. Tocando pelos bares de LA, a banda começou a chamar a atenção por seu estilo diferente, com groove e uma pegada rock suja. Não demorou para eles arranjarem um empresário, que logo conseguiu um contrato com ninguém menos que a EMI para lançar um disco! Frente a isso, o que Slovak e Jack Irons fazem? Saem da banda, é claro! O fato é que o guitarrista e o baterista já faziam parte de uma outra banda, e os Chilli Peppers eram só um projeto paralelo. Quando a coisa começou a ficar séria, eles preferiram apostar em uma das duas bandas para se dedicar. Claramente fizeram a escolha errada. Kiedis e Flea resolveram não largar o osso e convidaram o baterista Cliff Martinez e o guitarrista Jack Sherman para entrar na banda e gravar o disco. Em 1984 sai o primeiro disco da banda, chamada simplesmente Red Hot Chilli Peppers e não causa grande impacto. O disco é produzido pelo inglês Andy Gill, guitarrista da banda Gang of Four. Gill não saca a proposta da banda e acaba engessando o som. 

Red Hot Chilli Peppers – Red Hot Chilli Peppers (1984)

Em 1985 Anthony Kiedis, que não se dava muito bem com o guitarrista Jack Sherman, convence Slovak a voltar para a banda. Sai Sherman, volta Slovak, Martinez se mantém na bateria, Flea no baixo e a banda se prepara para gravar seu segundo disco. Desta vez acertam em cheio ao escolher o mestre George Clinton para produzir o disco. Finalmente a banda consegue mostrar a que veio. O disco Freaky Style é lançado ainda em 1985 e causa comoção. A banda fica famosa no underground, começa a fazer cada vez mais shows, e shows sempre lotados. Empolgados e deslumbrados, Kiedis e Slovak acabam entrando naquele mundinho perigoso da heroína. Em 1986, incomodado com os abusos de Kiedis e Slovak, Cliff Martinez sai da banda. Quem assume as baquetas é Jack Irons, fazendo com que a banda voltasse a sua formação original. E é essa formação que lança o terceiro disco da banda, e único disco, com tal formação: The Uplift Mofo Party Plan, lançado em 1987. Para divulgar o disco, os Chilli Peppers saem em turnê com o Faith No More, que acabara de lançar o disco Introduce Yourself. A tour é bem sucedida, mas cobra um preço muito alto. Hillel Slovak morre de overdose de heroína em julho de 1988. 

Freaky Styley – Red Hot Chilli Peppers (1985)

A morte de Slovak despedaça a banda, que já vinha mal das pernas. Flea já disse em entrevistas que na época, sempre que seu telefone tocava, ele achava que o guitarrista ou o vocalista tinham morrido. Na noite em que Slovak morreu, Flea finalmente recebeu o telefonema fatídico, mas errou a vítima, pois atendeu o telefone com a certeza de que Kiedis era quem estava morto. Jack Irons acaba abandonando a banda, embarcando numa terrível depressão desencadeada pela morte do amigo. Anthony Kiedis resolve ir para o México para se desintoxicar e Flea fica sozinho sem saber o que fazer. Por fim, não havia outra coisa a se fazer, a não ser voltar a fazer música. Kiedis volta do México e vai para uma clínica de reabilitação em Los Angeles mesmo. Ele e Flea resolvem voltar ao trabalho. E mais uma vez precisam de um guitarrista e um baterista. O baterista escolhido é uma verdadeira lenda: D.H. Peligro, ex-baterista dos Dead Kennedys. E é Peligro quem apresenta a Kiedis e Flea um jovem de 18 anos chamado John Frusciante, guitarrista talentoso e de personalidade introvertida. Frusciante era fã da banda, conhecia muito bem o repertório e se encaixou perfeitamente. Peligro, por outro lado, não durou muito. Anthony Kiedis estava tentando se manter sóbrio e o baterista tinha seus próprios problemas com abuso de drogas e álcool. Acabou sendo demitido. Ao invés de escolher alguém da cena, o trio resolve fazer testes com bateristas novos. Mais ou menos 30 bateristas passaram por eles, até chegar um rapaz marrento, mas com uma energia e técnica inacreditáveis. Era Chad Smith, que foi contratado no ato. Estava completa a formação da banda que ficaria mundialmente famosa. 

The Uplift Mofo Party Plan – Red Hot Chilli Peppers (1987)

Com quase 40 anos de estrada e 12 discos lançados, acaba sendo ingenuidade querer vaticinar qual é o melhor disco da banda. Todavia, em 1989 Anthony Kiedis, John Frusciante, Flea e Chad Smith conceberam o disco que, para muita gente, é o melhor da banda: Mother’s Milk. Não vamos entrar nessa discussão aqui, se é ou não o melhor disco. Mas vamos aos fatos. Mother’s Milk foi o disco mais bem sucedido da banda até então. Com um empurrãozinho da MTV, passando incansavelmente os clipes de Knock me Down e Higher Ground, o disco chegou ao top 20 discos mais vendidos da Billboard norte americana. Com produção de Michael Beinhorn, Mother’s Milk traz camadas de guitarras muito bem timbradas envolvendo perfeitamente baixo e bateria. Além do mais, as composições estão mais afiadas, melhor acabadas e, principalmente, a banda encontra o som único que os tornariam facilmente reconhecíveis no futuro. O ritmo funkeado, guitarra distorcida e o vocal rápido, com um refrão melódico. Knock Me Down, um dos hits do disco, mostra bem esse formato, além de ter sido uma música onde Kiedis escreve sobre a experiência traumática com as drogas. Com o disco super elogiado pela imprensa, Kiedis sóbrio e shows lotados, a moral da banda vai lá em cima. Eles decidem trocar de gravadora, saem da EMI, assinam com a Warner e chamam para produzir seu próximo disco o inigualável Rick Rubin. 

Mother’s Milk – Red Hot Chilli Peppers (1989)

Rick Rubin já tinha sido cogitado para produzir a banda, na época do disco The Uplift Mofo Party Plan. Mas o próprio Rubin não aceitou por conta dos problemas de drogas de Kiedis e Slovak. Agora, com Kiedis sob controle, e, com certeza, uma proposta financeira, no mínimo, muito mais interessante, ele acabou aceitando. A gravadora alugou uma mansão, onde foi montado o estúdio, e ali foi gravado o antológico disco Blood Sugar Sex Magik. A mão de Rick Rubin é evidente em todo o disco, mas sem interferir na personalidade da banda. O resultado é avassalador. Do disco saem pelo menos 4 singles de sucesso. O disco é lançado em setembro de 1991, praticamente junto com o Nevermind do Nirvana. Ambos os discos extrapolam qualquer expectativa de vendas. À partir daquele momento, os Red Hot Chilli Peppers se tornam uma banda mundialmente famosa, passam a fazer shows em estádios e turnês mundiais. Estava tudo indo bem demais, já estava na hora de alguém ir lá e estragar tudo mais uma vez. 

Blood Sugar Sex Magik – Red Hot Chilli Peppers (1991)

Foi a vez de John Frusciante. Ele se sentiu extremamente oprimido pela fama, pela grandiloquência das turnês, o assédio de fãs e da imprensa…e ele sucumbiu. Depois de um show no Japão em maio de 1992, ele abandona a banda e se enclausura dentro de seu vício em heroína. Depois de convidar Dave Navarro, guitarrista da banda Jane’s Addcition, que negou o convite, os Chilli Peppers contratam o guitarrista Arik Marshall para cumprir os compromissos de 1992 e 1993. É com Marshall na guitarra que a banda aparece em um episódio d’Os Simpsons, se apresenta como headliner no histórico Lollapalooza 1992, no Hollywood Rock 1993, aqui no Brasil, e na premiação do Grammy de 1993. Mas a interação entre o guitarrista e o resto da banda não era tão boa. Ele acaba sendo dispensado no segundo semestre de 1993. Depois de cogitar nomes como esquisito Buckethead e o virtuose Jesse Tobias, finalmente Dave Navarro topa entrar para a banda. Com o time completo, eles lançam em 1995 o disco One Hot Minute. Um disco inconstante, meio sombrio. Também, pudera. Anthony Kiedis estava de volta entregue à heroína e se afastava cada vez mais das gravações. Navarro dizia que não gostava de funk e nem de improvisos, queria fazer riffs com pegada mais rock n’ roll. Mesmo sendo um pouco abaixo da média de qualidade da banda, One Hot Minute vendeu muito bem e rendeu uma turnê europeia enorme. Mais uma tour pelos Estados Unidos estava agendada para o ano de 1997, mas acabou sendo cancelada porque Chad Smith fraturou o punho. Enquanto ele se recuperava, as relações entre a banda desandavam. Navarro insatisfeito musicalmente, Kiedis mais uma vez afundado em drogas e Flea tentando manter as coisas no lugar. Em 1998, Navarro também de volta ao vício, chegou chapado num ensaio, rolou uma briga e pronto. Ele estava fora. Os Chilli Peppers parecem mesmo não ter um minuto sequer de paz. E ainda tem muita coisa por vir. 

One Hot Minute – Red Hot Chilli Peppers (1995)

Como você pode constatar, a história dos Chilli Peppers é realmente uma loucura. Idas e vindas, sucessos interrompidos, mas a banda sempre insistindo em continuar. Pra não deixar de contar tudo, com todos os detalhes saborosos de cada fase da banda, preferimos dividir este post em duas partes. Cobrimos até aqui os seis primeiros discos e os 14 primeiros anos de carreira da banda. Ainda temos pela frente a volta do Frusciante, o lançamento de Californication e muito mais. Enquanto você espera pela segunda parte deste texto, dá uma conferida nos lançamentos mais recentes da Strip Me. Camisetas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. Vai lá na nossa loja

Vai fundo. 

Para ouvir: Uma playlist com o que há de melhor nos 6 primeiros discos dos Red Hot Chilli Peppers, mas claro, sempre dando aquele desvio das obviedades e grandes hits. RHCP 1984 – 1998 top 10 tracks

Para assistir: Vale muito a pena assistir ao documentário Funky Monks, lançado em 1991 e dirigido pelo Gavin Bowden. Este doc mostra o making of do disco Blood Sugar Sex MagiK. É um filme bem divertido e está completinho e com legendas em português no Yourube. 

Para ler: Altamente recomendável a autobiografia do vocalista Anthony Kiedis. O livro se chama Scar Tissue, foi lançado no Brasil pela editora Belas Letras em 2018. Se o que você já leu até agora neste texto já é impressionante, imagina tudo isso contado sob o ponto de vista do próprio Kiedis! Imperdível! 

10 Shows emblemáticos que marcaram a história do Rock In Rio.

10 Shows emblemáticos que marcaram a história do Rock In Rio.

Está mentindo quem diz que o Rock in Rio é o maior festival de música do planeta. Em compensação, não é nenhum exagero, afinal ele está no top 5 maiores festivais do mundo. O rock in Rio fica atrás somente dos festivais de Glastonbury (Inglaterra), Summerfest (Estados Unidos), Coachella (Estados Unidos) e Tomorrowland (Bélgica), o que, convenhamos, não é vergonha pra ninguém. De 1985 até hoje foram 21 edições do Rock in Rio, sendo que 9 aconteceram em Lisboa, 8 no Rio de Janeiro, 3 em Madri e 1 em Las Vegas. Em setembro acontece a 22ª edição no Rio de Janeiro, igualando o número de edições na cidade brasileira com a capital de Portugal. 

Ainda que não seja o maior festival do mundo, o Rock in Rio com certeza é um dos que mais tem histórias inusitadas e fatos pitorescos para contar, além, é claro, de shows memoráveis. Em 1985 um deslocado Erasmo Carlos, vestido em roupa de couro e tachinhas prateadas, foi escorraçado pelo público ao ser escalado, por descuido da produção, na noite mais heavy metal do festival, se apresentando antes de Iron Maiden e Whitesnake. A edição de 2001 contou com vários momentos curiosos. O baixista da banda Queens of the Stone Age, Nick Olivieri, foi preso por se apresentar pelado, Carlinhos Brown tomou uma chuva de garrafas e copos e Axl Rose permeou toda a apresentação dos Guns n’ Roses com alfinetadas contra ex-integrantes da banda e haters da internet, além de, justiça seja feita, ter feito uma emocionante homenagem a sua empresária, a brasileira Beta Lebeis. Momentos como esses recheiam todas as edições do festival, que tem muita história pra contar. 

Mas o Rock in Rio é, acima de tudo, um festival de música. E shows inesquecíveis é o que não faltam no currículo do festival. Elencamos aqui os 10 mais emblemáticos. Mas muitos ficaram de fora, mas merecem ser citados. Em 1985 o Barão Vermelho encerrando seu show tocando Pro Dia Nascer Feliz no exato momento em que o Brasil se reconciliava com a democracia, o A-Ha em 1991 fazendo um show irretocável perante uma multidão de 198 mil pagantes, recorde que entrou no Guiness Book, em 2001 Cássia Eller apresentou um dos melhores shows de sua carreira, com direito a cover do Nirvana, seios à mostra e participação especial de parte da Nação Zumbi, o show acabou sendo lançado em DVD. Em 2011 Slipknot e System of a Down roubaram a cena e foram considerados os shows mais impactantes daquele ano. Em 2017 foi a vez de Ivete Sangalo brilhar com um show repleto de sucessos e diversidade musical, onde a baiana, que estava grávida, esbanjou talento e simpatia e homenageou Lady Gaga, que estava escalada para tocar naquela noite, mas não se apresentou por problemas de saúde. Enfim, é muita coisa boa mesmo! Se esses shows, que foram incríveis, não entraram no top 10, imagina só o que vem pela frente! 

Queen – 1985 

A primeira edição do Rock in Rio trouxe vários artistas e bandas incríveis. Mas certamente, uma das mais aguardadas era o Queen, banda que reinou absoluta como a maior banda de rock entre o fim dos anos 70 e começo dos 80. E a banda entregou um show impecável. O carismático Freddie Mercury tinha aquela imensidão de gente na palma da mão e protagonizou um dos momentos mais emocionantes da história da banda, com o público cantando a plenos pulmões Love of My Life. O show é realmente ótimo e está completinho no Youtube para quem quiser ver. Link aqui

James Taylor – 1985 

O show de James Taylor na primeira edição do Rock in Rio foi um momento de virada na vida dele próprio. James Taylor fez muito sucesso no início dos anos 70, com músicas como You’ve Got a Friend, Carolina on My Mind e muitas outras. Mas no início dos anos 80 ele estava perdido, com sérios problemas com o vício em drogas, sem gravar discos, quase caindo no ostracismo e passando por um traumático divórcio. Até alguns momentos antes de subir no palco naquela noite, James Taylor planejava abandonar a carreira musical, desistir de tudo. Mas, para sua surpresa, ele foi recebido por um público imenso e muito receptivo ao seu folk rock, aplaudindo e cantando junto algumas canções, e apresentou um show emocionado e muito inspirado. Depois daquele show, James Taylor renasceu, voltou a compor e se reergueu. Ele próprio já contou essa história em algumas entrevistas e registrou esse momento de sua vida na bela canção Only a Dream in Rio, lançada no disco That’s Why I’m Here, lançado em 1986. No Youtube só tem alguns trechos do show, mas tem uma entrevista dele no David Letterman, em que ele fala sobre a passagem dele pelo Rio de Janeiro. Link aqui.

Guns n’ Roses – 1991 

Aquela foi a primeira vinda da banda ao Brasil. E era, indiscutivelmente seu auge. Era janeiro de 1991 e os Guns n’ Roses ainda reinariam absolutos como a maior banda de rock de sua geração até setembro daquele ano, quando Kurt Cobain e sua turma de desajustados tomaria o mainstream de assalto. E o show do Guns n’ Roses no Rock in Rio de 1991 foi tudo que se esperava e mais um pouco. Axl Rose com sua potência vocal no ápice, a banda entrosadíssima e tocando rápido e pesado. Um show eletrizante, recheado de hits que você pode conferir inteirinho no Youtube. Link aqui.  

Faith No More – 1991 

Se os Guns n’ Roses chegavam como grandes estrelas, a banda Faith No More, em contra partida, era pouco conhecida por aqui na época. A MTV Brasil ainda engatinhava e dava alguma popularidade à banda executando os clipes de Epic e Falling to Pieces. Mas ninguém sabia exatamente o que esperar do show deles. Eis que sobem ao palco e fazem aquele estrago! Um show absurdamente pesado, com Mike Patton a frente, incansável, rolando pelo chão e cantando absurdamente bem. Saíram consagrados como a melhor performance do festival. E na época mal se sabia que o melhor estava por vir, já que o período de shows da turnê do Angel Dust é considerado como o auge da banda ao vivo. O show também está inteiro no Youtube para apreciação. Link aqui

Red Hot Chilli Peppers – 2001 

O disco Californication é considerado o renascimento da banda. Marca a volta de John Frisciante na guitarra e a volta da banda para o topo das paradas de sucesso com pelo menos 3 hits. Certamente era o show mais esperado da terceira edição do festival. E a banda vinha redonda, já que a turnê do Califonication já podia, naquela altura, ser considerada a mais bem sucedida da história da banda até então. E não decepcionaram. O show foi energético, contemplando todas as fases da banda e ainda apresentando um grand finale explosivo com o cover de Search and Destroy, do Iggy Pop & The Stooges. Um show realmente memorável, que também está inteiro no Youtube. Link aqui

R.E.M. – 2001 

A terceira edição do Rock in Rio trouxe alguns artistas que, até então, nunca tinham se apresentado no país. O R.E.M. foi uma dessas bandas. Na época, estava meio esquecida. Ficou um bom tempo sem tocar, depois de algumas mudanças na formação da banda, após o lançamento do disco Up, de 1998. Entretanto, a banda era muito esperada por aqui e foi recebida com muito entusiasmo, que foi muito bem recebido e devolvido em forma de música da melhor qualidade. A banda estava afiadíssima e muito empolgada. Enfileiraram hits e fizeram o público pirar. Michael Stipe já disse em várias ocasiões que aquele foi um dos melhores shows de toda a sua vida. Um show realmente espetacular. Vale a pena conferir no Youtube a apresentação na íntegra! Link aqui

Steve Wonder – 2011 

Em 2011 Steve Wonder já tinha mais de 60 anos de idade. Sem dúvida, um dos maiores nomes da música soul, uma lenda viva. Em sua quarta edição no Brasil, o Rock in Rio apresentava um line up de peso, com Slipknot, System of a Down, Metallica, Sepultura… e foi justamente por isso que Steve Wonder se destacou. Foi a grande surpresa e um dos melhores shows daquela edição. Um show empolgante, inspirado e com uma musicalidade rara de se ouvir. Steve Wonder comanda o show com um carisma inquebrável e muita simpatia, além de uma disposição invejável para um senhor de 61 anos de idade. Um show imperdível, também disponível completo no Youtube. Link aqui

Bruce Springsteen – 2013 

Bruce Springsteen nunca foi reconhecido no Brasil como é nos Estados Unidos. Talvez isso tenha ajudado a fazer deste show algo tão grandioso e surpreendente. Claro, que todo mundo conhece seus grandes sucessos, mas ele não é assim tão popular. Acontece que além de ser um compositor brilhante, Springsteen é um showman nato, e sua E Street Band é uma banda impressionante. O cara já abriu seu show com um cover de Sociedade Alternativa, do Raul Seixas, surpreendendo todo mundo. Depois ainda tocou o disco Born in the USA inteiro, além de outros sucessos, realizando um show catártico de quase 3 horas de duração! Um show imbatível, uma aula de rock n’ roll que deve ser vista por todo mundo. E, claro, está lá no Youtube. Link aqui

Beyoncé – 2013 

Enquanto Bruce Springsteen dava uma aula de rock ‘n roll, Beyocé, a diva pop, também ministrava uma aula magna de música pop, R&B e performance de palco. A cantora apresentou no Rock in Rio o show da aclamada turnê The Mrs. Carter Show World Tour, que teve início nada mais, nada menos do que no intervalo do Super Bowl. Muitos consideram o show do Rock in Rio um dos melhores de toda a turnê. E, com certeza, foi o grande destaque do festival naquele ano. Um show impecável, que também está completo no Youtube. Link aqui

Anitta – 2019 

A edição de 2019 foi a oitava do festival no Brasil e a vigésima no mundo. Teve uma ou outra surpresa, como a cantora Pink fazendo estripulias no ar pendurada em cabos, dando um ar circense ao seu show, também teve o Iron Maiden de sempre, o Foo Fighters protocolar, teve Drake para encantar os mais novinhos… mas pela primeira vez, teve Anitta. E ela estreou no palco do Rock in Rio com uma energia e grandiosidade poucas vezes vistas. Foi uma celebração ao funk carioca, com paredão de caixas de som, altas coreografias e uma penca de hits. Foi o show mais comentado da edição, que atraiu maior público. Os outros palcos e setores esvaziaram quando Anitta começou sua apresentação. Não importa se o evento chama Rock in Rio, Anitta se sentiu em casa e mostrou a que veio. O show completo está no Youtube. Link aqui

Agora só nos resta esperar setembro chegar, para saber que surpresas, histórias pitorescas e shows inesquecíveis a nona edição do Rock in Rio no Brasil nos reserva. E atração boa é o que não falta. De veteranos como Guns n’ Roses a novatos como Maneskin. Sem falar de Green Day, Offspring, Coldplay, Demi Lovato, Justin Bieber, Camila Cabello, Dua Lipa, Ivete Sangalo, Capital Inicial… olha é muita gente! E pra curtir essa delícia de festival, seja na cidade do rock, seja na sua casa, ou no rolê com os amigos, a Strip Me tem uma infinidade de opções de estampas incríveis e super descoladas para você. E não são só camisetas de música, mas também de arte, cinema, cultura pop… é só escolher! Fique sempre de olho na nossa loja e acompanhe os lançamentos

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com uma canção de cada um dos 10 artistas elencados nesta lista de 10 shows memoráveis. Rock in Rio Highlights Top 10 tracks

Deu Match! 8 encontros apaixonantes da Strip Me para o Dia dos Namorados.

Deu Match! 8 encontros apaixonantes da Strip Me para o Dia dos Namorados.

Junho é a época mais romântica do ano! Começa o friozinho, aquele clima gostoso pra ficar no sofá vendo um filminho debaixo do cobertor, ou pra sair pra tomar aquele vinho, ou quem sabe comer um fondue. E é claro que tudo isso fica muito mais gostoso quando você tem aquele alguém do lado. Pode ter sido na balada, tendo amigos em comum, ou até mesmo virtualmente em redes sociais e apps de relacionamento. O importante é que deu match!

E para mostrar que toda panela tem sua tampa, a Strip Me apresenta 8 exemplos de camisetas que são match perfeito. Se completam, harmonizam, são as duas metades da laranja.

Nightporu + América Latina

Começamos com os dois pés na nossa terra! De um lado o símbolo máximo da arte brasileira, nosso icônico Abaporu, de Tarsila do Amaral, minimalista, mas sofisticado e imponente. De outro lado uma declaração de amor à América Latina, com uma estampa delicada no lado esquerdo do peito, onde bate o coração. De quebra, a citação a uma das mais clássicas canções de Caetano Veloso, que deixa clara a força vibrante do nosso continente. Ambas as camisetas, numa pegada by night minimalista, formam um casal perfeito.

Magritte + Onda Retrô

Eis aqui um match inspirador! Um match de quem carrega a arte na alma e no coração. De um lado a obra clássica O Filho do Homem, de René Magritte, pintada em 1964, num recorte simples, que evidencia o tom provocador e iconográfico da obra. Do outro lado, uma reprodução, também em recorte, da mais famosa e celebrada xilogravura do mundo, A Grande Onda de Kanagawa, do genial artista japonês Katsushika Hokusai. Duas camisetas que carregam no coração dois dos maiores ícones da história da arte. O surrealismo de Magritte e a xilogravura delicada de Hokusai formam um casamento incomum, mas admirável de se ver!

Super Smile + Robot

Um match atemporal. Não que sejam muito distantes, talvez separados por apenas uma geração. De um lado a representação dos anos 90 sintetizada numa imagem, que mistura identidade visual da maior marca de video games com a mais revolucionária banda da época. Por si só, Nirvana e Nintendo já são um match inacreditável, visto que não só revolucionaram seus próprios segmentos, como influenciaram o comportamento de toda uma geração. De outro lado mais uma vez a representação perfeita da geração 2010, cuja vida real é frequentemente colocada à prova de maneira virtual, tendo como trilha sonora mais uma revolução musical. Não sei o que o dua Daft Punk poderia fazer para provar que não são robôs. Mas jogar video game online ouvindo uma mixtape de Nirvana e Daft Punk é um match divertidíssimo!

John Guitarra + Jam

Este sim, o match dos anos 90! De um lado a imagem distorcida, como deve ser, de um dos 5 melhores guitarristas da década de 90. John Frusciante é, indiscutivelmente, o som definitivo da guitarra dos Red Hot Chilli Peppers, e um dos mais talentosos músicos de sua geração. De outro lado, uma das imagens mais famosas de Eddie Vedder, o frontman da banda Pearl Jam. Um salto para a multidão após uma de suas famosas escaladas pelas estruturas dos palcos. Hoje, tanto Frusciante quanto Vedder já estão mais velhos, mas continuam fazendo música. E o ritmo incontrolável dos Chilli Peppers com as melodias inigualáveis do Pearl Jam formam um match irresistível. Procure ouvir a música Dirty Frank, onde as duas bandas tocam juntas, para conferir.

Come Together + Gimme Shelter

De acordo com o clichê, deveríamos dizer que aqui é o clássico caso de match de opostos que se atraem. Mas não tem match mais complementar e harmonioso do que Beatles e Rolling Stones! Ainda mais neste caso. Dois dos maiores hinos da história do rock n’ roll! Duas músicas lançadas em 1969. De um lado os Beatles apresentam uma alegoria psicodélica e um dos riffs de baixo mais famosos do mundo, conclamando a união. De outro lado um arranjo potente de guitarra e piano elétrico embalam as palavras contundentes de Jagger contra a guerra do Vietnã, implorando por abrigo. Duas músicas que se completam, uma pela união das pessoas e outra pelo fim de conflitos. Match irretocável.

Bateria + Baixo Vintage

Pra finalizar a onda musical, apresentamos um match mais contemporâneo, e tradicionalíssimo ao mesmo tempo. De um lado mãe de todos ritmos, a condutora irrepreensível e dona do tempo. Às vezes suave e discreta, às vezes infernal e exuberante. A bateria! Do outro lado, o pai das notas graves, o elo de ligação, aquele que segura a onda e mantém tudo sob controle quando todo mundo está pirando. O alquimista de ritmos e melodias. O baixo! Match mais que óbvio! Aquele casal que todo mundo sabe que sempre ficaria junto. Desde os primórdios do jazz baixo e bateria se completam, até atualmente, dando nome a uma das bases mais populares da música eletrônica, o drum n’ bass. Match batido, porém muito bem ritmado.

Friday + Sunday

O Match inevitável. De um lado aquele sextou insano, incontrolável! Ilustrado aqui de maneira primorosa com o frame de uma das cenas mais clássicas do cinema de Stanley Kubrick: Jack Nicholson arrebentando uma porta completamente transtornado no clássico O Iluminado. Do outro lado o desespero dominical, o sentimento amargo do dia que precede a infalível segunda feira. Tal desespero é ilustrado de forma brilhante através do frame da cena mais revisitada da história do cinema: a antológica cena da facada no chuveiro do indispensável filme Psicose, de Alfred Hitchcock. Não dá pra negar. Todo sextou tem dentro de si o angustiante desespero de domingo. E por isso mesmo, um nunca vai conseguir viver sem o outro. Match natural.

Cocada + Goiabada

Finalizamos nossa lista com um match doce e tropical. De um lado o ícone maior do verão, da praia, do clima tropicaliente: o côco. Porém, não in natura, mas transformado num doce riquíssimo, com uma textura única e um sabor equilibrado e delicado. De outro lado uma das frutas que melhor representa a América Latina. Originalmente encontrada entre o norte das matas da Colômbia até o sul do México, a goiaba caiu nas graças dos índios, que a plantaram por todo o território brasileiro, isso bem antes de europeu vir se meter a besta por essas bandas. Dela se faz um dos doces mais apreciados do Brasil, em especial no sudeste. Um doce cheio de personalidae, sabor forte, marcante e inigualável. Você pode pensar que o match ideal seria a goiabada com queijo. Mas nós estamos aqui para quebrar paradigmas e mostrar que no amor (e na gastronomia) tudo é possivel! Cocada com goiabada é um match surpreendente e delicioso!

Depois dessa lista, com tantos matchs diferentes, inusitados e certeiros, só nos resta te dizer uma coisa: De onde saíram estes, tem muitos outros mais! Na Strip Me você encontra uma diversidade inacreditável de estampas sobre arte, cinema música, cultura pop, comportamento e muito mais! Com certeza, match ali não vai faltar. Tanto para você presentear o seu match da vida, quanto para você usar e curtir a vida com estilo enquanto o seu match não chega. Visite a nossa loja e confira os nossos lançamentos.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist pra curtir o diados namorados, mas saindo um pouquinho das obviedades tipo Marvin Gaye e Barry White. Não que eles sejam ruim, são ótimos, mas é sempre legal dar uma variada e ouvir sons diferentes, né. Alt Love Top 10 Tracks

Para assistir: Essa dica é simples e direta. Ainda não fizeram um filme romântico tão divertido, emocionante, verdadeiro e descolado quanto o excelente 500 Days of Summer. Filme de 2009, dirigido por Marc Webb, protagonizado por Zooey Deschanel e Joseph-Gordon Levitt numa sintonia incrível, com um roteiro ótimo e uma trilha sonora maravilhosa. Um filmaço!

50 Anos de Amor ao Exílio!

50 Anos de Amor ao Exílio!

Em 1971 o tema do filme Shaft, música escrita por Isaac Hayes, extrapolou o cinema e ganhou vários clubes e casas noturnas de New York frequentadas por um público bem miscigenado, entre brancos, negros, latinos, héteros e gays. Na mesma onda de Shaft, começaram a pintar várias músicas com um ritmo frenético, com arranjos de cordas, sintetizadores e linhas de baixo e bateria bem marcantes. Nascia a disco music. A aura desses clubes noturnos espalhados pela cidade de New York, do Harlem, passando pela Upper West Side até o Village e Soho, talvez sejam o retrato mais fiel do que foi a década de 1970. 

Em especial o ano de 1972 foi muito marcante, principalmente para a cultura norte americana, que já dominava o mundo todo. Nixon acabara de ser reeleito presidente dos Estados Unidos e prometia dar um fim à guerra do Vietnã, chegando a se encontrar com o Mao Tsé Tung na China para negociar um acordo de paz. Além disso Nixon também tinha a intenção de emplacar uma mega operação de combate às drogas nos Estados Unidos. O curioso disso é que tal combate dizia respeito especificamente ao LSD, a maconha e a heroína. A cocaína que esbranquiçava cada vez mais as mesas, balcões e pias de banheiro dos night clubs era solenemente ignorada, vista no começa da década de 70 como uma droga inofensiva e que simbolizava status social. Mas tudo isso entrou pelo canudinho… quer dizer, pelo cano em junho de 1972, quando veio à tona o escândalo de Watergate, que faria com que Nixon renunciasse ao cargo em 1974. 

The Nellcôte Session by Dominique Tarlé (1971)

Os jovens do começo dos anos 70 viviam a ressaca do movimento hippie, a desilusão da vida adulta, ter que trabalhar pra ganhar a vida. O rock n’ roll também, de certa forma amadurecia, ficava um pouco mais amargo depois das mortes de Hendrix, Joplin e Jim Morrison. A psicodelia do Grateful Dead saía de cena, substituído pelo peso sombrio do Black Sabbath . Em contra partida, os discursos libertários dos hippies acabaram por dar voz às mulheres, que passaram a dar mais as caras, sair para trabalhar e sair para se divertir, enfim buscar igualdade. Da mesma forma a comunidade gay também se organizou e se sentia mais livre para se impor, principalmente depois da rebelião de Stonewall em 1969. Da mesma forma os negros e hispânicos também começavam a sair dos guetos, até porque começaram a ter algum poder aquisitivo, o que lhes permitia sair para beber e dançar. Isso tudo só reforça essa pluralidade que começou a rolar nas casas noturnas de New York dos anos 70. 

1972 foi um ano de estabelecimento dessa nova cultura. Uma cultura de excessos, de diversidade, de engajamento político. E principalmente a música conseguiu traduzir tudo isso com muita precisão. Tanto é que neste ano alguns dos discos mais importantes da música pop de todos os tempos foram lançados. Let’s Stay Together (Al Green), Harvest (Neil Young), Eat a Peach (The Allman Brothers), Pink Moon (Nick Drake), Thick as a Brick (Jethro Tull), Slade Alive! (Slade), The Kink Kronikle (The Kinks), Machine Head (Deep Purple), Rio Grande Mud (ZZ Top), Mardi Gras (Creedence Clearwater Revival), Obscured by Cluds (Pink Floyd), Lou Reed (Lou Reed), The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars (David Bowie), Roxy Music (Roxy Music), #1 Record (Big Star), School’s Out (Alice Cooper), Trilogy (Emerson, Lake & Palmer), Super Fly (Curtis Mayfield), All the Young Dudes (Mott the Hoople), Vol. 4 (Black Sabbath), Transformer (Lou Reed), Trouble Man (Marvin Gaye)… e muito mais! 

The Nellcôte Session by Dominique Tarlé (1971)

Convenhamos. Uma coisa é você lançar um disco de rock muito bom numa época em que o rock está em baixa e não tem muita gente no rádio tocando alguma coisa parecida com o que faz. Tipo o que aconteceu com o Nirvana ao lançar o Nevermind. Outra coisa é você lançar um disco de rock muito bom numa época em que o estilo está em alta e os principais nomes não só estão na ativa, mas estão em seu auge! Pois foi nesse contexto de efervescência, instabilidade e novidade que foi lançado o disco que, para muita gente, é o melhor disco de rock n’ roll de todos os tempos: Exile on Main Street, o décimo terceiro disco dos Rolling Stones. 

A história e a mística que permeiam este disco já são mais que conhecidas. Todo mundo sabe que depois de Sticky Fingers, os Stones estavam devendo mais dinheiro em impostos do que ganhavam. Resolveram se mudar para a França, Keith Richards arranjou uma mansão do século XIX caindo aos pedaços com um porão espaçoso, onde a banda resolveu montar um estúdio para gravar um disco novo. Neste processo, Richards acabou abrigando uma legião de junkies e vagabundos, já que ele próprio estava entregue ao vício de heroína. Tudo isso todo mundo já sabe. No entanto, não dá pra deixar passar batida a celebração dos 50 anos do Exile on Main Street. E nossa maneira de exaltar esse disco brilhante é justamente mostrando o contexto em que ele foi lançado e qual foi a recepção que ele recebeu na época. 

The Nellcôte Session by Dominique Tarlé (1971)

Já temos o contexto do mundo do showbiz em 1972, quando o Exile… foi lançado. Agora vamos dar uma geral na situação dos Stones pouco antes de irem para a França em 1971. Eles tinham acabado de lançar o Sticky Fingers, disco que fez grande sucesso e causou polêmica por conta de sua capa. Mas a verdade é que, há anos os Stones pareciam não ter sequer um minuto de paz, claro que muito por conta de suas próprias atitudes. Em 1968 Richards e Jagger foram presos por porte de drogas, em 1969 Richards começou a sair com a namorada de Brian Jones, então guitarrista da banda. Baita climão. Jones é expulso da banda por se drogar demais e é substituído por Mick Taylor. Meses depois de sua saída da banda, Brian Jones é encontrado morto na piscina de sua casa. Morte esta envolta em mistério e que abala muito a banda. Pra piorar, no fim do ano rola o incidente em Altamont, que pirou ainda mais os ânimos dos Stones. Em 1971, quando o Sticky Fingers foi lançado, eles se deram conta que o disco vendia muito bem, mas eles não ganhavam dinheiro algum. Foi quando se ligaram que estavam falidos por conta de contratos mal intencionados de seu ex empresário Allen klein. E se mudaram para a França para não perder o resto de bens que ainda possuíam. 

Os Stones ficaram literalmente isolados no sul da França entre 1971 e 1972. Estavam todos estressados e decepcionados. Claro, soma-se a isso uma dieta irresponsável de álcool e drogas das mais variadas e em quantidades perigosas, para dizer o mínimo. Desligados das tendências que rolavam no centro de Londres e de New York, os Stones se voltaram para as raízes do blues, do country e do gospel num disco introspectivo, confessional e caótico. A produção aparentemente desleixada, com a voz de Jagger soterrada por camadas de guitarras e naipes de metal, traz a claustrofobia de um porão embolorado e úmido de um casarão no meio do nada, mas ao mesmo tempo traz a espontaneidade de jam sessions de blues, como as que aconteciam em bares só para negros no meio do delta do Mississippi no começo do século XX. 

The Nellcôte Session by Dominique Tarlé (1971)

Quando foi lançado, no dia 12 de maio de 1972, pouca gente realmente entendeu o disco. Grande parte da crítica citava Exile on Main Street como o trabalho mais fraco dos Rolling Stones, um disco desconexo e mal gravado. Entretanto, houveram poucos críticos que enxergaram no disco a intensidade, o calor e a originalidade que aquelas canções transmitiam. Antes do álbum ser lançado, em março de 1972, Tumbling Dice fora lançada como single e estourou nas paradas de sucesso dos Estados Unidos e da Inglaterra, catapultando a venda do disco 2 meses depois. Por parte do público, o disco foi muito bem aceito e celebrado como um dos melhores discos dos Stones. Curioso que bastou virar a década para que a visão da crítica mudasse a respeito do Exile… a partir dos anos 80 ele passou a figurar em tudo quanto é lista de discos mais importantes do rock de todos os tempos, sempre bem rankeado. Mais do que o reconhecimento da crítica, os ecos de Exile on Main Street podem ser ouvidos em boa parte da produção musical desde o fim dos anos 70 até hoje. Em especial no som de bandas como MC5 e The Stooges, posteriormente Dinossaur Jr e The Black Crowes. E esses são só alguns exemplos. 

De 1972 até agora, muita coisa mudou. A era disco, o punk, new wave, grunge, nu metal… na real muita coisa muito boa foi produzida ao longo desses 50 anos. Mas não é exagero nenhum dizer que a essência mais pura e cristalina do rock n’ roll foi melhor traduzida em somente um disco. É compreensível que os próprios integrantes dos Rolling Stones alimentem os mitos e lendas sobre Nellcôte e aqueles meses de loucura e gravação, afinal de contas, isso ajuda muito a continuar vendendo discos. Mas o que importa é que nos foi entregue o melhor disco de rock n’ roll de todos os tempos, e isso não é mito nenhum. E todas as histórias de chapação, intrigas e ímpetos momentâneos de genialidade podem até tornar tudo mais interessante, mas mesmo se elas não existissem, se fosse um disco gravado num estúdio convencional, mas que trouxesse as mesmas canções, a mesma sonoridades, as mesmas sensações, ainda assim Exile on Main Street seria um disco indispensável para a música pop. 

The Nellcôte Session by Dominique Tarlé (1971)

São obras tão fortes, cheias de personalidade e recheadas de histórias como este disco que inspiram e instigam a Strip Me a sempre produzir estampas surpreendentes e descoladas exaltando a arte, a música, o cinema, enfim, a cultura pop. Então dá uma olhada na nossa loja pra conferir nossos lançamentos e também algumas estampas referentes aos Rolling Stones! It’s only barulho diversão e arte, but I like it! 

The Nellcôte Session by Dominique Tarlé (1971)

Vai fundo! 

Para ouvir: Olha, com certeza deve ser um pecado muito grave selecionar só 10 músicas de um disco tão bom quanto o Exile on Main Street. Então, hoje não tem playlist com top 10. A playlist de hoje é todo o disco Exile on Main Street

Para assistir: Impossível não recomendar o ótimo documentário Stones in Exile, lançado em 2010 e dirigido pelo Stephen Kijak! Um mergulho delicioso dentro das sessões de gravação do Exile on Main Street! 

Para ler: Uma das melhores autobiografias do mundo do rock já escritas com certeza é a de Keith Richards. Um livro enorme, mas delicioso, onde Richards conta toda sua história com bom humor, honestidade e uma fluência incrível. Leitura recomendadíssima! O livro se chama Vida, escrito pelo próprio Richards, saiu aqui no Brasil em 2010 pela Editora Globo. 

California: Não é à toa que a cultura pop esteja neste estado.

California: Não é à toa que a cultura pop esteja neste estado.

Em várias culturas, ao longo da história da humanidade, é muito comum aparecer sempre a busca por uma terra prometida, um lugar sagrado onde aquele povo vai encontrar paz e prosperidade. Canaã para os judeus, Meca para os muçulmanos, Jerusalém para os cristãos, Tenochtitlán para os Astecas… na ficção também não faltam exemplos, desde a Terra do Nunca de J. M. Barrie até a paradisíaca Shangri La, de James Hilton. Mas a verdade é que existe um lugar que chega muito perto de ser esse lugar mágico, onde as pessoas são felizes e tudo prospera. Onde a riqueza desde sempre floresceu e até hoje as pessoas continuam indo pra lá para realizarem seus sonhos. Bem-vindo à California

Tudo acontece na California. É o estado mais rico dos Estados Unidos, também o mais populoso. Lá encontram-se os polos de tecnologia e entretenimento mais importantes do mundo. Sem falar nos portos marítimos imensos e super modernos e bases militares importantíssimas. Além do mais a California é um lugar plural, onde a diversidade impera. É a região dos Estados Unidos que concentra o maior número de povos nativos, além de uma comunidade imensa de hispânicos e asiáticos. Também foi lá que despontaram as primeiras lideranças gays, que deram voz a comunidade homossexual. Também é um estado que respira cultura. É onde está Hollywood, a locomotiva da indústria mundial do cinema, e cidades como Los Angeles e San Francisco, que encabeçaram o verão do amor, em 1967, e revelaram incontáveis bandas e músicos. Isso sem falar nos esportes, outra marca registrada da California, onde o surf se popularizou pra valer e o skate foi criado. É muita coisa, né? Como pode? O que faz com que tanta coisa aconteça por lá? 

É uma história antiga.  Em 1543 os espanhóis já dominavam toda a América Central e o México. Passaram então a desbravar a costa do Oceano Pacífico. Quando chegaram na península hoje chamada Baja California, estado do México onde se encontra a famosa cidade de Tijuana, os espanhóis acreditavam tratar-se de uma ilha. Foi batizada California por causa de um livro que fazia sucesso na época, um romance chamado Sergas de Esplandián, do escritor Rodriguez Montalvo. A história do livro se passa numa ilha fictícia chamada California, onde viviam belas e poderosas amazonas. Porém, pelo difícil acesso ao Oceano Pacífico, a região permaneceu ignorada pelos espanhóis por praticamente duzentos anos. A região era habitada por várias tribos indígenas como os Yourok, Maidu, Pomo, Chumash, Miwoke e Mojave. À medida que os espanhóis iam colonizando o México, avançavam para o interior e para o oeste. Foi só por volta de 1700 que chegaram na região da Baja California e começaram, assim como aconteceu no Brasil com os portugueses, a instalar missões comandadas por jesuítas, com o intuito de catequizar os índios e, claro, os colocarem para trabalhar. Os espanhóis também estabeleceram logo dois lugares estratégicos para construir fortes para proteger a região. Assim nasceram os fortes de San Francisco ao norte e San Diego mais ao sul, e que hoje são cidades muito importantes. 

Bom, essa história de colonização, dominação de povos nativos, não é novidade pra ninguém, aconteceu igual em todo lugar. Claramente uma imensa parte dos índios da região foi dizimada principalmente por doenças como a gripe e a varíola, e também pela violência dos europeus. Em 1821 o México se torna independente da Espanha e seu território era imenso, incluindo praticamente todo o sudoeste dos Estados Unidos, os atuais estados do Texas, New Mexico, Arizona, Colorado, Utah, Nevada e California. Porém era um território ainda pouco povoado. Boa parte da região é de deserto, muito ruim para a agricultura, permitindo apenas que alguns fazendeiros dedicados a pecuária prosperassem. Mas a terra e o clima se mostraram favoráveis para o plantio de um produto que se tornaria ícone do México: a pimenta. Acontece que além do clima inóspito e da resistência ferrenha dos índios, os mexicanos não controlavam a entrada de fazendeiros ingleses e norte americanos que migravam da costa leste em busca de melhores terras. Esses fazendeiros foram tomando posse por conta própria de terras, principalmente na região da bacia do rio Colorado. Foi quando começou a treta entre México e Estados Unidos reivindicando aquelas terras para si. O governo dos Estados Unidos até reconhecia aquelas terras como território mexicano, mas o povo… 

Em 1836 o estado do Texas faz um levante e se proclama uma república independente do México. Rolam alguns conflitos e o governo norte americano acaba federalizando o Texas em 1845, o incorporando como um estado seu. Os mexicanos não gostam e é declara guerra. O conflito dura pouco mais de dois anos e os Estados Unidos saem vencedores. Em 1948 é assinado o Tratado de Guadalupe Hidalgo, que cede aos Estados Unidos 30% do seu território, e o mapa dos Estados Unidos se estabelece como conhecemos hoje. Mas não pense você que foi de graça. Em troca de toda essa terra, os Estados Unidos pagaram ao México 15 milhões e dólares, assumiram a dívida que os mexicanos tinham com a Inglaterra de 5 milhões de dólares e também concederam a cidadania norte americana a todos os mexicanos que vivam naquele território e desejassem permanecer por lá. Isso explica a quantidade e influência dos hispânicos na California até hoje. Mas o pessoal da California não tinha um minuto de paz naquela época. A guerra mal acabou em 1848 e logo foram descobertas na região da atual San Francisco algumas jazidas de ouro. Em um ano a população de San Francisco pulou de mil habitantes para 25 mil! Em 1849 a corrida do ouro na California foi avassaladora. O estado foi rapidamente povoado por aventureiros, comerciantes e todo o tipo de gente, principalmente imigrantes asiáticos que cruzavam o Oceano Pacífico em busca de oportunidades. Além disso, foi criada a ferrovia transcontinental, que liga a costa leste a costa oeste dos Estados Unidos. E você sabe que dinheiro chama dinheiro, né? O ouro fez o comércio prosperar, que fez com que as cidades se desenvolvessem, vieram as universidades, como a UCLA e Stanford. E era tanto nerd junto inventando coisas que a região ficou conhecida como Vale do Silício, já que o silício é usado em larga escala na produção de hardwares. 

O Vale do Silício compreende mais a região norte, de San Francisco e Palo Alto. Já a região sul da California, mais ensolarada e cheia de belezas naturais, se tornou o refúgio de muitos artistas e gente cheia de dinheiro querendo curtir a vida. Assim se estabeleceu na região de Los Angeles a indústria do entretenimento, juntando o útil ao agradável. Mas isso não foi assim mero acaso. A busca pelo oeste selvagem e caloroso não deixou de inspirar os norte-americanos, mesmo depois do fim da corrida do ouro. Toda uma cultura foi criada em cima daquilo. Muitos livros de ficção passaram a ser ambientados naquela região. Seres folclóricos como Billy The Kid e Jesse James ganharam notoriedade, surgindo o gênero western tanto para a literatura, quanto para o cinema, que engatinhava no início do século XX. Com outra perspectiva, a Geração Beat, em especial Jack Kerouac, idealizou a busca do oeste como algo existencial. Na carona dos Beats, os Hippies se estabeleceram na costa Oeste, inicialmente em San Francisco e depois em Los Angeles, onde a se materializou o slogan “Sexo, drogas e rock n’ roll”. 

As vastas planícies desérticas facilitaram a instalação de grandes estúdios para a produção de filmes. A proximidade de tais planícies com estúdios instalados a praias paradisíacas fez com que artistas e produtores se estabelecessem, alguns de maneira faraônica, na beira dessas praias. Mas não era simplesmente se mudar para LA para se dar bem na vida. Muita gente quebrou a cara. E, não só Los Angeles, várias cidades da California passaram a crescer muito e desordenadamente. Cidades grandes e desiguais geram jovens sem grana e muito insatisfeitos. Esses jovens sempre acabam dando um jeito de se divertir. Se eles moram longe das praias, resolvem surfar sobre rodas. Surge o skate, que vira mais que um esporte, se torna uma cultura. Na cola da cultura do skate vem o hardcore, que acaba meio que reinventando o punk. E essa mistura toda acaba resultando num estado tão diverso e afeito a liberdade, que foi um dos primeiros do país a legalizar a maconha

A California é realmente um lugar inacreditável. Junta tudo! Belezas naturais e tecnologia, cultura pop e tradições indígenas, tacos mexicanos vendidos nas ruas de LA com vinhos requintados do Napa Valley, desertos escaldantes ao sul e montanhas nevadas ao norte. É uma terra encantada num amontoado irresistível de cultura pop. De tão irresistível, a California está super bem representada nas estampas da Strip Me, nas camisetas de cinema, música e cultura pop. Vem conferir na nossa loja, sempre tem lançamentos novos chegando! 

Vai fundo! 

Para ouvir: A California é uma terra tão amada que o que não falta é música sobre ela! Então aqui você tem uma playlist 100% California! California top 10 tracks

Para assistir: Vale muito a pena conferir o divertido Lords of Dogtown, filme baseado em fatos reais, que conta a história dos Z-Boys, turma dos anos 70 que revolucionou o skate. Um retrato bem legal da juventude e da cidade de Los Angeles naquela época. O filme é dirigido pela talentosa Catherine Hardwick, foi lançado em 2005 e tem uma trilha sonora muito boa Iggy Pop, Bowie, T-Rex e Ted Nugent. 

Lennon & McCartney que nada! É Lennon & Bowie!

Lennon & McCartney que nada! É Lennon & Bowie!

Londres. Janeiro de 1966. 
Já era tarde da noite quando um jovem músico de 19 anos, conhecido como Davy Jones, entra num pub nos arredores de Westminster com dois amigos. O pub não estava muito cheio. Os rapazes se encostam no balcão e logo cada um está com um pint cheio na mão. Ao lado deles, estava um senhor de meia idade, que parecia estar sentado ali a horas, visivelmente bêbado e falando alto. Em dado momento, alguém pede para o tal senhor falar mais baixo. Indignado, ele responde: “Não me enche o saco! Você sabe quem eu sou? Sabe com quem você está falando? Eu sou Alfred Lennon! Meu filho ganhou uma medalha da rainha, é um dos homens mais importantes deste país!”. Davy Jones não acreditou no que ouviu e foi conversar com o suposto Alfred Lennon. Depois de fazer algumas perguntas, Davy se deu conta que estava realmente falando com o pai de um de seus grandes heróis da música. “Senhor Lennon, eu espero um dia poder conhecer pessoalmente o seu filho.” e Alfred balbucia quase caindo da cadeira “Claro, claro. Quem sabe um dia, garoto…”. 

Em 1967 o tal Davy Jones decide mudar seu nome artístico para David Bowie. Depois de dois discos sem grande repercussão na década de 60, Bowie entra nos anos 70 com tudo. Em 1970 The Man Who Sold the World já chama a atenção na Inglaterra. Em 1972 The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars transforma Bowie num fenômeno mundial. Na sequência, Alladin Sane, Pin Ups e Diamond Dogs o consagram como grande astro do rock. Porém, curiosamente, até então sem ter alcançado o número 1 da Billboard nos Estados Unidos, mesmo sendo cultuado no país. Mas o ano de 1974 chegava recheado de surpresas para Bowie. 

Em 1974 John Lennon estava morando provisoriamente em Los Angeles, separado de Yoko Ono, vivendo com May Pang o período que entrou para a história como “o fim de semana perdido”, quatorze meses de muita loucura, festas e drogas na companhia de gente como Keith Moon, Elton John, entre outros. Foi em fevereiro de 1974 que John Lennon foi convidado para uma grande festa na casa da atriz Elizabeth Taylor. Lá foi então Lennon e sua turminha do barulho. Coincidente, quem estava na festa também era David Bowie. Porém, nem mesmo as quantidades nada recomendáveis de cocaína que Bowie consumia conseguiram deixa-lo à vontade na frente de seu grande herói. Liz Taylor apresentou Bowie a Lennon. Mesmo John sendo muito simpático na ocasião, Bowie se limitou a cumprimentar John formalmente, disse que tinha todos os discos dos Beatles e da carreira solo dele e finalizou com um “com licença, preciso ir agora.”. Não se sabe se ele foi embora da festa, ou se evitou a noite toda estar no mesmo ambiente em que Lennon estivesse. Um encontro constrangedor. Mas não seria o único. 

Em junho de 1974 Bowie já estava com a pré-produção de seu novo disco praticamente finalizada. E ele queria incluir no tracklist do álbum a música Across the Universe, composição de Lennon que consta no disco Let it Be, dos Beatles. Bowie queria pedir pessoalmente a autorização de Lennon para gravar a faixa e aproveitar para apagar a má impressão causada no primeiro encontro. Para isso, Bowie convocou Tony Visconti, que estava produzindo o disco e conhecia John, para intermediar o encontro. Bowie estava numa suíte do requintado hotel Sherry Netherland, em New York. John chegou no quarto de hotel de Bowie, que mais uma vez estava apavorado com a presença do beatle. Bowie se limitou a ficar sentado no chão, encostado numa parede com um bloco de papel, onde fazia alguns desenhos, enquanto Lennon conversava com Visconti. Depois de muito tempo, quase duas horas, sem que Bowie se manifestasse, John pediu a ele algumas folhas daquele bloco e um lápis, dizendo “Vou desenhar você.”. Bowie sorriu, e os dois começaram a fazer caricaturas um do outro e rir e começaram a conversar. Finalmente. E realmente se tornaram amigos. 

Depois de “matar” Ziggy Stardust, Bowie estava na pilha de se reinventar. Começou a levar sua música por um caminho mais dançante, flertando com funk, R&B e disco. Para seu novo disco, além de contar com a produção de Tony Visconti, Bowie se uniu ao esplêndido guitarrista Carlos Alomar para conceber o ótimo Young Americans. Em janeiro de 1975 John Lennon foi até o estúdio onde Bowie estava gravando para fazer uma participação em Across the Universe, onde tocou guitarra. Após a gravação, Bowie e Lennon desataram a conversar sobre suas experiências ruins com a fama, como eles lidavam com aqueles problemas de superexposição e etc. Depois de muito papo, numa jam session Bowie e Lennon começaram a improvisar em cima de um riff que Alomar cuspiu de sua guitarra. Com a conversa fresca na cabeça, a letra não poderia ser sobre outra coisa. E assim surgiu a música Fame. 

Young Americans foi lançado em março de 1975 e fez um sucesso enorme! E a amizade entre Bowie e Lennon só crescia. Mesmo sendo reverenciado no mundo todo àquela altura, Bowie não se sentia tão querido pelo povo norte americano. Um dos muitos encontros entre Bowie e Lennon naquele ano aconteceu nos bastidores de um show do Elton John no Madison Square Garden. Ao saber que Bowie estava lá, o público começou a gritar seu nome. E John deu um abraço em Bowie dizendo “Eu não te disse, David? A América te ama, cara!”. Nessa época, John funcionou meio que como um conselheiro para Bowie. Inclusive no que diz respeito a confiança em empresários, finanças e etc. Tanto é que no final de 1975 Bowie demitiu Tony Defries, seu empresário há muito tempo, desconfiando que ele vinha lhe roubando. O que aparentemente era verdade. 

Em 1977 Bowie estava grudado em Iggy Pop. Os dois moravam em Berlim na época. Voltando de uma série de shows no Japão, eles fizeram uma escala em Hong Kong, na China, antes de seguir para a Alemanha. Mas acabaram não pegando o próximo voo logo de cara, porque souberam que John Lennon estava na cidade, de passagem também, a caminho de Tokyo, onde se encontraria com Yoko Ono. Rapidamente tudo se arranjou e eles se encontraram. John estava com seu filho Sean ainda com alguns meses de idade, e o apresentou a Bowie e Iggy Pop. Naquele dia, aconteceu uma passagem que Bowie nunca mais esqueceria e contaria inúmeras vezes. Ele e John saíram para dar uma caminhada pelas ruas de Hong Kong. Eis que um garoto que não devia ter mais que 15 anos de idade os interrompe e pergunta: “Ei, você não é o John Lennon, dos Beatles?”. John, espirituoso responde: “Não. Mas bem que gostaria ter o dinheiro dele.”. Bowie amou a resposta e passou a usá-la frequentemente quando perguntado se ele era o David Bowie. Meses depois, Bowie estava em New York, andando pelo Soho, quando alguém lhe cutuca as costas dizendo: “Ei, você não é o David Bowie?” Sem sequer olhar para trás, ele responde: “Não. Mas gostaria de ter o dinheiro dele.”. A mesma pessoa o segura pelo braço e diz: “Seu bastardo mentiroso! Você queria era ter o meu dinheiro!”. Era John Lennon. 

Foi May Pang, a empresária, ex- amante de Lennon e amiga de Bowie quem se encarregou de dar a David a mais triste das notícias naquele fatídico dia 8 e dezembro e 1980. Bowie estava participando de uma peça na Broadway chamada O Homem Elefante. Por isso tinha alugado um apartamento em New York. Pang foi pessoalmente até lá para dar a notícia da morte de John Lennon a David Bowie. Bowie ficou transtornado. Gritava e chorava. Meses depois, Bowie disse numa entrevista sobre a morte de John: “Um pedaço inteiro da minha vida parecia ter sido tirado, toda a razão de ser cantor e compositor parecia ter sido removida de mim.”. 

Assim terminava uma amizade das mais lendárias o rock n’roll, e uma história que começou como um sonho distante no balcão de um pub qualquer em Londres. Terminava também uma curta, porém muito eficiente parceria musical. A composição de Lennon & Bowie, Fame, foi o primeiro single de David Bowie a atingir o número 1 da Billboard nos Estados Unidos. Dali em diante, Bowie nunca mais se sentiria menosprezado pelos norte-americanos, e teria várias músicas chegando ao topo por lá até o fim de sua carreira. No final de 2013 David Bowie foi diagnosticado com um câncer no fígado. Ele combateu doença por dois longos anos. No dia 10 de janeiro de 2016 Bowie não resistiu e faleceu. 

A música é um dos combustíveis que faz com que a Strip Me esteja sempre criando novas estampas, se renovando, sempre em busca do barulho, diversão e arte! E histórias como essa, contada aqui, são uma inspiração extra, que mostram como a vida é cheia de surpresas, encontros, desencontros, coincidências e ironias! A influência disso tudo e muito mais, você pode conferir nas estampas super descoladas das camisetas de música, arte, cinema, cultura pop e muito mais. Vem conferir nossos lançamentos e dá uma geral na nossa loja

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist imbatível com a dobradinha Lennon & Bowie. Só o puro creme do milho verde da carreira solo do John Lennon e também do David Bowie. Lennon & Bowie Top 10 tracks

Para assistir: O John Lennon sempre pareceu ser muito simpático e camarada com o Bowie, né? Mas não pense você que ele foi sempre assim. Na época dos Beatles o John era bem arrogante e costumava destratar muita gente. O divertidíssimo filme Meu Jantar Com Jimi, retrata bem isso. O filme é de 2003, dirigido pelo Bill Fishman e escrito pelo Howard Kaylan, que era vocalista da banda The Turtles na década de 60 e numa turnê pela Inglaterra conheceu os Beatles e acabou numa noitada com Jimi Hendrix. É baseado em fatos reais e um filme imperdível! 

Para ler: Apesar de o foco hoje ter sido mais o David Bowie, vale recomendar a impecável biografia de John Lennon escrita pelo Philip Norman, onde toda essa fase do John nos Estados Unidos é contada em detalhes.. O livro John Lennon: A Vida foi lançado em 2009 pela editora Companhia das Letras. Leitura essencial. 

Hip Hop: Origem, (r)evolução e treta!

Hip Hop: Origem, (r)evolução e treta!

Uma roda se forma em torno de dois homens. Todos à volta dos dois não querem perder nenhum detalhe. Aparentemente, aquele é um duelo aguardado por todos. Os dois homens se olham friamente no centro do círculo, que é formado por uma pequena multidão de olhares curiosos. Não ficou claro quem desafiou quem, mas sabe-se que houve muita bebedeira e gritaria. Depois de alguns insultos de ambos os lados, em tom de pilhéria, vale ressaltar, a turma de amigos que acompanhavam os dois, ao invés de conter os ânimos com o protocolar “deixa disso”, bradaram incentivando o confronto! Em questão de segundos, os dois já estavam rodeados de pessoas que se acotovelavam e ficavam em silêncio esperando o início do duelo. Um deles era mais forte e alto. Tinha uma barba ruiva, suja e cheia de nós, e a cabeça raspada. Já o outro era bem cabeludo, um cabelo ensebado e comprido, já meio grisalho. Também com uma barba longa e suja, este era mais gordo. Ambos tinham uma imagem intimidadora e vestiam roupas velhas e esfarrapadas. O gordo desferiu o primeiro golpe, com sua voz grave e rouca fez uma rima dizendo que seu oponente lhe fazia ter engulhos até com um vinho saboroso, pois era tão feio quanto um pútrido leproso. E se iniciou uma batalha de rimas que durou quase meia hora, um insultando o outro, sempre rimando, até que um dos dois se cansou, não conseguiu responder à altura e teve que pagar bebidas para seu oponente no resto da noite. 

Uma cena como essa acontecia praticamente todos os dias nas tavernas da Bretanha e da França entre os séculos XVII e XVIII. Era uma tradição celta muito popular. Na real, esses duelos de rimas é o tipo de coisa que era comum a vários povos em diferentes lugares do mundo, um lance muito antigo mesmo. Mas os registros mais claros disso são à partir dessa época, entre os celtas, e rapidamente se espalhando pela Europa e, consequentemente, na América. Aqui no Brasil acabou originando o repente no Nordeste e a trova na região sul entre o fim do século XIX e começo do século XX. Também gerou um tipo de música nas ilhas do Caribe, que ficou conhecido como Mento, em especial na Jamaica. O mento iria se fundir com o ska e o rocksteady para dar origem ao reggae. Reggae este que fazia parte dos sons que rolavam nos sound systems, grandes caixas de som que eram colocadas nas ruas da periferia de Kingstown e rolavam altos bailes ao ar livre. Nestes bailes, sempre tinham os toasters, caras que pegavam o microfone e falavam de forma ritmada, de acordo com a música que estava tocando, sobre o cotidiano daquela região, falavam de pobreza e política, mas também falavam muito sobre sexo, faziam piadas e tiravam sarro das pessoas. Aqui já estamos no fim dos anos 60. 

Justamente tentando fugir dessa pobreza, muitos jamaicanos começaram a migrar para os Estados Unidos. Uma das comunidades mais famosas de jamaicanos nos Estados Unidos ficava no Bronx, bairro paupérrimo no extremo norte da cidade de New York. Já nos anos 70 o jamaicano Kool Herc, trouxe um dos sound systems da Jamaica para os Estados Unidos e começou a fazer festas nas ruas do bairro. Nesta época, a pobreza e a falta do que fazer fizeram com os jovens se juntassem em gangues. A violência era generalizada, e o racismo era só mais gasolina nessa fogueira. As festas nas ruas com os sound systems eram uma oportunidade de diversão e começou a se tornar cada vez mais comum os DJs usarem o microfone. A turma que curtia som começou a criar um novo jeito de dançar. Entre as gangues, se tornou muito popular marcar territórios e se expressar através do grafite nos muros da cidade. Alguns clubes e casas noturnas quiseram colocar os sound systems pra dentro, o DJ já não dava conta de falar ao microfone e colocar os sons. Surgem então os mestres de cerimônia, os MCs. E pronto. Está criada a cultura hip hop. 

Mas não foi fácil assim. Tinha muita treta, muita briga. Foi o mestre Afrika Bambaataa quem mais ajudou a botar ordem na casa. Pregou a união das gangues de negros para combater o racismo e insistia que com a música, o grafite e a dança, era essencial que o conhecimento e a consciência social viessem junto no pacote. Ele criou a Zulu Nation e realmente mudou o mundo. Daí pra frente só foi apavoro! Nos anos 80 pintaram Run DMC, Public Enemy e Beastie Boys. Sem falar de Kurtis Blow, MC Hammer, Eazy E, Ice T e DJ Jazzy Jeff & The Fresh Prince (sim, foi onde o Will Smith começou). Nos anos 80 o rap e o hip hop estouraram! Milhões de discos vendidos, rappers ditando moda, videoclipes com produções caríssimas, muita ostentação, carrões, correntes de ouro, drogas, sexo… enfim, uma parada que deu certo, mas que tinha tudo pra dar erado. E para alguns realmente deu errado. 

Tupac Maru Shakur nasceu ali, no olho do furacão, no Bronx dos anos 70. Viveu parte de sua infância no Harlem, outra parte em Baltimore e já adolescente se mudou com sua mãe para a Bay Area, California. Lá se envolveu com tráfico de drogas e passou a trampar de roadie para a banda Digital Underground, onde teve oportunidade de cantar algumas vezes e começou a se destacar. Em 1991 ele já tem seu primeiro disco solo lançado. Mas voltando ao início dos anos 70, no bairro do Brooklyn, New York, nascia Christopher George Latore Wallace, um figura que ficaria conhecido como The Notorious B.I.G. Ao contrário de Tupac, ele teve uma infância estável vivendo sempre no mesmo bairro e estudando numa boa escola, onde teve boas noções de inglês e literatura. Mas a boa educação não impediu que ele fosse pra rua e também embarcasse no tráfico de drogas. Ainda jovem, ele já era conhecido por vender crack no bairro. B.I.G. passou a juventude e o início da vida adulta no Brooklyn traficando drogas e fazendo rap nas ruas e em pequenos bares, mas sem grande sucesso. Entre 1992 e 1993, enquanto B.I.G. ainda estava restrito ao circuito do rap nova iorquino, Tupac já tinha ganhado disco de ouro, participado de filme no cinema e até mesmo andou aos beijinhos com a Madonna. Em fevereiro de 1993 B.I.G. descolou um show para fazer em Los Angeles, e aproveitou para conhecer Tupac. Os dois se deram super bem logo de cara e ficaram bróders. 

Mas essa brodagem toda durou pouco. No dia 30 de novembro de 1993 Tupac colou no estúdio de B.I.G. e Puffy, que era produtor. Era madrugada, o estúdio ficava no segundo andar de um prédio na Times Square. Quando chegou no hall do prédio, tinham 3 caras por ali. Ao chamar o elevador, Tupac se ligou que um dos caras puxou uma pistola. Mas ele também era malandro e sempre andava armado. Só que antes de puxar seu revólver, levou cinco tiros. Os três caras caíram fora correndo. Só que Tupac não morreu. Estava em péssimo estado, claro, se arrastando. Mas conseguiu ir até o estúdio, onde foi recebido por B.I.G. e Puffy com uma cara de espanto e, segundo o próprio Tupac, culpa. Uma cara de quem quer dizer “Agora f*deu!”. Mas a vida não estava fácil pra ninguém. Nessa época, Tupac vinha enfrentando problemas sérios com a justiça, sendo acusado de estupro e de ter envolvimento com um dos maiores gângsters da época. E, aparentemente, era tudo verdade. Tanto que ele, mesmo baleado, todo enfaixado e numa cadeira de rodas, foi condenado a prisão. Ficou preso por 11 meses, saindo por pagamento parcial da fiança e por bom comportamento. 

Enquanto esteve preso, Tupac cultivou a ideia de que B.I.G. e Puffy sabiam que ele seria baleado naquela noite no estúdio. E se não sabiam, o mínimo que poderiam fazer é achar quem tinha feito aquilo e dar uma coça nos malucos, afinal ali era New York, era a quebrada de B.I.G. e não ia ser difícil descobrir quem deu os tiros. Mas nada foi feito. Nada é exagero. Foram feitas músicas. B.I.G. lançou a música Who Shot Ya? meses depois de Tupac ser baleado. E era uma música com uma letra meio irônica, pegou mal e Tupac levou pro pessoal. Hit’ Em Up foi a resposta de Tupac, uma letra direta para B.I.G. repleta de ofensas. Era 1995, e foi o auge da treta entre a cena rap/hip hop da costa leste dos Estados Unidos (B.I.G.) contra a costa oeste (Tupac) e.muitos artistas de ambas as cenas compraram a briga, cada um com o seu território. Uma disputa estúpida e descabida, mas que rendeu muito para a mídia, que sempre tinha alguma coisa pra noticiar a respeito. Só que a treta extrapolou a música. No dia 7 de setembro de 1996 Tupac foi baleado e morreu em Las Vegas. Não há nenhum indício de que B.I.G. tenha algum envolvimento com o crime. Aliás, ali pelo fim de 1996 já rolava um papo de apaziguar e acabar com aquela rixa besta. Em 9 de março de 1997 B.I.G. estava em Los Angeles para um show e deu entrevistas pedindo paz e o fim daquela rivalidade. No mesmo dia também foi baleado e morto. 

Tupac e Notorious B.I.G. eram os dois maiores nomes do rap no mundo nos anos 90. A morte dos dois finalmente fez com que os ânimos se acalmassem e a rivalidade entre costa leste e costa oeste acabasse. Um preço muito alto para o fim de uma rivalidade tão imbecil. Mas apesar dos pesares, o hip hop sobreviveu firme e forte. Ainda nos anos 90, sob o legado desses dois gigantes nomes como Dr. Dre, Snoopy Doggy Dogg, Cypress Hill, Fugees, Jay-Z, Busta Hymes, Eminem, N.W.A., Ice T, Outkast, De La Soul, Ice Cube, Lauryn Hill e tantos outros dominassem a parada! Pode crer que se não fossem as estripulias de Kurt Cobain, Eddie Vedder e companhia, o hip hop teria dominado a indústria musical nos anos 90, como domina desde o começo do século XXI até hoje. Atualmente, mais de 70% de toda música ouvida nas principais plataformas de streaming em todo mundo é rap e hip hop

É um estilo de música e de vida muito rico, com uma história incrível! E olha que a gente se limitou a falar apenas dos Estados Unidos. Só a história do hip hop no Brasil, com Thaíde & DJ Hum, DJ Marlboro e toda a turma, já dava outro texto delicioso. Mas por hora, ficamos por aqui. Lembrando, é claro, que o hip hop, a cultura do grafite, a luta contra o racismo, a poesia e a música são parte essencial na formação da Strip Me. Então você obviamente encontra várias camisetas sensacionais com referências a este universo maravilhoso, bem como tantas outras estampas de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais. Se liga nos nossos lançamentos e visite a nossa loja

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist no capricho do que há de melhor no hip hop dos anos 90. Top 10 Tracks 90’s Hip Hop 

Para assistir: A série The Get Down, produção da Netflix é impecável e retrata muito bem o início do hip hop no Bronx. É mais que imperdível, essencial. 

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