6 obras reveladoras de Roy Lichtenstein.

6 obras reveladoras de Roy Lichtenstein.

Em outubro deste ano Roy Lichtenstein completaria 100 anos de idade. Para celebrar, a Strip Me dá uma geral nas obras mais impactantes do artista.

Não tem nada que represente melhor o século XX do que a Pop Art. Um movimento artístico que personificou todas as grandes mudanças da sociedade desde a Revolução industrial até o pós Segunda Guerra e a cristalização do American Way of Life. Neste cenário, Roy Lichtenstein teve um protagonismo indiscutível, moldando uma estética absolutamente antropofágica, se fazendo valer de elementos da publicidade e das histórias em quadrinhos para compor obras de arte questionadoras e satíricas. Lichtenstein era o tipo de artista low profile. Não era um cara excêntrico, chegado a excessos ou com uma vida pessoal conturbada. Mas isso não o impediu de fazer parte do movimento Pop Art e conviver com artistas como Andy Warhol, que além de ser igualmente genial, era quase uma caricatura de um artista excêntrico e visceral.

Roy Lichtenstein. 1963

Roy Lichtenstein nasceu no dia 27 de outubro de 1923. Neste ano ele completaria 100 anos, se vivo. Para além de sua vida artística, Lichtenstein nasceu em New York, teve uma boa educação, serviu o exército e lutou na Segunda Guerra Mundial, se casou, teve filhos, foi professor de arte em universidade e faleceu no dia 29 de setembro de 1997, aos 73 anos, vítima de complicações de uma pneumonia. Para celebrar os 100 anos deste grande gênio, a Strip Me dá uma geral na obras mais importantes de sua carreira, que por si só, contam a história da Pop Art.

1 Nota de Dez Dólares. 1956.

Foi a primeira obre de Lichtenstein a ganhar notoriedade. Muito influenciado pelo cubismo de Picasso, o artista fez uma bem humorada e desconstruída caricatura de uma nota de dez dólares. Feita com a técnica de litografia, esta é considerada uma das primeiras obras de Pop Art. Apesar de sua estética cubista, a obra usa um ícone da sociedade (uma cédula de dinheiro) sendo reinterpretada.

2 Whaam! 1963

Foi nos anos 60 que Lichtenstein encontrou sua forma mais expressiva e original, ao utilizar a linguagem e estética das histórias em quadrinhos para expressar suas ideias. Trata-se de um desenho retirado de uma história em quadrinhos de guerra. A obra é um díptico, ou seja o desenho está dividido em dois painéis que funcionam separados, mas também se completam, tipo aquelas dobradinhas da Mad (referência de velho). Whaam! é uma obra emblemática por ter tantos significados intrínsecos, ainda que o próprio Lichtenstein nunca tenha se pronunciado explicitamente explicando o significado da obra. Mas, na época, os Estados Unidos começavam a mandar soldados para o Vietnã. Lichtenstein fazia retratos realistas de um mundo irreal. Neste caso, o mundo da fantasia ecoa na vida real.

3 Oh, Jeff…I Love You Too…But… 1964

Refinando cada vez mais sua técnica e linguagem, Lichtenstein Passou a reproduzir deliberadamente desenhos retirados de histórias em quadrinhos, mas imprimindo mais dramaticidade e sentimento ao desenho original, tido como ordinário. Nesta obra, especificamente, isso fica evidente. As cores são realçadas, há o uso do pontilhismo e o desenho é propositalmente recortado. Um close no rosto da mulher, mesmo eliminando parte da cabeça, e a bolha da fala comprimida e cortada na lateral direita. Essa concentração aumenta o sentimento de tensão e denuncia o melodrama presente na situação.

4 Natureza Morta com Peixe Dourado. 1974

Durante a década de 1970, Lichtenstein diversificou seu estilo, indo além das cores primárias e histórias em quadrinhos. Passou a criar composições sobrepondo, fragmentando e recompondo imagens. Misturou suas técnicas imortalizadas na Pop Art com movimentos que ele admirava como o cubismo e o surrealismo. Assim, suas obras passaram a ter uma estética mais surrealista, mas sem perder a verve Pop Art. Esta é um das obras que melhor retrata esta fase.

5 O Chefe de Barcelona, 1992

El Cap de Barcelona foi a primeira empreitada do artista usando cerâmica para moldar uma escultura ao ar livre. A obra foi uma encomenda do governo catalão para decorar a cidade, que naquele ano, 1992, era sede das Olimpíadas. A obra está no centro de Barcelona, mede aproximadamente 20 metros de altura e é um retrato surrealista de um rosto de mulher. Uma obra imponente e linda, como é a cidade de Barcelona.

6 Two Nudes, 1994

No fim da vida, Lichtenstein decidiu abordar uma dos mais antigos gêneros da pintura, abordado profusamente em todos os movimentos artísticos ao longo da história: o nu. Para isso, ele acabou por voltar às suas origens da Pop Art usando a linguagem e estética dos quadrinhos, enfatizando suas técnicas como o pontilhismo, contornos fortes e cores vibrantes. Esta é a primeira de uma série de nove serigrafias feitas pelo artista, onde personagens dos quadrinhos são propositalmente retratadas de maneira provocante, como objetos genéricos de prazer.

Pois é. A Pop Art é sedutora, contemporânea, estimulante e libertária. E a obra de Roy Lichtenstein escancara todos esses elementos, além de trazer consigo um imenso repertório de cultura pop que não dispensa ruídos e exageros com suas cores vibrantes e contrastes. Mais que uma influência, a obra de Lichtenstein é inspiradora e fundamental para a Strip Me. Isso fica evidente não só na nossa coleção de camisetas de arte, mas em todas as outras coleções, como a de música, cinema, cultura pop, games, bebidas, vida digital… a Pop Art está em toda parte na Strip Me. Confere lá no nosso site e aproveita pra ficar por dentro de todos os nossos lançamentos, que pintam por lá toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Já que muito da obra de Lichtenstein é inspirada em histórias em quadrinhos, apresentamos hoje uma playlist com 10 canções que fazem referência direta a personagens e HQs em geral. Comic Book Top 10 Tracks.

Para assistir: Tem disponível no Youtube, de graça, um documentário feito em 1991, chamado simplesmente Roy Lichtenstein. Dirigido por Chris Hunt, o doc conta com várias entrevistas interessantes, com artistas e críticos de arte, incluindo o próprio Lichtenstein. O filme está completo no Youtube, mas não tem legendas em português. Mas vale a pena dar uma treinada no inglês para assisti-lo.

O mistério irresistível! – 8 Curiosidades sobre a Mona Lisa

O mistério irresistível! – 8 Curiosidades sobre a Mona Lisa

Ícone da cultura pop contemporânea, a Mona Lisa já tem 520 anos e segue despertando o nosso interesse. A Strip Me apresenta, portanto, 8 curiosidades sobre essa obra prima!

Poucos temas são tão polêmicos e fascinantes quanto a exaltação do belo. Isso no universo das artes plásticas, é claro. Afinal, todo mundo sabe que o Belo nunca fez parte do Exalta, então, não há o que se polemizar a respeito. Piadocas à parte, a beleza dentro das artes sempre foi uma espécie de paradoxo. Afinal, nem toda obra prima é necessariamente bela, e nem toda obra que apresenta muita beleza é necessariamente genial. Um dos exemplos mais completos deste paradoxo é a mundialmente famosa Mona Lisa, a obra mais conhecida do gênio Leonardo Da Vinci.

A Mona Lisa, também conhecida como “La Gioconda”, é uma das obras de arte mais enigmáticas e icônicas da história. Um dos maiores símbolos do Renascimento, a pintura é um exemplo magistral da habilidade de Da Vinci em capturar expressões humanas e sua maestria no uso da técnica sfumato.  A mulher retratada na tela não é lindíssima, mas tem um charme inexplicável. Ou seja, não é uma obra bela no sentido mais óbvio da palavra, mas é genial e inigualável por ser tão cativante e sedutora. Além disso, é considerada um tesouro nacional francês, apesar de sua origem italiana. A Mona Lisa tem seu lar no Louvre, em Paris, onde recebe milhares de visitantes curiosos todos os anos.

São tantas as histórias, lendas e teorias que rondam a Mona Lisa, que hoje a Strip Me apresenta 8 curiosidades muito interessantes sobre este que talvez seja o maior ícone da arte mundial de todos os tempos. Confere aí!

1- Nos tempos de Mona Lisa.
Francesco de Giocondo, um dos mais ricos mercadores de Florença, encomendou a Da Vinci um retrato de sua esposa, Lisa, em 1503. Logo o artista começou a trabalhar no retrato, mas seu perfeccionismo e a timidez e relutância da jovem para posar fez com que a obra ficasse pronta somente em 1506. A roupa retratada na Mona Lisa é uma das marcas da má vontade de Lisa para posar. Na época, era comum que os retratados vestissem suas melhores e mais pomposas roupas para posar para um quadro, mas a vestimenta da Mona Lisa, apesar de super atual para a moda da época, era muito sóbria. Outra marca disso é justamente o sorriso.

2 – O sorriso de Mona Lisa.
O famoso sorriso da Mona Lisa é motivo de especulação há séculos. Especula-se até que a expressão enigmática poderia ser devido a uma condição dental, como abscesso ou desgaste dentário. Um teoria fraca, tendo em vista que numa época tão insalubre, pouca gente devia ter uma dentição admirável. Mais fácil crer que a jovem Lisa não queria estar ali posando para Da Vinci e, como uma boa jovem, não conseguia esconder seu descontentamento ao fazer algo que não queria. Vale lembrar que, como era padrão na época, Lisa tinha 15 anos de idade quando se casou com Francesco. Quando posou para Da Vinci tinha por volta de 20 anos de idade. Ainda bem que Da Vinci acabou usando essa birra a seu favor, pintando um sorriso digno de Esfinge.

03 – De mão em mão.
A obra ficou pronta em 1506, mas não foi entregue à família Giocondo, porque Da Vinci já estava há meses trabalhado na obra sem ser pago. Assim, guardou o quadro para si. Em 1517 Da Vinci é contratado pelo rei da França, Francisco I, para ser artista da corte. Ele se muda então para Paris e leva consigo a Mona Lisa. Lá, o rei fica fascinado pela pintura e decide compra-la. Desde então, ela passou a fazer parte do acervo real francês. Depois de passar por vários palácios, como o de Versalhes e de Fontainebleau, Mona Lisa finalmente encontrou seu lugar no Museu do Louvre em 1797. Durante seu reinado, Napoleão Bonaparte ficou tão encantado com a Mona Lisa que decidiu tê-la em seu quarto particular. Mas não conseguiu permissão da diretoria do Louvre para tal e teve que se contentar com uma fidelíssima réplica.

Vicenzo Peruggia, o ladrão da Mona Lisa.

04 – O roubo de Mona Lisa.
Essa é uma história maravilhosa! No começo do século XX, trabalhava no Louvre um camarada chamado Vincenzo Peruggia, um italiano, que morava em Paris já há muitos anos. Ele era um pintor que trabalhava em restaurações no museu. No dia 21 de agosto de 1911, ele aproveitou que o museu estava fechado e conhecia bem as falhas da segurança, e simplesmente tirou a Mona Lisa da parede, jogou seu casaco por cima e foi pra casa. Por 28 meses, a obra permaneceu embaixo da cama de Peruggia, até que ele conseguiu um contato na Itália com o florentino Alfredo Geri, dono de uma galeria de arte. Peruggia afirmava que roubara a Mona Lisa porque ela deveria estar exposta na Itália, já que Da Vinci, e a própria Lisa Giocondo, eram italianos. (Nós, brasileiros, vendo o Abaporu num museu em Buenos Aires, te entendemos bem, Vicenzo…) Mas quando Alfredo Geri se ligou que estava diante da autêntica Mona Lisa, e não uma cópia, chamou a polícia no ato. Peruggia foi preso e, como retribuição, antes de voltar ao Louvre, foi permitido que a Mona Lisa fosse exposta algumas semanas na Galeria Uffizi, da qual Geri era o proprietário. Detalhe: antes de Peruggia ser capturado, durante a investigação, a polícia francesa tinha como um dos suspeitos pelo roubo ninguém menos que Pablo Picasso! Isso porque ele e seu amigo Guillaume Apollinaire viviam dizendo pelos cafés de Paris que todas as obras primas dos museus deviam ser destruídas, para dar lugar à arte moderna.

05 – Mona Lisa sob ataque.
1956 não foi um ano fácil para Mona Lisa. Primeiro, no começo do ano, um homem conseguiu jogar uma quantidade de ácido, que danificou a parte inferior da pintura, resultando em uma pequena marca perto do cotovelo direito da Mona Lisa. Mas a restauração foi rápida e bem sucedida. Porém, poucos meses depois, outro homem conseguiu atirar uma pedra na obra, que danificou o canto inferior direito. Justamente para não estimular novos ataques, estes casos foram muito pouco divulgados. Então, não se sabe quais foram as motivações dos ataques. Mas isso não impediu que novos atentados acontecessem. A pobre Mona Lisa já sofreu ataques de xícaras de café, bolo e tinta spray. Mas ela segue firme e forte, com seu sorrisinho sarcástico, e cada vez mais bem protegida, no Louvre.

06 – Será que ela é?
Uma das teorias mais antigas e persistentes relacionadas à obra é sobre a identidade da figura retratada na pintura. Enquanto a maioria dos especialistas concorda que é Lisa Gherardini, esposa de Francesco de Giocondo, há teorias alternativas que sugerem que a pessoa retratada pode ser uma amante secreta de Leonardo da Vinci, o que explicaria o ar de mistério que paira sobre a obra. Outra teoria, essa até mais ventilada por aí, diz que a Mona Lisa se trata de uma versão feminina do próprio artista. Sabidamente, Da Vinci era bissexual e curtia ter relações com homens. Décadas atrás, numa época em que a homossexualidade era vista com muito mais ódio e incompreensão, muita gente vinculou a aura de mistério da obra ao fato de Da Vinci estar representando ali, secretamente, seus desejos homossexuais e femininos que seriam supostamente reprimidos. Balela! Até porque, Da Vinci era um cara pra frente e bem resolvido, e não negava e nem escondia de ninguém seus desejos carnais. Tá certo ele!

07 – Códigos secretos.
Teoria da conspiração é o que não falta em torno da Mona Lisa. Desde a sua identidade, até supostos códigos secretos que Da Vinci teria escondido na obra, inclusive símbolos ligados à maçonaria. Mas nada disso é verdade. A real é que Da Vinci era um observador silencioso que escrevia para si mesmo, e não gostava de explicar suas obras para os outros. Isso consequentemente gerava, e ainda gera, especulações e interpretações das mais inusitadas. A principal razão pela qual Da Vinci não se daria ao trabalho de entupir a Mona Lisa de mensagem cifradas e subliminares é que a pintura não passava de um job para um cliente, um quadro que ia ficar na sala da família. No fim das contas, ele não foi pago, o quadro ficou com ele e deu no que deu.

08 – Fibonacci Style.
A história dos números da sequência Fibonacci, sua materialização gráfica e do homem por trás dessa teoria toda você já conhece, nós já te contamos aqui no blog. Para relembrar, clica aqui. Bom, o fato é que Mona Lisa é um dos principais exemplos da aplicação da sequência Fibonacci para estabelecer o que é sublime dentro da arte. A sequência pode ser aplicada em pelo menos quatro maneiras na obra, e em todas o resultado é o mesmo, encaixe perfeito. Enfim, só mais uma confirmação da genializade e maestria de Leonardo Da Vinci.

A Mona Lisa é pop, e não é à toa! Ela está presente na cultura pop, sendo referenciada em filmes, músicas e livros. Além disso, inspirou inúmeras paródias ao longo dos anos, com artistas recriando a pintura em estilos diversos, fazendo girar a boa e velha roda da antropofagia da arte! Coisa que aqui na Strip Me a gente considera ouro! Por isso, ela também está entre as maiores referências nas nossas camisetas de arte! Dá uma conferida lá no nosso site. Por lá você também encontra camisetas de cinema, música, cultura pop e muito mais, além dos lançamentos que pipocam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist com músicas que são como o sorriso de Mona Lisa: são intrigantes, até esquisitas, mas irresistíveis! Mona Lisa Smile Top 10 tracks.

Para assistir e para ler: É clichê, e muita gente considera uma bobagem. Mas tanto o livro quanto o filme O Código Da Vinci são muito legais e vale a pena serem consumidos! Claro, o livro é bem melhor que o filme. Mas o filme é um baita entretenimento também. Realmente é uma bobagem, sem nenhum embasamento histórico factual. Mas é divertido!

A Musa Renascentista

A Musa Renascentista

A Strip Me apresenta a história de Simonetta Vespucci, a musa inspiradora de Sandro Botticelli e de outros artistas da Renascença.

Qualquer um que diga “No meu tempo é que era bom.” está errado. A não ser que tenha vivido durante o momento mais empolgante e inovador na história da humanidade, a segunda metade do século XV. A era do Renascimento! Quando a humanidade deu um verdadeiro salto evolutivo em ideias, tecnologia e comunicação. Pensa bem. Em 1452 nasce Leonardo Da Vinci. Em 1453 Constantinopla é invadida, encerrando a era medieval. Em 1454 Gutemberg cria a imprensa. Daí em diante, a história do mundo mudou radicalmente. A arte foi elevada a níveis inimagináveis, as navegações se desenvolveram, descobrindo novas terras e novas culturas, e novos conceitos políticos e sociais foram elaborados, por pensadores como Maquiavel, Erasmo de Roterdã e Nicolau Copérnico.  Sem dúvida foi o maior turning point da humanidade.

Nessa época não havia lugar melhor para se estar do que a cidade de Florença. Em toda a Europa ocidental, nenhum lugar era tão movimentado e plural. Isso porque a cidade era governada por uma família riquíssima e muito ligada à cultura e às artes. Enquanto os pequenos reinos ao redor, como Milão e Gênova ainda viviam sob uma política feudal, Florença tinha uma sociedade mais diversa, com uma burguesia ativa, formada por profissionais liberais e artistas. Tudo graças à família Médici, que governava a cidade. Assim, Florença, por determinado período, tinha como moradores os mais importantes e reconhecidos artistas do Renascimento: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Donatello… e um jovem pintor muito talentoso chamado Sandro Botticelli.

Este é o contexto geral que ajuda a contar a história de uma das mulheres mais admiradas do mundo durante séculos. Um rosto conhecidíssimo, porém uma vida e personalidade desconhecida. Ela nasceu justamente no ano da queda de Constantinopla, 1453, mas não se sabe exatamente o dia. Sabe-se que nasceu e passou a infância em Portovenere, uma pequena cidade litorânea entre Gênova e Florença. Gaspare Cattaneo della Volta era um nobre genovês casado com Cattocchia Spinola. Do casal nasceu Simonetta Cattaneo. Uma menina lindíssima, de cabelos claros acobreados e olhos intensamente azuis, uma raridade na região para aquela época. Simonetta recebeu uma educação comum a qualquer menina burguesa, tinha aulas de etiqueta, piano e afazeres domésticos, além de aprender a ler. Com uma beleza realmente exuberante, não demorou a ter muitos homens  a seus pés. Por sorte, ela se apaixonou justamente por um jovem de uma família muito rica, que possuía bancos e outros empreendimentos, a família Vespucci. O pai de Simonetta, de imediato aprovou o casamento, que aconteceu em 1469, quando ela tinha 16 anos de idade.

Retrato de Simonetta Vespucci – Sandro Botticelli

O casamento aconteceu em Florença, onde o casal escolheu morar. Isso porque Marco Vespucci, o noivo de Simonetta, gerenciava o Banco de San Giorgio e tinha muitos negócios com a família Médici. Na festa de casamento, entre muitos convidados ilustres, como o próprio Lorenzo de Médici, também conhecido como Lorenzo, o Magnífico, estava um jovem pintor de 24 anos chamado Sandro Botticelli. Ele era um dos protegidos da família Médici, que, com frequência lhe encomendava obras de arte, além de financiar seu atelier e matérias de pintura. Botticelli ficou encantado com a beleza de Simonetta e fez questão de conhece-la. Também estava na festa um rapaz de 17 anos chamado Amerigo Vespucci. Ele vinha de Gênova para conhecer os negócios da família em Florença. Era um rapaz muito inteligente, comunicativo e ambicioso. Algumas décadas depois, ele se mudou para Sevilha, na Espanha, entrou no negócio de navegações e se tornou uma personalidade histórica das mais controversas e fascinantes, que nós conhecemos pelo seu nome traduzido para o português: Américo Vespúcio, o homem que deu nome ao continente americano. Amerigo Vespucci era primo de Marco Vespucci, noivo de Simonetta.

Vênus e Marte – Sandro Botticelli
(Vênus retratada com o rosto de Simonetta Vespucci)

Não foi só Botticelli que se encantou com a beleza de Simonetta. O irmão mais novo de Lorenzo, o Magnífico, Giuliano de Médici, apaixonou-se perdidamente por Simonetta. Até hoje especula-se que havia reciprocidade nesse amor, mas que não passou de um sentimento platônico, nunca encarnado. Isso porque Simonetta era casada com Marco Vespucci, e as famílias Médici e Vespucci tinham negócios  milionários, e que poderiam ir por água abaixo se um escândalo de adultério entre as famílias viesse a público. De qualquer forma, assim que passou a morar em Florença, Simonetta passou a ser requisitada por vários artistas da cidade, para posar como modelo. Assim, rapidamente, Simonetta tornou-se muito conhecida na cidade, e era considerada a mulher mais linda de Florença.

Retrato de Simonetta Vespucci – Sandro Botticelli

Em 1475 foi organizado um torneio de cavaleiros, desses de lança e armadura, que a gente vê nos filmes. O evento aconteceu na Piazza Santa Croce, no centro de Florença. O prêmio era um estandarte com um retrato de Simonetta, pintado por Sandro Botticelli. No estandarte, Simonetta foi pintada representando a deusa Atena. Apaixonado, Giuliano de Médici se increveu no torneio com o objetivo único de ter para si aquele estandarte. E assim o fez. Venceu o torneio e, desde então, andava pra cima e pra baixo sempre ostentando  o estandarte da deusa Atena, com o rosto de Simonetta.

Porém, a vida não era fácil naqueles tempos. No ano seguinte, 1476, Simonetta adoeceu. Sentia muita fraqueza, falta de ar, febres altíssimas e muita tosse. A família Médici ofereceu seu médico particular para cuidar da jovem. Até hoje não se sabe exatamente qual era a doença. Podia ser uma tuberculose, uma infecção pulmonar ou uma pneumonia aguda. O fato é que ela adoeceu em meados de março, piorou muito em abril e acabou morrendo no dia 26 de abril de 1476. Toda a cidade ficou de luto. O cortejo foi muito incomum. O caixão foi carregado pelas ruas da cidade aberto, para que todos pudessem contemplar pela última vez a beleza incomparável de Simonetta Vespucci.

Porém, a beleza de Simonetta acabou tornando-a imortal. Artistas como Botticelli e Piero de Cosimo ainda pintariam muitas obras tendo a jovem como musa inspiradora. A mais marcante dessas obras é Nascimento de Vênus, a obra mais famosa e brilhante de Botticelli, pintada em 1483, 7 anos após a morte de Simonetta. Na obra, Simonetta representa a deusa Vênus, nua numa concha, que flutua sendo soprada do mar para a terra, para trazer vida e beleza ao mundo. O próprio Botticelli ainda faria várias outras obras pintando o rosto de Simonetta. Tamanha era sua adoração, ele deixou registrado que, ao morrer, queria ser enterrado aos pés de sua musa. Simonetta Vespucci foi sepultada na igreja de Ognissanti, assim como Botticelli, conforme sua vontade, quando ele faleceu em 17 de maio de 1510. Simonetta também foi retratada pelo pintor Piero de Cosimo em 1480, representando Cleópatra, com um colar e uma serpente ao redor do pescoço.

Nascimento de Vênus – Sandro Botticelli

Simoneta Cattaneo Vespucci foi uma mulher literalmente icônica! Verdadeira musa da arte renascentista e dona de uma história breve, já que morreu com apenas 23 anos de idade, mas intensa. Viveu num momento mágico de transformação e transcendência da humanidade e conviveu com algumas figuras históricas grandiosas, como Lorenzo de Médici e Américo Vespúcio, além de artistas imortais como Botticelli e Piero de Cosimo. A beleza e a história de Simonetta encantam e inspiram a todos nós da Strip Me, que somos loucos por arte em geral! Tanto é que não faltam referências aos artistas renascentistas na nossa coleção de camisetas de arte. E ainda tem camisetas de música, cinema, cultura pop e muito ais. Na nossa loja você pode conferir todas elas e ainda ficar por dentro dos nossos lançamentos, que aparecem por lá toda semana.

Cleópatra – Piero de Cosimo
(Cleópatra retratada com o rosto de Simonetta Vespucci)

Vai fundo!

Para ouvir: E se Simonetta Vespucci foi ícone da beleza renascentista, nada mais justo do que a gente fazer uma playlist de canções que falam sobre beleza. Beleza! Top 10 tracks.

Para assistir: É impressionante, perturbador até, assistir ao documentário Botticelli Inferno. Pois é, nem só de belas mulheres vivia Sandro Botticelli. Ele era fascinado pela obra de Dante Alighieri. Botticelli passou mais de uma década trabalhando num desenho enorme do Inferno, como descrito no livro A Divina Comédia, de Dante. O filme de Ralph Loop, lançado em 2016, traz detalhes da obra desses dois artistas e suas conexões, bem como alguns segredos escondidos, no melhor estilo Código Da Vinci. Não é um filme tão fácil de achar, mas vale a pena conferir.

Para ler: Pode parecer uma recomendação meio deslocada, mas, acredite, não é. Vale demais conferir o livro Secreções, Excreções e Desatinos, uma compilação de contos do genial escritos Rubem Fonseca. São 14 contos maravilhosamente bem escritos, recheados de sarcasmo, onde a fisiologia e a mente passam por distúrbios diversos. O principal conto deste livro se chama justamente O Corcunda e a Vênus de Botticelli, e é excelente, tanto que uma parte da obra Nascimento de Vênus ilustra a capa da primeira edição do livro, lançado em 2001 pela Companhia das Letras. Um livro imperdível!

Yin Yang: O Equilíbrio da Vida

Yin Yang: O Equilíbrio da Vida

A Strip Me faz sua alquimia ao misturar a filosofia chinesa do Yin Yang à diversidade da cultura pop, para criar camisetas originais e super contemporâneas.

Demorou muito para que os povos do ocidente (nós, no caso) realmente assimilassem filosofias e hábitos orientais. A história do mundo nos mostra que sempre rolou uma barreira muito grande entre esses dois mundos. De um lado a filosofia greco romana e a religiosidade judaico-cristã. De outro as filosofias milenares do taoísmo e do budismo. Durante o Renascimento e as grandes navegações, muito se consumiu do oriente, claro. Mas apenas produtos e alimentos, as famosas especiarias e as sedas chinesas. Foi mais à partir do século XX mesmo que as coisas começaram a mudar e o ocidente passou a incorporar elementos das filosofias orientais.

O engraçado é que as coisas chegam até nós meio enlatadas, com um verniz espesso de ocidentalização. E não estamos falando só do brasileiro, que transforma o sushi em hot roll. Um exemplo é o Feng Shui, que é um princípio filosófico complexo, cheio de nuances e interpretações, que acabou virando meio que uma vertente do design de interiores, um conceito que os arquitetos mais descolados gostam de usar para justificar suas ideias. Da mesma maneira, o Yin Yang virou um símbolo pop, que virou febre entre os jovens dos anos 80 em vários lugares do mundo, que tatuavam o símbolo no braço sem saber direito o que aquilo significa.

O Yin Yang também é um conceito filosófico bem complexo e abrangente, é a base do taoísmo. Por sua vez, o taoísmo é uma filosofia religiosa politeísta chinesa, que tem sua própria explicação para a criação do universo, do planeta Terra e da humanidade. O Yin Yang está presente nesse princípio de tudo para os chineses. Ele representa o equilíbrio e a harmonia entre dois opostos. Luz e sombra, fogo e água, terra e céu, positivo e negativo, multiplicar e dividir… enfim, opostos, mas que se equilibram, que precisam um do outro para existir. Portanto, quando acontecem grandes catástrofes naturais como tsunamis, erupção de vulcões e até mesmo guerra entre povos, os chineses identificam essas coisas como desequilíbrios no Yin Yang. É por isso que em sua representação gráfica, o símbolo Yin Yang é uma esfera, dividida perfeitamente por uma onda, um lado é branco e outro é preto, e em cada lado, há um ponto. No lado preto um ponto branco e no lado branco um ponto preto, mostrando que a harmonia, representada pela onda, se estabelece quando os dois lados coexistem e interagem em equilíbrio.

Os primeiros registros do conceito do Yin Yang no taoísmo datam do século II antes de Cristo, ou seja, 4 mil anos atrás. Ao longo dos séculos ele foi sendo mais elaborado. Mas logo no início já ganhou a representação da esfera dividida entre preto e branco, representando o equilíbrio das forças da natureza, da mente e do físico. Yin preto e yang branco, integrados num movimento contínuo de geração mútua e interação destas forças. A filosofia taoísta observa a vida e a realidade como algo fluído, em constante mutação, por isso o equilíbrio do Yin Yang se mostra tão importante para sua cultura. Para se ter uma ideia, os conceitos do Yin Yang são aplicados em todas as áreas, da arte à matemática, passando pela agronomia, medicina, astronomia e muitas outras áreas da ciência e filosofia.

No século XX, as fronteiras do mundo diminuíram e começou a rolar toda uma descoberta dessas filosofias orientais por parte dos intelectuais do ocidente. No início do século, técnicas como a xilogravura, cuja obra mais marcante é A Onda de Kanagawa, se popularizou, bem como escritores existencialistas, entre eles alguns da geração beat, passaram a flertar com o budismo tibetano. Mais pra frente, nos anos 60, a cultura indiana se popularizou entre os jovens, muito graças aos Beatles, é verdade. Mas nessa busca por transcendência e purificação do ser humano que alguns hippies investiram, acabaram vindo junto alguns conceitos do taoísmo. E o Yin Yang passou a estampar algumas camisetas e batas. Claro, afinal, além de ter essa ideia de equilíbrio, o Yin Yang é esteticamente muito cativante.

Essa percepção do taoísmo sobre a natureza humana, representada pelo Yin Yang é realmente muito reveladora, e muito interessante. Tanto é que aparece com uma frequência enorme em diferentes manifestações artísticas. Nas artes plásticas isso fica mais subjetivo, mas pode ser identificado em obras como o Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci. É bem provável que Da Vinci não tivesse contato direto com a filosofia taoísta. Ainda assim, transmitiu nessa obra, o mesmo conceito de equilíbrio e harmonia do ser. Mas é na literatura, quadrinhos e cinema que o Yin Yang é retratado com vitalidade e clareza, através de personagens complexos e diversos.

O maior exemplo é claramente o conto O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, escrito pelo escocês Robert Louis Stevenson e publicado originalmente em 1886. A obra que ficou mais conhecida como O Médico e o Monstro se tornou sucesso absoluto na Europa, logo foi adaptada para o teatro e, no século seguinte, assim que o cinema foi criado, ele foi um dos primeiros textos a serem adaptados para as telonas. E é, ainda hoje, uma as obras literárias com o maior número de adaptações no cinema. São mais de 30 filmes. O primeiro foi lançado em 1920, dirigido por John S. Robertson. O mais recente é de 2017, dirigido pelo Luciano Barsuglia. Mas, certamente a mais importante e impactante adaptação é a de Victor Fleming, O Médico e o Monstro, lançado em 1941 e estrelado por Spencer Tracy, Ingrid Bergman e Lana Turner. O Estranho Caso de Doutor Jekyll e Senhor Hyde foi a primeira obra, tanto na literatura, quanto no cinema, a personificar com propriedade o Yin Yang, essa dualidade que existe no ser humano, que é bom e mau naturalmente, e vive em harmonia. Mas se algo faz com que esse equilíbrio seja quebrado, as consequências podem ser desastrosas.

Uma espécie de releitura do Dr Jekyll é o personagem Harvey Dent, incorruptível promotor público de Gotham City, que depois de sofrer um acidente, tem metade de seu rosto desfigurado e passa a ter dupla personalidade, tornando-se um dos mais icônicos inimigos do Batman, o Duas Caras. O interessante sobre o Duas Caras é que, assim como o Yin Yang, ele tem uma maneira de manter o equilíbrio entre suas duas personalidades opostas: o acaso. Antes de tomar uma decisão conflitante entre o promotor público honesto e o vilão enraivecido, o personagem joga uma moeda para o alto e tira no cara ou coroa. O problema é que, para o azar de Gotham, a moeda quase sempre fica do lado do vilão. No universo dos quadrinhos de Batman outro exemplo de gritante de Yin Yang é a relação do próprio Batman com seu maior rival, o Coringa. Ambos são originados na violência e desigualdade de Gotham, mas um decide lutar contra o crime e o outro abraça o caos. E os dois se completam, um não existiria sem o outro. O belíssimo filme Joker, de 2019, com Joaquim Phoenix como protagonista, mostra isso com clareza.

E o mais recente e marcante exemplo de Yin Yang no cinema, que pode até ser considerada mais uma releitura de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, é o excelente Clube da Luta. Tyler Durden é o Dr. Jekyll do fim do século XX. Aqui temos os opostos realmente convivendo e lutando para se equilibrar. Com a diferença que nesta obra, tanto o escritor Chuck Palahniuk, quanto o diretor David Fincher, apostam no caos como forma de equilibrar os opostos. Como no poema de William Blake, que inspirou o nome da banda The Doors, o final de Clube da Luta, que aponta para o ápice do caos, justamente quando Tyler Durden tem pleno conhecimento de sua dualidade. “Quando as portas da percepção forem finalmente abertas, tudo aparecerá como realmente é: Infinito.”. Justamente o que prega o taoísmo chinês, a harmonia e fluidez da vida rumo ao infinito, numa constante evolução.

Enfim, todas essas teorias milenares orientais são bem complexas mesmo, e não dá pra gente resumir e falar sobre elas superficialmente. Mas é legal a gente saber sobre essa força imensa do Yin Yang e como ela é bem representada, num ícone tão simples e bonito. Além do mais, harmonia e equilíbrio fazem parte da nossa inspiração e filosofia de trabalho na Strip Me. Isso se reflete no uso de insumos que não agridem o meio ambiente, parceria com empresas locais e frequentes doações para ONGs que defendem nossos princípios.  Isso sem falar nas camisetas que combinam estilo e atitude em estampas de arte, música, cinema, cultura pop e muito mais. Confira tudo isso na nossa loja, onde você aproveita para ficar por dentro dos lançamentos, que pintam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Na música o Yin Yang também se faz presente, em parcerias que se completam. Lennon-McCartney, Richards-Jagger, Simon-Garfunkel… portanto, segue uma playlist com as mais marcantes duplas “Yin Yang” da música pop! Yin Yang Top 10 tracks!

Para assistir: O Clube da Luta com certeza é o filme que melhor retrata a dualidade do ser humano moderno em toda a sua complexidade. O filme é baseado no livro de Chuck Palahniuk, dirigido pelo David Fincher e protagonizado por Brad Pitt e Edward Norton, que são realmente um só em todo o filme. O filme foi lançado em 1999.

Para ler: A editora Darkside Books lançou em 2019 uma edição lindíssima, em capa dura do clássico O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson. Além de ser um texto realmente brilhante, essa edição da Darkside vale a pena pelo belíssimo tratamento gráfico.

Flashs da fotografia moderna.

Flashs da fotografia moderna.

A Strip Me elencou os 5 fotógrafos mais inovadores e influentes da atualidade para falar sobre a fotografia moderna, que mistura arte, música, cinema e moda.

Algum tempo atrás já rolou um post aqui no blog sobre fotografia e seu lugar na cultura pop. Hoje estamos aqui para falar da fotografia contemporânea, mas sem deixar de lado sua importância histórica (afinal a história está aí, sendo escrita diariamente) e artística. Todo fotógrafo é um artista. Sendo assim, cada um tem sua própria linguagem, estilo, personalidade e discurso. Afinal, cada vez mais as mídias se misturam e cresce a necessidade de cada indivíduo se posicionar frente a suas crenças e princípios.

Seja na moda, no jornalismo ou na mais pura expressão artística, a fotografia tem muitos representantes de talento imenso e estética única. Por isso, aqui separamos 5 dos mais reconhecidos e influentes fotógrafos da atualidade, para você conhecer e se inspirar.

Steven Klein
Klein é da costa leste dos Estados Unidos. Quando jovem, queria ser pintor e se inspirava em Picasso e Francis Bacon. Aos 20 anos migrou as artes plásticas para a fotografia, e logo já emplacou uma celebrada campanha para Christian Dior. Entrou de cabeça no mundo da moda e das celebridades, para poder justamente desvirtua-lo. Passou a explorar o hiper-realismo, a sexualidade e o fetichismo, dando uma cara mais soturna e enigmática para o glamourizado mundo da moda. Se assemelha a Oliviero Toscani, mais pelo discurso e retórica, do que pela estética. Mas certamente se estabeleceu hoje como uma das figuras mais influentes da fotografia fashion.

David LaChapelle
Um fotógrafo instintivo e visceral, LaChapelle despontou através da revista Interview, cujo fundador foi ninguém menos que Andy Warhol. Além de Warhol e a Pop-Art como um todo, LaChapelle é fortemente influenciado pelo surrealismo. Suas fotografias mais famosas se caracterizam pela alta saturação e o encontro da beleza coma bizarrice. Além de ser um fotógrafo de arte muito original e respeitado, ele também é conhecido por fotografar e dirigir vídeo clipes de artistas como Jennifer Lopez, Britney Spears, Avril Lavigne, No Doubt, Whitney Houston, Macy Gray, Blink-182, Elton John, Christina Aguilera eThe Vines. LaChapelle tem trabalhos expostos em galerias de vários países e lançou alguns livros de fotografia artística com suas obras.

Emilio Morenatti
Nascido na Espanha, Morenatti já entrou no hall dos fotojornalistas mais importantes da história. Em 1992 foi contratado pela Agencia EFE, a principal agência de notícias espanhola. Pouco tempo depois mudou-se para Londres, onde se graduou em Fotojornalismo. Pela Associeted Press visitou mais de 50 países cobrindo eventos importantes e muitos conflitos. Em 2009 estava no Afeganistão fotografando uma tropa norte americana quando uma bomba explodiu. Ele foi atingido e teve uma perna amputada. Suas fotografias são marcadas por uma espontaneidade rara de ser registrada, com um cuidado estético único. São fotografias que realmente conseguem comunicar muita coisa sem palavras. Em 2021 ele ganhou o Pulitzer de fotografia por um ensaio que retratava o cotidiano de idosos espanhóis durante a pandemia de Covid-19. Ao receber o prêmio mais importante do jornalismo, ele declarou que trocaria facilmente aquele prêmio por ter sua perna de volta. Para isso, inclusive, até aceitaria queimar toda sua obra.

Annie Leibovitz
Leibovitz tem uma trajetória meteórica. Ainda adolescente, ingressou na San Francisco Art Institute querendo se tornar pintora. Mas logo se envolveu com fotografia e se apaixonou. Aos 20 anos de idade foi contratada pela revista Rolling Stone. O ano era 1970 e seu primeiro trabalho para a revista foi fotografar John Lennon, logo após o anúncio da separação dos Beatles. Com 23 anos de idade ela já era chefe da seção de fotografia da revista, onde trabalhou até 1983. Por lá fotografou os maiores nomes da cultura pop do século XX, sempre com muita personalidade e esmero. Nos anos 80 trabalhou muito com publicidade e também se dedicou a exposições artísticas. Ela foi a primeira mulher a ter suas fotos expostas na National Portrait Gallery, em Washington. Ainda hoje é uma das fotógrafas mais requisitadas do meio musical. Aliás, são delas as imagens mais famosas da lendária turnê dos Rolling Stones nos Estados Unidos em 1975. Ela foi designada para registrar toda a tour e viajou com a banda. Certamente, além de bem sucedida profissionalmente, ela já se divertiu muito.

Cindy Sherman
Cindy Sherman é, acima de tudo, uma questionadora. E faz da sua arte um veículo eficiente e impactante para falar sobre identidade, sociedade, auto aceitação e, principalmente, sobre o papel da mulher como criadora de arte e seu lugar na mídia e na sociedade. A obra de Sherman é essencialmente artística, mas ela chegou a fazer campanhas publicitárias de moda para Jean Paul Gaultier e Rei Kawakubo, o que lhe proporcionou notoriedade e permitiu que ela investisse cada vez mais na sua carreira como artista. Sua obra é marcada por composições onde ela cria cenários e personas para si própria, o que faz com que muitas de suas fotos sejam autorretratos.  Atualmente sua vasta obra fotográfica está exposta em várias galerias e museus ao redor do mundo. Cindy Sherman é considerada a fotógrafa mais audaciosa de sua geração, com uma estética pós modernista, que, sem querer, previu a efemeridade de selfies e fotos postadas em redes sociais.

Não importa que esses soberbos velhotes acadêmicos cheios de si considerem apenas sete as verdadeiras artes do mundo. A saber: Pintura, Escultura, Música, Literatura, Dança, Arquitetura e Cinema. A gente sabe muito bem que a fotografia é uma expressão artística tão poderosa, verdadeira e encantadora quanto todas as outras. Por isso, a Strip Me sempre fez questão de celebrar a fotografia, inclusive com uma coleção super descolada, Camisetas de Foto e Vídeo. Além das clássicas coleções de arte, cinema, música, cultura pop e muito mais. Tudo isso na nossa loja, onde você pode explorar todas as coleções e ainda ficar por dentro dos lançamentos, que pintam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist toda voltada para o mundo da fotografia, canções que falam sobre o assunto e que funcionam como trilha sonora para apreciar uma boa exposição fotográfica. Fotografia top 10 tracks.

Para assistir: Cindy Sherman, além da fotografia, também se dedicou ao cinema. Dirigiu um único longa metragem. O filme se chama Mente Paranóica, mas o título original funciona bem melhor: Office Killer. O filme é de 1997 e é uma mistura de suspense e comédia. O roteiro chega a ser meio bobo, mas ao que se propõe, até que funciona bem. E, claro, esteticamente é um filme bem legal, com uma fotografia e montagem interessantes.

Para ler: Em 1999 Annie Leibovitz lançou um livro muito impactante. Intitulado Mulheres, o livro conta com um ensaio fotográfico de mulheres dos Estados Unidos, desde juízas da suprema corte até prostitutas de Las Vegas e textos da escritora, crítica de arte e ativista Susan Sontag. Um livro mais que recomendado, fundamental.

Capela à Michelangelo!

Capela à Michelangelo!

Neste texto celebramos uma das obras de arte mais marcantes da história! A pintura do teto da Capela Sistina por Michelangelo. Uma obra tão rica em iconografia que já inspirou várias estampas aqui na Strip Me.

A cidade de São Paulo está recebendo uma exposição sensacional. Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina é uma experiência imersiva na obra de um dos maiores artistas da história da humanidade. A exposição conta com imagens recortadas em detalhe, reproduções de esculturas e muitas projeções com equipamento de alta tecnologia, tudo com muita informação. Tudo isso rola no MIS Experience, um espaço do Museu da Imagem e do Som feito especialmente para este tipo de experiência de imersão. A exposição está em cartaz até o dia 30 de abril, e você consegue maiores informações sobre ingressos e etc entrando neste link. Agora, para saber como é que esse job caiu no colo do Michelangelo, mesmo depois de ele ter praticamente brigado com o Papa, basta você relaxar e continuar lendo este texto.

 Uma discussão inflamada quebrava o silêncio clerical de uma ala em reforma da basílica de São Pedro. No centro da discussão o já renomado artista Michelangelo e um dos bispos do Papa Júlio II. Os dois estão rodeados por um padre, um arquiteto que vistoriava as obras da reforma da basílica e três auxiliares de Michelangelo. O artista estava ali para avisar que estava abandonando as obras do Papa e ia voltar ainda naquela noite para Florença! Ele até tentara uma audiência com o Papa, para dizer-lhe diretamente tudo aquilo, mas não conseguiu ser atendido. Portanto recorria ao bispo. Bispo este que implorava para que Michelangelo reconsiderasse, afinal era uma obra encomendada pelo Papa em pessoa. Irritado, Michelangelo levantou ainda mais a voz: “Pois que ele peça a Deus Todo Poderosos que termine a obra, porque eu não trabalho sem receber!  Muito menos permito que pegue o meu material para ser usado por outras pessoas! Você sabia que eu fiquei quase um ano naquele fim de mundo em Carrara só pra selecionar as melhores peças de mármore para eu usar? Pra chegar aqui e essa gente vir pegar o meu mármore pra usar na reforma da basílica! E ainda tem a cara de pau de me dizerem que foi por ordem do Papa! Se o Papa quer tanto reformar essa basílica, que seja! Mas eu não termino o mausoléu enquanto não receber, inclusive uma quantia maior, pelo mármore que eu iria usar e me tiraram! Estou indo para a minha casa em Florença! Passar bem!”.

Rascunhos e estudo de anatomia humana de Michelangelo – 1508

Michelangelo saiu pisando forte e apressado, seus passos ecoando pela basílica. Seus auxiliares atrás tentavam acompanhar o passo de seu mestre. Sob o sol forte do verão de 1507, Michelangelo percorreu sério as ruelas de Roma até chegar em seu atelier. Ali juntou alguns pertences, entregou para que um de seus auxiliares carregasse e dali seguiu para o norte numa carroça que o levaria até Florença. Lá chegando, se estabeleceu em sua casa e logo foi procurar trabalho. Muitos na cidade não acreditavam que ele tivesse saído de Roma assim, sem mais nem menos. Todo mundo sabia que ele tinha ido a Roma por ordem do Papa, que havia lhe pedido que erguesse um majestoso mausoléu, para quando ele morresse. A tumba do Papa Júlio II seria ornamentada por pelo menos 60 estátuas de imagens religiosas. Isso foi em 1505. Logo no início de 1506, Michelangelo foi para Carrara, escolher as melhores peças de mármore para tal trabalho. Por lá ele ficou 8 meses, afinal eram muitas esculturas e nem sempre o mármore extraído estava de acordo com o exigente padrão do escultor. De Carrara foi direto para Roma para começar a trabalhar.

O problema é que o Papa Júlio II era um megalomaníaco de mão cheia! A basílica de São Pedro sempre abrigou os sepulcros dos papas falecidos, afinal, ali está sepultado aquele que é considerado o primeiro papa e criador da igreja, o apóstolo Pedro. O Papa Júlio II queria que a sua tumba se destacasse dentre todos os outros papas, para que ele fosse lembrado como um grande líder. E nada mais justo do que contratar Michelangelo para o trabalho. Ele já havia concebido a Pietá e o Davi, comprovando seu talento inigualável. Mas aqueles eram tempos turbulentos, principalmente para a igreja católica. O renascentismo trazia de volta a filosofia grega e o humanismo, enquanto isso, na Europa central, Martinho Lutero já começava a dar as caras e questionar o catolicismo e a região que hoje é a Itália era um amontoado de pequenos reinados, onde a igreja católica, há muito já se esforçava para aumentar seu domínio territorial para além de Roma. Assim, em 1507, pressionado a dar aos povos do ocidente demonstrações de grandeza, o Papa Júlio II deixou de financiar seu próprio túmulo para dar sequência à portentosa reforma da basílica de São Pedro e outras construções imponentes. Uma dessas construções era a Capela Sistina.

Capela Sistina

A Capela Sistina já era, naquela época, uma verdadeira maravilha. Além de sua arquitetura rebuscada, em seu interior as paredes eram ornamentadas com pinturas e afrescos de alguns dos maiores artistas do século XV, como Botticelli, Domenico Ghirlandaio, Pietro Perugino, e Rafael. A Sistina também era chamada de Capela Papal, pois era, e continua sendo até hoje, onde acontecem as reuniões mais importantes da elite do Vaticano, e onde ocorrem os conclaves que escolhem o próximo Papa. Até aquela época, início dos anos 1500, o teto da capela era pintado de diferentes tonalidades de azul com algumas estrelas douradas. Foi ideia do Papa Júlio II que o teto da capela fosse pintado em afresco com grandiosidade e riqueza, enaltecendo as principais passagens bíblicas. O Papa era realmente um admirador de Michelangelo e não tinha ficado nada contente com o artista, que mal começara seu túmulo e tinha ido embora da cidade. Mandou chamar Michelangelo, deixando claro que não se tratava da obra abandonada, mas sim um novo e desafiador trabalho.

Rascunhos e estudo de anatomia humana de Michelangelo – 1508

Além de ser conhecido como pavio curto e ter um humor instável e irritadiço, Michelangelo era também, notadamente, um workaholic! Trabalhava incansavelmente e era exigente e perfeccionista. Quase um ano depois de chegar em Florença, Michelangelo voltou a Roma para ouvir o que o Papa tinha a lhe propor. Quando lhe foi proposto pintar em afresco o teto da capela Sistina, de cara, ele negou, sem sequer ouvir o valor que lhe seria pago. Ele sabia que era na escultura que ninguém se igualava a ele. Na pintura, a competição era mais acirrada. Foi uma longa conversa entre o Papa e Michelangelo, até que o artista aceitasse o trabalho. Ao longo dessa conversa, muitas exigências foram feitas. Por exemplo, Michelangelo fazia questão de que os andaimes para que ele pintasse o teto fossem modelados de forma que não se apoiassem no cão, mas sim, nas janelas, parapeitos e buracos nas paredes, com amplas pranchas de madeira em que ele pudesse andar lá em cima confortavelmente. Aqui vale dizer que é pura lenda quando dizem que Michelangelo pintou deitado o teto da capela. Ele pintou em pé, sempre olhando para cima. Também exigiu que lhe fosse dado tempo de sobre para trabalhar, assim ele poderia se preparar muito bem, pois queria fazer um trabalho tão bom ou melhor que Da Vinci, Rafael ou Botticelli, afinal, ele era um pouco competitivo também. Outra exigência é que ele tivesse liberdade total para escolher as cenas que iria pintar.

Capela Sistina

Michelangelo era um artista de seu tempo. Portanto, um renascentista. Lia Platão e outros filósofos gregos e sua arte se dedicava a enaltecer o ser humano. Mas tudo isso em harmonia com os dogmas e princípios cristãos. Antes de iniciar os rascunhos, ainda no papel, do que iria para o teto da capela, Michelangelo leu todo o antigo testamento, em busca de passagens imagéticas e inspiração. Assim ele definiu e apresentou ao Papa o ousado projeto de pintar no teto da capela Sistina a criação do mundo, a busca humana por salvação e sua aliança com Deus. O Papa ficou encantado com a ideia de Michelangelo e deu sinal verde para que ele começasse a trabalhar. Claro, sob garantia de que seria pago, e muito bem pago, pelo trabalho e sem sofrer interferências de quem quer que fosse. Michelangelo começou a pintar o teto da capela em 1508 e finalizou no final do ano de 1511. A obra foi oficialmente inaugurada e aberta à visitação pública em 1512. Porém, a obra não estava completamente finalizada. Mas isso de acordo com o Papa. Michelangelo considerava o trabalho prontinho. Mas o Papa queria que alguns detalhes da pintura fossem pintados com ouro, e alguns pedaços que já estavam pintados em azul, ilustrando o céu, o Papa queria que fossem cobertas com Lápis-Lazúli, uma rocha metamórfica de cor azul opaca e translúcida. Por sorte, Michelangelo insistiu e somente alguns poucos detalhes foram cobertos de ouro e a rocha Lápis-Lazúli acabou não sendo usada.

Rascunhos e estudo de anatomia humana de Michelangelo – 1508

Não há registro de quanto Michelangelo recebeu pela pintura dos afrescos na capela Sistina, mas certamente foi uma pequena fortuna. Além do pagamento monetário, Michelangelo acabou se tornando um protegido do Papa. Tanto que o artista abandonou de vez Florença para viver em Roma e assumiu muitos outros trabalhos para o Papa. Um deles, foi dar continuidade, como arquiteto, na reforma da basílica de São Pedro. A mesma obra que o fizera abandonar Roma anteriormente. E o túmulo do Papa Júlio II permaneceu inacabado. No momento de seu enterro, havia apenas uma estátua feita por Michelangelo inteira. O túmulo foi terminado por outros artistas posteriormente, mas sem sequer metade da grandeza que o papa que ali repousa gostaria.

É claro que uma obra tão incrível como essa teria uma história tão interessante quanto.Obras de arte icônicas, artistas geniais e rebeldes, e histórias deliciosas! É isso que a Strip Me gosta e é isso que a Strip Me quer! É isso tudo que faz a gente querer sempre criar estampas originais, lindas, cheias de história, mas super contemporâneas! Então se liga na nossa loja para curtir nossas camisetas de arte, de cinema, de música, de cultura pop, comportamento e muito mais, sem falar dos lançamentos que pintam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Para entrar no clima deste texto, que fica entre Roma e Florença, entregamos uma playlist caprichada, com o que há de mais legal na música pop italiana! Italia Top 10 tracks.

Para assistir: Apesar de não ter ligação direta com a Capela Sistina e o Michelangelo, vale a pena demais ver o excelente filme Dois Papas. Um filme delicado e surpreendente dirigido pelo Fernando Meirelles e escrito pelo Anthony McCarten. Produção da Netflix, lançado em 2019 e teve 3 indicações ao Oscar. Filme recomendadíssimo!

Tim Burton: Vida, obra e Top 5!

Tim Burton: Vida, obra e Top 5!

Não é qualquer cineasta que carrega consigo o mérito de criar uma nova linguagem cinematográfica. Por essa simples razão, Tim Burton já merece ser reconhecido como um dos maiores nomes da indústria cinematográfica, apesar de sua filmografia ser errática, repleta de altos e baixos. Recentemente, seu nome voltou a ser aclamado, graças ao brilhante trabalho feito com a Netflix, ao conceber a série Wandinha (também conhecida como Wednesday). Aqui na Strip Me, o Tim Burton sempre esteve presente, como na estampa Burton, já no nosso catálogo há algum tempo, e também especificamente nas collabs com os artistas Guilherme Hagler e Kaio Moreira, que têm em Tim Burton uma de suas principais referências. E, mais atualmente, claro, algumas estampas pintaram inspiradas na Wandinha. Como a Gothic, por exemplo. E agora, chegou a hora de darmos aquela geral na vida e obra este mestre do cinema aqui no blog também.

A história de Tim Burton é daquelas em que o protagonista é talentoso, mas tem tudo pra se dar mal e viver frustrado. Ele nasceu em agosto de 1958, na cidade de Burbank, pequena cidade californiana nos arredores de Los Angeles. Quando criança, era retraído, tímido, praticamente recluso dentro de seu próprio mundo. Ao invés de prestar atenção nas aulas, passava o tempo na escola desenhando figuras bizarras em seus cadernos. Por volta de 12 anos de idade, se apaixonou pelas histórias de Edgar Allan Poe, um escritor pouco recomendado para crianças, convenhamos. Com seus poucos amigos de escola, criou um grupo para criarem histórias e desenhos chamado O.S.S. (Oh Shit Studio). Foi quando ele começou a desenvolver roteiros e aprender, por conta própria, técnicas de animação em stop motion usando seus desenhos e uma câmera super 8.  Afinal, outra das fixações de Burton ainda criança eram os filmes de terror. Enquanto todos os seus amigos tinham medo daqueles filmes, ele tinha fascínio. Bela Lugosi, Vincent Price e Ed Wood se tornaram grandes heróis para Tim Burton, nomes que ele viria a celebrar com honras ao longo de sua própria carreira.

Mas a literatura de Allan Poe e o cinema de Ed Wood eram, antes de qualquer coisa, fonte de inspiração para o seu maior talento: o desenho. Ainda muito novo, Tim Burton já desenhava muito bem, e não demorou a desenvolver um traço único, cheio de personalidade. E, é claro, suas ilustrações, em sua grande maioria, retratavam cenas e personagens sombrios. Para se ter ideia, quando tinha de 16 para 17 anos de idade, ele desenhou uma figura esquisita, um homem de semblante assustado, magro e com longas lâminas no lugar dos dedos das mãos. Praticamente 15 anos depois, ao revisitar um caderno de antigos desenhos, Burton se deparou com essa figura e desenvolveu o que acabaria por se tornar sua obra-prima: o filme Edward Mãos de Tesoura.

Foi nessa época da adolescência, por volta de 1975, 76, que, após se oferecer para trabalhar nos estúdios de animação da Disney, acabou ganhando da empresa uma bolsa de estudos no renomado Instituto das Artes da California. Após 3 anos de estudo, ele foi contratado pela Disney. Ele era assistente de animação e trabalhava naqueles desenhos fofos de animais falantes, o que considerava entediante. Mas tinha liberdade para criar e apresentar para a empresa alguns curtas-metragens. Foi quando ele fez o curta em stop motion Vincent, sobre um garoto que sonha em ser Vincent Price, mas acaba se perdendo em seus pesadelos terríveis. Depois, misturando live action com stop motion, ele recriou a história do conto de fadas João e Maria com seu jeitinho todo especial, com muito sombra e uma boa quantidade de sangue. Por fim, criou a história de Frankenweenie e filmou o curta de mesmo nome, onde um garoto que acaba de ver seu cachorrinho morrer, se depara com a história de Frankenstein e dá um jeito de ressuscitar seu cachorro usando os mesmos métodos. O longa é de tamanho humor negro, sarcasmo e sadismo, que a Disney, não só se recusou a distribuir o curta como demitiu Tim Burton. Mas não se engane, o curta é ótimo!

Mas nessa época, Burton já circulava entre os estúdios de Hollywood fazendo amizades e procurando trabalho. De cara, pinta sua primeira oportunidade: foi escalado para dirigir As Grandes Aventuras de Pee-Wee, filme lançado em 1985. Pee-Wee é um personagem antigo e muito famoso nos Estados Unidos, desses que já teve várias séries de TV  e filmes no cinema, tendo sido interpretado por vários atores diferentes. Ainda que não fosse sua onda, Tim Burton mandou bem na direção e fez seu nome. Também foi nesse filme que Burton iniciou sua mais bem sucedida e longeva parceria, com o músico Danny Elfman, que faria praticamente todas as trilhas sonoras dos filmes de Burton dali em diante. Assim, em 1988, com credibilidade e liberdade para criar, Tim Burton finalmente mostrou a que veio. Lançou o clássico Beetlejuice – Os Fantasmas se Divertem. O filme trazia um roteiro cômico e sombrio ao mesmo tempo, enquanto apresentava uma direção de arte grandiosa, cheia de personalidade e nuances! Com Beetlejuice, Tim Burton criou uma nova estética no cinema, unindo comédia e terror.

Daí em diante, a trajetória de Tim Burton se mistura a sua produção cinematográfica. Como é muito filme, 21 pra sermos precisos, elencamos aqui um top 5 Melhores Filmes do Tim Burton para comentar.

Beetlejuice – Os Fantasmas se Divertem (1988)

O pontapé inicial da obra de Tim Burton. Além de dirigir, ele também assina o roteiro deste filme divertidíssimo, apesar de carregado em cenas sombrias e mórbidas. Já fica evidente o traço de Burton como artista mesmo na maquiagem dos personagens, em especial Beetlejuice, pálido, com olhos arregalados, cabelos desgrenhados… algo que se tornaria característico de Burton. No elenco, temos Winona Rider e Michael Keaton em uma de suas melhores atuações (é sério, ele manda muito bem no papel).

Edward Mãos de Tesoura (1990)

Indiscutivelmente, é o clássico absoluto de Burton. Foi seu quarto longa metragem, e até hoje, ele não fez nada que chegue perto da perfeição de Edward Mãos de Tesoura. Não é exagero falar em perfeição. Tudo nesse filme funciona bem. O roteiro, que Burton também assina, tem tons autobiográficos, já que Tim Burton se sentia deslocado e sem amigos quando adolescente. A estética do filme é encantadora e, ao mesmo tempo desoladora, tem um quê de magia, mas também uma melancolia dos subúrbios de classe média branca dos Estados Unidos. A atuação de Johnny Depp é digna de Oscar (que ele não ganhou, sequer foi indicado) e a química entre ele e Winona Rider é invejável! É desses filmes que, se você passa por ele zapeando os canais na TV, pára e assiste até o fim.

Batman, O Retorno (1992)

Tim Burton fez um trabalho brilhante em Batman, filme de 1989. Mas foi duramente criticado por fãs dos quadrinhos, que diziam que o diretor não respeitou a estética dos gibis. Ainda bem! Ele tirou o azul e cinza e colocou o Batman num imponente traje todo preto, retratou uma Gotham City chuvosa, escura e opressora, além de conceber a segunda melhor versão do Coringa nas telas de cinema. Bom, mas temos que admitir… o roteiro era fraco. Mas quando pegou para fazer a sequência do morcegão, foi com tudo nas suas referências mais densas e fez de Batman, o Retorno, um filme impecável! O roteiro é ótimo, os personagens são muito bem construídos, Danny DeVito como Pinguim é um espetáculo gore, com uma aparência assustadora, enquanto Michelle Pfeiffer está deslumbrante como Mulher Gato, numa fantasia fetichista. Um filme que extrapola o mundo dos quadrinhos e agrada todo tipo de público.

O Estranho Mundo de Jack (1993)

Apesar de não aparecer como diretor, pode-se dizer que se trata de um filme 100% Tim Burton. Já que ele escreveu o roteiro, desenhou os personagens e assina a produção do longa. Por se tratar de um filme de animação todo em stop motion, é possível que Burton tenha preferido colocar um diretor mais experiente no ramo, ao invés de ele próprio dirigir. Mas certamente, ele esteve junto com o diretor Henry Selick durante toda a produção do longa. Aqui temos o mais puro suco de Tim Burton. Os desenhos sombrios, os personagens longilíneos e de olhos arregalados, contrastes entre cores fortes e sombras, humor e morbidez. Tudo amarrado numa história bem contada e emocionante.

A Noiva Cadáver (2005)

A partir de 1994, quando é lançado Ed Wood, Tim Burton acaba tendo um declínio de qualidade em seus trabalhos. Johnny Depp começa a se tornar um pastiche de si próprio, em atuações tediosas e similares. E o próprio Tim Burton acaba se perdendo em sua própria fórmula. Depois do fracasso previsível de sua releitura de a Fantástica Fábrica de Chocolate, ele acaba voltando a suas origens e reaparece em 2005 com uma obra autoral a altura de seus melhores trabalhos. A Noiva Cadáver é uma animação encantadora, com ótimas canções e atuações singelas das vozes de Johnny Depp e Helena Bonham Carter. A estética sombria está de volta, com toda sua morbidez e escuridão, mas sempre com um toque de ternura e humor. A história é um pouco manjada, é verdade, mas é contada com leveza e graça, os personagens são carismáticos e a estética é tão atraente, que, no contexto geral, o filme acaba sendo realmente muito bom!

Menção honrosa: Wandinha (2022)

Não é um filme, é verdade. Mas é uma série deliciosa! Chega a ser inacreditável hoje em dia pensar que, em 1991, ninguém pensou em Tim Burton para adaptar para o cinema a antiga série de TV A Família Addams. Claro, por fim o diretor Barry Sonnenfeld fez um ótimo trabalho. Mas muita gente ao longo dos anos chegou a pensar como seria essa franquia na mão de Burton. E a resposta veio ano passado. Em 2022 a Netflix produziu a série Wandinha, com direção e co-produção de Tim Burton. A série, plasticamente, chega a ter mais elementos de terror do que estamos habituados e ver nas obras de Burton, que acabou trazendo um ar de mistério irresistível. Na onda retrô de Stranger Things e Dark, Wandinha caiu no gosto popular de imediato. E não á toa. O roteiro é muito bem escrito e cheio de mistério, a estética é instigante e assustadora e os personagens, em especial a protagonista Wandinha, são muito carismáticos. Que venha a segunda temporada!

Para concluir, sabemos que Tim Burton deu alguns escorregões, principalmente quando se meteu a refilmar obras clássicas como Planeta dos Macacos, A Fantástica Fábrica de Chocolate e Alice no País das Maravilhas. Mas seu legado e influência no cinema contemporâneo é inegável e tem um valor inestimável. Portanto, é um artista que não poderia ficar de fora do hall de influências e homenagens da Strip Me. Confira algumas dessas estampas na nossa seção de cinema e séries, bem como vale dar uma olhada nas camisetas dos nossos collabs Guilherme Hagler e Kaio Moreira. Além disso, na nossa loja você encontra camisetas de música, arte, cultura pop e muito mais. Fica ligado lá pra conferir os lançamentos que pintam toda semana.

Vai fundo!

Para ouvir: Convenhamos, as trilhas sonoras do Danny Elfman são lindíssimas, mas ninguém tem muito saco pra ficar música instrumental, orquestrações de filmes e tal. Então, nessa onda sombria do Tim Burton, vamos fazer uma playlist com o que há de melhor na cena dark/gótica que brilhou nos anos 80. 80’s Dark Pop Top 10 tracks.

Nota do editor: Eu, Paulo Argollo, ao escrever este texto, bem como todos os outros que escrevo aqui, procuro manter certa distância de minhas opiniões pessoais sobre o tema abordado. Entretanto, desta vez, não resisto. Apesar de todas as listas de melhores filmes do Tim Burton serem quase unânimes ao citar os 5 filmes aqui expostos, eu preciso dizer para você que o melhor filme do Tim Burton é Edward Mãos de Tesoura, ok. Mas o segundo melhor… ah, o segundo melhor é Marte Ataca! Filme lançado em 1996, é uma comédia dilacerante! Um nonsense delicioso, amarrado por um roteiro simples, mas muito bem escrito e um elenco abarrotado de estrelas, a maioria fazendo pontas, mas tudo muito divertido. Fazem parte do cast Jack Nicholson, Glenn Close, Pierce Brosnam, Natalie Portman, Sarah Jessica Parker, Michael J. Fox, Jack Black, Danny DeVito, Christina Applegate e o cantor Tom Jones. É filme pra ver e rever várias vezes! Recomendo muito e sei que esá disponível no catálogo da HBO Max.

Eu quero é botar meu bloco na rua!

Eu quero é botar meu bloco na rua!

Fevereiro ainda nem chegou, mas já foi dada a largada para as festividades carnavalescas urbanas independentes. São os popularmente conhecidos bloquinhos de rua. Cada vez mais amados e celebrados em grandes cidades! Sim, os tempos dos grandiloquentes bailes de carnaval em clubes da alta classe ficaram no passado! Hoje em dia, todo mundo quer ir pra rua, se misturar, cantar, dançar, fazer folia! A Strip Me, que não é ruim da cabeça e nem doente do pé, também entra na bagunça e apresenta várias estampas perfeitas para curtir o bloquinho, como a camiseta Samba no Pé por exemplo. Além disso, vamos aproveitar o embalo pra não perder o rebolado e falar tudo sobre os bloquinhos e como aproveitar cada minuto dessa festa.

Sejamos francos. Esse amor pelos bloquinhos de rua é um hype relativamente novo. Os blocos de foliões carnavalescos estão aí desde 1930, é verdade. E teve muitos momentos de glória e popularidade. Mas ali pelos anos 1990 e começo dos anos 2000 estavam em baixa. Eram frequentados por poucos foliões veteranos e um ou outro entusiasta. Mas de uns dez anos pra cá, virou hype mesmo! Principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, já que a o carnaval no nordeste sempre foi muito forte e sempre teve a cultura do trio elétrico e do carnaval de rua.

Na real, a história do carnaval, muito antes do Cabral pisar na Bahia, já começou no esquema do bloquinho de rua lá no Velho Mundo. A turma saía em grupo, cantando, fazendo algazarra e bebendo como se não houvesse amanhã. Ou melhor, eles bebiam como se houvesse uma quaresma por vir. E havia mesmo. Aquele período em que os cristãos jejuam e se privam de prazeres carnais por 40 dias antes da Páscoa, quando se celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Os portugueses que vieram colonizar o Brasil no século XVI já trouxeram essa tradição. E ao longo dos 5 séculos que se passaram a mágica aconteceu. Veio a influência dos ritmos e danças dos africanos e tudo se misturou. No século XIX, durante o império de Dom Pedro II, o carnaval de rua chegou a ser proibido, porque rolava aquela baderna generalizada e os ricos queriam curtir a festa, mas tinham certo nojinho de interagir com os pobres. Assim, surgiram os bailes de salão, onde a elite podia curtir o carnaval com requinte, sem se misturar com o povão, que ficou privado de fazer a sua festa. Mas isso não durou muito.

Foi na época da era Vargas, depois do golpe de 1930, que o carnaval começou a voltar para as ruas, incentivado pela popularização do rádio e das marchinhas, marchas-rancho e sambas. Desde então, foram se formando blocos tradicionais em diferentes bairros das principais cidades do Brasil, alguns deles em atividade até hoje. E hoje em dia, esse ano, pra ser mais exato, se você acha que o bicho pega mesmo só no dia 17 de fevereiro, primeiro dia de carnaval, se engana! Já tem bloquinho rolando Brasil afora hoje mesmo! Para ficar por dentro, você pode acessar o site blocosderua.com Lá você encontra a agenda dos blocos mais importantes de 10 cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Olinda, Florianópolis, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Porto Alegre e Fortaleza.

Pra completar, vamos dar algumas dicas importantes e super valiosas para você curtir ao máximo o seu bloquinho favorito, sem passar por perrengue nenhum! Se liga.

Planejamento para ir e voltar.

Se você não tem a sorte (ou o azar, depende do ponto de vista) de ter um bloquinho que passe na porta da sua casa, é bom você fazer um roteiro, pegar o trajeto que o seu bloquinho favorito vai percorrer e planejar como você vai chegar e como vai embora. O ideal é contar sempre com o transporte público (ônibus e metrô) e aplicativos, afinal, a chance de você querer tomar uma cerveja ou uma caipirinha durante a festa é grande. Além de não ser boa ideia dirigir depois de beber, lembre-se que os blocos alteram todo o trânsito da cidade. Tendo todos os trajetos planejados, você vai aproveitar a festa com muito mais tranquilidade.

Segurança.

Você sabe como é festa em lugar público. Pinta todo o tipo de gente, inclusive gente mal intencionada. Além do mais sempre tem quem passe do ponto na cachaça, o que sempre atrapalha também. Então, se joga na folia, mas fique sempre de olho no que está rolando em volta. Se viu que tá saindo uma briga do teu lado, se afaste, vá para o lado oposto e segue com a tua festa. Também é sempre bom ficar esperto com furtos. Então, dê preferência para bermuda, short ou vestido cujos bolsos tenham zíper, ou então leva uma bolsinha bem fechada, ou até mesmo uma pochete, que fique junta ao corpo. E ali dentro leve apenas o essencial, celular, cartão do banco, um documento e dinheiro trocado. Para as meninas, ter um pacotinho de lenço umedecido também é sempre boa ideia.

Olha, olha, olha, olha a água mineral!

É sempre bom lembrar que o carnaval rola no verão e você estará pulando e cantando sob um sol de trinta graus, pelo menos. Então não deixe de se hidratar de jeito nenhum. Claro que você vai tomar sua cervejinha, uma caipirinha e tal… mas junto, vá tomando água. Para facilitar a sua vida e a de quem está trabalhando no evento, procure levar uma quantia de dinheiro em notas de cinco e dez reais para facilitar o troco. E não se esqueça também de se alimentar. De preferência  consumindo coisas leves como frutas ou sanduíches naturais.

A cor dessa cidade sou eu.

Uma das belezas do carnaval é a integração do povo com a cidade. Uma simbiose mágica e transcendente. Para que essa mágica aconteça em sua plenitude, é fundamental que você faça a sua parte para manter a cidade limpa. Se você estiver ligado, vai ver que em muitas esquinas tem latas de lixo, e também as tem os vendedores espalhados pela rua. Também tem espalhados por todo o trajeto dos bloquinhos, vários banheiros químicos. Sem falar no bares e padarias, que às vezes até cobram cinquenta centavos ou um real pra você usar o banheiro, mas estão sempre por perto. Então, não tem desculpa pra ninguém fazer suas necessidades pelos cantos nas ruas, certo?

Todo povo brasileiro, aquele abraço!

Carnaval é amor e alegria! Então, quem tem qualquer tipo de preconceito nem desce pro play! Claro, em momento nenhum da vida em sociedade racismo, homofobia ou qualquer outro tipo de discriminação é tolerável. No carnaval então, nem se fala! Se você presenciar qualquer tipo de ato desrespeitoso com outra pessoa, não se omita. Claro, não vá você se meter e comprar a briga sozinho, mas procure ajuda e chame a polícia.

Livre, leve e solto!

Por fim, não se esqueça de se sentir bem, confortável, para curtir o bloquinho. Você não vai abrir mão do estilo, é lógico! Mas algumas dicas são válidas: Use tênis ou qualquer outro calçado confortável que não tenha salto e não corra o risco de arrebentar durante a festa. Bermudas ou shorts são a melhor opção, tanto para meninos quanto para meninas, pois, você vai andar e dançar muito, a bermuda ou o short vão evitar que você fique com o interior das coxas “assadas”. E use roupas leves. No caso, as camisetas da Strip Me são o seu número! São camisetas feitas com malha certificada, leve e super confortável! É só escolher a sua estampa favorita e ir pra galera!

Pronto. Agora você já sabe tudo o que precisa para encarar o seu bloquinho de rua favorito! Então chega de teoria e vai pra folia! Lembrando que a Strip Me tem uma coleção todinha dedicada ao carnaval, além de muitas outras como as camisetas de cinema, música, arte e cultura pop! Se liga na nossa loja pra conferir os lançamentos que aparecem por lá toda semana!

Vai fundo!

Para ouvir: Uma playlist perfeita pra fazer aquele esquenta com os maiores sucessos dos principais blocos do Brasil! Bloquinho top 10 tracks.

Para assistir: É imperdível o documentário Chame Gente – A História do Trio Elétrico, lançado em 2005, dirigido pela Mini Kerti, escrito pelo Rafael Dragaud e com depoimentos de Armandinho, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Dorival Caymmi e muitos outros. Além de ser uma história fascinante, tem uma trilha sonora empolgante, que comprova que atrás do trio elétrico só não vai mesmo quem já morreu. Recomendadíssimo e tem free no Youtube completinho.

NATAL STM: Para quem gosta de acertar no presente.

NATAL STM: Para quem gosta de acertar no presente.

A gente sabe que o Natal representa a união, amor e a celebração da vida. Mas sabemos também que uma das maneiras mais eficientes e divertidas de materializar esses sentimentos é presenteando as pessoas que amamos. E a Strip Me está aqui pra te ajudar a dar o presente ideal! Camisetas de bom gosto, confortáveis e muito originais. E, assim como ninguém é igual a ninguém, selecionamos aqui algumas das muitas estampas que representam bem cada tipo de pessoa. Agora é só conferir em que perfil a pessoa que você quer presentear se encaixa, escolher a sua camiseta e correr pro abraço!

Para quem curte juntar a turma no boteco e fazer aquele churrasquinho na beira da piscina.

Nada melhor que conviver com gente que não tem tempo ruim, mas sim tem sempre uma desculpa pra reunir a turma para colocar a conversa em dia e dar uma relaxado num bom e velho boteco. Sem falar naquele domingão de sol, ideal para aquele churrasquinho com a família e os amigos, sempre tomando aquela cervejinha gelada e companheira. Para quem está sempre animado e com o copo americano a postos para o brinde, temos o estilo e a leveza das camisetas de uma coleção que pode, e deve, ser apreciada sem moderação, como as Engradados e Happy Hour.

Para quem não perde a chance de ir ao cinema e fazer aquele after-movie com os amigos depois.

Você com certeza conhece pelo menos uma pessoa que sabe tudo sobre filmes e está sempre te convidando para ir ao cinema assistir ao filme mais recente dos irmãos Coen ou do Scorsese, com direito a aquele café ou até uma cervejinha depois do filme, pra absorver a obra. Para quem não perde a oportunidade de soltar uma frase de efeito do tipo “Vou fazer uma oferta que ele não vai recusar” na roda, o que não faltam são opções de camisetas de cinema e séries como a Raglan Hellfire Club ou a Dude.

Para quem não aguenta ficar muito tempo em casa, adora viajar e desbravar museus e galerias mundo afora.

Chega a dar aquela invejinha boa quando aquela pessoa querida começa a falar da sua viagem mais recente e do tanto de obras de arte incríveis que ela viu de pertinho, não é? Para quem não vive longe da arte a Strip Me tem uma coleção enorme inspirada nas obras mais incríveis, como a Bauhaus 1923 e a Pipes Art.

Para quem gosta de fazer um som, tem sempre um violãozinho no porta malas do carro e não perde um festival.

Sabe aquele parceiro que não vai pra lugar nenhum sem o violão, está sempre com o mesmo par de All Star nos pés, coleciona vinil e trabalha o ano inteiro para ter grana para ir aos melhores festivais de música? Ah, é justamente o tipo de pessoa que a gente adora! Para quem não vive sem música temos um repertório vasto e variado de opções, como por exemplo a Are You Mine e a Bob Flag.

Para quem ama reunir os amigos em casa e apresentar a eles cada uma das plantinhas que tem espalhadas por todos os cômodos.

Como não amar quem ama plantas? É sempre uma pessoa de bem com a vida e tem a casa mais fresca, confortável e cheirosa do mundo! Gente assim nós queremos sempre ter por perto. Para quem está sempre com um vasinho ou um saco de adubo na cestinha da bike, temos uma variedade de camisetas com estampas dedicadas ás plantas, como a Bananeira e a Monstera Deliciosa.

Para quem não perde a chance de enfrentar os amigos num campeonatinho de Fifa ou qualquer outro game.

Inegável que é divertidíssimo quando junta uma galera na sala e rola uns campeonatinhos de Fifa, Street Fighter e até mesmo de Mario Kart. Pode ser os amigos de sempre numa tarde de sábado qualquer ou quando junta todos os primos pra passar o fim do ano na casa da vó. Para quem está com a ponta dos dedos calejados do joystick também não faltam camisetas ligadas aos games, como a Allejo e a Activism.

Para quem é super zen e parece estar mil anos a frente, apesar de sonhar em ter vivido em 1967.

Todo mundo tem aquele amigo que vive na mais absoluta paz e que tem no bolso da bermuda aquela trouxinha mágica com ervas aromáticas, ou então aquela tia super querida que tem sempre um incenso aceso na sala e que adora contar daquele show que ela viu do Caetano e da Gal nos anos 70. Para quem realmente sabe que não tem nada mais importante do que paz e amor, temos uma coleção todinha repleta de good vibes, como as camisetas Coração e a Totally Cool.

Para quem curte celebrar suas raízes e, por força desse destino, um tango argentino lhe cai bem melhor que um blues.

A gente sempre aprende muito com aquela amiga que voltou de Machu Picchu na pilha de descobrir suas raízes latinas ou com aquele tio que é professor de história e consegue transformar a invasão espanhola na América do Sul numa animada conversa de mesa de boteco! Para quem é loco por ti, América, e sabe que é preciso estar atento e forte, temos várias camisetas inspiradas nas nossas latinidade e brasilidade indefectíveis, como a Pipa e a América Latina.

Para quem domina a fina arte de estar curtindo o rolê com a galera, mas não larga o celular e manja de todos os memes da atualidade.

É de se admirar aquele tipo de amigo que não tira os olhos do celular na mesa do bar, mas está atento à conversa e contribui com tiradas rápidas e certeiras, bem como aquela prima que faz questão de tirar selfie com a família inteira na festa e fica brava com aquela tia que não tem Instagram, para ela poder marcar. Pra quem perde o amigo, mas não desperdiça o meme e nem a figurinha do Whatsapp também temos uma coleção descoladíssima e frequentemente atualizada, como as camisetas Muy Caliente e a Caramelo Republic.

Para quem se encaixa em todas as categorias e, ao mesmo tempo, em nenhuma.

Mas a gente sabe que todo mundo é muito mais que um estereótipo como o músico, a louca por plantas ou o cinéfilo. Justamente porque cada pessoa tem sua própria personalidade e gostos dos mais variados que a Strip Me também te dá a oportunidade de personalizar a camiseta que você vai presentear. Você pode nos enviar uma imagem, um desenho original seu, uma foto, escrever uma frase…e a gente imprime a camiseta para você. Uma camiseta única para alguém incomparável.

Mas olha, aqui estão apenas algumas opções. Na nossa loja você pode ver todas as coleções de camiseta de música, cinema, arte, cultura pop e muito mais, além dos lançamentos, que pintam toda semana. Conte com a Strip Me para proporcionar a quem você ama um presente especialíssimo! E para você também, é claro!

Feliz Natal!

Vai fundo!

Para ouvir: Aquela playlist caprichada com músicas natalinas, mas que fogem do Jingle Bells de sempre. Natal STM – Top 10 tracks.

Nossa Senhora Rainha do Mar

Nossa Senhora Rainha do Mar

O ano era 1962. O poeta Vinícius de Moraes e o violonista Baden Powell começavam uma parceria, que se mostraria muito prolífica no futuro. Era noite, os dois na casa de Vinícius conversavam e tomavam uísque enquanto ouviam música e buscavam inspiração para começar a compor. O Poetinha então coloca pra tocar uma fita que ganhara de um amigo baiano, com gravações feitas ao vivo de sambas de roda cantados em alguns terreiros de candomblé de Salvador. Aquelas músicas pegaram a dupla de jeito! Enquanto Vinícius de Moraes se encantava com a sonoridade das palavras de origem africana, as melodias simples e cativantes, Baden Powell ficou fascinado com os ritmos e em especial, com o som do berimbau. A dupla mergulhou na cultura afro-brasileira, de onde emergiu, em 1966, um dos discos mais importantes da música popular brasileira: Os Afro Sambas, de Vinícius de Moraes e Baden Powell.

Se hoje em dia uma figura como Iemanjá é tão presente na cultura brasileira, com certeza deve-se muito à obra de Vinícius e Baden. Foram eles que tiraram a cultura afro-brasileira dos guetos e apresentou para toda uma sociedade branca e judaico-cristã as belezas do candomblé e da umbanda, tornando Iemanjá, em especial, sua figura mais carismática e acolhedora. E não é para menos. A história de Iemanjá é riquíssima e cheia de mistérios!

Para entender a origem de Iemanjá, precisamos ter mente que ela resulta de diferentes lendas, cada uma vinda de um lugar diferente da África. Por si próprio, o candomblé é uma religião genuinamente brasileira, com matrizes africanas. Como bem sabemos, o Brasil recebeu milhões de negros escravizados, vindos da África. E eles vinham de povos e tribos muito distintas entre si. Congo, Moçambique, Guiné Bissau, Angola, Nigéria, Senegal… cada um desses países contavam com povos de culturas e crenças diferentes, mas com uma ou outra similaridade. O candomblé é o resultado do sincretismo entre essas culturas, onde predomina o Iorubá. A palavra Iorubá destina-se tanto a um grupo étnico, como também a uma religião, que é regida pelos orixás. Entre esses orixás, está Iemanjá.

Olocum é um dos mais antigos e poderosos orixás. Ele é o senhor soberano dos mais profundos oceanos. Reza a lenda que Iemanjá é sua filha. Já adulta, Iemanjá se casou e teve dez filhos, todos se tornariam orixás, ou seja, divindades. Para amamentar todos os filhos, ela acabou desenvolvendo seios muito grandes. Isso fez com que ela tivesse vergonha de si mesma, e também sofresse com chacota de outros orixás, incluindo seu marido. Cheia de raiva e vergonha, ela decide abandonar o marido e partir para outras terras. Nessa jornada, ela se apaixona por um rei muito possessivo. Porém esse rei a trai e ela, mais uma vez resolve partir. Mas o rei era muito poderoso e a perseguia por toda parte. Iemanjá então usou uma poção mágica dada por seu pai para escapar do rei. Tal poção a transformou num rio que desaguava no mar. Assim, Iemanjá se tornou a rainha dos mares e dos navegantes.

Existe ainda uma outra lenda interessante relacionada a origem de Iemanjá. A lenda conta que o primeiro filho de Iemanjá, Orungã, teria nutrido uma paixão incontrolável pela mãe. Certa feita, Orungã se aproveitou da ausência do pai para tentar violentar sua mãe. Iemanjá conseguiu escapar, mas, ao correr, acabou tropeçando e caindo e batendo a cabeça. Tal queda acabou por matá-la. Seu corpo então começou a inchar, e de seus seios e ventre, começaram a jorrar água, seu corpo se tornando um rico manancial de vida, que deu origem a um rio que desaguava no mar. Desse jorro de vida se originaram todos os outros orixás, como Xangô, o deus do trovão, Ogum, deus do ferro e das guerras, Oiá, deusa do rio Níger, Oxóssi, o deus dos caçadores e Omolu, o deus das doenças.  Essa versão da origem de Iemanjá, além de coloca-la como geradora de todos os orixás, alçando-a a importância e poder comparado somente a Oxalá, o orixá supremo, traz uma semelhança curiosa com a lenda do rei grego Édipo, que também se apaixonou por sua mãe, que também acaba morta.

Ainda há de ser dito que os sincretismos religiosos no Brasil uniram as religiões de matriz africana com o cristianismo. Surge assim a Umbanda. Neste caso os orixás também são reconhecidos como santos. No caso, Oxalá, o orixá supremo, é representado pela santíssima trindade: Pai, Filho e Espirito Santo e Iemanjá é reconhecida como Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade e a própria Virgem Maria.

Seja qual for a origem de Iemanjá, o fato é que ela é um dos orixás mais poderosos e amados do candomblé. Festas e ritos em sua homenagem são realizados em várias cidades do Brasil em datas diferentes. Os mais famosos são as oferendas de Ano-Novo no Rio de Janeiro, onde, no dia 31 de dezembro, os devotos, ou filhos e filhas, de Iemanjá lançam ao mar suas homenagens. O mesmo acontece em Salvador todo dia 2 de fevereiro. A festa de Iemanjá de Salvador é a maior e mais famosa das celebrações à orixá. Neste dia, peixes, arroz, mel, rosas e palmas-brancas são colocados em pequenas canoas de madeira e soltas no mar. É comum que algumas dessas canoinhas sejam levadas pela correnteza de volta para a praia. Nestes casos, julga-se que Iemanjá não aceitou a oferenda.

Iemanjá é a personificação perfeita da cultura e espiritualidade brasileira. A imagem de uma mulher negra linda, purificada pelas águas dos rios e mares. A riqueza de sua personalidade, a multiplicidade de lendas envolvendo sua origem, sua representatividade na arte, música e religião do Brasil também encantam a todos nós da Strip Me. Por isso, entre tantas estampas incríveis e cheias de brasilidades, claro que Iemanjá ganhou seu espaço de destaque. Além disso, você ainda encontra camisetas de arte, de cinema, de música, de cultua pop e muito mais. Confere lá na nossa loja, onde, além de tudo, tem sempre lançamentos novos pipocando.

Vai fundo!

Para ouvir: o invés de uma playlist com um top 10, a recomendação é ouvir o clássico disco de Vinícius de Moraes e Baden Powell Os Afro Sambas, lançado em 1966. Um disco lindíssimo e muito inspirado. Além de sua beleza, é um disco fundamental por ter incorporado de forma intensa instrumentos de percussão  tipicamente africanos como o atabaque, congas e berimbau, que até então não eram utilizados na música popular brasileira. Além disso, foi o disco que apresentou o candomblé como fonte essencial da cultura numa época em que o Brasil vivia uma ditadura militar e imperava o pensamento conservador e exclusivamente cristão. É um disco fundamental. Ouça aqui.

Cadastre-se na Newsletter
X

Receba nossos conteúdos por e-mail.
Clique aqui para se cadastrar.