California: Não é à toa que a cultura pop esteja neste estado.

California: Não é à toa que a cultura pop esteja neste estado.

Em várias culturas, ao longo da história da humanidade, é muito comum aparecer sempre a busca por uma terra prometida, um lugar sagrado onde aquele povo vai encontrar paz e prosperidade. Canaã para os judeus, Meca para os muçulmanos, Jerusalém para os cristãos, Tenochtitlán para os Astecas… na ficção também não faltam exemplos, desde a Terra do Nunca de J. M. Barrie até a paradisíaca Shangri La, de James Hilton. Mas a verdade é que existe um lugar que chega muito perto de ser esse lugar mágico, onde as pessoas são felizes e tudo prospera. Onde a riqueza desde sempre floresceu e até hoje as pessoas continuam indo pra lá para realizarem seus sonhos. Bem-vindo à California

Tudo acontece na California. É o estado mais rico dos Estados Unidos, também o mais populoso. Lá encontram-se os polos de tecnologia e entretenimento mais importantes do mundo. Sem falar nos portos marítimos imensos e super modernos e bases militares importantíssimas. Além do mais a California é um lugar plural, onde a diversidade impera. É a região dos Estados Unidos que concentra o maior número de povos nativos, além de uma comunidade imensa de hispânicos e asiáticos. Também foi lá que despontaram as primeiras lideranças gays, que deram voz a comunidade homossexual. Também é um estado que respira cultura. É onde está Hollywood, a locomotiva da indústria mundial do cinema, e cidades como Los Angeles e San Francisco, que encabeçaram o verão do amor, em 1967, e revelaram incontáveis bandas e músicos. Isso sem falar nos esportes, outra marca registrada da California, onde o surf se popularizou pra valer e o skate foi criado. É muita coisa, né? Como pode? O que faz com que tanta coisa aconteça por lá? 

É uma história antiga.  Em 1543 os espanhóis já dominavam toda a América Central e o México. Passaram então a desbravar a costa do Oceano Pacífico. Quando chegaram na península hoje chamada Baja California, estado do México onde se encontra a famosa cidade de Tijuana, os espanhóis acreditavam tratar-se de uma ilha. Foi batizada California por causa de um livro que fazia sucesso na época, um romance chamado Sergas de Esplandián, do escritor Rodriguez Montalvo. A história do livro se passa numa ilha fictícia chamada California, onde viviam belas e poderosas amazonas. Porém, pelo difícil acesso ao Oceano Pacífico, a região permaneceu ignorada pelos espanhóis por praticamente duzentos anos. A região era habitada por várias tribos indígenas como os Yourok, Maidu, Pomo, Chumash, Miwoke e Mojave. À medida que os espanhóis iam colonizando o México, avançavam para o interior e para o oeste. Foi só por volta de 1700 que chegaram na região da Baja California e começaram, assim como aconteceu no Brasil com os portugueses, a instalar missões comandadas por jesuítas, com o intuito de catequizar os índios e, claro, os colocarem para trabalhar. Os espanhóis também estabeleceram logo dois lugares estratégicos para construir fortes para proteger a região. Assim nasceram os fortes de San Francisco ao norte e San Diego mais ao sul, e que hoje são cidades muito importantes. 

Bom, essa história de colonização, dominação de povos nativos, não é novidade pra ninguém, aconteceu igual em todo lugar. Claramente uma imensa parte dos índios da região foi dizimada principalmente por doenças como a gripe e a varíola, e também pela violência dos europeus. Em 1821 o México se torna independente da Espanha e seu território era imenso, incluindo praticamente todo o sudoeste dos Estados Unidos, os atuais estados do Texas, New Mexico, Arizona, Colorado, Utah, Nevada e California. Porém era um território ainda pouco povoado. Boa parte da região é de deserto, muito ruim para a agricultura, permitindo apenas que alguns fazendeiros dedicados a pecuária prosperassem. Mas a terra e o clima se mostraram favoráveis para o plantio de um produto que se tornaria ícone do México: a pimenta. Acontece que além do clima inóspito e da resistência ferrenha dos índios, os mexicanos não controlavam a entrada de fazendeiros ingleses e norte americanos que migravam da costa leste em busca de melhores terras. Esses fazendeiros foram tomando posse por conta própria de terras, principalmente na região da bacia do rio Colorado. Foi quando começou a treta entre México e Estados Unidos reivindicando aquelas terras para si. O governo dos Estados Unidos até reconhecia aquelas terras como território mexicano, mas o povo… 

Em 1836 o estado do Texas faz um levante e se proclama uma república independente do México. Rolam alguns conflitos e o governo norte americano acaba federalizando o Texas em 1845, o incorporando como um estado seu. Os mexicanos não gostam e é declara guerra. O conflito dura pouco mais de dois anos e os Estados Unidos saem vencedores. Em 1948 é assinado o Tratado de Guadalupe Hidalgo, que cede aos Estados Unidos 30% do seu território, e o mapa dos Estados Unidos se estabelece como conhecemos hoje. Mas não pense você que foi de graça. Em troca de toda essa terra, os Estados Unidos pagaram ao México 15 milhões e dólares, assumiram a dívida que os mexicanos tinham com a Inglaterra de 5 milhões de dólares e também concederam a cidadania norte americana a todos os mexicanos que vivam naquele território e desejassem permanecer por lá. Isso explica a quantidade e influência dos hispânicos na California até hoje. Mas o pessoal da California não tinha um minuto de paz naquela época. A guerra mal acabou em 1848 e logo foram descobertas na região da atual San Francisco algumas jazidas de ouro. Em um ano a população de San Francisco pulou de mil habitantes para 25 mil! Em 1849 a corrida do ouro na California foi avassaladora. O estado foi rapidamente povoado por aventureiros, comerciantes e todo o tipo de gente, principalmente imigrantes asiáticos que cruzavam o Oceano Pacífico em busca de oportunidades. Além disso, foi criada a ferrovia transcontinental, que liga a costa leste a costa oeste dos Estados Unidos. E você sabe que dinheiro chama dinheiro, né? O ouro fez o comércio prosperar, que fez com que as cidades se desenvolvessem, vieram as universidades, como a UCLA e Stanford. E era tanto nerd junto inventando coisas que a região ficou conhecida como Vale do Silício, já que o silício é usado em larga escala na produção de hardwares. 

O Vale do Silício compreende mais a região norte, de San Francisco e Palo Alto. Já a região sul da California, mais ensolarada e cheia de belezas naturais, se tornou o refúgio de muitos artistas e gente cheia de dinheiro querendo curtir a vida. Assim se estabeleceu na região de Los Angeles a indústria do entretenimento, juntando o útil ao agradável. Mas isso não foi assim mero acaso. A busca pelo oeste selvagem e caloroso não deixou de inspirar os norte-americanos, mesmo depois do fim da corrida do ouro. Toda uma cultura foi criada em cima daquilo. Muitos livros de ficção passaram a ser ambientados naquela região. Seres folclóricos como Billy The Kid e Jesse James ganharam notoriedade, surgindo o gênero western tanto para a literatura, quanto para o cinema, que engatinhava no início do século XX. Com outra perspectiva, a Geração Beat, em especial Jack Kerouac, idealizou a busca do oeste como algo existencial. Na carona dos Beats, os Hippies se estabeleceram na costa Oeste, inicialmente em San Francisco e depois em Los Angeles, onde a se materializou o slogan “Sexo, drogas e rock n’ roll”. 

As vastas planícies desérticas facilitaram a instalação de grandes estúdios para a produção de filmes. A proximidade de tais planícies com estúdios instalados a praias paradisíacas fez com que artistas e produtores se estabelecessem, alguns de maneira faraônica, na beira dessas praias. Mas não era simplesmente se mudar para LA para se dar bem na vida. Muita gente quebrou a cara. E, não só Los Angeles, várias cidades da California passaram a crescer muito e desordenadamente. Cidades grandes e desiguais geram jovens sem grana e muito insatisfeitos. Esses jovens sempre acabam dando um jeito de se divertir. Se eles moram longe das praias, resolvem surfar sobre rodas. Surge o skate, que vira mais que um esporte, se torna uma cultura. Na cola da cultura do skate vem o hardcore, que acaba meio que reinventando o punk. E essa mistura toda acaba resultando num estado tão diverso e afeito a liberdade, que foi um dos primeiros do país a legalizar a maconha

A California é realmente um lugar inacreditável. Junta tudo! Belezas naturais e tecnologia, cultura pop e tradições indígenas, tacos mexicanos vendidos nas ruas de LA com vinhos requintados do Napa Valley, desertos escaldantes ao sul e montanhas nevadas ao norte. É uma terra encantada num amontoado irresistível de cultura pop. De tão irresistível, a California está super bem representada nas estampas da Strip Me, nas camisetas de cinema, música e cultura pop. Vem conferir na nossa loja, sempre tem lançamentos novos chegando! 

Vai fundo! 

Para ouvir: A California é uma terra tão amada que o que não falta é música sobre ela! Então aqui você tem uma playlist 100% California! California top 10 tracks

Para assistir: Vale muito a pena conferir o divertido Lords of Dogtown, filme baseado em fatos reais, que conta a história dos Z-Boys, turma dos anos 70 que revolucionou o skate. Um retrato bem legal da juventude e da cidade de Los Angeles naquela época. O filme é dirigido pela talentosa Catherine Hardwick, foi lançado em 2005 e tem uma trilha sonora muito boa Iggy Pop, Bowie, T-Rex e Ted Nugent. 

De Dudeísmo a Red Hot Chilli Peppers – 10 Curiosidades sobre The Big Lebowski 

De Dudeísmo a Red Hot Chilli Peppers –              10 Curiosidades sobre The Big Lebowski 

Pode ter certeza. Ninguém em Hollywood faz filmes como os Irmãos Coen. Mas calma. Isso não quer dizer que eles façam os filmes mais incríveis, que sejam melhores que gente como Martin Scorsese ou Quentin Tarantino. Não é isso. Ninguém em Hollywood faz filmes como os Irmãos Coen, porque eles conseguiram desde muito cedo desenvolver uma linguagem tão original, que não se parece com nada que foi feito antes deles. É a mesma coisa de querer comparar uma banda tipo Morphine com alguma outra. Não é uma banda genial, mas não tem nada muito parecido com o som que o trio fazia. 

A originalidade já começa pelo fato de que os dois irmãos, Ethan e Joel Coen, se revezam nos créditos de seus filmes. Em um filme um aparece como diretor e o outro como roteirista, no próximo eles trocam, e assim vai. Ou seja, a gente nunca sabe quem faz o quê. O mais certo é que eles trabalham realmente em dupla tanto escrevendo como dirigindo. Nessa pegada, eles construíram uma filmografia vigorosa, com filmes marcados por um humor peculiar, uma fotografia sempre muito bem executada, seguindo mais os padrões do cinema europeu, e personagens inusitados extremamente bem construídos. Um dos primeiros filmes da dupla, Arizona Nunca Mais, de 1987, é prova disso. O protagonista interpretado brilhantemente pelo Nicolas Cage é encantador e canastrão ao mesmo tempo! Mas é claro que, em se tratando de personagem marcante, não dá pra não pensar no the one and only The Dude! 

The Big Lebowski é o oitavo filme da carreira dos irmãos Coen. Diferente de Arizona Nunca Mais e Fargo, a princípio The Big Lebowski não fez tanto sucesso de público e nem de crítica. Teve uma recepção morna. Talvez porque o ano em que ele foi lançado, 1998, estivesse já recheado de grandes filmes, muitos deles mais densos e sérios. Pra você ter ideia, são de 1998 O Homem da Máscara de Ferro, O Resgate do Soldado Ryan, O Show de Truman, Medo e Delírio em Las Vegas, Patch Adams, Além da Linha Vermelha, A Outra História Americana e muitos outros. Mas O Grande Lebowski é o tipo de filme que envelheceu bem, foi sendo redescoberto com o passar dos anos. Sem falar que, mesmo não tendo a profundidade e a produção nababesca dos filmes aqui citados, O Grande Lebowski é sim um ótimo filme e não deixa nada a desejar aos lançamentos daquele ano. 

Basicamente, Jeff Lebowski é um cidadão bem característico da costa oeste norte americana do início dos anos 90. Um cara pacato, sem posses, de poucos, mas bons amigos, que aprecia uma vida tranquila, fumar maconha e jogar boliche. Ah, sim, ele também prefere ser chamado de The Dude. Acontece que essa vida tranquila do Dude vai ser interrompida por uma dívida milionária, um tapete cheio de xixi, um outro Jeff Lebowski, um sequestro destrambelhado e uma banda de eletro rock decadente. Simplesmente, são elementos que formam uma receita imbatível para um filme maravilhoso. Então selecionamos 10 curiosidades sobre este filme tão querido, que com certeza vão fazer com que, quem ainda não viu queira muito ver, e quem já viu, queira muito rever. 

1 – Inspiração num livro

O enredo do filme foi inspirado no clássico livro O Sono Eterno, uma das obras primas da literatura noir, escrito por Raymond Chandler. O livro narra a história de um detetive particular que é procurado por um velho milionário para investigar o sequestro de sua jovem esposa. Os Irmãos Coen já declaram que o livro foi uma inspiração para a trama, mas não para a construção dos personagens. 

2 – Atores e personagens

Apenas quatro personagens do filme foram escritos especificamente para serem interpretados por determinados atores. São eles: Jeff “The Dude” Lebowski, o cowboy que narra o início da história, Walter Sobchak e Donny. Os Irmãos Coen já revelaram que o filme não teria saído se Jeff Bridges não topasse interpretar The Dude. O personagem foi todo escrito pensando no jeito de falar e na aparência de Bridges. A voz grave, o sotaque sulista e o bigode volumoso de Sam Elliot também já estavam nos planos dos Coen quando criaram o cowboy. John Goodman e Steve Buscemi também serviram como parâmetro para os personagens Walter e Donny, respectivamente. 

3 – Walter Sobchak e John Milius 

Os Irmãos Coen eram muito amigos do diretor e roteirista John Milius, um cara bem excêntrico. Quando começaram a desenvolver o personagem Walter Sobchak, um cara durão, veterano do Vientã, que curte armas de fogo, logo se lembraram de Milius. Colecionador de armas, esquentado, pragmático, briguento, de colete cheio de bolsos e óculos escuros estilo aviador, Milius parecia estar sempre pronto para sair para uma caçada. E John Goodman caiu como uma luva, pois tem o porte físico de Milius, além de ser um baita ator. Ah, só pra lembrar. John Milius escreveu o roteiro de Apocalipse Now, além de ter escrito e dirigido Conan, O Bárbaro e Amanhecer Violento. 

4 – A segunda opção para Bunny Lebowski 

Bunny Lebowski é a jovem esposa do velho e rico Jeff Lebowski, que é sequestrada. A personagem é a típica garota deslumbrada e sem escrúpulos de Hollywood. Uma jovem bonita, mas de comportamento vulgar e com um talento ímpar para gastar mais dinheiro do que consegue ganhar. Os Irmãos Coen queriam que a personagem fosse interpretada pela Charlize Theron. Mas ela estava envolvida com a produção do excelente Advogado do Diabo e não aceitou. O papel acabou ficando com a Tara Reid, estreante no cinema e sem muita expressão. Caso o papel ficasse com Charlize Theron, certamente a personagem ganharia mais destaque no filme. 

5 – Figurino caseiro 

Não só o personagem The Dude foi escrito para o Jeff Bridges, como o próprio ator se sentiu totalmente à vontade para interpretá-lo. À vontade até demais. A ponto de praticamente todas as roupas que o ator aparece usando no filme são dele mesmo, e não figurinos escolhidos pela produção. Algumas cenas, inclusive, Bridges foi com a roupa que estava em casa para o estúdio, só fez a maquiagem e entrou em cena. Mais à vontade que isso, impossível! 

6 – Autobahn Chilli Peppers 

Um trio de delinquentes estão envolvidos no suposto sequestro de Bunny Lebowski. São caras que tinham uma banda de eletro rock chamada Autobahn. Uma referência descarada ao Kraftwerk. O curioso é que um dos integrantes desse trio de maloqueiros é ninguém menos que o Flea, baixista do Red Hot Chilli Peppers. Flea é amigo de Jeff Bridges, e na época era figurinha carimbada nas festas mais descoladas de Hollywood. Os Irmãos Coen foram com a cara dele, que acabou ganhando o papel. Ele aparece pouco e quase não tem falas, mas tá lá, pra reforçar a aura noventista do filme. 

7 – Trilha sonora 

Um dos pontos altos do filme é a sua trilha sonora. A escolha das músicas foi impecável e inusitada. Num filme com uma estética e linguagem tão diretamente ligadas aos anos 90, a trilha sonora impressiona por ser plural, mas com ênfase no country, e southern rock dos anos 70, no jazz e nos experimentalismos da world music. E são músicas ótimas! A começar pela emblemática The Man in Me, do Bob Dylan que abre o filme. Mas também tem Elvis Costello, Nina Simone, Kenny Rogers, Captain Beefheart e a ótima versão de Hotel California dos Gipsy Kings. 

8 – The Dude’s drink 

Todo bom personagem que se prese tem um drink como marca registrada. Desde o simples whisky de Don Draper, em Mad Men, até o específico Vodca Martini batido, e não mexido, de James Bond. É claro que o The Dude não ia ficar de fora dessa. No filme fica evidente sua paixão por um drink que ele chama ocasionalmente de “caucasian”, mas que oficialmente se chama White Russian. É uma bebida que leva vodca, licor de café, creme de leite e gelo. Não se sabe direito qual a origem do White Russian, mas se sabe que ele já era popular no final dos anos 60 na costa oeste dos Estados Unidos e se espalhou por todo o país nos anos 70, sempre presente nas discotecas e casas noturnas. Nos anos 80 ficou fora de moda e desapareceu da maioria dos cardápios, até os Irmãos Coen desenterrarem esse drink sabe-se lá porquê. 

9 – De recepção morna a filme cult 

 O Grande Lebowski teve um orçamento estimado em 15 milhões de dólares. Nos Estados Unidos ele arrecadou nos cinemas 18 milhões. No mundo todo aproximadamente 46 milhões de dólares. Não são números ruins, certo? Mais ou menos. Hollywood está acostumada com lucros bem maiores. O Resgate do Soldado Ryan, por exemplo, no mesmo ano, teve um orçamento de 70 milhões e arrecadou nos cinemas mais de 480 milhões de dólares. Mas o fato é que O Grande Lebowski foi se tornando aquele filme antigamente chamado tesouro de locadora. A leveza, a simplicidade, o humor, a pitada de psicodelia, a trilha sonora e as ótimas atuações fizeram com que o boca a boca tornasse O Grande Lebowski num dos filmes mais procurados das video locadoras. Sem falar que virou referência pop com falas como “The Dude abides.” e gerando memes até hoje. 

10 – Dudeísmo 

O céu é o limite para O Grande Lebowski. Não é à toa que, quando determinada obra ganha o adjetivo “cult”, ela passa a ser cultuada, considerada genial e apreciada por gente descolada, alternativa, intelectual. Acontece que o lado cult d’O Grande Lebowski foi longe demais. Em 2005 o jornalista Oliver Benjamin fundou The Church of the Latter-Day Dude, a Igreja do Dude do Último Dia, criando assim o Dudeísmo. E se você acha que é piada, achou errado. O Dudeísmo é uma comunidade essencialmente virtual de mais de 600 mil pessoas, tem sua própria filosofia, que mistura taoísmo, zen-budismo e filosofia humanista, com livros publicados, igrejas e tudo o mais. No site oficial, você é recebido com a mensagem: “Dudeísmo é uma filosofia que prega a não-pregação, pratica o mínimo possível e, acima de tudo, uh… perdi minha linha de raciocínio. De qualquer forma, se você quiser encontrar paz na terra e boa vontade, cara, nós o ajudaremos a começar.” Se você quiser experimentar, é só acessar dudeism.com 

Pra concluir, O Grande Lebowski é um fenômeno! Um filme excelente, com uma porção de referências pop, boa música, humor, viagem, aquela crítica gostosa ao conservadorismo… enfim, tudo que a gente gosta! Então é claro que O Grande Lebowski está na lista de referências e preferências a Strip Me! Tanto é que já ganhou uma estampa linda! E tem muitas outras estampas incríveis de cinema, música, arte, cultura pop e muito mais. Dá uma conferida na nossa loja e aproveita pra se atualizar na seção de lançamentos

Vai fundo: 

Para ouvir: Claro, uma playlist delícia com as 10 mais da trilha sonora do filme! The Big Lebowski Top 10 tracks

Para ler: O Raymond Chandler é dos grandes mestres da literatura noir! E o livro que inspirou O Grande Lebowski, O Sono Eterno, é realmente muito bom e saiu aqui no Brasil pela editora LP&M. É leitura altamente recomendável. 

Tapas, Tropeços e outros memes semelhantes: A História do Oscar.

Tapas, Tropeços e outros memes semelhantes: A História do Oscar.

Como é possível mensurar a arte? Pensa bem. Quais são os critérios usados para dizer que as sinfonias de Mozart são melhores que as do Beethoven? Ou que as obras do Picasso são melhores que as do Dali? Ou que Forrest Gump é melhor que Um Sonho de Liberdade? Se a gente realmente parar pra pensar, é uma avaliação tão pessoal e subjetiva que é impossível estabelecer definitivamente que uma obra de arte é melhor que a outra. Simplesmente porque não são só os aspectos técnicos que importam. Na verdade, eles são os que menos importam. O talento nato, o sentimento, o carisma… tudo isso pesa muito.

Uma vez o Dave Grohl deu uma zoada nesses programas tipo The Voice. Ele disse: “Imagina só. O Bob Dylan num programa desses cantando Blowing in the Wind, e a Jennifer Lopez reprovando, dizendo ‘Hmmm… não gostei. Sua voz é muito anasalada e aguda.’”. Mas o fato é que, apesar disso tudo, a arte é frequentemente alvo de comparações, e todo ano são várias premiações que elegem o melhor disco do ano, a melhor banda, o melhor videoclipe, o melhor ator, a melhor atriz, o melhor diretor de cinema e, é claro, o melhor filme. 

Fim de semana passado rolou a nonagésima quarta edição da premiação do Oscar. O Oscar, você já tá ligado, é a mais importante e significativa premiação da indústria do cinema. E como qualquer coisa levada ao público que implica em competição, julgamento e escolhas, as premiações do Oscar sempre geraram polêmicas e discussões, nem sempre por conta dos filmes em si. Em especial depois da década de 2010, com a popularização das redes sociais, o Oscar se tornou um evento ainda mais saboroso de se acompanhar, dada a avalanche de memes e comentários engraçados que passaram a pipocar internet afora. Mas não se engane, muito antes de tapa na cara, tropeços na escada, confusão na hora de anunciar o filme vencedor e selfies estreladas, o Oscar já rendia algumas polêmicas. Na real, a premiação, que já está batendo na porta do seu centenário, teve uma baita polêmica logo em uma de suas primeiras edições. 

A primeira edição do Oscar aconteceu em 1929. A Academy of Motion Picture Arts and Sciences (Academia de Artes e Ciências Cinematográficas), ou simplesmente The Academy, foi fundada em 1927 por executivos das grandes companhias de cinema de Los Angeles. Depois de dois anos de atividade, a turma da Academia resolveu criar um prêmio, para homenagear os melhores artistas e produtores do cinema, e assim fomentar novas e mais ousadas produções, em resumo, gerar competitividade. A primeira edição do Oscar foi mais um petit comité. Foi um jantar para apenas 270 pessoas num hotel de luxo em Hollywood, onde foram entregues 15 estatuetas para artistas e técnicos da indústria do cinema, referentes às produções de 1927 e 1928. Mas a partir dali a cerimônia passaria a ser anual e cresceria cada vez mais. Nos anos seguintes, ingenuamente, a Academia divulgava para os jornais locais os vencedores de cada categoria um dia antes da premiação. E por incríveis 9 anos, funcionou super bem, ninguém ficava sabendo quem eram os vencedores antes e os jornais anunciavam no dia seguinte da cerimônia, com matérias completas e etc. Mas, em 1939, os editores do Los Angeles Times receberam a lista dos vencedores na véspera da cerimônia e devem ter pensado: E se a gente divulgasse essa lista amanhã mesmo, e não depois de amanhã, quando a cerimônia já vai ter acontecido? Vai ser um furo de reportagem, certo? Pois é. Na manhã do dia 23 de fevereiro de 1939, o Los Angeles Times publicou os vencedores do Oscar daquele ano. De noite, quando a cerimônia aconteceu, o desconforto era nítido, pois todo mundo já sabia quem eram os escolhidos. É o Oscar causando climão desde 1939. 

O fato de a Academia ser formada por uma maioria de homens, brancos e de meia idade, faz com que as premiações sigam critérios conservadores. Basicamente este é o principal fator de polêmicas e discussões em boa parte das decisões que já foram consideradas injustas ao longo dos anos. O Oscar foi se tornando mais plural com o passar do tempo. Por exemplo, só em 1957 foi introduzida a categoria “Melhor Filme Estrangeiro”. Na mesma época a Academia passou a aceitar a filiação de cineastas de fora dos Estados Unidos, mas não era nada fácil conseguir entrar (e ainda não deve ser). Hoje em dia, dos aproximadamente 9 mil membros da Academia, apenas 1 mil e 200 não são norte-americanos. Ainda deste total de quase 9 mil, um terço são mulheres e 19% representam minorias, incluindo aí negros, deficientes físicos, gays e etc juntos. Em termos de premiações, essa diferença fica evidente. Por exemplo, em 94 anos foram entregues 3168 estatuetas. Dessas, apenas 47 foram entregues para negros (já contando com o Will Smith este ano). Em 2015 rolou um movimento muito forte nas redes sociais sob a hashtag #oscarsowhite, já que não havia nenhum negro entre todos os indicados daquele ano. Claro que não foi a primeira vez que isso aconteceu, mas, além de a internet não ser tão popular até vinte anos atrás, também faz pouco tempo que essas minorias finalmente estão conseguindo se fazer ouvir, sem ser por meio de protestos turbulentos em grandes cidades. 

Mas no fim das contas, o Oscar é sempre muito mais lembrado pelas tretas, polêmicas e confusões do que pelos filmes em si. E não é de hoje.

Tretas, polêmicas e confusões no Oscar

• A premiação de 1938 entrou para a história porque a atriz vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, Alice Brady, torceu o tornozelo dias antes e não pode ir a cerimônia receber o prêmio. Quando foi anunciada como vencedora, um homem desconhecido subiu ao palco, recebeu a estatueta em nome da atriz e foi embora. E até hoje nem a atriz, nem a Academia e nem ninguém sabe quem é o tal homem, o ilustre desconhecido que levou um Oscar pra casa.

• Já em 1973 foi Marlon Brando que não compareceu para receber a sua estatueta. Ele fora indicado como melhor ator por seu papel em O Poderoso Chefão e não foi à cerimônia. Mandou em seu lugar uma jovem ativista dos povos nativos norte-americanos, para, caso ele vencesse, ela subisse ao palco em seu lugar para receber o prêmio e discursar sobre o descaso que os índios sofriam por parte da indústria cinematográfica e da sociedade como um todo. E deu certo. Ele venceu e a garota discursou entre vaias e aplausos.

• Em 1985 ficou nas mãos do ator e diretor Laurence Olivier anunciar os indicados e o vencedor da categoria mais importante da noite: Melhor Filme. Acontece que ele ficou meio confuso e emocionado com a situação toda e subiu ao palco e já abriu o envelope e anunciou o vencedor, sem sequer mencionar os demais indicados.

• Em 1998, se já tivesse internet e redes sociais, quem iria virar meme com certeza seria a Kate Winslet. Ela era disparada a favorita a ganhar a estatueta de melhor atriz, por seu papel em Titanic. Mas quem acabou ganhando foi a Helen Hunt, pela sua atuação encantadora no excelente filme Melhor Impossível. No momento em que o nome de Helen Hunt é anunciado, tem uma câmera voltada para Winslet que captura toda a sua surpresa e decepção. É uma imagem impagável! 

Mas foi depois da era Facebook e Twitter que as coisas realmente mudaram. A começar pelo meme mais duradouro do Oscar: Leonardo DiCaprio. O ator enfileirava grandes papéis, indicações, mas Oscar mesmo, que é bom, nada. A internet se ligou nisso e não perdoou. Foram bons dois ou três anos em que, na época do Oscar, éramos bombardeados com memes hilários do DiCaprio sem Oscar. Mas tudo acabou em 2016, quando ele levou pra casa o Oscar por sua atuação em O Regresso, e junto levou todos aqueles memes maravilhosos. 

Também viralizou absurdamente a selfie inacreditável da apresentadora Ellen Degeneres, que foi a mestre de cerimônia do Oscar de 2014. Ela foi para a plateia e tirou uma selfie onde aparecem Angelina Jolie, Brad Pitt, Lupita Nyong’o, Meryl Streep, Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Julia Roberts… só não apareceu o DiCaprio, que ainda não tinha Oscar na época.

Por falar na Jennifer Lawrence, ela protagonizou um meme memorável um ano antes. Em 2013 ela venceu a estatueta de melhor atriz pelo seu papel em O Lado Bom da Vida. Mas ao subir os degraus para o palco, ela tropeçou na barra do próprio vestido, um Dior caríssimo, diga-se, e levou um tombaço! Mas se levantou com simpatia e bom humor e recebeu o prêmio numa boa.

Em 2017 uma situação super constrangedora também viralizou e rendeu muitos memes. Warren Beatty e Faye Dunaway eram os encarregados de anunciar o vencedor da categoria Melhor Filme naquele ano. Por algum motivo, o envelope errado acabou nas mãos deles. Ali constava o nome da atriz Emma Stone, que havia vencido o prêmio de melhor atriz pelo filme La La Land. Sem pestanejar, o casal anuncia então, La La Land como vencedor. A turma responsável pelo filme já estava no palco comemorando quando o pessoal da Academia veio anunciar o equívoco. O filme vencedor era Moonlight (realmente bem melhor que La La Land). E foi aquele climão delícia! 

E esses são só alguns exemplos, tem muitos outros. Mas convenhamos, o Oscar é sobre premiar bons filmes! E é claro que inúmeras premiações questionáveis já aconteceram e geraram muita discussão. Só vou dar um exemplo aqui pra você entender:

Em 1977 cinco filmes concorriam a melhor filme:

  • Taxi Driver
  • Rede de Intrigas
  • Todos os Homens do Presidente
  • O Caminho para a Glória
  • Rocky Um Lutador

Aí todo mundo pensa, a disputa mesmo foi entre os três primeiros, é óbvio! São três baita clássicos do cinema. Pois é. Mas quem ganhou o Oscar de melhor filme foi Rocky, Um Lutador. Sim aquele mesmo, do Stallone lutando boxe! Tudo bem, o filme é bem legal… mas ganhar de Taxi Driver, passar por cima do roteiro incrível de Todos os Homens do Presidente e das atuações de Rede de Intrigas? É um pouco demais, né… Então, pra finalizar este post de maneira justa, ponderada e imparcial, fizemos duas listas: Top 5 Filmes que Mereceram Ganhar o Oscar e Top 5 Filmes que Mereciam, Mas Não Ganharam o Oscar. 

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Top 5 Filmes que Mereceram Ganhar o Oscar 

  • The Godfather (O Poderoso Chefão) – 1972 
  • Amadeus (1984) 
  • Platoon (1987) 
  • American Beauty (Beleza Americana)- 1999 
  • No Country For Old Men (Onde os Fracos Não Tem Vez) – 2007 

Top 5 Filmes que Mereciam, mas Não Ganharam o Oscar 

  • The Graduate (A Primeira Noite de Um Homem) – 1967 
  • A Clockwork Orange (Laranja Mecânica) – 1971 
  • The Color Purple (A Cor Púrpura) – 1985 
  • Goodfellas (Os Bons Companheiros) – 1990 
  • Pulp Fiction – 1994 
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E assim, finalizamos este post nada controverso. Um texto sem tombos, envelopes trocados, ou tapas na cara. Em compensação também não temos uma selfie descoladíssima repleta de atrizes e atores famosões. Mas tudo bem, porque o que não falta na Strip Me é estilo e elegância com camisetas das mais variadas estampas! Na coleção de cinema e séries você encontra os melhores filmes em estampas incríveis, isso sem falar nas camisetas de música, arte, cultura pop, comportamento… tem de tudo! Fica esperto nos nossos lançamentos e visite a nossa loja

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist com as melhores canções que já levaram o Oscar de Melhor Canção Original. Claro que uma ou outra a gente escolheu uma versão diferente da original, pra dar um sabor a mais nessa playlist! Top 10 tracks Oscar Best Original Songs 

Mulheres que Representam!

Mulheres que Representam!

Até parece que é chover no molhado falar que o dia da mulher é todo dia, e não só o dia 8 de março. Que as mulheres são incríveis e empoderadas. E que a luta do feminismo por um mundo de real igualdade e respeito é mais que digna, é essencial para a humanidade. Acontece que a gente tem que chover no molhado sim, todo ano nessa época. É claro que todas as afirmações acima são verdadeiras e do conhecimento de muita gente. Lógico que as coisas já melhoraram bastante, e hoje as mulheres tem muito mais voz e protagonismo. Mas ainda falta muito. Então, pra gente não deixar essas ideias passarem batidas, escolhemos 5 mulheres brilhantes, com histórias inspiradoras, pra comentar por aqui, como uma homenagem, sendo que essas 5 representam com propriedade todas as mulheres deste mundo!

Carmem Miranda 

Photo by Silver Screen Collection/Hulton Archive

Por muito tempo a Carmem Miranda não era muito bem vista aqui no Brasil. Alguns críticos e intelectuais, desses que gostam muito de criticar, mas não produzem nada original ou relevante, diziam que ela era uma artista fabricada, sem originalidade, americanizada, estereotipada, que ridicularizava a imagem do Brasil no exterior… Um absurdo, né? Por mais que ela nunca tenha sido compositora, era uma artista nata! Desde criança gostava de cantar, vivia sorrindo. Teve uma vida pobre no Rio de Janeiro, onde trabalhou desde criança. Primeiro entregando marmitas, depois vendendo gravatas e, por fim, já adolescente, numa loja de chapéus onde se encantou com o mundo da moda e desenhava figurinos. Aos 20 anos de idade gravou seu primeiro disco, no ano seguinte, 1930, vendeu quase 40 mil cópias, um sucesso estrondoso para a época. Aos 22 anos era considerada a rainha do rádio! Do rádio foi para o cinema, onde estrelou 7 filmes, sendo o último deles, Banana da Terra (1939), onde imortalizou sua imagem vestida de baiana, com turbante florido, cantando O Quê que a Baiana Tem? De Dorival Caymmi. Em 1940 foi levado para Los Angeles por um produtor norte americano que passava férias no Rio. Nos Estados Unidos virou uma estrela inquestionável! Estrelou 14 filmes, sendo a maioria como protagonista, no fim dos anos 40 ela era a mulher com o maior salário de Hollywood, conquistando até uma das cobiçadas estrelas na legendária Calçada da Fama! Ela mesma desenhava seus figurinos exuberantes e exóticos, tinha um senso estético fantástico, apenas movimentando os braços e os olhos, ela dançava como ninguém! Mas o ritmo de trabalho frenético de LA cobrou seu preço. Carmem Miranda ficou viciada em anfetaminas e acabou tendo uma parada cardíaca por conta dos estimulantes, morrendo aos 46 anos de idade, em 1955. Apesar de ter morrido em LA, ela foi velada e enterrada no Rio de Janeiro, cidade que sempre amou e considerou seu verdadeiro lar. 

Audrey Hepburn 

Photo by harpersbazaar.com

Mesmo tendo origem numa família nobre, Audrey Hepburn passou longe de ser uma bonequinha de luxo. Mas tinha tudo para ser uma grande artista. Ainda criança apaixonou-se pelo balé clássico. Por conta do trabalho do pai, a família de Audrey morou em vários países, o que deu a ela uma cultura considerável. Na adolescência, ela já falava holandês, inglês, alemão, italiano, francês e espanhol. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, Audrey tinha apenas 10 anos. Na época morando em Arnhem, na Holanda, ela viveu os horrores da guerra quando os nazistas invadiram a Holanda. Em 1942 viu um tio ser fuzilado. Há muitos boatos, e muito poucas evidências, de que ela tenha participado ativamente na resistência holandesa. Talvez ela não tenha atuado como mensageira, percorrendo as cidades destruídas, como dizem. Mas é tido como muito possível que ela tenha feito apresentações de dança nas ruas em troca de dinheiro e ter dado esse dinheiro para a resistência, a qual seu tio fazia parte. Depois da guerra, mudou-se para a Inglaterra onde se especializou como dançarina de balé e começou a atuar em peças de teatro e filmes. Em 1952 a escritora Colette estava envolvida com a produção do musical da Broadway inspirado em seu livro, Gigi. Ela viu Hepburn se apresentando num teatro em Monte Carlo e decidiu convidá-la para atuar na Broadway. Daí foi só ladeira acima. Foram 23 filmes só em Hollywood, fora os que ela atuou na Inglaterra antes, e fora as muitas peças da Broadway. Foi uma mulher que trabalhou demais, e sempre com excelência! Ela ganhou dois Oscars e foi premiada mais de 25 vezes em premiações mundo afora. Seu papel mais emblemático, claro, foi Holly Golightly, a protagonista de Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s) lançado em 1961. No final da década de 60, quando sua careira estava no auge, ela decide parar tudo para ter filhos e se dedicar à família. Claro fez um filme aqui, outro ali, mas entre 1967 e 1993, quando ela faleceu, participou de apenas 5 filmes. Mas sua vida não se limitou a ser dona de casa, ela se engajou em muitas campanhas humanitárias e foi nomeada Embaixadora da Unicef em 1989. Audrey Hepburn foi diagnosticada com um câncer no estômago em 1992 e morreu dormindo na noite do dia 20 de janeiro de 1993. Mas certamente ela é uma dessas estrelas que nunca vai deixar de brilhar. 

Frida Kahlo 

Self-portrait with thorn necklace and hummingbird by Frida Kahlo (1940)

Ah, uma artista em sua mais pura essência! Afinal o que mais pode ser a arte senão o sofrimento travestido em cores fortes, olhares misteriosos e a vida traduzida em sentidos? Assim era Frida Kahlo! Uma mulher brilhante que encontrou ao longo de sua vida muito mais desgraças do que qualquer outra coisa, tentou domar seus sentimentos na base de pinceladas, onde foi muito bem sucedida, mas também o fez de maneira dolorosa, misturando prazer e sofrimento em relacionamentos amorosos questionáveis e abuso de remédios dos mais variados. A história de Frida é louquíssima porque tem um monte de camadas. Oriunda de uma família de classe me´dia, sua infância foi triste, testemunhando o casamento falido dos pais. Teve poliomelite, o que lhe deixou de cama por meses e lhe rendeu uma saúde frágil pro resto da vida. Quando jovem, aos 18 anos, sofreu um acidente gravíssimo, quando o ônibus em que ela estava se chocou com um bonde. Um corrimão do ônibus lhe perfurou as costas, a pélvis, o abdome e o útero, teve três vértebras e a clavícula fraturadas e seu pé direito foi quase triturado. Ainda assim ela sobreviveu, se recuperou, mas viveu o resto de seus dias com dores crônicas por todo o corpo, o que justificava (mais ou menos) o uso excessivo de analgésicos. E foi depois do acidente que Frida se dedicou a pintura, além de ler muito e se engajar politicamente. Filiou-se ao partido comunista mexicano, chegou a receber em sua casa no México, e ter um affair, dizem, o lendário político russo Leon Trotsky. Aliás, se o caso com Trotsky realmente rolou, foi uma das muitas puladas de cerca de Frida, que vivia casada desde 1929. Um casamento daqueles, entre tapas e beijos, amor e ódio. Mas o importante é que Frida Kahlo se tornou uma das artistas mais emblemáticas da história! Uniu primitivismo, folclore mexicano e surrealismo, tudo com um toque de feminismo muito peculiar, que produziu uma obra autêntica, revolucionária e influente até hoje. Frida foi encontrada morta em seu quarto no dia 13 de julho de 1954. Ela tinha 47 anos e morreu de uma possível embolia pulmonar, mas não se descarta a possibilidade de uma overdose premeditada de remédios, já que ela já tinha tentado suicídio muitas vezes ao longo da vida. Uma artista em estado bruto, tão perturbadora quanto genial. 

Amy Winehouse 

Photo by Phil Griffin

Há quem tente resumir a Amy Winehouse num clichê do tipo “rockstar que perde tudo para o vício em drogas, genialidade desperdiçada, blá blá blá…” Quem diz isso não poderia estar mais errado, cara! A história da Amy Winehouse é única, apesar de conter sim alguns clichês que, infelizmente, ainda se abatem muito sobre as mulheres, sejam elas estrelas pop ou ilustres desconhecidas. Desde muito criança, Amy já demonstrava aptidão para a arte, em especial a música. Porém era muito tímida. Quando chegou na adolescência e começou a fazer suas primeiras apresentações, como cantora, se sentia insegura, sofria de ansiedade, e isso culminou numa bulimia que não foi tratada. A bulimia e a anorexia são mais comuns do que a gente pensa, mas muito pouco se fala a respeito. Aliás, cabe aqui um parênteses pra homenagear outra mulher incrível e talentosíssima, a Karen Carpenter, que morreu muito jovem em decorrência da anorexia. Mas voltando à Amy, ela foi uma menina que sempre respirou música. Teve uns empreguinhos pra levantar uma grana, mas se realizava mesmo se apresentando em clubes de jazz em Londres. Entre 2000 e 2001 ela já era conhecida no circuito undeground de jazz da cidade e tinha uma fita demo na mão. Um amigo de um amigo conseguiu uns contatos e por fim, em 2002 ela assinou com a EMI, lançando seu primeiro disco pelo selo Island Records. O disco Frank foi lançado em 2003 e foi bem recebido pela crítica, mas sem venda expressiva. Mas o jogo virou mesmo em 2006 com o antológico disco Back to Black. Amy Winehouse se mostrou uma cantora impressionante e uma compositora sensível e bem articulada, com uma sonoridade super plural. E é em cima dessa obra, curta, mas irretocável, que Amy Winehuse se imortalizou. Todo mundo sabe das tretas do casamento conturbado dela, dos vícios em drogas, dos bafões estampados nos tablóides britânicos. Mas, cara, essa mulher revigorou a música pop, revolucionou o R&B moderno e é modelo até hoje como estética fashion. A Amy Winehouse é f*d@, e para sempre será! 

Elza Soares 

Photo by Daniel Barboza

Por falar em música e mulher f*d@, a gente finaliza essa lista com uma das mulheres mais emblemáticas da história moderna do Brasil. Nascida Elza Gomes da Conceição no Rio de Janeiro em em 23 de junho de 1930, Elza Soares conseguiu traduzir toda uma vida em música. Amores, tragédias familiares, pobreza, racismo… tá tudo lá, em mais de 60 anos de carreira musical. Logo na adolescência Elza já sentia na pele negra a dureza de ser mulher. Após ser abusada sexualmente por um “amigo” de seu pai, ela foi obrigada a se casar com esse “amigo” aos 13 anos de idade, para ter sua honra de mulher (vulgo virgindade) limpa. E, é lógico que depois de casada, vieram mais abusos e violência doméstica. Teve seu primeiro filho aos 14 anos. Com 15 anos viu seu segundo filho morrer de fome… olha a vida da Elza Soares dava um texto enorme! Enfim. O tal “amigo” finalmente morreu de tuberculose quando ela tinha 21 anos. Foi quando se viu livre para tentar realizar seu sonho: ser cantora. Vale lembrar que desde adolescente ela já se arriscava a compor umas canções. A entrada de Elza Soares no showbiz é revelador. Vestida humildemente, com um penteado todo troncho, ela se apresentou no programa de calouros de Ary Barroso. Quando a viu, o velho maestro, com bom humor perguntou: “De que planeta você veio, minha filha?”. Ela respondeu enfática: “Do mesmo planeta que o senhor, Seu Ary. Do planeta Fome.”. E é lógico que ela cantou, ganhou nota máxima e dali pra começar a gravar discos e etc, foi um pulo. Em 1962 ela já tinha uma carreira musical bem sucedida quando conheceu o craque responsável pela conquista da primeira Copa do Mundo do Brasil, o jogador Garrincha. Os dois começaram a namorar e Elza quase perdeu sua carreira de cantora, já que Garrincha abandonou sua então esposa para ficar com Elza. O público, que adorava Garrincha, começou a perseguir Elza acusando-a de destruir o casamento do jogador. Olha, foi um casamento muito conturbado. Anos depois, já morando juntos, Garrincha sofre um acidente de carro onde a mãe de Elza, que estava junto com ele, acaba morrendo. Ele entra em depressão, começa a beber muito e acaba por abandonar o futebol. Com o alcoolismo, vem a violência doméstica, o ciúmes exagerado e uma cirrose hepática que o matou em 1983. Elza segue a vida sempre cantando, gravando discos, fazendo shows… e sempre se reinventando, aglutinando novos gêneros musicais. Cantou samba, jazz, soul, funk, R&B, bossa nova, rock e até hip hop. Ela nunca parou de fazer música! Ela tem 33 discos gravados entre 1960 e 2021, sem falar nos 3 discos ao vivo e nas 7 coletâneas. Elza Soares morreu de causas naturais no dia 20 de janeiro de 2022, aos 91 anos de idade. Por coincidência, 39 anos depois, exatamente no mesmo dia que morreu Garrincha, que apesar de tudo, foi seu grande amor. Olha, a Elza Soares realmente é uma das representantes mais genuínas das mulheres não só no Brasil, mas no mundo. 

É impressionante! A vida de cada uma dessas 5 mulheres daria um livro. Resumí-las a um parágrafo é tarefa inglória. Mas a ideia é justamente que você queira saber mais e vá ler, assistir filmes, documentários… conhecer a obras de cada uma delas! Na real a gente sabe que a vida de toda mulher certamente daria um livro incrível, cheio de emoções e atitude, coragem, trabalho, ousadia e força! O dia 8 de março existe pra gente lembrar disso e entender de uma vez que igualdade não é só dividir a conta do bar, ter salário igual ou lavar uma louça no lugar dela de vez em quando. Essa igualdade tem a ver com respeito, com humanidade e sensatez. E é lógico que esses valores estão impregnados do DNA da Strip Me, que sempre celebra a diversidade, a igualdade, a responsabilidade, tudo encharcado de muito barulho, diversão e arte! Então confere lá na nossa loja os lançamentos e as estampas de arte, cinema, música, cultura pop e muito mais! 

Vai fundo! 

Para ouvir: Aquela playlist 100% Girl Power pra você curtir a semana da mulher! Girl Power Top 10 tracks

Para assistir: Tem muitos filmes excelentes sobre grandes mulheres, de A Cor Púrpura a Thelma & Louise. Mas hoje recomendamos um filme que não recebeu tanta atenção do grande público, mas é um filmaço, com uma fotogrfia linda, um roteiro forte e bem construído e uma atuação intensa da ótima atriz Reese Whiterspoon. É o filme Wild, lançado em 2014, dirigido pelo Jean-Marc Vallée, roteiro do Nick Hornby e uma história incrível de uma mulher que resolve atravessar os Estados Unidos a pé para tentar se recuperar de alguns traumas pessoais. É um filmaço! 

Para ler: Uma leitura tão deliciosa quanto fundamental é a excelente autobiografia da atriz Fernanda Montenegro! No livro Prólogo, Ato, Epílogo: Memórias de Fernanda Montenegro, ela canta com delicadeza e fluidez toda a sua história, que é cheia de momentos interessantíssimos! Mais uma história de uma mulher com M maiúsculo que merece ser lida. 

Big Brother is Watching You

Big Brother is Watching You

Telas! Telas por todos os lados! Todas as suas vontades, interesses, virtudes, defeitos, são revelados! Uma nova linguagem é criada para designar conceitos, novas palavras são incluídas no dicionário, enquanto outras caem em desuso. E, acima de tudo, sempre tem alguém assistindo você! Isso tudo pode ser aplicado às redes sociais, ao novo lifestyle mundial de estarmos sempre conectados, afinal tudo isso é uma realidade. Porém, essas ideias e noções de comportamento descrevem igualmente as características da sociedade criada pelo escritor George Orwell. E o espantoso é que ele escreveu tudo isso em 1948, quando ainda não existia sequer o conceito da internet. Orwell descreve uma sociedade futurista, em que a sociedade vive cercada de telas, e é controlada por elas. Controle este, manipulador e castrador, regido por um governo autoritário, misterioso e muito eficiente. Para George Orwell este futuro era o ano, para ele longínquo, de 1984, ano que também é o título do livro, que se tornou um clássico absoluto da literatura mundial e uma obra quase que premonitória do que seria o futuro da humanidade. Mais do que isso, este livro acabou inspirando um dos programas de TV mais revolucionários, polêmicos e rentáveis do mundo! 

Em 1997, na Alemanha, foi feito um experimento antropológico colocando algumas pessoas dentro de uma casa por alguns dias sem contato nenhum com o mundo exterior, sem televisão, sem telefone e etc, para ver como essas pessoas se comportariam em diferentes situações e tal. Um jovem holandês leu sobre esse experimento e imaginou que isso poderia render um programa de TV interessante. Ele estava começando uma produtora de audiovisual na época, e procurava ideias diferentes, inovadoras, para desenvolver. Seu nome era John De Mol, e sua produtora fora batizada Endemol. Essa ideia de confinar pessoas numa casa ficou fermentando na cabeça de John De Mol até 1999, quando ele conseguiu desenvolver a ideia e resolveu produzir um piloto. 

Nós aprendemos, de maneira bem didática, no filme Pulp Fiction o que é um piloto. Nas palavras de Jules Winnfield: “Sim, mas você está sabendo que existe uma invenção chamada televisão, e que nela são transmitidos programas de TV, certo? Então. A maneira como eles escolhem que programa vai ser transmitido é fazendo um programa e mostrando para as pessoas. Esse programa é chamado de piloto. Então eles mostram esse programa para produtores de TV e outras pessoas e, com base nisso, eles decidem se vão fazer mais programas. Alguns pilotos são escolhidos e se tornam programas de televisão. Alguns não dão em nada.”. Bom, o John De Mol fez um piloto. Alugou duas casas de veraneio no interior da Holanda, em uma delas fez todo um aparato de espelhos e encheu a casa de câmeras. Na casa vizinha, colocou os monitores, todo o equipamento de edição e alojou todo o staff de produção. Enquanto aconteciam as filmagens, logo nos primeiros dias, De Mol reparou que todas as pessoas da produção, do cozinheiro ao editor de vídeo, não desgrudavam dos monitores, acompanhando a vida das pessoas da casa ao lado. Ali ele soube que seria um sucesso. Inspirado pelo livro de George Orwell , vendo que todos na casa estavam sendo vigiados 24 horas, e recebiam ordens de uma voz anônima, De Mol batizou o seu programa de Big Brother. 

Naquele mundinho de 1984 do George Orwell as pessoas eram criadas desde muito novas a temer e respeitar o Big Brother, uma espécie de entidade que personificava o governo. O Big Brother era uma voz e um rosto em todas as telas, que dava ordens, instruía as pessoas e ditava o que era certo e errado. Era frequente ver nas telas e cartazes pela cidade o assustador lembrete: “The Big Brother is watching you”. Realmente, as pessoas tinham até mesmo dentro de suas casas várias telas, que não só transmitiam as imagens do Big Brother como funcionavam como câmeras. Qualquer atitude subversiva era prontamente vista e combatida. O protagonista da história, Winston, descobre um lugar em sua casa, onde era para ter um armário, em que nenhuma tela o vê. Ali ele começa a escrever seus pensamentos, algo totalmente proibido pelo governo. E esse é o começo da trama toda. 

Não poderia ter sido uma escolha melhor! John De Mol se fez valer de uma entidade da ficção que representa o fascismo, o autoritarismo, o cerceamento de liberdade, para batizar um programa de TV que, por mais que tenha esse viés de confinamento, várias regras e etc, se presta a mostrar pessoas discutindo, conversando abertamente, se adaptando a uma convivência e até mesmo transando livremente. Tudo isso mostrado em rede nacional, e ainda gerando muito dinheiro com publicidade. A primeira edição do Big Brother aconteceu em 1999 na Holanda e foi um sucesso avassalador. Gerou polêmica no mundo todo! O termo “reality show” não existia. A internet engatinhava na época, mas De Mol conseguiu que as câmeras transmitissem 24 horas por dia abertamente num site. O engraçado disso é que rolava uma edição forte para ser transmitido na TV em determinado horário, de forma resumida o que se passava na casa. Os técnicos e editores ficavam monitorando tudo. Quando começava alguma treta mais acalorada, ou algum casal se pegando, a transmissão da internet era cortada, para fazer com que as pessoas assistissem ao programa na televisão. Desde então, a coisa cresceu absurdamente e a Endemol começou a vender o formato, com o nome, e tudo, para emissoras de TV de vários países. 

Não é só o nome que foi tirado do livro de Orwell. Na história de 1984, se alguém era flagrado cometendo qualquer ato que fosse contra os mandamentos do governo, essa pessoa era presa e levada para o… confessionário! Era onde essa pessoa teria a oportunidade de se explicar antes de ser transferida para o Ministério do Amor, onde seria tratada carinhosamente com eletrochoques, lobotomia e toda a sorte de procedimentos que pudessem convencer a pessoa de que ela estava errada. Sim, convencer. O protagonista, Winston, em certo momento da história, acaba preso por ter pensamentos subversivos e contra o governo. Seu interlocutor, enquanto o tortura com choques, lhe mostra a mão com 4 dedos estendidos e o polegar escondido. Ele pergunta: “Quantos dedos você vê, Winston?” e ele responde: “4.”. “Errado São 5 dedos.” e dá-lhe choque. Depois de muita tortura e choques, Winston finalmente afirma que vê 5 dedos, mesmo sendo apenas 4 que são mostrados. O interlocutor então diz: “Não quero que minta para mim. Eu quero que você realmente acredite que está vendo 5 dedos” e continua as sessões de choque e tortura. Essa passagem do livro, inclusive, inspirou a ótima música 2+2=5, da banda Radiohead. Aliás, 1984 é uma obra amplamente influente em todos os meios artísticos. Se você achou que essa coisa toda de telas, estar sempre vigiado, controle de pensamento e liberdade é muito Black Mirror, você acertou. Os criadores já admitiram que a obra de Orwell sempre foi uma forte inspiração para a série. Sem falar que apesar de não ter criado o programa, os direitos de Black Mirror pertencem a que empresa? Acertou quem disse Endemol! 

É verdade! Depois de vender o formato do Big Brother para vários países mundo afora, a Endemol se especializou nisso, criar e comprar os direitos de programas de tv dos mais variados para vendê-los pelo mundo. Para se ter ideia, Masterchef, Extreme Makeover, A Fazenda, Masked Singer e muitos outros são programas criados e vendidos como franquias no mundo todo pela Endemol. Mas com certeza, o líder é o Big Brother! Aquele que começou tudo e abriu o caminho para um novo mundo: os reality shows! A vida como ela é, pessoas de verdade, tudo mostrado para você em quantas telas você quiser. Pode ser na tv, no tablet, no computador, no celular! E tudo na hora que você quiser! Sempre vai ter uma câmera à espreita de quem você queira assistir. Em seguida, você vai na sua rede social favorita e faz um vídeo comentando sobre o que você viu! Qual é a sua opinião? Sempre vai ter alguém querendo saber. Sempre vai ter alguém assistindo você! 

Semana passada estreou a 22ª edição do Big Brother Brasil. É um programa de sucesso indiscutível, mas que gera muita discussão pela qualidade do conteúdo apresentado. Certamente é uma discussão que tem seu valor. Mas o mais importante é que exista a liberdade de um programa como este ser exibido, a liberdade das pessoas de assistirem ou não, de opinarem a favor ou contra. Não menos importante é entender de onde saiu todo esse conceito de Big Brother, confessionário e etc. 1984 é um livro essencial para entender a sociedade moderna e os modelos de política e comportamento que moldaram a humanidade até hoje. Entendendo de onde a gente veio, fica mais fácil saber pra onde a gente vai. 

Agora pense você: Um programa de TV super polêmico, que gera discussões super interessantes sobre diversidade, posicionamentos, sexualidade, convivência, festas e ainda geram uma enxurrada de memes divertidíssimos, e um livro que influenciou de David Bowie a Mano Brown, de Stanley Kubrick às irmãs Wachowski, de Anthony BurgessChuck Palahniuk. É lógico que tudo isso faz parte do universo Strip Me! Então aproveita para dar uma espiadinha nas novas estampas da nossa loja

Vai fundo! 

Para ouvir: Como foi dito, o livro de George Orwell inspirou muita gente a compor canções que fazem referência ao livro 1984. Aqui você confere as mais legais. 1984 Top 10 Tracks

Para assistir: Claro que o livro 1984 já foi adaptado para o cinema. Mas não funcionou muito bem. O filme é cansativo. Mas tem muito filme bom que tem muita influência da obra maior de George Orwell. Um deles é o excelente O Show de Truman, dirigido pelo Peter Weir e lançado em 1998. Um filme divertido, emocionante e muito impactante. Recomendadíssimo! 

Para ler: Aí sim! Não tem como não recomendar a leitura de 1984, clássico de George Orwell lançado em 1948. A editora Companhia das Letras reeditou a obra recentemente, numa edição de luxo, com capa dura e vários apêndices com ensaios sobre a obra e as capas que o livro já teve em diversos países. Vale a pena conferir e é essencial que que seja lido! 

Pulp F*ckin’ Fiction!

Pulp F*ckin’ Fiction!

Logo de cara as pessoas não entenderam o Nirvana. O Nevermind foi lançado em setembro de 1991 e foi subindo aos poucos a lista de discos mais vendidos. Vendas estas impulsionadas pelo clipe de Smells Like Teen Spirit e tal. O disco foi um sucesso, Come As You Are nas rádios… Mas as pessoas realmente ainda não entendiam a banda. A compreensão mesmo da importância do Nirvana para a música e como o Nevermind foi um divisor de águas só veio alguns anos depois da morte do Kurt Cobain. Foi quando as pessoas puderam olhar com certa distância e ver toda a cena grunge, as bandas que vieram depois como o Silverchair e outras. A mesma coisa aconteceu com outro marco fundamental dos anos 90: o filme Pulp Fiction.

Hoje em dia Pulp Fiction é facilmente considerado um dos filmes mais importantes da história do cinema. É inovador, apesar de ser um retrato super fiel de seu tempo. Muita gente já conhece a história de Quentin Tarantino para chegar em Pulp Fiction. Mas vale a pena dar uma geral aqui. Tarantino tinha escrito os roteiros de Amor à Queima Roupa e Assassinos por Natureza, que foram vendidos e ganharam as salas de cinema pelas mãos de Tony Scott e Oliver Stone respectivamente. Com a grana desses filmes, ele pôde viabilizar Cães de Aluguel. O roteiro caiu nas graças de Harvey Keitel, ator já muito respeitado em Hollywood, que topou atuar no projeto e atraiu outros atores e a confiança dos estúdios. O filme é lançado em 1992 com ótima aceitação da crítica, mas sem grande sucesso de público. Neste ponto Tarantino consolida seu nome na indústria e parte para um projeto um pouco mais ousado.

A trajetória do Nirvana e do Quentin Tarantino são bem semelhantes nesta transição do início da carreira para uma explosão de popularidade. Ambos tiveram estreias promissoras, bem faladas, mas sem popularidade, o disco Bleach e o filme Cães de Aluguel. Trabalhos que deram estofo para que eles pudessem dar passos mais livres para criar sua grande obra. É até difícil dizer o que faz de Pulp Fiction um filme tão espetacular. Mas com certeza o roteiro é parte fundamental.

Ainda que o jovem Roger Avary seja creditado como co-autor do roteiro de Pulp Fiction, é evidente que Tarantino é quem comandava o show. Tarantino tem o talento de escrever diálogos simples, fluídos, interessantes e que, em poucos minutos, entregam uma profundidade inacreditável dos personagens. No brilhante diálogo entre Jules e Vincent no carro, na primeira cena após os créditos de abertura, você já entende que são dois caras que trabalham juntos, tem um grau de amizade, são bandidos, curtem drogas… é muita informação num diálogo simples sobre fast food na Europa. E este é só o começo. O roteiro todo é recheado desses diálogos. Além de tratar de histórias distintas, mas que se cruzam em algum momento, foi também o trabalho de edição e montagem que fez toda a diferença.

Em 1992 Cameron Crowe lançou o filme Singles, todo baseado na cena musical de Seattle e que conta três histórias distintas que se cruzam em alguns momentos. O filme é bem divertido e tal, mas não é memorável. Quando Crowe viu Pulp Fiction em 1994, chegou a declarar que finalmente tinha entendido como montar e editar um filme com histórias paralelas, admitindo que seu flme era bem simplório neste aspecto. Cameron Crowe não deveria ser tão exigente consigo mesmo, porque aquela montagem e edição de Pulp Fiction nunca havia sido feita antes na história do cinema. Nunca ninguém subverteu e misturou a cronologia de uma trama daquele jeito. E funciona lindamente. Aliás, é um dos charmes do filme, essa cronologia zoneada, que impressiona muito quando se assiste pela primeira vez, mas não se torna cansativa quando se assiste de novo, e de novo, e de novo…

Além do mais, neste filme Tarantino nos entrega duas coisas impensáveis naquela primeira metade dos anos 90: John Travolta sendo levado a sério como ator e o ressurgimento da surf music. O elenco de Pulp Fiction é incrível porque Tarantino apostou alto. Trouxe um John Travolta desacreditado, vindo de comédias pequenas e meio rechonchudo, apostou em nomes muito pouco conhecidos como Uma Thurman e Samuel L. Jackson e se ancorou em dois grandes nomes com ótimos papéis, mas sem grande protagonismo, Harvey Keitel e Bruce Willis. Talvez o fato de que não exista um grande protagonista faz com que todas as atuações sejam irrepreensíveis. Já a trilha sonora, com o perdão do clichê, é um personagem a mais no filme. É uma trilha sonora tão fantástica e com uma conexão tão forte com as cenas, que não dá pra dissociar uma coisa da outra, ou dizer, “Ah, naquela cena, podia ter tocado tal música ao invés dessa.”. Assim como não dá pra imaginar outro ator interpretando o Jules, não dá pra imaginar outra música que não seja Girl, You’ll Be a Woman Soon na cena pré overdose da Mia.

Mas o fato é que Pulp Fiction não foi um sucesso arrasador de bilheteria quando foi lançado nos cinemas. Mas virou ítem cada vez mais concorrido nas vídeo locadoras com o passar dos anos (vídeo locadora era como se a Netflix tivesse uma loja física e você fosse lá pegar um filme emprestado, em VHS ou DVD e tivesse que devolver depois). Anos depois de seu lançamento, Pulp Fiction passou a ser visto como um divisor de águas. Antes dele, a violência não era tão explícita e os diálogos não eram tão casuais. De repente, ficou mais comum ver um filme como Clube da Luta e diálogos como “Com que celebridade morta você lutaria?” “Gandhi.” “Boa resposta.”. E se tornou mais raro ver personagens como Stallone Cobra dizendo “Você é a doença e eu sou a cura.” antes de disparar um tiro de escopeta.

Pra finalizar, podemos fechar o paralelo entre Quentin Tarantino e Nirvana. Para ambos, sua segunda obra foi a mais marcante e tida como sua obra máxima. Depois de Pulp Fiction, Tarantino tirou um pouco o pé do acelerador e pegou um roteiro pronto para somente dirigir, uma coisa menos autoral e mais leve. Veio Jackie Brown. Depois do Nevermind, o Nirvana também fez o mesmo e lançou Incesticide, um disco com sobras de estúdio, demos e covers. Em seguida, a banda ressurgiu com um disco forte para reafirmar sua posição de grande banda de rock. Foi lançado In Utero, que até poderia ter sido um disco duplo, pelo que dizem. Tarantino também resolveu reafirmar seu posto de diretor autoral cheio de referências com a saga Kill Bill. Depois do In Utero, o Nirvana acabou. Mesmo sem a morte de Cobain, a separação era inevitável. Era preciso se renovar. Assim como Tarantino. Depois de Kill Bill, Tarantino passou a vislumbrar novos ares e passou a produzir filmes considerados de época, numa clara guinada de renovação e renascimento de sua carreira.

Mas ainda é Pulp Fiction a obra mais importante de Tarantino. Um filme que representa uma renovação artística, uma ode a boa música, uma quebra de padrões estéticos e muita diversão! Certamente um dos filmes favoritos na Strip Me, uma fonte de inspiração e um ícone inconfundível da cultura pop.

Vai fundo!

Para ouvir: Claro, aquela seleção das melhores da trilha sonora do Pulp Fiction! Top 10 Tracks Pulp Fiction.

Para assistir: Imperdível o curta divertidíssimo Tarantino’s Mind. Curtametragem de 2006 dirigido por Bernardo Dutra e Manitou Felipe, com Selton Mello e Seu Jorge no melhor papel de suas vidas trocando ideia num bar sobre os filmes do Tarantino. Disponível completinho e free no Youtube.

O que esperar de 2022

O que esperar de 2022

Sim! Estamos oficialmente em 2022. Já passamos pelos festejos de despedida de 2021 e de saudação ao ano novo. Nos primeiros dias úteis do ano começamos a olhar para frente e imaginar o que vem por aí. Claro, nossa maior preocupação é com a saúde. Passamos pelos momentos mais sombrios e dolorosos da pandemia, vivenciamos a chegada das vacinas e o alívio de observar a queda vertiginosa de número de óbitos e internações. Mas também estamos diante de novas variantes do vírus e sabemos que, ainda que possamos flexibilizar um pouco as regras, a proteção, o cuidado e a vacinação ainda são essenciais. Tendo isso em mente, podemos respirar fundo se preparar para um ano que, com certeza será muito movimentado, cheio de momentos históricos importantes, eventos grandiosos e muita arte. 

Para começar, 2022 é um ano muito importante para a história do Brasil. No dia 7 de setembro vamos celebrar o bicentenário da Independência, um momento muito importante de reflexão política e social do país, ainda mais num ano de eleições presidenciais. Outro momento importantíssimo para a nossa história política e social foi a Revolta dos 18 do Forte, que foi o pontapé inicial no movimento tenentista e a luta pelo fim da República Velha. A Revolta dos 18 do Forte completa 100 anos no dia 5 de julho. Mas não só de eventos políticos se vive! Ainda mais pra nós, que gostamos de uma vida encharcada de diversão e arte! Neste ano vamos celebrar os 100 anos da Semana de Arte Moderna de São Paulo, A famosa Semana de Arte Moderna de 1922. Um momento mágico das artes no Brasil, quando os artistas conseguem condensar o naturalismo e as origens culturais brasileiras com o que havia de mais vanguarda na Europa. Uma verdadeira revolução nas artes plásticas, na literatura e na música. A Semana de Arte Moderna de 1922 aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. E você pode ter certeza que a Strip Me não vai deixar esse momento tão importante da nossa arte passar batido. Vem coisa boa por aí! 

Este ano também será marcado por grandes eventos. Claro, contando com todos os protocolos de segurança, proteção e etc. Mas enfim, estão confirmados para este ano vários eventos esportivos e culturais. Entre eles o mais significativo certamente é a Copa do Mundo de futebol, que acontece no Qatar. Será uma Copa do Mundo bem diferente, a começar pela época do ano em que vai acontecer. Estamos acostumados a acompanhar a Copa em julho, no meio do ano. Pois desta vez o torneio vai rolar entre os dias 21 de novembro e 18 e dezembro. Isso porque o Qatar está localizado numa região do hemisfério norte em que o calor no verão, julho e agosto, no caso, é tão forte que torna impossível a prática de qualquer competição esportiva. Então teremos que aguardar até o fim do ano para acompanhar, não só os jogos, mas também a nossa gloriosa fábrica de memes e os comentaristas de Twitter que tão bem nos entretêm. 

Além da Copa do Mundo, também tem muito festival de música confirmado com grandes atrações. Começando pelo Coala Festival, já tradicional festival de música brasileira que rola em São Paulo. Agendado para os dias 17 e 18 de setembro, vai rolar no primeiro dia Alceu Valença e Gal Costa, com participação do Tim Bernardes, vocalista e principal compositor da banda O Terno. No dia seguinte as atrações principais serão a rainha da MPB Maria Bethânia, o excelente rapper Black Alien, que já fez parte do Planet Hemp, e também a cantora mineira Marina Sena. Mais voltado pro rock, e também já tradicionalíssimo, é o João Rock, que rola em Ribeirão Preto (SP). Famoso por reunir um número imenso de grandes personalidades em cada edição, este ano vai contar com Titãs, CPM 22, Humberto Gessinger, Planet Hemp, Emicida, Pitty, Gabriel o Pensador, Barão Vermelho, Erasmo Carlos e outros no dia 11 e junho. Antes, logo ali, em março, mais especificamente nos dias 25, 26 e 27, rola também o icônico Lollapalooza Brasil em São Paulo. É um dos maiores festivais do mundo e este ano traz gente como The Strokes, Doja Cat, Machine Gun Kelly, Miley Cyrus, Asap Rocky, Alok, Foo Fighters, Black Pumas, Emicida, Fresno, Detonautas e muitos outros. Claro que também precisamos falar do colossal Rock In Rio, uma verdadeira instituição da música no Brasil. O festival acontece do dia 2 ao dia 11 de setembro e traz Post Malone, Demi Lovato, Justin Bieber, Alok, Coldplay, Iron Maiden, Megadeth, Sepultura, Joss Stone, Avril Lavigne, Green Day e muito mais. Haja vacina, álcool gel e máscara pra tanta coisa! 

Ainda sobre eventos, vale ficar de olho nas programações do MASP e do MIS em São Paulo neste ano. O MASP vai trazer pelo menos três exposições de grandes metres da pintura contemporânea do Brasil: Alfredo Volpi, Abdias Nascimento e Luiz Zerbini. Já o MIS está com uma exposição interativa sobre a Rita Lee, que vai até o dia 20 de fevereiro e que está sendo muito elogiada. Além disso, o museu tem programada para este ano uma exposição do mestre Portinari. 

Ainda vivendo uma indefinição imensa entre a sala de cinema e o streaming, a indústria do cinema segue produzindo e promete grandes lançamentos para 2022. Não dá pra negar que dá um certo desânimo ao bater os olhos na lista de lançamentos do ano. Fica cada vez mais evidente que o cinema vem sofrendo uma crise criativa profunda. Praticamente todos os filmes anunciados não são roteiros originais, são filmes baseados em quadrinhos, remakes e continuações de filmes antigos. Filmes autorais, originais, infelizmente estão em falta. Vem aí Pânico 5, Missão Impossível 7, Jurassic World 3, Legalmente Loira 3, e até mesmo Top Gun: Maverick, uma inusitada continuação do clássico oitentista Top Gun: Ases Indomáveis. Além disso, tem os filmes de heróis dos quadrinhos, Batman, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Thor: Love and Thunder e Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Convenhamos que, apesar da falta de títulos originais, diversão não vai faltar nas telonas e nos streamings. 

No mundo da música, foi-se o tempo em que os fãs esperavam ansiosamente o lançamento de um novo disco. Hoje em dia, muita gente nem lança mais disco, preferindo lançar digitalmente nas plataformas de áudio e no Youtube uma ou duas músicas como single. Mas enfim, mesmo assim, ainda tem gente que curte, ainda que nos moldes digitais, produzir um álbum completo. E tem vários lançamentos esperados para 2022. Já estão garantidos lançamentos inéditos de Arctic Monkeys, Avenged Sevenfold, Tears for Fears, The Weeknd, Eddie Vedder, Jack White e Liam Gallagher. No Brasil os mais aguardados são os novos lançamentos de Anitta, Pitty, Planet Hemp e Otto. Sem música boa e fresquinha, esse ano a gente não fica! 

Enfim. Já deu pra sacar que 2022 é um ano que vem chegando com tudo! História, política, sociedade, saúde, esporte, música, cinema, artes plásticas… tem de tudo, bicho! Um ano pra gente pensar muito, agir ainda mais e também curtir muito, aproveitar a vida e se divertir! Tudo com muita responsabilidade, é claro! Que 2022 venha com muita saúde, barulho, diversão e arte

Vai fundo! 

Para ouvir: Uma playlist empolgante com músicas alto astral pra começar bem o ano! Top 10 tracks Up 2022

SIGNIFICADO & HARMONIA: O Guia Strip Me para Presentear

SIGNIFICADO & HARMONIA: O Guia Strip Me para Presentear

Chegou o fim de ano! Aquele tempo delicioso de dar e receber presentes! Mas você já deve ter percebido que presentear uma pessoa querida não é assim tão simples. Muitas vezes você conhece os gostos e interesses da pessoa, mas não sabe bem o que ela tem, o que não tem e tal. Por isso, nós, aqui da Strip Me, resolvemos te ajudar a presentear até mesmo aquela pessoa que você tirou no amigo secreto da empresa, mas não tem tanta intimidade. Se liga.

— Roots —

Aqui temos dois exemplos do que realmente sedimentou a estrada para o que conhecemos hoje como cultura pop. Os escritores como Jack Kerouac , Allen Ginsberg e William Burroughs, que encabeçam a famosa geração Beatnik influenciaram todo mundo, de Francis Ford Coppola a Bob Dylan, passando por Jim Morrison e Andy Warhol. Junto com os escritores beat, também florescia o jazz como uma música moderna e excitante que revitalizaria o blues e ajudaria a criar ícones da música e do cinema como Frank Sinatra e Tony Bennett. E foram instrumentistas como Dizzy Gillespie e Miles Davis, além de muitos outros gênios, que fizeram essa mágica acontecer.

Essas estampas harmonizam com: Pessoas introspectivas, de humor cítrico, que tomam café sem açúcar, vestem calça jeans e alpargatas sem meia. São fiéis aos discos de vinil e aguentam assistir …E O Vento Levou inteiro sem dormir.

— Cinéfilos —

O cinema faz parte da nossa vida, né? Mas para algumas pessoas o cinema é mais que um passatempo, é uma forma de expressão, uma maneira de se inspirar para fazer de sua própria vida algo extraordinário. Filmes como De Volta Para o Futuro são encantadores e realmente conseguem nos transportar a uma outra realidade para mostrar que é importante ser fiel a si mesmo e acreditar no que faz. Por outro lado, filmes como como Taxi Driver nos trazem a realidade na cara de uma maneira contundente e hipnotizante. E, olha, tem muitas outras camisetas que captam essa essência dos filmes mais legais do mundo. Tarantino, Zemeckis, Kubrick, Spielberg, Tim Burton… tá todo mundo lá na Strip Me!

Essas estampas harmonizam com: Pessoas auto centradas, com alto teor de senso crítico e pitadas de implicância. Tomam água com gás e não gostam de salada. Dizem que Cães de Aluguel é melhor que Pulp Fiction.

— Músicos —

A música é outra coisa que exerce grande influência sobre nós. Mas tem uma diferença entre quem ouve música só pra curtir e quem não consegue fazer nada sem escolher aquele disco determinado pra ouvir. Ainda mais se essa pessoa toca algum instrumento, faz parte de uma banda… aí é o pacote completo! Ainda bem que a Strip Me também tem fascinação por música boa e exalta o revolucionário Daft Punk, o seminal Sex Pistols, sem falar dos mestres Beatles, Rolling Stones, Dylan e outros divisores de águas como Sonic Youth, Nirvana, Amy Winehouse… tem pra todos os gostos!

Essas estampas harmonizam com: Pessoas levemente indisciplinadas, de humor caótico e forte aroma herbáceo. Tomam cerveja de qualquer marca, usam tênis All Star surrado e vivem olhando pro chão procurando uma palheta que estava no bolso da calça.

— Intelectual —

Se é a arte que imita a vida ou a vida que imita a arte, nós jamais teremos certeza. Mas ainda bem que temos no mundo pessoas que se dedicam a tentar entender a relação entre a vida e a arte e são tão apaixonadas por este mundo tão bonito e complicado ao mesmo tempo. Mas realmente não tem como não se encantar com uma obra como O Beijo, do Klimt, ou a impressionante A Dança, do Matisse. Do surrealismo de Dali ao classicismo do Da Vinci, passando pela Pop Art do Warhol, não faltam opções para ver a arte através de diversas perspectivas na loja da Strip Me.

Essas estampas harmonizam com: Pessoas misteriosas, de humor sóbrio e coloração intensa. Tomam vinho tinto e, eventualmente, fumam cigarros de sabor canela ou menta. Usam boinas ou chapéu de aba curta e acham Star Wars um filme sem graça.

— Zen —

Mas a gente não vive só de arte, música e filmes, né? É tão bom separar um tempinho pra você mesmo, acender aquele incenso, fazer uma meditação, limpar a mente. E manter o corpo e a mente saudáveis passa necessariamente pela harmonia dentro de casa, coisa que fica muito mais fácil quando se tem muitas plantinhas ao redor. Cultivar plantas em casa e levar uma vida centrada naquele velho conceitinho hippie paz e amor é tão bom que a Strip Me tem coleções especialmente dedicadas a essas atitudes!

Essas estampas harmonizam com: Pessoas desencanadas, de humor leve, com porções generosas de tranquilidade e retrogosto de cultura oriental. Tomam chá, são vegetarianos e preferem aplaudir o pôr-do-sol a discursos políticos.

— Generalista —

Você pode não acreditar, mas ser um generalista é algo muito bom. Porque permite que você possa ter vários interesses, hobbys e gostos distintos, sem a profundidade e o compromisso de um aficionado. Este desprendimento permite encarar tudo com bom humor, apreciar a fina arte dos memes e conversar livremente sobre qualquer coisa com quem quer que seja. Libertador, né? É assim que a Strip Me encara a cultura pop! Misturar a arte erudita com meme, música com cartum, vira-lata caramelo com Gremlin, tudo com muita liberdade e bom humor!

Essas estampas harmonizam com: Pessoas extrovertidas, muito bem humoradas e cheias de histórias condimentadas pra contar. Bebem o que a maioria do pessoal na mesa estiver bebendo, vestem bermuda e estão em dúvida se tatuam um índio Cherokee ou um tribal Maori no braço esquerdo.

— Retrô —

Sejamos francos. Às vezes tanta tecnologia cansa a gente. Principalmente pra quem já passou dos trinta e poucos, vira e mexe bate aquela saudade de quando não existia celular e a gente podia sair e fazer merda sem ser fotografado, ou então dar aquele perdido naquele cara chato que acha é seu amigão. E, olha, tem uma turma que, ainda hoje em dia, cultiva essa pegada retrô e curte ouvir vinil, decorar a casa com máquina de escrever, fitas VHS e outras coisas das antigas. E é claro que a Strip Me sabe que isso é uma maneira de expressão super charmosa e muito válida, por isso também tem uma coleção especial só nessa pegada de nostalgia.

Essas estampas harmonizam com: Pessoas descoladas, de humor sarcástico e personalidade agridoce com notas suaves de naftalina. Calçam sandália de couro igual o avô, fumam cigarro de palha, bebem Coca-Cola com Fernet e tem pavor dos remakes que o Tim Burton andou fazendo.

— Mais que amigos, Friends —

A real é que as pessoas são todas diferentes e tem personalidades únicas, né? A gente faz essas generalizações que são divertidas e tal, mas too mundo acumula pelo menos uns três desses perfis citados aqui. É isso que faz com que as pessoas sejam tão interessantes e interajam, se relacionem e criem laços tão fortes, sejam na família ou entre amigos, como um grande e divertido episódio de Friends. A gente tem certeza que você conhece muito bem quem você quer presentear, e estamos aqui pra te mostrar que seja qual for a personalidade dessa pessoa, você vai achar na loja da Strip Me o presente ideal. Tem opção até para crianças, na linha infantil! E mais. Ficou na dúvida, tem a opção de presentear com um excelente Vale-Presente! Ainda ficou na dúvida, fala direto com a gente pelo Whatsapp. Marca aí: (14) 99834 0169. Agora é só presentear e correr pro abraço!

Back To The Beatles

Back To The Beatles

De uns tempos pra cá inventaram um verbo interessante: Humanizar. Tal verbo é muito usado para descrever coisas que podem ser feitas de maneira mais artesanal, espontânea. Muitas vezes é usado de maneira exagerada, quase sem sentido. Fala-se por exemplo em humanizar partos. Praticamente um pleonasmo, humanizar o parto, subir pra cima… afinal o que pode ser mais humano do que o nascimento de um bebê? Enfim… Mas há de se admitir que é um verbo que pode ser bem utilizado, em especial quando uma personalidade torna-se tão grande no imaginário de outras pessoas, que passa a ser visto mais como uma entidade e menos como um ser humano, uma pessoa comum. 

No quesito entidade, dificilmente vamos encontrar um caso tão emblemático na história do mundo moderno como os Beatles. O grupo de Liverpool coleciona superlativos. A maior banda de rock, os maiores compositores da música pop, os melhores músicos, os discos mais perfeitos já lançados… a lista vai longe. Se eles são assim tão insuperáveis, pode até ser objeto de estudo e questionamento. Mas é inegável que os quatro Beatles foram responsáveis por uma verdadeira revolução cultural, lançaram muito material de altíssima qualidade musical e souberam vender muito bem seu peixe. Tanto é que John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr dispensam apresentações. São conhecidos até hoje, mesmo pelos mais jovens. Ainda mais agora. Afinal, foi lançado semana passada na plataforma de streaming Disney + o documentário Get Back, filme que retrata uma das últimas sessões de gravação dos Beatles juntos antes da separação definitiva da banda. 

A história toda é muito curiosa. Começou alguns anos atrás quando a Apple Corps. (empresa britânica criada pelos próprios Beatles. Não confundir com a empresa norte americana de Steve Jobs) estava pensando em fazer alguma atração que “reunisse os Beatles” usando hologramas. Ficaram sabendo que a empresa de Peter Jackson era a melhor nesse tipo de tecnologia e o convidou para uma reunião em Londres. Trataram do assunto e, no fim da reunião, Peter Jackson, que é fã dos Beatles, daqueles ardorosos, perguntou o que tinha sido feito de todos os rolos de filmes gravados ao longo do famoso Projeto Get Back que nunca saíra do papel.  Os executivos da Apple o levaram até uma sala e mostraram prateleiras e prateleiras de caixas com rolos de fita de vídeo e áudio daquelas sessões registradas no começo de 1969. Dias depois, o diretor de Senhor dos Anéis recebe um telefonema de um dos diretores da Apple dizendo “Olha, se você tiver interesse, pode dar uma olhada naquelas fitas e fazer um documentário.”. Era um sonho que se tornaria realidade para Peter Jackson e todos os fãs dos Beatles no mundo. 

O Projeto Get Back era uma empreitada multimídia em que os Beatles resolveram se meter sem planejamento nenhum. A ideia inicial era filmar os Beatles trabalhando em novas composições, que seriam apresentadas num show. Tudo isso filmado, se tornaria um especial de televisão, provavelmente um filme e também um novo disco. Mas tudo era bem abstrato. Não se sabia quais músicas seriam apresentadas, como seria o tal show, se seriam só músicas inéditas ou canções antigas da banda e de outros artistas, qual a duração do programa e TV, se realmente isso iria para as salas de cinema ou não… O fato é que no dia 2 de janeiro de 1969 a banda se reuniu com uma equipe de gravação nos estúdios Twickenham, em Londres para começar a trabalhar. Foi estabelecido um cronograma ali e a banda teria 3 semanas para compor e ensaiar, e na sequência fazer o tal show, que ainda não tinha local, data, horário, repertório… 

Parece meio caótico, e realmente era. Desde 1967, quando o empresário da banda, Brian Epstein, morreu, os quatro músicos passaram a bater cabeça para se organizar, colocar projetos em prática e manter a carreira da banda nos trilhos. Além do mais, os rapazes tornavam-se adultos, cada um com sua própria vida, relacionamentos amorosos e etc. Perdeu-se um pouco da coletividade.  Em certo momento no documentário George Martin comenta numa conversa sobre as dificuldades de George Harrison em impor suas canções que Paul e John não compunham mais juntos, mas ainda eram uma equipe. O álbum branco, de 1968, já demonstra bem as individualidades florescendo, não que isso seja cem por cento algo negativo. O que ficaria sendo conhecido no futuro, mas nunca visto até então, como Projeto Get Back capturou 60 horas de vídeo e mais de 120 horas de áudio da banda criando. Mas a banda já estava se esfarelando naquela época. John Lennon já tinha gravado seu primeiro disco solo, o experimental Two Virgins. Harrison também já falava muito sobre gravar suas canções por conta própria. E por fim, a banda ainda sofreria um racha irrecuperável em fevereiro daquele ano com a chegada de Allen Klein, notório empresário do meio musical e um canalha irremediável. Porém, um canalha carismático e convincente. Ele encantou John Lennon prometendo mundos e fundos e tecendo elogios exagerados à obra de Yoko Ono (o cara sabia onde estava pisando). Paul McCartney se recusou a ser empresariado por Klein. Foi a gota d’água que fez a banda romper definitivamente. Depois de muita discussão, em março de 1970 a banda anunciou o fim de suas atividades. Nesse meio tempo, o diretor Michael Lindsay Hogg, responsável pelas filmagens do Projeto Get Back, teve o aval para editar e lançar um filme nos cinemas para alavancar as vendas do disco Let It Be, com músicas escritas e gravadas naquelas mesmas sessões do Projeto Get Back, que foram entregues ao famoso produtor Phil Spector, que finalizou as faixas. Tudo isso lançado de maneira póstuma, já que a banda já estava oficialmente separada. Assim, em maio de 1970 foram lançados o disco e o filme Let it Be.

O filme que acaba de sair, dirigido por Peter Jackson, fez mais do que recuperar horas e horas de vídeos dos Beatles em estúdio. Ele trouxe outra face de uma mesma realidade. O filme Let It Be, de Lindsay Hogg, lançado em 1970, é pesado, dá ênfase a uma banda em conflito, até mesmo as imagens, boa parte filmadas em Twickenham, são escuras. Não é para menos. Ao lançamento do filme a banda tinha acabado de se separar e era aquilo que se esperava ver na tela. Porque tudo estava acabado, the dream is over. E Lindsay Hogg cumpriu seu papel entregando exatamente isso. E essa foi a imagem que ficou na cabeça não só dos fãs, mas dos próprios integrantes da banda, sobre aquela época.  Até por isso mesmo, eles sempre evitaram falar sobre o Projeto Get Back. Muitos acreditavam que ele nunca veria a luz do dia. Porém, assim, como a fala de John Lennon sobre ser mais popular que Jesus Cristo, em 1965, gerou uma confusão danada por ter sido colocada fora de contexto, as discussões que aparecem no filme Let It Be também são editadas e, muitas vezes, colocadas fora de contexto. 

As quase 8 horas de filme, divididas em 3 capítulos, são incrivelmente leves! Mostram um grupo de amigos se divertindo enquanto trabalham. Peter Jackson foi brilhante na montagem e edição, colocando tudo em ordem cronológica, e prende a atenção do telespectador não só pela evidente força das canções que vão sendo construídas, mas também pela confusão e pela dúvida de onde tudo aquilo vai dar, já que os ensaios são recorrentemente interrompidos por diretores e produtores querendo saber sobre o show, onde vai ser, como vai acontecer… e os quatro músicos sem saber, pois sequer tem um repertório para apresentar. Vamos ficar espertos, porque é bem capaz que saia alguma indicação ao Oscar para a edição ou montagem ano que vem. 

Outro trunfo de Get Back é mostrar essas canções incríveis sendo criadas do nada. A própria canção Get Back surge diante das câmeras enquanto Paul conversa e faz um ritmo no baixo, tocando em lá maior. Chega a ser emocionante esses momentos. Naquelas sessões, além de as músicas presentes no disco Let It Be, várias outras canções são esboçadas, que entrariam no disco Abbey Road e nos discos solo de cada um deles como Another Day, de Paul McCartney, Gimme Some Truth e Jealous Guy de John Lennon e All Things Must Pass de George Harrison. Mas o que emociona de verdade e dá uma genuína alegria de ver, é a amizade existente entre os quatro. Sobram piadas, brincadeiras, sorrisos e sinais claros de brodagem ao longo das sessões. O que vai totalmente contra a visão amarga do filme de Linsay Hogg de 1970. Ainda bem. 

Pra finalizar, importante dizer que o tal show do fim das sessões de gravação é o icônico show em cima do prédio da Apple Corps durante o dia, no centro de Londres. Que os Beatles contaram com a participação inestimável e enriquecedora do tecladista Billy Preston. Que a Yoko Ono definitivamente não teve nada a ver com o fim da banda. Que além de absurdamente talentosos, ficou evidente que os Beatles eram realmente trabalhadores, pois em 1968 lançaram um disco duplo de músicas inéditas, em dezembro participaram da divulgação da animação Yellow Submarine, no dia 2 de janeiro, provavelmente ainda de ressaca da festa de ano novo, foram trabalhar, ficando o mês de janeiro todo naquelas gravações, e em fevereiro foram para os estúdios da EMI gravar o Abbey Road. Além de tudo os caras eram umas máquinas de compor boas canções, porque realmente, era um ritmo inacreditável de gravações. 

Voltando ao início do texto, provavelmente o maior êxito de Get Back é conseguir humanizar os Beatles. Peter Jackson nos coloca como um dos membros da equipe de filmagem e nos permite observar com uma clareza nunca antes vista como aqueles jovens trabalhavam, sobre o que eles conversavam, as ideias que tinham, o humor ácido e nonsense, as dúvidas, as inseguranças… e acima de tudo a amizade. Como eles, cada um a seu modo, apoiavam um ao outro. Emociona demais ver o abraço entre Paul, John e Ringo após uma jam session raivosa no episódio da saída de George.  A forma como John aconselha George para encontrar as palavras certas na letra de Something, George e Ringo criando Octopus’ Garden e, principalmente, a alegria dos 4 tocando juntos em cima daquele prédio. 

A obra dos Beatles como um todo e este filme do Peter Jackson só reforçam a relevância do grupo no mundo. Sua influência na música, no comportamento e na cultura pop é inegável. Não importa se eles são ou não são os melhores, os maiores ou os mais geniais. Importa que eles são simplesmente incríveis. Por isso mesmo, são inspiração e influência para a Strip Me criar camisetas de música, arte, cinema, cultura pop e muito mais com uma pegada contemporânea, inteligente, responsável e divertida! Afinal, é isso que a gente gosta: barulho, diversão e arte! Vem conferir na nossa loja os lançamentos mais recentes! 

Vai fundo! 

Para ouvir: Claro, uma playlist do que de melhor foi criado ao longo das sessões do Projeto Get Back. Top 10 tracks Back To The Beatles. Ah, e independente desta playlist, vale a pena ouvir o relançamento deste ano do disco Let It Be, recheado de faixas bônus no Spotify. 

Para assistir: Não tem como te recomendar outra coisa senão assistir ao Get Back na Disney +. 

Para ler: Altamente recomendável a leitura do ótimo livro A Batalha pela Alma dos Beatles, lançado em 2012 pela editora Nossa Cultura e escrito pelo jornalista inglês Peter Doggett. O livro fala justamente sobre o rompimento da banda e as batalhas judiciais e sentimentais pelo espólio da que seria considerada a maior banda de todos os tempos. Leitura deliciosa. 

I’m Always Goin’ Back To The Future

I’m Always Goin’ Back To The Future

Este é mais um texto que me parece inevitável escrever em primeira pessoa. Eu, Paulo, 38 anos, posso dizer que uma das partes mais fundamentais da minha personalidade nasceu quando eu assisti pela primeira vez o filme De Volta Para o Futuro. Não sei dizer ao certo que idade eu tinha. Eu já gostava muito de ver filmes durante a tarde na TV, gostava de gibis da Turma da Mônica, ouvia muito rádio e música de maneira geral… enfim, eu já tinha uma pré disposição para me afundar no mundo do entretenimento. Mas foi De Volta Para o Futuro que me fez querer assistir mais e mais filmes, talvez buscando histórias tão incríveis quanto aquela, ou simplesmente foi uma obra que mexeu tanto comigo que fez com que a ficha caísse, que eu realmente amava assistir filmes. E, olha, eu posso dizer que já conversei com algumas pessoas que tiveram experiências muito parecidas, e tem com a trilogia De Volta Para o Futuro uma relação muito especial. Nos resta então tentar entender o que há de tão poderoso nestes filmes.

O roteirista Bob Gale já era amigo de longa data e parceiro profissional do diretor Robert Zemeckis em 1984. Os dois já vinham de dois filmes de relativo sucesso: Carros Usados, de 1980, e Febre de Juventude, de 1978 e que também teve um forte impacto sobre mim. Mas enfim, em 1984 Bob Gale foi passar um fim de semana na casa de seus pais. Lá, encontrou o livro de formatura do pai. Folheando o livro ele constatou que seu pai tinha sido líder no grêmio estudantil, e se lembrou de seu tempo no colégio, que ele próprio não se dava bem com o pessoal do grêmio, e começou a imaginar se ele jovem se encontrasse com o pai também jovem, se eles se dariam bem, seriam amigos e tal. E essa ideia ficou na cabeça por vários dias, até que ele levou o conceito do De Volta Para o Futuro para Robert Zemeckis.

Só um parêntese rápido aqui. Vou tratar a trilogia De Volta Para o Futuro como um filme só. Então quando você ler “o filme De Volta Para o Futuro”, entenda que eu estou falando da trilogia como um todo.  Quando for o caso, vou especificar se estou falando de um dos filmes em especial. Sigamos portanto. Talvez o maior trunfo do De Volta Para o Futuro seja o fato de o filme envolver viagem no tempo, mas não cair em clichês como os personagens interagir com figuras históricas ou evitar eventos catastróficos. Tudo se resume a um garoto que viajou no tempo acidentalmente, precisa salvar sua própria existência e voltar pra casa. Além do mais, a trama toda se passa numa cidadezinha, que acaba se tornando quase que um personagem da história, com a pracinha onde acontecem as perseguições, o relógio, o café, o posto de gasolina.

A concepção toda do filme é recheada de curiosidades e fatos interessantes. A começar pela própria máquina do tempo. A ideia inicial de Bob Gale é que o Dr. Brown teria inventado a máquina do tempo à partir de uma geladeira. Mas isso dificultaria muito, já que os personagens teriam que levar a máquina de lá pra cá ao longo da trama. Qualquer um que já tenha feito mudança sabe que carregar uma geladeira não é tarefa das mais tranquilas. Foi então que Gale viu por acaso um DMC DeLorean e encontrou a solução ideal. A história da empresa DeLorean é pitoresca e vale ser contada. John DeLorean era um engenheiro em ascensão na General Motors nos anos 1960. Em 1975 ele se demitiu para criar sua própria marca, a DeLorean Motor Company, e concretizar seu grande projeto, o DMC DeLorean, um carro moderno, com capô de aço inoxidável sem pintura, portas tipo gaivota e muito potente. O modelo chegou ao mercado em 1981. Quando o DMC passou a ser comercializado, a empresa de John DeLorean já vinha mal das pernas, com muitas dívidas. Foi então que ele entrou numa negociação muito mal explicada envolvendo o FBI e um investimento milionário de DeLorean no tráfico de cocaína. O caso até hoje é mal contado, DeLorean foi julgado e absolvido só em 1984, mas nessa altura do campeonato, seu nome já estava arruinado e a empresa já estava falida. O DMC DeLorean foi fabricado entre 1981 e 1982. Foram feitas 9200 unidades. Estima-se que hoje em dia existam 6500 unidades, que passaram a valer uma fortuna depois do sucesso do De Volta Para o Futuro.

O primeiro filme da trilogia se destaca ainda mais quando inserido em seu tempo.  Em 1985 os filmes produzidos voltados ao público jovem eram as comédias de high school como Porky’s, Picardias Estudantis e Mulher Nota Mil. Quando Robert Zemeckis e Bob Gale foram oferecer a história às grandes produtoras, a maioria recusou, considerando o roteiro muito bobo para os padrões da época. A Disney foi uma das que recusou o filme, mas por outra razão: o considerou sujo e de mau gosto por mostrar um relacionamento entre mãe e filho. Acho que eles não entenderam bem a ideia e acabaram perdendo a chance de viabilizar um clássico. Este papel coube a Universal, que gostou e bancou a produção. E lucrou horrores!

Falando mais diretamente sobre os filmes, são muitos os pontos a exaltar. O roteiro é brilhante. Incrivelmente coeso e bem amarrado, riquíssimo em detalhes, com muito bom humor. Tem aquela característica à la Spielberg (que assina a produção da trilogia, diga-se) de haver um conflito atrás do outro, deixando o espectador sempre atento, os personagens saem de um problema, mas acabam caindo em outro maior o tempo todo. Ainda falando do roteiro, é legal dizer que Zemeckis e Gale fizeram o filme sem pensar numa sequência. O final do primeiro filme era pra ser uma simples piada. Mas o sucesso foi tamanho que a Universal exigiu uma continuação. A prova de que não se pensava numa sequência é que a Jennifer, a namorada de Marty McFly, participa da cena final. E no segundo filme ela passa o filme todo dormindo. Se eles quisessem uma sequência, seria melhor fazer sem que ela participasse. Já o segundo e o terceiro filme sim foram pensados e, inclusive, produzidos e filmados em sequência. Por isso demorou tanto tempo para o segundo filme ser lançado. O primeiro saiu em 1985, o segundo só em 1989. Porém, quando lançado o segundo, o terceiro já estava pronto e foi lançado já no ano seguinte.

Antes de finalizar, precisamos falar do majestoso tema composto por Alan Silvestri. Aliás toda a trilha sonora é incrível! A escolha de canções é impecável! Mr. Sandman, Johnny B. Goode e até as canções compostas por encomenda, Power of Love e Back in Time, da banda Huey Lewis & The News. Mas o tema de Alan Silvestri é a grande estrela da trilha sonora. Em sua produção anterior, Tudo por Uma Esmeralda, Robert Zemeckis tinha elaborado um filme grandioso, cheia de cenas caras, com muita ação e aventura. Em De Volta Para o Futuro, ele queria fazer algo mais pessoal, mais contido, quase caseiro. Uma abordagem intimista que fica evidente na tela e funciona de maneira cativante. Quando Alan Silvestri foi chamado para compor a trilha sonora, perguntou a Zemeckis se ele queria algo mais contemporâneo ou uma trilha mais clássica, com orquestrações. Ele respondeu: “Vamos contrastar! Tudo que o filme tem de intimista e simples, compense num tema épico!”. E assim, Silvestri escreveu aquele tema memorável.

De Volta Para o Futuro é um filme que beira a perfeição. Não é exagero. Tem tudo ali. Uma estética agradável e que não ficou datada (talvez justamente por ser uma caricatura de vários tempos), um roteiro incrível com personagens complexos e carismáticos e uma linguagem equilibrada, que consegue encantar pessoas de todas as idades, além de ser uma obra que pode ser revisitada de tempos em tempos sem demonstrar sinais de cansaço. Um filme tão completo, cheio de música e referências a cultura pop, que obviamente faz parte do DNA da Strip Me, que está sempre de olho no passado, presente e futuro para conceber as melhores estampas de todos os tempos. Clica aqui pra conferir.

Vai fundo!

Para ouvir: Claro, uma playlist com o que há de melhor na trilha sonora dos três filmes da trilogia de Volta Para o Futuro. Top 10 Tracks Back to the Future.

Para assistir: Precisa mesmo dizer? Mas tenho uma dica legal. Além de ver e rever a trilogia, vale a pena conferir um vídeo, já bem antigo, de um trecho do show de stand um comedy do ator Tom Wilson, o Biff Tannen do filme, onde ele interpreta uma de suas composições falando sobre o De Volta Para o Futuro. Link aqui.

Para ler: Foi lançado em 2015 um livro excelente sobre todos os detalhes e curiosidades envolvendo a trilogia. De Volta Para o Futuro – Os Bastidores da Trilogia: O futuro é agora! Foi escrito pelo jornalista e escritor Caseen Gaines e lançado no Brasil pela editora Darkside, com um trabalho gráfico lindíssimo! Além de ótima leitura, é um livro eu fica um charme na estante.

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