Diversão & Arte!

Diversão & Arte!

Já diz a canção: a gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte! A gente quer mais! A gente quer ser quem a gente é, e pronto! A gente quer representar e se sentir representado! E é tão bom quando encontramos alguém que combine com a gente, que dá match! E não estou falando só de relações amorosas não. Falo também de quando você encontra uma marca, um produto, que você gosta e que tudo nessa empresa condiz com o que você acredita e gosta. É como as aproximadamente 400 estampas que já passaram pelo site da Strip Me, tão diversas, mas que encontram um lugar comum, se combinam. Diversão e arte!

Identificação é quando de longe você já reconhece alguma coisa, porque você já está familiarizado, gosta… tem a ver com você. Não precisa ser um especialista em artes pra saber o que é belo. Assim como em tudo na vida, um pouco de ousadia faz muito bem! O clássico é clássico, mas não é imutável! Lembra do Warhol? Então. O toque de Deus, obra máxima de Michelangelo, se tornar um ícone moderno é prova disso. Nada mais justo, afinal, assim como hoje, Deus criou a vida simplesmente usando ativação digital.

E a arte está aí pra todos os gostos, para expressar diversos sentimentos. A complexidade de uma obra de arte é imensa. São muitos detalhes a serem apreciados e interpretados. É por isso que os museus são lugares silenciosos e agradáveis. É para que você fique ali o tempo que achar necessário apreciando cada detalhe da obra. Mas no dia a dia, a gente vai direto ao que importa. É a perfeição dos traços, a leveza e a beleza cândida da face da Vênus de Botticelli, é a expressão de pavor que grita nas cores fortes e pinceladas nervosas de Munch, que mais nos chama a atenção e resultam em obras icônicas, diretas e incríveis estampas de camiseta!

Diversão e arte! Aliás, diversão é arte. Tá aí o cinema que não me deixa mentir. Quentin Tarantino evidencia isso de muitas maneiras. Seus filmes são repletos de ícones , referências, citações… não só relacionadas ao cinema, mas também histórias em quadrinho, arte, música. Pulp Fiction, a obra mais marcante de Tarantino, tem o poder da iconoclastia que tanto nos encanta! Um frame consegue nos remeter ao filme, à cena específica, e nos faz querer saber que gosto tem um milkshake que custa 5 dólares. Uma obra tão icônica que consegue manter sua personalidade forte, ainda que inserido no contexto tropical e positivista de uma das maiores obras de arte brasileira: o Abaporu.

Por falar em diversão, dá uma olhada no teu círculo de amizades. Pessoas bem diferentes, né? Desde a cor do cabelo até o tipo de personalidade, todo mundo é diferente, tem características próprias, é único. Mas sempre tem um ou mais pontos em comum que conectam todo mundo. A diversidade faz parte da diversão em todos os aspectos, seja no rolê, ou no trabalho, ou conversando naquela padoca ou cafeteria que é o ponto de encontro da turma. Afinal, assim como em Friends, o café une muita gente! Muita gente diferente. Tão universal quanto falar inglês, é carregar o amor e as cores da diversidade estampados no peito.

É muito legal se sentir representado. A identificação que rola entre tanta gente com a série Friends é um exemplo disso. Pessoas comuns, cheias de problema, convivendo e levando a vida. Mas mais legal ainda é quando você mesmo representa. Parece papo egoísta, mas não é. Sua vida depende muito do quanto você assume suas broncas, leva adiante suas crenças, trabalha, se diverte… tudo depende da sua própria perspectiva! O punk rock cunhou a melhor frase de efeito do século: Do it Yourself! Uma pena que o tiro saiu pela culatra e o punk virou um negócio meio esquisito… mas isso é outro papo. Assuma suas broncas, cara! Sua perspectiva! Do Epic Shit, but do it yourself!

No gancho do punk rock, voltamos ao início. Diversão e arte. Não há nada que consiga condensar arte e diversão em um elemento só como a música, em especial o rock n’ roll. Foram os Beatles quem primeiro conseguiu elevar o rock ao status de arte. Mas Jimi Hendrix foi adiante. Além de uma imagem carismática, instigante, sedutora, o cara produzia uma música genial e ao mesmo tempo divertida, cheia de energia. Barulhos, ruídos, melodias incríveis! O olhar displicente de Hendrix envolto pela fumaça de seu cigarro é a tradução mais fiel do que nós somos e queremos. Diversão e arte!

Neste post reunimos as 10 camisetas da Strip Me mais vendidas, mais curtidas, mais elogiadas e que provavelmente você já esbarrou em alguma delas por aí. Foi uma maneira que encontramos de expor, com palavras e imagens, um pouco da alma da Strip Me. Personalidade, qualidade, atitude, responsabilidade, diversidade, diversão e arte. Mas o que está aqui é só a ponta do iceberg. No site você confere todas as nossas estampas clássicas e também fica por dentro das estampas novas, que pintam por lá frequentemente! www.stripme.com.br

VAI FUNDO!

Para ouvir: Esta playlist traz uma canção para cada uma das estampas apresentadas neste post. Top 10 tracks das top 10 camisetas!

Para assistir: Recomendo a tão comentada e aguardada cinebiografia de Jimi Hendrix. O filme Jimi: All is by My Side, lançado em 2013 e dirigido pelo John Ridley não é um filme incrível, tem algumas falhas, é verdade. Mas ainda assim é muito divertido e conta boa parte da história do Hendrix, em especial a transição dos Estados Unidos para a Inglaterra. Vale a pena ver. Tem pra alugar no Youtube.

Para ler: Inspirado na Vênus de Botticelli, recomendo um livro de contos inacreditável do mestre Rubem Fonseca: Secreções, Excreções e Desatinos. Apesar do título pouco convidativo, este livro, lançado em 2001 pela editora Companhia das Letras, traz contos maravilhosos, deliciosos de se ler. Caso você esteja se perguntando o que tem a ver, a Vênus de Botticelli está na capa do livro e é citada em um dos contos.

Na ponta da agulha.

Na ponta da agulha.

Sem rodeios. Hoje vamos falar de música e de sua mídia mais emblemática: o vinil. Também já te adianto que não vamos aqui ficar vomitando números, dados e porcentagens de venda. Vamos nos prender a o que interessa de verdade. O que faz com que o vinil seja objeto de desejo para tanta gente e a importância que a música tem na vida das pessoas.

Já até virou clichê comparar colecionadores de vinil a fetichistas. Apesar de ser uma comparação infame, não deixa de ser verdadeira. De um jeito ou de outro, o comprador de vinil (que não é necessariamente um colecionador) adquire seus discos por motivos que vão além da vontade de ouvir música. Tal qual qualquer fetiche, um disco está repleto de rituais e significados que proporcionam um prazer extra. Às vezes é pela simples satisfação de possuir em mídia física seu disco favorito. Há quem compre um ou outro disco sem sequer ter uma vitrola em casa para colocar pra tocar. É pela representatividade. O que eu quero deixar claro é que quem compra vinil, em um ou outro nível, tem uma relação com a música diferente da maioria das pessoas.

Sim, a maioria das pessoas não compra discos. Na verdade, a maioria das pessoas não liga muito para música, a verdade é essa. A maioria das pessoas gosta de ouvir música, mas não liga muito pra quem está tocando ou cantando, se limitando a colocar pra tocar a playlist das 50 mais tocadas no Spotify e segue trabalhando. Já quem compra vinil tem suas predileções bem definidas. Não importa se está comprando o disco pra deixar na estante, pra deixar de enfeite na sala ou se pra fazer parte de uma imensa coleção e este disco será apreciado e tocado algumas vezes. Este disco foi escolhido criteriosamente. “Ah, então você está dizendo que os compradores de vinil são uma casta superior entre apreciadores de música.” Olha, superior eu não diria, mas que são uma casta distinta, são sim.

Claro que existem apreciadores e amantes da música que não curtem o vinil e afirmam que a tecnologia torna tudo melhor e mais prático. Pode se conseguir grandes performances com tratamentos de áudio e remasterizações digitais, que permitem ao ouvinte perceber nuances e detalhes que se perdiam antes, além de proporcionar experiências divertidas como ouvir suas músicas favoritas isolando determinado instrumento ou as vozes. As vozes isoladas do Pet Sounds, por exemplo, são uma coisa inacreditável. Fora isso, tem a praticidade de você entrar num site ou aplicativo, apertar o play e ouvir o que quiser, ter acesso a obras que você nunca imaginou antes. Tudo isso é muito legal. A diferença do apreciador do vinil é que a música se torna uma experiência mais sensorial. O disco te prende mais, dificilmente você coloca a agulha num disco e vai fazer algum trabalho, porque você tem que ficar parando pra virar o lado e você tem uma capa com uma arte linda, eventualmente um encarte com letras das canções e informações do disco que chamam a atenção e pode te distrair, enfim, coisas que podem ser um inconveniente, mas que na verdade são a verdadeira magia do vinil. Colocar pra tocar, o cuidado com a agulha, absorver a capa, as letras, aas informações, a arte.

Por muito tempo eu assumi que a esmagadora maioria dos consumidores de vinil hoje em dia era feita de pessoas como eu: Com mais de 35, 40 anos de idade, que pegou o fim do primeiro reinado do vinil, no começo dos anos 90, se desfez de boa parte da sua coleção de vinil pra comprar CDs, e agora, no segundo reinado do vinil, tenta recuperar os discos que já teve e compra novos títulos, discos que eram objeto de desejo no passado e não se tinha grana pra comprar ou não se achava por aqui, numa época em que comprar produtos importados não era tão simples. Mas a verdade é outra. Conversando com o dono de uma loja de discos, soube que muitos dos compradores são jovens de vinte e poucos anos, que já cresceram com o mp3 e streaming. E é uma turma que compra ao mesmo tempo um Dark Side of The Moon e um Arctic Monkeys.

Esta é a informação mais interessante disso tudo. A descoberta do vinil por uma turma que não teve contato com essa mídia na infância, não tem esse ar de nostalgia, de recuperar um tempo perdido. É só uma maneira mais íntima de lidar com a música! Para quem é amante de música, faz sentido poder ouvir o Abbey Road no Spotify, mas fazer questão de tê-lo como ele foi concebido em 1970. E olha que nem entramos aqui na seara dos DJs, que é outro patamar de vínculo com o disco, que além de uma paixão, o disco é uma ferramenta de trabalho.

Na música não existe certo e errado, bom ou ruim. Mas uma coisa é inegável: o vinil e tudo que o envolve é a materialização mais fiel do que é de fato a música! Podemos afirmar que aproximadamente uma hora de música (uma média de 10 a 12 canções) pesam entre 120 e 180 gramas e pode contar com quantas cores e imagens seus criadores queiram numa capa de 31 centímetros.

VAI FUNDO!

Para ouvir: O post de hoje é ilustrado com 10 das capas mais bonitas e emblemáticas da música pop, que  podem ser melhor apreciadas no formato do vinil. Nossa playlist de hoje traz uma canção de cada um desses discos.

Para assistir: Apesar de ser meio óbvio, não resisto a recomendar um dos filmes mais divertidos do século XXI, o Curtindo a Via Adoidado das novas gerações! Escola de Rock! Filme divertidíssimo dirigido pelo Richard Linklater e protagonizado pelo Jack Black que fala justamente sobre a paixão incondicional pela música!

Para ler: Seria outra dica óbvia, caso fosse o filme estrelado por John Cusak, mas prefiro recomendar o livro que inspirou, e é muito melhor que o filme. Alta Fidelidade. Escrito pelo ótimo autor inglês Nick Hornby, o livro narra a história de um dono de uma loja de discos e suas desventuras rumo à meia idade. Livro excelente!

As tramas das revoluções.

As tramas  das revoluções.

Você faz ideia do tanto de história que você carrega? Não, cara, eu não estou falando de vidas passadas, karma nem nada disso! Eu estou falando dessa camiseta que você está vestindo. Você sabe que é uma camiseta  de um tecido 100% algodão, fabricada de maneira sustentável, com toda a qualidade e tudo mais. E é o algodão justamente que traz embrenhado na sua trama séculos e séculos de história. O algodão sempre esteve presente e foi responsável por grandes mudanças na humanidade.

Photo by: stripme.com.br

Ninguém sabe dizer a origem geográfica do algodão. Aparentemente, ele já estava presente em várias regiões do mundo com clima mais quente. Há registros de tecidos de algodão no oriente médio e na Ásia muito antes da era cristã, bem como também sabe-se que os povos das Américas, os Maias , Incas e Astecas, também já usavam tecidos de algodão, inclusive tingidos de várias cores, séculos antes dos europeus chegarem fazendo suas “descobertas”. Aliás, a Europa demorou muito pra conhecer os tecidos de algodão. O europeu só conheceu o algodão por volta do século II d.C. quando mouros e árabes chegaram por lá.

Séculos depois de conquistar os europeus e se tornar produto indispensável na sociedade, o algodão foi o protagonista da maior revolução da humanidade: a Revolução Industrial. A Revolução Industrial, você já sabe, começou na Inglaterra no século XVIII, com a produção em larga escala de produtos manufaturados. O que interessa pra gente aqui é que o algodão protagonizou essa revolução porque, ao contrário de utensílios de metal, de couro e etc, que necessitavam de conhecimento e habilidade para serem manuseados e forjados, os teares de algodão eram simplíssimos, não exigiam conhecimento ou habilidade prévia para o seu uso. Até mesmo crianças eram capazes de operá-lo. Por isso, a indústria têxtil foi a que primeiro e mais rápido cresceu, e enriqueceu seus donos.

Photo by: revistaforum.com.br

E foi no século XIX, quando o algodão chegou nas planícies do sul dos Estados Unidos que ele protagonizou mais uma revolução imensa. Mas desta vez uma revolução cultural. Ao final do século XIX já não havia escravidão nos Estados Unidos, mas a população negra acabou sendo marginalizada e relegada a guetos, em especial no sul do país, justamente onde as plantações de algodão encontraram solo fértil para florescer. Precisando de emprego, os negros passaram a trabalhar nas lavouras de algodão em troca de baixos salários e condições precárias de trabalho. Nas lavouras, nasciam os lamentos em forma de canção. Surgia o gênero musical mais influente da música moderna, o blues.

E não acaba aí a saga do algodão. Durante a Primeira Guerra Mundial, fez-se necessária uma vestimenta que fosse confortável e prática para que os soldados usassem por baixo das fardas. Foi desenvolvida então uma peça de roupa feita de algodão, de mangas curtas que envolvia o torso, com um corte no formato da letra T. Era a T-Shirt, a nossa camiseta! Esta peça começou a se popularizar fora dos quartéis após a década de 40, quando ainda eram peças lisas usadas exclusivamente por baixo de camisas. Em 1948 o candidato a presidência Thomas E. Dewey teve a brilhante ideia de imprimir e distribuir camisetas com seu slogan: “Dew it with Dewey”. Nos anos 50 as camisetas viraram símbolo de atitude e rebeldia juvenil através do cinema, onde Marlon Brando e James Dean apareciam vestindo jeans e camisetas lisas justas. A camiseta virou símbolo da juventude  e liberdade.

Photo by: imdb.com

Daí pra frente, a camiseta se popularizou cada vez mais e solidificou seu status como ícone da liberdade. Indo além, passou a representar a personalidade, ideias e atitudes de quem a veste. Por exemplo, quem veste Strip Me, além de se sentir representado pelas estampas e modelos, também tem a certeza de usar uma peça feita de maneira sustentável, com um tecido 100% algodão de alta qualidade. A produção é toda on demand, ou seja, não tem estoque, logo, não há desperdício em nenhuma das fases da produção. Portanto, hoje estamos aqui para dar graças ao algodão, que tanto fez pela evolução da humanidade, nos dando o blues e as camisetas Strip Me.

VAI FUNDO!

Para ouvir: Uma playlist caprichada com 10 tracks essenciais das raízes do blues.

Para assistir: Apesar de ser um filme difícil de achar atualmente ( não tem na Netflix, Amazon, Youtube…), vou recomendar o clássico Juventude Transviada, filme de 1955 onde James Dean está no auge e o filme é bem divertido, apesar de ser um drama. Vale a pena garimpar a internet atrás deste filme.

Para ler: Um dos maiores representantes da contra cultura norte americana foi o cartunista e escritor Robert Crumb. E ele capturou a essência do blues e as origens do que viria a ser o rock n’ roll em uma HQ incrível chamada simplesmente Blues. Dado o grau de importância do blues na música pop e a genialidade do Crumb, dá pra dizer sem medo que é um livro essencial.

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É natural do ser humano ser questionador. Querer entender os porquês da vida fez com que a humanidade dominasse o fogo, usasse o poder das águas, gerando energia e desenvolvendo civilizações. Ainda hoje vivemos numa eterna busca de conhecimento, tentando entender o passado para trilhar os novos caminhos do futuro. Claro que toda essa gana de saber, essa curiosidade tão salutar não se volta apenas para temas antropológicos e sociais. É essa curiosidade que faz da imprensa britânica, por exemplo, uma das mais fofoqueiras do mundo. Aliás, dizem que é pra isso que a família real britânica existe, né… quem manda no país é o primeiro ministro e a família real alimenta os tabloides sensacionalistas que entretêm o povo.

Photo by the guardian.com

Indo além, não é à toa que um dos gêneros literários mais consumidos no mundo é a biografia. Se o livro vem com o título “Fulano de Tal – Uma Biografia Não Autorizada”, aí que vende horrores mesmo! Artistas e celebridades em geral despertam muita curiosidade nas pessoas. E se naturalmente a gente já tem o hábito de querer saber sobre o que se passa na vida dos nossos familiares e amigos, claro que também vamos querer saber sobre a vida dos nossos ídolos e artistas favoritos. Em especial na música, isso sempre foi muito forte. Desde o final dos anos 1950, quando começam a surgir os primeiros ídolos teens (James Dean, Elvis Presley…), as bancas de jornais são inundadas por publicações especializadas em vida de artistas. De 1967 pra frente, com a música pop sendo levada mais a sério, algumas dessas publicações passam a ser realmente interessantes, indo além de qual o prato favorito ou se tal artista é casado, para falar sobre influências, analisar obras, enfim, mostrar o que realmente importa de um artista.

Photo by bagbagsydvintage.com

E assim chegamos nos documentários musicais! São filmes que contam a história de artistas, movimentos, épocas… tudo de forma muito atraente, com entrevistas de pessoas importantes e filmagens raras que ajudam a dissecar o tema abordado. Esses documentários servem tanto para deliciar aficionados como para introduzir o tema a curiosos. A música pop é uma parada bem complexa, se a gente parar pra pensar. E se cavoucar bastante, vamos acabar chegando no jazz. Tudo começou ali. Música com sensibilidade e energia para embalar ricos e pobres (no início, mais pobres do que ricos, diga-se).  Um ótimo documentário que retrata isso é Miles Davis, Inventor do Cool. O filme conta a trajetória turbulenta do genial trompetista que mudou o mundo e revolucionou a música. Parece exagero, eu sei, mas basta assistir ao doc pra sacar a importância desse cara. Por falar em importância, outro documentário que envolve o mundo do jazz e o extrapola é Quincy, filme que retrata vida e obra de Quincy Jones. Quincy Jones este que não só foi um músico de jazz brilhante como trilhou uma exuberante carreira como produtor musical, tendo trabalhado com nomes como Michael Jackson, Frank Sinatra e Amy Winehouse. Outro doc imperdível é What Happened, Miss Simone. Um filme imperdível sobre uma das maiores representantes da música negra norte americana. Nina Simone era pianista e cantora que viveu uma vida turbulenta dividida entre a arte, o ativismo e uma vida pessoal complicada. E para a sua sorte, estes três documentários estão disponíveis na Netflix!

Claro que o bom e velho rock n’ roll não deixa a desejar neste quesito. Talvez o rock seja o gênero que mais rende documentários, tantos são as bandas e artistas fundamentais para a música e cultura pop. Já começo falando do momento mais importante e cultuado da história do rock e da contra-cultura: Woodstock. O festival que rolou em 1969 em uma fazendo próxima a New York e reuniu Jimi Hendrix, Janis Jopin, The Byrds, The Who, Joe Cocker, Santana, Crosby, Stills & Nash, Jefferson Airplane… enfim, a elite do rock sessentista. Os três dias de festival foram registrados em filme e renderam um documentário clássico e memorável dirigido por Michael Wadleigh e lançado em 1970. Além de registrar as apresentações mais marcantes do festival, conta com depoimentos e cenas de bastidores e capta a aura de paz, amor e brodagem que rolava por ali. Falando em captar auras, um documentário curto, mas bem interessante, que contém várias curiosidades, imagens raras e depoimentos, é Stones in Exile, que mostra o que rolava antes e durante as míticas gravações do álbum Exile on Main Street. Este doc traz imagens e depoimentos que chegam a ser perturbadores, nos fazendo pensar como diabos alguém conseguia viver sob aquelas condições, não só simplesmente viver, mas criar e trabalhar. E o resultado é um dos discos mais impactantes da história da música moderna. Pra fechar cito um dos documentários mais legais e empolgantes que vi nos últimos tempos: Punk. Este doc é uma minissérie dividia em 4 episódios que conta toda a história do punk rock, do início das bandas de Detroit (MC5, Stooges) até a explosão pop de Green Day e Offspring. Sob a produção de Iggy Pop, literalmente o pai da matéria, este doc traz depoimentos marcantes de todas gerações. Ramones, Bad Religion, Sex Pistols, Green Day, Nofx… tá todo mundo lá! O Woodstock não sei se é tão fácil de achar, mas vale procurar. Já o Stones in Exile está disponível na Amazon Prime e o Punk na Globoplay.

O texto já está enorme e nós nem falamos nos filmes que são quase como documentários de tão fiés, didáticos e divertidos, como o The Doors, do Oliver Stone, Dirt!, que conta a história do Motley Crue, Walk the Line, cinebiografia incrível do Johnny Cash… e tem os ficcionais que são tão divertidos, como This is Spinal Tap, Rock Star, Still Crazy… É muita coisa boa! Quem sabe um dia a gente não volta a falar desse assunto. Por hora, ficamos por aqui. Essa é a deixa pra você ir fazer aquela pipoquinha e escolher um desses docs sensacionais pra curtir.

Vai fundo!

Para ouvir: Claro que tem playlist com o que há de melhor nos docs citados acima. Vai lá conferir nosso top 10 tracks de grandes documentários.

Para assistir: Além dos já citados acima, vou te recomendar um documentário que não está disponível nas plataformas de streaming por aí, mas vale a pena procurar pela internet, seja pra baixar ou pra comprar o DVD. Hype! É um documentário lançado em 1996 que dá uma geral na cena grunge de Seattle que dominou o mundo no começo dos anos 90. Com uma pegada bem descontraída, muitas entrevistas legais, este doc é essencial pra quem gosta de rock!

Para ler: Já que citei as biografias no começo do texto, vou recomendar pra você a excelente autobiografia do João Gordo! Livin la Vida Tosca é um livro saborosíssimo de se ler. Apesar de todos os excessos, o João Gordo tem uma memória de elefante (desculpa o trocadilho…) e conta em detalhes toda a sua trajetória, influências, as pessoas que conheceu, shows, festas… está tudo lá de forma muito bem escrita, sob a supervisão do irrepreensível jornalista musical André Barcinski.

Mais que uma imagem e mil palavras sobre a fotografia

Mais que uma imagem e mil palavras sobre a fotografia

Apesar de não ser reconhecida como tal, a fotografia é uma expressão artística de igual grandeza às artes plásticas, a música, literatura e, principalmente, ao cinema, que sem a fotografia sequer existiria. Claro que não estou me referindo aqui àquela selfie tremida que você tirou bêbado na balada. Estamos falando da fotografia feita com apuro técnico e talento ao olhar para alguém ou alguma coisa e enxergar uma foto. Sim, esta é a síntese do conceito de arte: técnica + talento. Você pode conhecer todas as escalas musicais, tocar um instrumento com habilidade e rapidez, mas se não tiver o talento para exprimir as mais simples notas, você fará uma música correta, mas sem sentimento. Você pode ter a sensibilidade de imaginar belas harmonias em sua mente. Se você não tiver a técnica para aplica-las no instrumento, você vai acabar fazendo uma música pobre e mal executada. Mas se você tem técnica e talento juntos, você vai conceber verdadeiras obras de arte. O mesmo conceito vale para a fotografia, a pintura, o teatro…

Napalm Girl by Nick Ut (1972)

Prova disso é que algumas das fotografias mais belas e conhecidas do mundo são fotos jornalísticas. É o caso da icônica imagem da menina vietnamita correndo nua com uma nuvem de napalm atrás de si. Esta fotografia rendeu ao fotógrafo Nick Ut o Pulitzer de 1973. O fotógrafo Jeff Widener também capturou um momento histórico do século XX, na famosa foto O Rebelde Desconhecido, onde um homem se coloca frente a uma fileira de tanques de guerra na Praça Tiananmen, em Pequim, em 1989. Até mesmo as obras incomparáveis de Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado podem ser consideradas foto-jornalismo, já que se dedicam a registrar o cotidiano sob um olhar mais sensível e poético.

Zo’e women in State of Para, Brazil by Sebastião Salgado (2009)

Mas nem tudo na fotografia são cenas de cunho social e político. Também temos grandes nomes que se dedicaram a às artes, cultura e celebridades. Fotógrafos que nada devem em técnica e talento aos citados acima. Estamos falando de nomes como Helmut Newton, Bob Gruen, David LaChapelle, Charles Peterson e Astrid Kirchherr. A maioria desses profissionais estiveram ligados a movimentos artísticos e trabalharam para a imprensa especializada, principalmente na música e moda. Eles também tem suas obras gravadas na história, como a foto de John Lennon de óculos escuros, usando uma camiseta escrito New York City e com os prédios de Manhattan ao fundo, feita por Bob Gruen, ou Salvador Dali deitado numa cama de hotel parisiense em 1973, fotografado por Helmut Newton.

Stage Dive at Nirvana’s Gig by Charles Peterson (1990)

Como já foi dito, o cinema não existiria sem a fotografia, já que um filme nada mais é que um monte de fotos em sequência. Por isso, a maioria dos grandes diretores tem ao seu lado grandes fotógrafos, formando parcerias de longa data. É o caso de Michael Chapman , diretor de fotografia de clássicos como Taxi Driver, Touro Indomável e tantos outros filmes de Martin Scorsese. Mas existe um caso muito curioso envolvendo essa relação entre diretor e fotógrafo de cinema: Seguindo o famoso ditado “se você quer uma coisa bem feita, faça você mesmo”, surgiu a parceria Peter Andrews-Steve Soderbergh. Acontece que Peter Andrews e Steve Soderbergh são a mesma pessoa! O Soderbergh passou a usar o pseudônimo Peter Andrews para assinar a direção de fotografia de seus filmes!

A verdade é que a fotografia é uma das expressões artísticas mais legais que existem! É a realidade exposta de maneira direta, mas marcante, imponente. Pode ser a realidade nua e crua, como uma exposição surreal da realidade, com contrastes, foco e enquadramentos explorados ao extremo! Imagens que nos transmitem e despertam os mais distintos sentimentos, como a hipnótica Menina Afegã, capa da revista National Geographic de 1985, clicada por Steve McCurry, o inacreditável monge budista em chamas fotografado por Malcolm Browne em 1963 ou o emocionante Le Baiser de l’Hôtel de ville (O Beijo Do Hotel de Ville), foto clássica de Robert Doisneau, tirada em 1950.

The Beatles in Hamburg by Astrid Kirchherr (1960)

Aliás, essa foto do beijo, do Doisneau, chega a dar saudade de quando a gente andava livre pela rua, se aglomerando, se abraçando e se beijando sem máscara. Imagina essa imagem hoje em dia, todo mundo com máscara. Daria até uma ótima estampa de camiseta, né…

Le Baiser de l’Hôtel de ville’ by Robert Doisneau (1950)

VAI FUNDO!

Para ouvir: Uma imagética e fulgurante playlist com 10 tracks que se entrelaçam e funcionam como trilha sonora para este fotogênico texto!

Para assistir: Um dos filmes mais clássicos da história do cinema e que tem a fotografia como ponto crucial de sua trama. Claro, é o excelente Janela Indiscreta (título original: Rear Window), filme do gênio Alfred Hitchcock lançado em 1954.

Para ler: Pessoalmente, eu considero o Henri Cartier-Bresson o maior fotógrafo que já pisou neste planetinha. Por isso, recomendo o ótimo livro Cartier-Bresson: Olhar do século, escrito pelo jornalista francês Pierre Assouline, lançado pela L&PM em 2012 e que traça com riqueza o perfil deste gênio.

Soy Loco Por Ti, Tropicália!

Soy Loco Por Ti, Tropicália!

Você sabe que o mundo moderno só começou pra valer em 1967, né? Pelo menos pra cultura pop, isso é indiscutível! Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, The Velvet Underground & Nico, do Velvet Underground, e Piper at Gates of Dawn, do Pink Floyd, foram lançados, Belle de jour, de Luis Buñuel, A Primeira Noite de Um Homem, de Mike Nichols e Week End, do Jean Luc Godard, estreiam nos cinemas, Gabriel Garcia Márquez lança o clássico livro Cem Anos de Solidão, enfim, a lista é longa de tanta coisa boa que saiu neste icônico ano. E o mais importante disso tudo é que o Brasil não ficou atrás. Por aqui também se produziu muito. Na verdade foi em 1967 que nasceu um movimento artístico que acabaria influenciando muita gente o mundo todo!

Capa do disco Tropicalia ou Panis et Circenses (1968)

Em abril de 1967 é apresentada uma obra muito marcante no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, fazendo parte da mostra Nova Objetividade Brasileira. Trata-se de uma espécie de cenário, um ambiente labiríntico com areia no chão, representações de plantas, araras, pôsters e uma televisão. O autor da obra é Hélio Oiticica, pintor, escultor e cenógrafo. A obra em questão chamava-se Tropicália. O jovem compositor baiano Caetano Veloso ficou impactado com a obra, passou a usar a palavra tropicália para designar certas brasilidades e a usou como título de uma de suas canções. Enquanto isso, na cidade de São Paulo, a banda O’Seis era rebatizada com o nome Os Mutantes, nome sugerido por Ronnie Von aos seus amigos Arnaldo e Sérgio Baptista e Rita Lee, todos eles beatlemaníacos. Ao mesmo tempo, na Bahia, Tom Zé se preparava para se mudar para São Paulo, onde daria início a sua carreira musical, influenciado por Jackson do Pandeiro e poesia concretista. Estava tudo pronto. Era só juntar as peças.

Tropicália – Hélio Oiticica (1967)

Essas e outras peças se juntaram de vários formas: místicas, por pura amizade, por afinidade musical, por interesse financeiro, ou porque alguém falou “putz, tem um amigo meu que tem uma erva hidropônica incrível! Vou ligar pra ele.”. O Tropicalismo, ou simplesmente Tropicália, sem querer acabou se tornando um movimento cultural que engloba a produção de várias obras, extrapolando a produção musical, que conseguiam sintetizar a identidade brasileira com elementos da cultura pop de vanguarda que rolava mundo afora, em especial na Inglaterra, França e Itália. Glauber Rocha encabeçava o cinema novo e lançava o emblemático Terra em Transe, artistas como o já citado Oiticica explorava o surrealismo e a pop art, Rubem Fonseca lançava o ousado Lúcia McCartney, livro de contos de narrativa rápida, coloquial, um jornalismo gonzo ficcional. E a música, que era a trilha sonora de tantas cores e linguagens. Uma mistura fina de psicodelia, rock ‘n roll, bossa nova, e orquestrações.

Capa do disco Caetano Veloso (1968)

E é mesmo na música que dá pra perceber a grandeza dos tropicalistas. O segundo disco de Caetano Veloso, lançado em 1968, é super inspirado, com clássicos como Alegria Alegria, Superbacana e Soy Loco Por Ti America. A obra inteira dos Mutantes é invejável e influente até hoje no Brasil e no exterior. Grande Liquidação, Estudando o Samba e Todos os Olhos são discos geniais de Tom Zé. Sem falar no excelente disco coletivo Tropicália ou Panis et Circenses, uma obra irretocável, um disco fundamental que reuniu Gilberto Gil, Caetano Veloso, os Mutantes, Tom Zé e Nara Leão, tudo sob a batuta inventiva de Rogério Duprat, um maestro inquieto que teve aulas com Stockhausen na Alemanha, onde, por acaso foi colega de classe de Frank Zappa. E houveram vários outros artistas que não eram parte dessa turminha descolada do Gil e Caetano, mas que bebiam da mesma fonte e produziram grandes obras genuinamente tropicalistas, como os Novos Baianos, Jorge Ben e, em especial, o Ronnie Von, que provavelmente foi um dos artistas mais inventivos  e defensor da psicodelia. Seus álbuns de 1968 e 1970 são antológicos. Então, quando você vir aquele tiozinho na televisão tomando vinhos caros, comendo risoto e falando sobre como combinar a gravata com o sapato, lembre-se que esse cara já fez muita loucura nessa vida.

Capa do disco Ronnie Von (1968)

O legado do tropicalismo é imenso. Pra começar, foi influência direta para o Chico Science e o Fred Zero Quatro e a concepção do manguebeat. No sul do Brasil, a psicodelia também correu solta e fez com que surgissem bandas como Graforréia Xilarmônica e o maluco Júpiter Maçã.  Na gringa artistas como Beck, Devendra Banhart e David Byrne confessaram sua admiração por artistas como Mutantes e Tom Zé. Mas como eu comecei este texto citando o Sgt Pepper’s… vou terminar contando como foi o encontro entre o Sérgio Dias, guitarrista dos Mutantes com o Sean Lennon, filho do John. O Sérgio Dias conta que quando os dois se encontraram, o Sean rasgou mil elogios à obra dos Mutantes, tão inventiva, tão envolvente, com melodias tão bonitas, numa roupagem rock brilhante… e por fim perguntou a ele de onde vinha tanta inspiração para criar aquilo tudo. O Sérgio sorriu e disse pro Sean: “Sabe a banda do teu pai? Então…”

Capa do disco Jardim Elétrico (1971)

Vai fundo!

Para ouvir:  Uma playlist tropicalmente quente tá te esperando no Spotify com 10 tracks deliciosas representando o tropicalismo.

Para assistir: Eu podia te recomendar algum filme cabeça do Glauber Rocha e tal… mas prefiro pegar leve e te recomendar a divertidíssima animação Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock n’ roll. Filme dirigido pelo Otto Guera com roteiro e desenhos do mestre Angeli. Este filme é o supra sumo do legado da tropicália! Humor, psicodelia e uma trilha sonora fantástica!

Para ler: Apesar de não versar exclusivamente sobra a tropicália, a autobiografia da Rita Lee é um livro saborosíssimo! Conta de forma bem particular sobre a produção musical da época sem tabus ou nostalgia exacerbada. Uma leitura mega recomendada pra quem seinteressa por música de maneira geral.

Menos é Mais!

Menos é Mais!

Está tudo conectado, cara! Não, não estou falando da internet! Estou falando da vida, do mundo, e até mesmo deste blog! Aqui você já leu sobre a geração beat que mudou a literatura, sobre a Pop Art que revolucionou a cultura pop, já leu sobre as delícias de se entregar a uma estrada e viver experiências incríveis, tudo isso relacionado aos conceitos que você carrega na mente e no peito, através das nossas camisetas.

Donald Judd – Joe Fig (2020)

O minimalismo tem tudo a ver com esse lance de tudo estar conectado. Afinal, ele começou como um movimento artístico paralelo à Pop Art, nos anos 1950, mas acabou se tornando uma filosofia de vida, que influencia a moda, a arquitetura, comportamentos de consumo e hábitos de saúde. Como o próprio nome sugere, o minimalismo vai contra os exageros, mostrando  que com o mínimo de cores, de elementos, de produtos… é possível criar lindas obras de arte, ter espaços funcionais e confortáveis e uma vida feliz e equilibrada.

Lines from Points to Points
Sol LeWitt (1975)

Na arte, o minimalismo tem como principais nomes Sol LeWitt, Frank Stella, Donald Judd e Robert Smithson, todos artistas norte americanos que abriram caminho para a Pop Art. Afinal, a arte minimalista é pautada pelo uso de cores fortes e figuras geométricas, buscando a essência das coisas. A grande diferença do minimalismo em relação à Pop Art é que a maior parte das obras são abstratas e muito subjetivas. A linearidade e simplicidade das obras minimalistas influenciaram muito a arquitetura, que passou a valorizar espaços amplos e linhas retas e simétricas. O holandês Gerrit Rietveld foi um dos arquitetos mais influentes do começo do século XX. Foi uma das cabeças por trás do De Stijl, movimento artístico europeu, e precursor da arquitetura minimalista.

Black Adder – Frank Stella (1968)

E uma coisa puxa a outra. Começou nas artes plásticas, depois foi para a arquitetura. A arquitetura já trouxe em sua linguagem o conceito estético aliado a funções práticas. Ou seja, com linhas retas, cômodos amplos, sem muitos móveis, o ambiente fica naturalmente mais iluminado e com maior espaço de circulação, transmitindo tranquilidade, conforto e… liberdade! O pensamento minimalista propõe o apreço ao que nos é essencial. Assim como na arquitetura, ter espaços livres em nossas vidas, onde cada um possa se dedicar a si mesmo, seja meditando, tocando um instrumento musical, lendo um livro… não se prender ao consumismo compulsivo, não trabalhar obsessivamente, mas sim fazer viagens, conhecer pessoas e se conectar com tudo que lhe pareça positivo.

Polygons – Frank Stella (1974)

E olha que a gente está só arranhando a superfície aqui. Porque o conceito minimalista foi adaptado em todas as áreas. Na música existem eruditos como Phillip Glass, que incorporou o minimalismo em melodias simples, mesmo usando orquestrações, bem como o duo White Stripes, que tem toda uma linguagem minimalista, desde sua formação (guitarra e bateria) até a estética de seus discos, usando majoritariamente duas cores, inclusive, um dos melhores discos da dupla se chama De Stijl! Tá vendo? Tudo conectado, cara! Também tem escritores considerados minimalistas, que se fazem valer de palavras mais simples e uma estética mais apurada na impressão de suas obras. Esses autores estão mais vinculados à poesia concreta, como E. E. Cummings, Ezra Pound e os brasileiros Augusto de Campos e Décio Pignatari. Também tem o minimalismo na moda, que propõe o uso de roupas mais confortáveis, com estampas discretas, ou nenhuma estampa, e cores mais sóbrias, porém, nada imposto, mas sim proposto, entendendo que quem sabe o que é melhor para você é você mesmo. E ainda tem alimentação, yoga, tatuagens… o minimalismo está em tudo!

Double Nonsite – Robert Smithson (1968)

Então é isso. Já deu pra sacar que o minimalismo é liberdade! Sinta-se livre para usar e abusar dele. Você pode começar agora mesmo dando uma olhada nas nossas camisetas minimalistas. Que tal?

VAI FUNDO!

Para ouvir: Sempre presente nossa playlist com 10 tracks especialíssimas. Aqui temos um Top 10 de canções que trazem o minimalismo em seu DNA, seja na melodia, seja na estética dos discos.

Para assistir: The White Stripes Under Great White Northern Lights é um filme imperdível! Retrata a tour da dupla pelo Canadá com apresentações explosivas ao vivo e alguns depoimentos bem interessantes.

Para ler: Para quem curte poesia, o livro 2 ou + corpos no mesmo espaço (o título é assim mesmo, tudo em minúsculas… minimalismo, né) é muito saboroso! Do poeta e músico Arnaldo Antunes, este livro traz o olhar moderno e sensível do autor sobre uma época de muitas mudanças no mundo. Livro lançado pela editora Perspectiva em 1997.

Volta a fita.

Volta a fita.

O que é a morte, se não o maior mistério da vida? O que é o tempo, se não um persistente, e por vezes perverso, professor? Mas calma, que não vamos seguir nessa linha tão filosófica e existencial. Apesar de vida, morte e tempo, serem pontos essenciais na nossa conversa de hoje. Afinal, o que faz com que mídias como o vinil, a fita cassete (a.k.a. K7), fitas de vídeo VHS e até mesmo câmeras fotográficas de filme e máquinas de escrever, venham ganhando espaço entre jovens e adultos de hoje?

Como cada caso é um caso, hoje vamos focar nas fitas cassete e VHS, e mais pra frente, em outros textos, nos dedicamos ao vinil, que tem uma história bem particular, à máquina de escrever, câmeras fotográficas e etc. A primeira coisa a ser dita sobre as fitas, é que estamos diante de uma verdadeira ressureição.

photo by: flashback80s.blogspot.com/

Ao longo dos últimos 25 anos, as fitas K7 e VHS foram dadas como mortas. No fim dos anos 90, começaram a surgir os CDs graváveis. Eram incríveis 700Mb que você podia entupir com suas mp3 favoritas para reproduzir no computador, ou ainda “queimar” o CD com músicas no formato wav. Que poderiam ser reproduzidas em qualquer CD player. Morria ali a fita K7, onde cabiam menos músicas, o processo de gravação era mais demorado, pular de uma faixa para outra não era tão fácil, a fita tinha vida útil limitada, podia mofar, ser acidentalmente mastigada por algum deck tape ruim… Os mesmos problemas acometiam a VHS. O alvorecer do século XXI trouxe a popularização do DVD. Era o fim das multas das vídeo locadoras por não devolver um filme rebobinado. Parecia ser um fim permanente, a morte das fitas.

Photo by: altpress.com

Mas o descanso eterno dessas mídias começou a ser perturbado há cerca de cinco anos, mais ou menos. Foi ficando cada vez mais popular, em aplicativos como o Instagram, o uso de filtros retrô, ou vintage, em vídeos, emulando os desgastes da velha fita VHS, ruídos visuais como chuviscos e imagem tremida viraram febre. Enquanto isso, em 2014, o filme Guardiões da Galáxia surpreendeu a todos com um roteiro divertidíssimo, excelentes efeitos visuais e, principalmente, uma trilha sonora arrebatadora, baseada na fita K7 que o protagonista do filme ouve ao longo de toda a trama em seu walkman. Aliás, a trilha sonora do filme foi lançada em fita K7! Em edição limitada, claro, custando uma fortuna. Foi o pontapé inicial para quem tinha mais de trinta anos, ir procurar aquela caixa de sapato cheia de fitas embaixo da cama, e para quem tinha vinte e poucos anos correr sebos, antiquários e lojas especializadas em música atrás de fitas, walkmans, e toca fitas em bom estado.

Photo by: b937.radio.com

Essa onda nostálgica fez com que lojas de discos, barbearias e até bares com essa pegada old school descolasse um videocassete e uma tv para reproduzir filmes, coletâneas de clipes e etc, para entreter seus clientes. E tem um pessoal que levou essa prática pra casa, não necessariamente substituindo as plataformas de streaming ou o blu-ray player, mas adicionando o videocassete como uma terceira opção de reprodução de vídeo. O revival do VHS é real, mas é pequeno comparado com a fita K7.

Photo by: tonedeaf.thebrag.com

As lojas especializadas em música que estavam confortavelmente vendendo discos de vinil a preço de ouro, em pouco tempo tiveram que se mexer pra disponibilizar para seus clientes opções também em K7. E não estamos falando só de coisa velha não! As fitas K7 voltaram a ser fabricadas e tem artistas atuais lançando seus discos neste formato, caso, por exemplo, dos Arctic Monkeys na gringa e do Planet Hemp por aqui.

Photo by: Simon Turner/Alamy

Enfim, parece que as fitas voltaram dos mortos e vão ficar por aqui por um bom tempo. Seja pela nostalgia dos mais velhos ou pela experiência sensorial dos mais novos, de ter a caixinha de plástico com a capinha, poder, de fato, ver a mídia sendo reproduzida, apertar botões… Então vai lá dar uma olhada embaixo das camas aí na sua casa, no porão, naquelas coisas velhas encaixotadas… de repente, você acha umas fitinhas legais lá. E se você não tiver onde reproduzi-las, você pode usar como artigo de decoração hipster no teu quarto, ou quem sabe até, você pode fazer um chá…

Photo by: chrisinboston.wordpress.com

VAI FUNDO!

Para ouvir: Nossa tradicional playlist tá lá no Spotify, com 10 faixas matadoras que entrariam facilmente em qualquer mixtape dos anos 80.

Para assistir: O filme citado no texto vale a pena ser visto, mesmo que você não seja muito fã de super heróis. Guardiões da Galáxia é um filme muito divertido e com uma trilha sonora incrível, que por si, já faz valer a pena conferir o longa. O filme está disponível no catálogo da Amazon Prime Video.

Para ler: Eu ia colocar este título como sugestão de filme, mas me lembrei que o livro é bem mais legal. Alta Fidelidade é uma obra imperdível! O escritor inglês Nick Hornby é imbatível ao contar histórias recheadas de referências pop, musicais em especial. Baseado neste livro, o filme de mesmo nome, com o John Cusak, é muito bom, mas o livro é melhor! E as dicas do personagem principal de como fazer uma mixtape ideal são impagáveis!

Cheers!

Cheers!

Quando alguém com mais de 40 anos de idade diz frases como “No meu tempo de criança o mundo era um lugar melhor.”, não há o que se discutir. Trata-se de uma falácia alimentada pela nostalgia de uma época que não volta mais. Ainda bem. São muitas as coisas que fazem da atualidade um lugar melhor. E para comprovar este ponto de vista, apresento um único e simples exemplo: a cerveja!

Photo by: ViewApart / Getty Images

Dando uma geral na história rapidamente, a cerveja foi descoberta sem querer pelos sumérios aproximadamente 6 mil anos atrás, quando deixaram um líquido a base de cevada fermentar por tempo demais. O líquido alcoólico agradou a turma. Mil anos depois, os egípcios aprimoraram a receita, que foi acompanhando a humanidade ao longo dos séculos. Na idade média, somente membros do clero sabiam ler e escrever. Eles tinham acesso aos hieróglifos egípcios, onde viram algumas receitas da bebida e passaram a produzi-la nos monastérios. Foram os monges que adicionaram o lúpulo para ajudar a conservar a bebida por mais tempo e dar um sabor mais refrescante. Popular na Europa, em especial entre os povos germânicos, foi mais ou menos nessa época que foi instaurada na Baviera a lei de pureza, que muitos seguem até hoje.

Photo by: vinepair.com

Tomar cerveja sempre foi um ato essencialmente social, feito em grupo em celebrações. Hoje não é diferente. Não existe lugar como a mesa do bar, onde grupos se juntam ali em volta, sempre acompanhados de garrafas de cerveja, para rir, chorar, resolver conflitos, problemas econômicos, escalações de times de futebol, discutir listas de discos favoritos, comemorar aniversários, jogar truco, falar mal dos outros e, eventualmente, comer um torresminho. E não é só no bar.  A cerveja está presente em quase todo momento em que haja uma confraternização, comemoração ou uma simples reuniãozinha informal entre amigos para relaxar.

Photo by: Shutterstock

Mas cerveja, juntar a turma no bar, rir, falar abobrinha, comer torresmo… são coisas que sempre existiram, é verdade. O que faz da cerveja um ótimo exemplo de que vivemos numa época melhor que outrora é justamente tudo o que sabemos sobre ela hoje. O Brasil sempre foi um grande consumidor de cerveja, mas só dos anos 90 pra cá que começamos a falar sobre qualidade, conhecer os diferentes tipos de cerveja e começaram a pintar as primeiras microcervejarias artesanais, isso tudo possível devido à valorização do real na época. Com o dólar muito barato, tivemos mais acesso a produtos importados, tanto cervejas gringas começaram a pipocar aqui, como as máquinas e insumos necessários para a fabricação também ficaram mais acessíveis.

Photo by: brewdog.com

Atualmente, com a internet e todo tipo de informação disponível, não só sabemos as diferenças entre uma IPA, uma stout, uma pale ale, uma pilsen, como também ficamos por dentro das harmonizações, tipo uma cerveja de trigo acompanhando um peixe, uma red ale acompanhando uma carne de porco mais condimentada e por aí vai. Ou seja, aquele almoço em família, reunir a turma no bar ou fazer um churrasco ficou muito mais gostoso, pois você tem à mão toda a informação que precisa, pode comprar sua marca de cerveja favorita pela internet, caso seja um rótulo difícil de achar em supermercados, pode pesquisar as melhores harmonizações, sem falar que com essa popularização de cervejas premium e artesanais, temos muito mais variedade de rótulos hoje do que em qualquer tempo do passado.

Então, já sabe. Se alguém vier com esse papo de “no meu tempo era melhor”, é só chamar a pessoa pra tomar uma e colocar essa conversa em dia.

Photo by: Shutterstock

VAI FUNDO!

Para ouvir: Claro que temos uma playlist temática sobre cerveja, com 10 tracks empolgantes pra animar aquela cervejada com a turma.

Para assistir: Vale A pena conferir o filme Jogada de Mestre (título original: Kidnapping Mr. Heineken). Como sugere o nome em inglês, o longa retrata o espetaculoso sequestro do dono da cervejaria Heineken nos anos oitenta. Dirigido por Daniel Alfredson e lançado em 2015, não é um filme difícil de achar entre as plataformas de streaming por aí.

Para ler: Para quem curte cerveja, o livro Larousse da cerveja: A história e as curiosidades de uma das bebidas mais populares do mundo é uma obra indispensável. O autor, Ronaldo Morado, é especialista no assunto, foi dono da cervejaria Colorado e hoje dá consultoria empresarial no ramo.

It’s Alive!

It’s Alive!

Quem curte música e costuma ir em shows com certeza vai se identificar com este relato. Eu, Paulo, além de redator, com quase 40 anos de idade, sou músico de fim de semana, costumo tocar com a minha banda por aí e tal, já vivi muita coisa. E posso te afirmar sem medo de errar que uma das experiências mais marcantes da minha vida relacionada á música, foi o primeiro show da banda Pearl Jam no Brasil, em dezembro de 2005. No fim de 2020 este evento completo 15 anos. É um tempo considerável, mas olhando friamente, só uma ou outra coisa mudou drasticamente. Pra começar, meu ingresso foi comprado pessoalmente na bilheteria do estádio do Pacaembu. Já rolavam vendas online, mas tinha várias restrições, não era toda bandeira de cartão de crédito que era aceita e cartão de crédito era a única forma de pagamento aceita online. Outra diferença gritante é que não tinha ninguém, fosse na fila durante o dia, fosse durante o show, com celular na mão, tirando selfie, conferindo redes sociais e etc. Os telefones celulares já eram populares na época, mas não eram smartphones, não tinham internet, câmera e etc.

Pearl Jam, Brasil 2005 – Photo by: Getty Image

9 anos depois a experiência já foi outra quando resolvi assistir o Soundgarden no Lollapalooza de 2014, também em São Paulo. Comprei meu ingresso pela internet, na compra do ingresso também já comprei uma vaga de estacionamento, não tinha filas pra entrar no espaço (tudo bem que cheguei lá os shows do dia já tinham começado) e tava todo mundo com celular na mão postando selfies, filmando os shows e etc. E o show do Soundgarden foi arrasador, um dos melhores que já presenciei.

Soundgarden Lollapalooza 2014 – Photo by: Buda Mendes

E agora cá estamos, em 2020. Uma pandemia acabou com a alegria de quem curte  se enfiar no meio de uma multidão para ficar cara a cara com um artista ou uma banda, pirar com as músicas, cantar junto, pular e, eventualmente, até abraçar desconhecidos em frenesi ao cantar aquele refrão. Ainda que apareça a tão esperada vacina, será que daqui pra frente tais eventos vão voltar a ser como eram?

Photo by: Shutterstock

No dia 11 de agosto deste ano, no Virgin Money Arena Unit, em Newcastle, Inglaterra, Sam Fender fez um show para 2.500 pessoas divididas em 500 plataformas separadas por dois metros de distância. Tudo foi pensado para evitar aglomerações. Você compra seu ingresso pela internet, junto já compra seu pacote de comida e bebida que desejar, que será entregue em sua plataforma antes do show começar, o estacionamento e a entrada na arena para acessar as plataformas também foram pensado para que não hajam filas ou aglomerações e haviam em todas as plataformas, bem como nas dezenas de banheiros tubos de álcool em gel. O preço do ingresso? 32,50 libras (cerca de 230 reais) por pessoa, com mais uma taxa de 20 libras (cerca 141 reais) por plataforma. Cada plataforma suporta 5 pessoas confortavelmente e a taxa da plataforma é individual, e não por grupo de 5.

Photo by: The Belfast Telegraph Archive

Outra tendência são os shows no estilo drive in. Ou seja, você vê o show de dentro do seu carro. Aqui no Brasil já rolaram alguns shows assim. Aparentemente teve aceitação, mas eu acredito que a turma só comprou a briga porque é o que tem pra hoje, o famoso melhor que nada, não tem tu, vai tu mesmo. Porque ir pra uma arena ficar olhando pro palco de dentro do carro, o som que você ouve não é o som direto do palco, com energia. O som do palco é transmitido por bleutooth e você vai ouvir pelo sistema de som do seu carro. Não tem PAs, som alto, adrenalina. Enfim, um puta negócio sem graça. Melhor pegar na internet um show gravado em HD da sua banda favorita, se esparramar no sofá e assistir na televisão.

Photo By: Lukas Kabon/Anadolu Agency

Da virada do século XXI pra cá, nós vivemos uma evolução em termos de entretenimento, shows e grandes festivais. Muita coisa mudou desde o Woodstock de 1969. Nos festivais de hoje a música não é mais a protagonista, é uma das diversas atrações oferecidas entre espaços temáticos de meditação, rodas gigantes, espaços de gastronomia, lojinhas de moda, badulaques e discos, palestras … enfim. São eventos desenvolvidos para proporcionar experiências de vida, interação humana, transcendência, diversão, conscientização.

Sunset during Coachella 2014 – Photo by: Alan Paone.

O futuro dos shows e grandes festivais é incerto. Vamos torcer para que eles possam renascer e continuar nos proporcionando momentos inesquecíveis, como foram para mim aquele Pearl Jam em 2005 e o Soundgarden em 2014.

Photo by: Andrew Southam

VAI FUNDO!

Para ouvir: Selecionamos em uma playlist caprichada com 10 tracks ao vivo de arrebentar!

Para assistir: Para entender como tudo começou, vale muito a pena ver o documentário Woodstock – 3 Dias de Paz, Amor  e Música. Lançado em 1970 e dirigido por Michael Wadleigh, este filme mostra toda a organização do festival e as principais apresentações dos 3 dias de shows, entre eles The Who, Joe Cocker, Janis Joplin, Jimi Hendrix

Para ler: Apesar de não ter sido lançado no Brasil, vou recomendar um livro muito bom. All Access: The Rock Photography Of Ken Regan. Ken Regan fotografou boa parte dos grandes nomes do rock n’ roll no palco. De Bob Dylan a Madonna. São fotos incríveis com ótimos comentários do autor. Não é um livro fácil de achar, mas vale a pena procurar.

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